30 novembro, 2009

Os 35 anos de Wolverine

Não podia deixar fechar Novembro sem fazer aqui referência ao 35º aniversário do aparecimento de Wolverine. Um mutante com um sentido animal, que se rege pelos seus próprios códigos de conduta, dotado de um factor de regeneração que lhe permite recuperar de quaisquer ferimentos e de garras retrácteis revestidas a adamantium, que resolve todos os seus problemas com a violência que achar necessária.

Criado por Len Wein e desenhado por Herb Trimpe e John Romita Sr., tecnicamente, a sua primeira apresentação, foi uma fugaz aparição na última página do comic The Increditle Hulk # 180 (publicado em Outubro de 1974), mas é no número seguinte (The Incredible Hulk # 181 de Novembro) onde se regista a sua primeira grande participação, no papel de super-agente ao serviço do governo canadiano, logo numa confrontação com o gigante Hulk. Mais tarde é integrado na nova equipa de mutantes X-Men liderados pelo professor Charles Xavier (Giant-Size X-Men # 1).

Wolverine aliás Arma-X aliás Logan aliás James Howlett tem um passado misterioso, que tem sido revelado aos poucos em várias histórias, por inúmeros autores, aos longo destes 35 anos de existência. É preciso juntar os melhores pedaços para se perceber as origens de Wolverine.

Uma das sagas mais memoráveis deste herói, intitula-se “Arma-X” (Marvel Comics Presents # 72) e foi escrita e desenhada por Barry Windsor-Smith. Aqui surge-nos um Logan, nos inícios dos anos 60, alcoólico e recentemente desmobilizado do exército, que é raptado e sujeito a uma série de drogas, testes e experiências no qual o seu esqueleto foi revestido com adamantium. Wolverine é apresentado então como a consequência de uma experiência falhada na criação de um super-soldado num projecto designado de Arma-X.
Outra importante história é aquela onde é contada a origem de Wolverine. Escrita por Paul Jenkins, Bill Jemas e Joe Quesada e desenhada por Andy Kubert e Richard Isanove, “Wolverine: Origem” (reunida num único álbum e publicada em Portugal pela Devir, Dezembro de 2004), revela que Wolverine é na verdade James Howlett, nascido no Canadá e filho de boas famílias, vítima de um drama familiar, provocado por um triângulo amoroso, cujo desfecho termina num banho de sangue, com o filho a matar o verdadeiro pai (que ele desconhece) que por sua vez tinha morto o padrasto (que ele julgava ser o seu pai) e o suicídio da mãe.

O seu papel de anti-herói contribuiu para o desenvolvimento da indústria de comics e apesar dos altos e baixos na qualidade das suas histórias não o impedem de ser actualmente uma das mais consistentes e das mais populares personagens do universo Marvel. Nas suas modestas palavras: "I’m the best there is at what I do, but what I do isn’t very nice".

21 novembro, 2009

Krazy + Ignatz + Pupp: Uma Kolecção de Pranchas a Kores

O editor Manuel Caldas continua a sua “missão” de recuperar, restaurar e publicar clássicos da BD americana. A sua mais recente edição é dedicada a Krazy Kat, uma comic strip criada por George Herriman e publicada entre 1913 e 1944, sob a forma de tiras diárias, em jornais americanos. As histórias, simples, contam, num registo humorístico muito próprio, sobre o relacionamento de Krazy Kat com estranho rato de nome Ignatz, cujo maior prazer é atirar tijolos à cabeça do gato, que por sua vez interpreta isso como uma demonstração de amor. Depois temos Pupp, um cão polícia, cuja missão é manter a ordem e evitar (nem sempre com sucesso) que Ignatz atire tijolos a Krazy. Portanto, um estranho e divertido triângulo de relações, que apresenta como particularidade o facto de muitas vezes o autor subverter a narrativa, interagindo com as próprias personagens.

