03 dezembro, 2006

Leitura: WOLVERINE - SAUDADE

No pouco tempo livre que tenho tido, aproveito para por a leitura em dia, as recentes aquisições que fiz no FIBDA. «WOLVERINE SAUDADE», foi primeiro a ser lido e é a aposta da mais recente editora de BD portuguesa, a BDMania que resolveu apostar numa nova série designada de Marvel Transatlântico, cujo objectivo é colocar autores europeus de BD a criar histórias (argumento e desenho) com os principais personagens do universo Marvel.

Pode-se dizer que a sensibilidade europeia para as questões do dia-a-dia que nos afectam, encontra-se bem transposta neste primeiro álbum da colecção. "Wolverine: Saudade" com um (bom) argumento de Jean-David Morvan e um desenho sóbrio de Phillipe Buchet, coloca o conhecido Wolverine a passar umas férias no Brasil. Mas desde logo, o mais conhecido mutante da Marvel é confrontado com a dura realidade brasileira: meninos da rua, assaltos, esquadrões da morte e curandeiros. A vida tal como ela é, e sabemos nós que no Brasil, ela pouco vale. O resultado é uma das mais violentas histórias de Wolverine que já li!

A edição portuguesa, que se encontra muito bem conseguida, com destaque para a excelente capa, reproduzida aqui ao lado, apresenta-se no formato de álbum europeu, de capa dura, como convém.
Pessoalmente, gostei bastante da forte influência “europeia” desta edição, apesar da história envolver um herói canadiano em terras sul-americanas. A filosofia por detrás desta 'linha transatlântica' faz-me seguir com atenção esta nova colecção.

Resumindo, um começo auspicioso da nova editora que espero que encontre uma boa receptividade por parte dos bedéfilos portugueses.

WOLVERINE - SAUDADE
Autores: Morvan e Phillipe Buchet
Álbum único, cores, cartonado
Editora BDMania, 1ª edição, Outubro de 2006



14 comentários:

Unknown disse...

Estou mortinho por ler esta BD, mas como temos de tomar opções nas compras que fazemos, pois isto infelizmente não dá para tudo, este está na wishlist, para uma outra ocasião. Mas já tive com o dito em mãos e à conversa com o Pedro Silva no mês passado, que como sabes é o responsável máximo pelas edições da BdMania e VitaminaBd, e ele falou-me e muito bem do argumento e a arte pareceu-me muito interessante. Também espero que este tipo de formato tenha uma boa aceitação, pois parece-me uma combinação com muito potencial.

Anónimo disse...

Ainda não vi nenhum titulo ha venda por aqui,a destribuição esta muito ma.


Abracos
Grimlock

Nuno Neves disse...

Tens razão Grimlock. Eu comprei o meu exemplar durante o FIBDA, e tirando a loja da BD Mania, confesso que ainda não vi à venda em mais lado nenhum, nem na FNAC nem na Bertrand!!!

Com uma distribuição assim torna-se difícil existir receptividade por parte dos bedefilos portugueses!

Unknown disse...

Se me permitem, existe aqui um factor muito importante, que se chama estratégia de marketing. A BdMania optou por colocar os 2 primeiros títulos que lançou, este e o Iron Man, à venda apenas na sua loja e no FIBDA. Isto foi feito para previligiar os clientes da loja, para que estes sejam os primeiros a ter acesso ao que é editado pela casa onde habitualmente gastam os seus €€.
Mais tarde, deve estar aí a rebentar pois o Natal está à porta, foi decidido colocar os livros nas outras superficies de maior procura por parte do público. Daí ainda não verem os livros a circular.

Nuno Neves disse...

Essa estratégia de marketing "selectiva" parece-me bastante arriscada num mercado tão pequeno como o nosso.

Primeiro porque os clientes da BDMania tem sempre acesso às publicações da casa, sendo informados antecipadamente via e-mail e com possibilidade de reservarem logo o seu exemplar. Logo aqui não havia qualquer "prejuízo" para os clientes habituais, que nem acredito que comprem todos o álbum.

Em segundo, a BDMania dar-se ao "luxo" de desperdiçar estas semanas que antecedem o Natal e sabemos nós que é onde os portugueses se fazem o "grosso" das compras natalícias, parece-me uma aposta arriscada, que pessoalmente não fazia. No mínimo já tinha colocado desde logo o álbum à venda numa grande superfície tipo Continente ou Feira Nova, que tem lojas espalhadas pelo pais todo.

