19 janeiro, 2006

O Estado da Arte em 2005

Escrevo tarde (a disponibilidade não é muita) mas também nunca é tarde para se fazer balanços. Neste caso, o balanço do ano de 2005. Ano que considero ficar marcado pela lenta agonia do panorama bedéfilo português. Parece-me ter lido algures, que se publicaram mais títulos em 2005 do que em anos anteriores, mas a sensação que fica é de vazio!
 
Com o fim da editora MERIBÉRICA, os principais títulos de bd franco-belga publicados em Portugal, pelo menos os meus preferidos, ficaram, aparentemente, sem editora, o que se traduziu em mais um ano sem novas aventuras de 'Blueberry' ou de 'XIII'. A ASA, agora na condição da maior editora nacional de bd, aposta, infelizmente, em reedições ou títulos soltos. Gostava de lembrar que há mais bd para além de Asterix ou Lucky Luke! (lamento!) A DEVIR continua errante. Aposta demasiado na diversidade e os principais títulos ressentem-se, tornando-se publicações irregulares. Obviamente nota negativa. O tão anunciado projecto "Evolução" desapareceu, provavelmente nas rotativas de uma gráfica, sem que deixasse perceber do que se tratava. As restantes editoras são marginais, com lançamentos esporádicos. Dificilmente poderá haver pior. Pode ser que 2006 seja um ano de surpresas!
 
O FIBDA continua em morte lenta. Apesar da ligeira melhoria relativamente a 2004, sente-se a falta de entendimento entre editoras e organização, ao que acresce a aposta em autores pouco conhecidos do grande público, o péssimo local do festival, a fraca divulgação na comunicação social, que somado se reflecte na escassa afluência do público. A meu ver, o projecto FIBDA anda com os dias contados. Obviamente, desejo estar enganado!!! O Salão de Lisboa continua a esbanjar dinheiro e o Salão do Porto tornou-se virtual!!!
 
A pedra no charco foi mesmo aquela que eu considero como a melhor publicação do ano: a saga ‘Príncipe Valente’ de Harold Foster numa edição da LIVROS DE PAPEL. Uma aposta arrojada, não só pelo compromisso da publicação integral da obra (cerca de 22 volumes), como pela qualidade do papel (excelente) e pelo próprio formato pouco habitual do livro (27cm x 35cm), mas uma aposta ganha! Uma autêntica lufada de ar fresco no que respeita a publicações. Uma valente colecção, sem dúvida a melhor publicação de 2005! Também em termos de publicações, não posso deixar de citar e atribuir uma menção honrosa ao projecto que nasceu durante o ano de 2005, o que é o BD Jornal. Conta entre os seus colaboradores, com alguns autores de blogues bedéfilos e veio preencher um vazio que existia no mercado português. Mas sobre este jornal dedicarei uma nota exclusiva nos tempos mais próximos. Destaco também José Carlos Fernandes, não só pela sua simpatia e disponibilidade, mas também pela seu enorme talento e capacidade de trabalho. Não só teve um excelente ano de 2005, que culminou com a publicação de um volume, da colecção Série Ouro do Correio da Manhã, inteiramente dedicado à sua arte, como se avizinha outro excelente ano em 2006. Aguardo com expectativa a publicação da "A Agência de Viagens Lemming"", do primeiro volume do projecto “Black Box Stories” e do sexto volume da “A Pior Banda do Mundo". Manterá o título de melhor autor português da actualidade.
 
Em resumo, tirando alguns episódios, a regra geral tem sido deixar o tempo correr sem que nada aconteça. Muito pouco, para um mercado que se queria cheio de histórias aos quadradinhos!

6 comentários:

Ferrão disse...

Excelente análise do panorama bedéfilo português em 2005. Concordo que a política editorial da Asa é muita má. Quanto à Devir, tem conseguido trazer uma escolha bastante eclética até ao público, o que num mercado como o nosso é louvável. E, enquanto o FIBDA continuar a ser um instrumento de propaganda da Câmara Municipal da Amadora acho que podemos estar descansados ;)
Aguardo também pelas novidades de JCF! :)

Anónimo disse...

"A DEVIR continua errante. Aposta demasiado na diversidade e os principais títulos ressentem-se, tornando-se publicações irregulares. Obviamente nota negativa. O tão anunciado projecto "Evolução" desapareceu, provavelmente nas rotativas de uma gráfica, sem que deixasse perceber do que se tratava. As restantes editoras são marginais, com lançamentos esporádicos."

Tanbem penso assim querem fazer muita coisa terem muito direitos mas não seguem uma linha coerente de lancamentos,e não podem agradar a gregos e a troianos aõ mesmo tenpo,por exenplo aonde esta a parte 2 do para alem da imaginação do qurteto fantastico,ou os espantosos x-men 62,ou os vingadores acto final que estava previsto para dezenbro,e o ultimate homem-aranha que não sai a 2 meses,o publico da revista comeca a ficar farto de esperar ou o dark angel 2 tanbem previsto para dezenbro,e tantos outros exenplos.Não sei se certos materias tem que ser lancados aqui so porque sao editados tanbem no brasil.Parece que não tem uma previsão do vão lancar.Depois perdem publico que se cansa de esperar e comeca a conprar inportado ou dos U.S.A. ou da Franca ou do Brasil.

Abracos
GRIMLOCK

João Rosa disse...

Quando uma editora está em mudança precisa de algum tempo para voltar à carga...

MariaCareto disse...

tenho pena que neste seu "balanço" não tenha havido nem uma única referência ao Festival de Banda Desenhada de Beja

desde o início da BDTeca de Beja - a qual foi inaugurada durante o Festival - que esta tem vindo a promover não só o trabalho dos autores do atelier Toupeira - formado há sete anos atrás na Casa da Cultura de Beja - mas também o de vários autores nacionais de banda desenhada portugueses, sendo de destacar a última antes de próximo Festival, a exposição do Daniel Lima

desde já fica também o convite para aparecer por cá durante o próximo Festival que será em princípios de Abril

abraços

MJ careto

Nuno Neves disse...

Reconheço que a meu “balanço” foi bastante limitado relativamente aos festivais de bd que se realizaram em Portugal no ano passado. Acontece que na minha análise optei por referir apenas os festivais que visitei, para não correr o risco de falar sobre o que não conhecia.

Em relação ao 1º Festival de Beja, louvo a capacidade de iniciativa e organização, porque apesar de não o ter visitado, não deixei de ler com atenção as reportagens publicadas no BJ Jornal nos n.º 1 e 2, em Abril e Maio de 2005, respectivamente.

Quanto ao 2º Festival, vou fazer os possíveis para o visitar, pelo que aceito desde já o convite.

Saudações bedéfilas

MariaCareto disse...

cá o esperamos

abraços

MJ Careto