Ao longo de 48 páginas, este livro apresenta-nos 42 pranchas de Krazy Kat a cores, restauradas e legendadas por Manuel Caldas e traduzidas por João Ramalho Santos, incluindo um desdobrável que reproduz a cores uma prancha de Krazy Kat no exacto tamanho em que foi desenhada.

Aos interessados, atendendo às especificidades do nosso mercado de distribuição, informo que garantidamente que é mais fácil encomendar o livro directamente ao editor aqui do que encontra-lo nas lojas.

Krazy + Ignatz + Pupp: Uma Kolecção de Pranchas a Kores

O editor Manuel Caldas continua a sua “missão” de recuperar, restaurar e publicar clássicos da BD americana. A sua mais recente edição é dedicada a Krazy Kat, uma comic strip criada por George Herriman e publicada entre 1913 e 1944, sob a forma de tiras diárias, em jornais americanos. As histórias, simples, contam, num registo humorístico muito próprio, sobre o relacionamento de Krazy Kat com estranho rato de nome Ignatz, cujo maior prazer é atirar tijolos à cabeça do gato, que por sua vez interpreta isso como uma demonstração de amor. Depois temos Pupp, um cão polícia, cuja missão é manter a ordem e evitar (nem sempre com sucesso) que Ignatz atire tijolos a Krazy. Portanto, um estranho e divertido triângulo de relações, que apresenta como particularidade o facto de muitas vezes o autor subverter a narrativa, interagindo com as próprias personagens.

Ao longo de 48 páginas, este livro apresenta-nos 42 pranchas de Krazy Kat a cores, restauradas e legendadas por Manuel Caldas e traduzidas por João Ramalho Santos, incluindo um desdobrável que reproduz a cores uma prancha de Krazy Kat no exacto tamanho em que foi desenhada.

Aos interessados, atendendo às especificidades do nosso mercado de distribuição, informo que garantidamente que é mais fácil encomendar o livro directamente ao editor aqui do que encontra-lo nas lojas.

20 novembro, 2009

Lançamento ASA: As Aventuras de Blake & Mortimer, Vol. 19 - A Maldição dos Trinta Denários (Tomo1)

É hoje colocado á venda em Portugal (a par com a França e Bélgica) o 19º álbum da colecção Blake e Mortimer, A Maldição dos Trinta Denários, da autoria de Van Hamme no argumento e de René Sterne (entretanto falecido) e Chantal De Spiegelee no desenho. O mote, para o regresso desta excelente dupla criada por Edgar P. Jacobs, é a sensacional descoberta arqueológica do que se julga ser os denários pagos a Judas pela sua traição a JC. De regresso, após uma espectacular fuga da prisão, está também Olrik. As primeiras páginas desta nova aventura, na sua edição francesa, podem ser vistas aqui.

Repetindo o que já anteriormente tinha sido feito no álbum que antecedeu este, O Santuário de Gondwana, a edição portuguesa apresenta-se com a singularidade de ter duas capas diferentes, a original (ver aqui) e outra de venda exclusiva nas lojas FNAC (ver imagem acima).

De referir que esta nova aventura encontra-se dividia em duas partes, e a segunda está previsto o seu lançamento apenas para inícios de.... 2011, portanto isto é para ler com calma!!!

16 novembro, 2009

O Aniversário de Asterix e Obelix - O Livro de Ouro

Foi anunciado com pompa e circunstancia porque a efeméride também assim o exigia, ou não se tratasse do 50º aniversário de uma das personagens mais populares da BD. Assim, os 50 anos de Asterix e Obelix foram o pretexto para o seu sobrevivo autor Albert Uderzo, editar o 34º álbum da colecção. O Livro de Ouro é um álbum que já ninguém esperava, sobretudo depois disto, mas agora depois de o ter lido também digo… dispensava!

É verdade que o desenho de Uderzo continua elegante como sempre nos habituou, e é talvez o que melhor se aproveita deste álbum, porque o principal problema prende-se (como sempre) com o argumento, e neste “Livro de Ouro”, manifestamente com a falta dele.