Bem, esperemos que tudo corra pelo melhor e que as vendas totais justifiquem a publicação da colecção.

Anónimo disse...

Se demorarem muito compro um tpb Importado ou um Dvd e depois eles é que ficam a perder,isso ja devia estar a venda em fnacs e bertrands a muito tempo,fizeram uma coisa parecida com a Sky Doll #3 e o Regulador #2,e a FNAC aqui da zona não vendeu nenhum tambem com 2 meses de espera,vi no loja do cc por essa altura,os interresados ou compraram nessa loja,ou compraram outras bds como as que estou em promoção da asa ou meriberica.Depois queixam-se que não vendem. :/
é por isso que não gosto dos festivais,so servem para atrasar a chegada das bds as lojas.

Abracos
Grimlock

Anónimo disse...

Pois é pessoal, ainda bem que temos opiniões diferentes, caso contrário não estariamos aqui a falar sobre isso.

Esta história das estratégias por vezes tem que se lhe diga, mas existe sempre um historial por detrás das decisões. Como vocês bem frisaram, os livros não chegavam nem a tempo nem a horas às superfícies de compra, daí a editora em causa ter decidido mudar de distribuidora. Com estes ajustes e "transformações", penso que daqui para a frente podemos ter mais esperança com esta mudança, pois o que realmente importa é vermos BD de qualidade editada em português, seja de que editora fôr, e isso é sempre de louvar.

P.S. - Grimlock, não quero que vejas esta minha crítica como algo pejurativo, mas sim como algo construtivo, pois eu também o fazia com alguma frequência; tenta não dar tantos erros de português quando escreves; ["(...)bertrands a muito tempo(...)" - há muito; ["vi no loja"]; ["os interresados"]; ["como as que estou em promoção"]; é que, quer queiramos ou não, as pessoas que visitam e participam na blogosfera, ao lerem os posts ou comentários, acabam por ser influenciadas por nós. Abração ;)

Anónimo disse...

Ok,Maribundo,vou tentar.
Ja se encontram a venda na Fnac de Sta Catarina,as novidades da Bdmania,sera que foi por terem lido as minhas reclamações???
Eu duvido,mas ja estão disponiveis para todos.

Abracos
Grimlock

Anónimo disse...

Ora eu não disse que estavam a rebentar? Espero ser um sinal de efectiva mudança.
Abraços.

Ah, o meu nick é maurobindo, não maribundo, que soa a qualquer coisa muribunda! ;)

Anónimo disse...

Desculpa la.Maurobindo,foi sem querer.

Abracos
Grimlock

Anónimo disse...

Pessoas, estou lendo isto daqui do Brasil e tenho uma pequena consideração a fazer...

A realidade no Brasil não é tão "dolorosa" assim... temos muita coisa ruim e muita coisa boa como em qualquer lugar, mas nao vivemos na Colombia ou qualquer coisa próxima de uma Guerra civil, temos assaltos quadrilhas, governo corrupto, é um país imenso, tem aproximadamente 93 vezes o tamanho de Portugal, mais de 180 milhões de habitantes... com tanta gente assim, reina a desigualdade, temos desde milhonários andando de Ferrari até gente morando embaixo da ponte

Sim caros amigos, a vida no Brasil vale a pena... assim como em qualquer lugar, basta fazer ela valer a pena

uma coisa muito ruim daqui, é que este Album não chegou ainda... estou esperando para comprar um importado, se alguem ai estiver disposto a mandar para mim um exemplar de portugal ficarei muito agradecido =)

Abraços

Emilio

Unknown disse...

Esta revista foi lançada em fevereiro de 2007 pela Panini aqui no Brasil. Achei sensacional!

Não sei quanto a vocês, mas muitas vezes fico exausto de uniformes colantes coloridos que os heróis não tiram nem pra tomar banho, de poderes e batalhas [i]nonsense[/i], entre outras coisas. Da mesma forma que Wolverine, o leitor também tira umas férias de toda essa fantasia surreal que tanto gostamos, mas que às vezes cai em artificalidade monótona; nesse outro "universo", podemos apreciar uma história muito mais fiel à realidade social, cenários e ações mais simples porém muito envolventes!

A coisa dos estereótipos, não vejo nada demais, eles tinham que nos retratar através de nossas peculiaridades, que mesmo nós mal-conhecemos, e também costumamos estereotipar (e muito). Não teria graça se eles fizessem uma narrativa que se passasse na Avenida Paulista, coração financeiro da cidade de São Paulo.