Uderzo quis fazer uma apologia aos seus heróis. E nos preparativos para a festa surpresa de aniversário, faz desfilar ao longo das páginas do álbum, todo o universo de personagens que, ao longo de 50 anos de aventuras, se cruzaram com Asterix e Obelix. Apesar das boas intenções, o resultado é uma narrativa pouco conseguida para onde foram sendo "despejadas" personagens,. Valeu inclusive o aproveitamento de um pequeno "guia de viagens" escrito por Goscinny. A estrutura do álbum encontra-se alicerçada no somatório de pequenas histórias que se vão ligando, intervaladas com a introdução de pequenos “gags” e paródias promovidas pelo autor, nem sempre bem conseguidas, diga-se, o que manifestamente contribui para algum desinteresse na sua leitura.

Curiosamente, é no álbum que celebra a festa o único da colecção onde a vinheta final não mostra o famoso banquete dos gauleses. Ficamos assim sem imagens, daquilo que o próprio Uderzo definiu como “o maior banquete festivo já preparado pelos irredutíveis gauleses”.





Em resumo, este Livro de Ouro, que eu classifico como um (último) delírio fantasioso de Uderzo, não é a melhor das despedidas, mas ironicamente relembra-nos que a seu melhor talento é o desenho e não o argumento. Uma vez que o autor cedeu os direitos de publicação da personagem, permitindo assim que as aventuras de Asterix continuem mesmo depois da sua morte, abre-se uma nova etapa, com outros autores, argumentistas e desenhadores, de quem se espera que consigam recuperar o humor de velhos tempos!

O Aniversário de Asterix e Obelix - O Livro de Ouro
De UDERZO, Albert
Álbum n.º 34, Cores, Capa Dura
Editora ASA, 1ª edição de Outubro de 2009

A minha nota:

11 novembro, 2009

As "notas" esmiúçam o Amadora BD – parte III

Terminada que está a 20º edição, e no mais redundante texto sobre o festival, dou aqui por terminado, o conjunto de crónicas sobre o agora designado Amadora BD. A minha primeira nota vai para o público visitante. Ou melhor, para o muito público que passou pelo Fórum Luís de Camões, nestes últimos 16 dias. Não sei se tal corresponde a um maior interesse pela BD em Portugal, mas é um sinal muito positivo da importância e do espaço próprio que o Amadora BD soube construir ao longo destes últimos 20 anos. Atribuo talvez este êxito ao próprio modelo multifacetado do festival que se desdobra na realização de vários eventos, o que acaba por agradar a diferentes públicos.

Não obstante o sucesso, os vinte anos de experiência, o modelo do Amadora BD continua a apresentar, na minha opinião, algumas falhas. Uma delas prende-se logo com a política de descentralização das exposições do festival. Ponho sobretudo em causa a sua eficácia em termos de visibilidade. O fim a que se destinam estas exposições é serem vistas por um público bedéfilo interessado e conhecedor, público esse que se encontra reunido no núcleo central. Assim, pergunto porquê privar este público em detrimento de uma necessidade camarária de justificar a utilidade de outros espaços? Não haverá ao longo do ano quaisquer outros eventos capazes de dar uso devido aos restantes equipamentos do município?

A edição deste ano alicerçou-se na comemoração de vários aniversários redondos. A começar pelo aniversário do próprio festival. Sob o tema central o Grande Vigésimo decorreu a exposição principal, uma mostra bastante sóbria que valeu sobretudo pelos originais reunidos na colecção do CNBDI. Poderia ter-se mostrado os trabalhos dos primeiros premiados, mas preferiu-se outra abordagem. Outra data redonda foi a dos “50 anos de carreira de Maurício de Sousa”. O pai da Mónica é quase “prata da casa” do festival. Foi devidamente homenageado (o próprio Maurício fez questão de partilhar esse momento via twitter e até revelar o interesse do município da Amadora em ter um parque da Mónica na cidade). Claro está, a “sua” exposição, com um elevado número de pranchas originais, foi uma mais bem conseguidas do festival.


Outra exposição que se destacou foi a dedicada a Lepage, vencedor do prémio de “Melhor Álbum Estrangeiro” da edição do ano anterior. Os originais expostos despertaram-me para este autor. As esplêndidas cores que exibiam contrastavam em absoluto com a palidez da versão papel dos álbuns editados em Portugal pela ASA, que agora sim podemos dizer que deixam muito a desejar.
Uma palavra também Rui Lacas e Osvaldo Medina, cujo talento encontrava-se bem evidenciado em espaços próprios bem construídos e com motivos cénicos, que sempre ajudam na criação da atmosfera própria que emana do universo dos autores.

O bom resultado da política de parcerias promovida pelo Amadora BD teve finalmente expressão na surpreendente mostra colectiva de autores polacos intitulada “Komics” que nos revelou o grande potencial da BD polaca. Contribuiu também a presença de Zbiniew Kasprzak (é mais fácil trata-lo por Kas) e da Grazyna Kasprzak (Graza) nas sessões de autógrafos, que fizeram justiça à qualidade da exposição. Verdade seja dita, valeram o tempo de espera na fila. Foram do melhor que já tenho visto. Ele desenha, ela pinta, e o resultado são pequenas obras de arte. Infelizmente, não temos nada publicado em Portugal e incompreensivelmente na zona comercial, edições francesas nem vê-las.

No lado oposto ao que foi bem feito, tivemos a mostra (das mais beras que já tenho visto) destinada a celebrar os “50 anos de Asterix”. Pela expectativa que se tinha criado em função da enorme popularidade da personagem, esta exposição ainda conseguiu ser pior do que uma coisa que andava para ali perdida e que dava pelo nome de “F.E.V.E.R.”. Sem perder mais tempo com isto, acrescento só que, em relação a ambas, foi um desperdício o espaço que ocupavam, que poderia ter sido melhor empregue, por exemplo, com a retrospectiva de Hector Oesterheld que está no CNBDI.

As sessões de autógrafos são um dos pontos altos do festival. O ponto baixo destas sessões é o incumprimento dos horários por parte dos autores. Atrasos que muitas vezes forçam o fecho da fila quando ainda o autor não começou a assinar. Atrasos que colidem com realização de outros eventos. É um problema que evidencia uma injustificável falta de organização e porque não dizer também, uma falta de respeito pelos leitores que esperam horas nas filas. Garantidamente, não há autor que esteja presente para começar às 15H. Em vez das 15-19H porque não se marca das 16-20H? Porque razão não se define no programa, um dia exclusivamente para autógrafos e o outro dia exclusivamente para conferências, entrevistas e apresentações?


Como já vem sendo hábito o festival apresentou mais uma vez um cartaz de autores bastante diversificado e representante dos vários géneros. Comparativamente confesso que gostei mais da edição do ano passado. Os autores franco-belgas dominaram como naturalmente não podia deixar de ser, mas gostei bastante do elevado número de autores portugueses que se mostraram. É verdade que não é fácil para um autor português editar em Portugal, mas já se começam a abrir algumas portas, e aqui gostaria de destacar o trabalho feito por uma pequena editora, a Kingpin Books, que aposta na edição própria, na promoção de novos autores portugueses e que soube tirar proveito do festival. Lançamentos, conferências, sessões de autógrafos, exposições. Tudo o que se espera que possa acontecer durante um festival de BD aconteceu com a Kingpin. Sempre entendi o Amadora BD como o ponto alto da “onda” bedéfila em Portugal. Há que aproveitar este palco!


Sobre os PNBD, já exprimi a minha opinião aqui e aqui, pelo que só acrescento que a atribuição do prémio à dupla Schuiten e Peeters teve pelo menos o condão de garantir na edição do próximo ano, uma exposição sobre as “Cidades Obscuras” que esperemos que esteja ao nível da elevada qualidade da obra destes autores.