Curti o vilão e como ele era tido na região. Realmente, os autores exploraram muito bem essa coisa da fé do povo. Um mutante detectado por Xavier era visto na verdade por sua gente como o salvador, o milagreiro, o abençoado com o dom divino da cura! Também achei muito louco seu poder. Ele transpondo os dedos pela pele do Logan e puxando diretamente seus músculos foi impressionante, dava pra ver a agonia do X-Man. E também confrontou Logan com nada mais nada menos que a capoeira.

E como o próprio Wolverine falou, quase que bandidos humanos conseguiram fazer o que nenhum mutante jamais conseguiu: matá-lo. :D
Mas Wolverine foi salvo por uma mutante brasileira! Da mesma forma que o vilão "pai-de-santo" mutante era tido como salvador, a sereia era considerada uma deusa das águas (a Iemanjá). Mas era uma mutante, e não sei se vocês repararam, era aquela mesma garota que dança com Logan e lhe entrega um colar (foi por esse colar que ela o reconheceu debaixo da água, todo baleado).

O desenho, ótimo! É inegável que o Wolverine está com traços de nordestinos brasileiros, não acredito que não tenha sido de propósito. E ficou muito bom! Os brasileiros também foram bem caracterizados.
Aliás, as garras de Wolverine lembram peixeiras. Sensacional!

Também elogio o trabalho dos tradutores. Não sei como é no original, mas a versão dessa edição brasileira ficou muito fiel ao linguajar retratado.

E o título "Saudade" se explica muito bem na última página. O Brasil marcou Wolverine!

>>> Só não entendi uma coisa: Xexéu ficou abobalhado depois que o pai-de-santo lhe sugou as energias, e é mostrado nessa condição quando adulto, trabalhando como faxineiro no Instituto Xavier. Mas nas recordações de Wolverine na última página, vemos um jovem Xexéu lutando lado a lado com Logan, utilizando seus poderes contra Dentes-de-Sabre e até Magneto - e o garoto não parece nada abestalhado ou grogue. Não entendi isso.



Nota 9,5. Só não dou 10 por causa desse detalhe último que fiquei sem entender. :D

Abraços.

Milhaum disse...

Boa tarde pessoal,

Sou o mesmo cara que deixou o penúltimo comentário, 1 ano após ler a revista e passei aqui ao acaso.

Não concordo muito com a opinião do rapaz que se denominou "Homem Aranha" acima, é impressionante como a grande maioria dos estrangeiros que nos "retrata" não faz pesquisa iconográficas e imaginam a região e assim a desenham. Não temos aqueles carros, aquele onibus, a única coisa sobre rodas que aqui tambem tem é o Fusca e o Jipe Willys, o pai de santo parece um MEXICANO, e a casa dele parece uma casa de mexicano! e o nome dele também não lembra nada do candomblé que é uma religião amada e odiada no Brasil. Os ladrões daqui não se vestem daquele jeito, e que eu saiba não existe nenhuma favela a beira-mar como aquela, e ainda mais daquele tamanho, espereva mais da revista.

Gostaria que eles tivessem retratado a corrupção, que é o grande problema deste país.

Dou nota 4 pelo interesse em retratar um país tào grande e tão "desconhecido".

grande abraço, Emilio

David disse...

Emilio e outros...

Encarei essa histíória como tendo sido retratada noma Fortaleza da década de 1950 quando o Pirambu ainda era um bairro meio distante e sua população pobre foi largamente utilizada como mão-de-obra barata recrutuada para trabalhos em outras regiões do Brasil. Jornais de Fortaleza da época fazem proptesto sobre tais problemas sociais. No Livro "A invenção do Nordeste" de Durval Muniz de Albuquerque fica claro como estes ciclos migratórios foram utilizados como jogo político e econômico para suprir demandas ocupacionais em locais como a industria da construção civil no Sul e a exploração da borracha e do ouro no Norte.

A imagem do curandeiro também foi interessantemente apresentada quando de fato este tipo de relação existia e ainda existe, se não por meio de curas mediúnicas e assa coisa da fé, com também de forma política onde médicos fazem a relação assistencialista para obter vantagem políticas com a população pobre.

Na verdade, acredito que foi feita uma pesquisa histórica como poucas, afim de retratar uma época de exploração de desiqualdades sociais extremas.