Na zona comercial, fiz as habituais compras das (poucas) novidades. Senti a falta de uma grande livraria comum que tenha uma oferta mais alargada em termos de edição nacional e edição estrangeira, bem como abrangendo um maior número de editoras. Resumindo uma “Dr. Kartoon” em tamanho maior. Como visitante, compreendi perfeitamente a unanimidade das críticas que se gerou à volta do funcionamento da zona comercial do festival, sobretudo por parte dos livreiros. O espaço com obstáculos arquitectónicos de gosto e utilidade duvidosos não era manifestamente propício à circulação de pessoas nem acolhedor.

Depois temos as eternas questões, da apresentação do festival apenas três semanas antes deste se iniciar, que pouca margem dá a visitantes, livreiros e editoras de se organizarem em função dos autores presentes, da falta do programa e catalogo logo no inicio do festival, que é imprescindível para o visitante estabelecer uma identificação com festival, das constantes alterações dos autores presentes e tudo junto, passa a imagem que se não é parece que é tudo tratado à ultima da hora. Não abona nada em favor de um festival com 20 anos de experiência.

Relativamente à edição do próximo ano, é dedicada a mais um aniversário redondo, desta vez o Centenário da República. Também promete ser um ano em grande em termos de produção nacional, a avaliar pelas intenções já manifestadas por vários autores em trabalhar em projectos directamente relacionados com o tema. A ver vamos. Até para o ano!

Para terminar, ficam então aqui as minhas notas finais sobre o 20º Amadora BD:

Notas positivas:
+ Exposição Lepage “Muchacho”
+ Maurício de Sousa
+ Forte presença de autores portugueses
+ Parceria com o FIBD Lodz (Polónia)

Notas negativas:
- Exposição “50 anos de Asterix”
- Descentralização das exposições
- Modelo dos PNBD
- Incumprimento de horários nas sessões de autógrafos

Também sobre o 20º Amadora BD:
- As "notas" esmiúçam o Amadora BD - parte I
- As "notas" esmiúçam o Amadora BD - parte II

06 novembro, 2009

20º Amadora BD: Alterações ao programa

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Amanha tem lugar o último fim-de-semana do Amadora BD. Eu tinha aqui anunciado a surpresa que foi a confirmação da vinda ao festival da dupla de autores responsável pela série “As Cidades Obscuras”. Premiados na categoria de autores do “Melhor Álbum Estrangeiro”, Schuiten e Peeters estariam presentes dia 8, para receber pessoalmente o galardão. Infelizmente, há motivos de força maior que impedem que as coisas assim aconteçam. Assim, a organização do festival anunciou que o argumentista Benoit Peeters já não vai poder estar presente este ano no Amadora BD. A esta falta junta-se ainda o nome do espanhol Alfonso Azpiri.

Em compensação, para além dos outros nomes já anteriormente confirmados, incluindo François Schuiten e David Lloyd (V for Vendetta), vão ainda marcar presença, autores como Batem (responsável pela série Marsupilami) na sessão de autógrafos no Sábado (15-18h) e Domingo (16-19h), a dupla de autores polacos Zbigniew e Grazyna Kasprzak apenas na sessão de autógrafos de Sábado (16-19h) e ainda Matthias Lehmann no Sabado (15-18h) e Domingo (16-19h). O programa completo de festas, já actualizado, pode então ser consultado aqui.

As "notas" esmiúçam o Amadora BD – parte II

2º Fim-de-semana de festival. Visitei demoradamente a exposição central exposta no piso 0. Dentro desta, destaco as mostras dedicadas à “Colecção CNBDI”, ao “Almanaque FIBDA” e aos “XX anos de Concursos”. Todas muito bem organizadas e podemos encontrar em exibição algumas "pérolas" da BD portuguesa, como por exemplo magníficas pranchas originais de consagrados autores portugueses, tais como Augusto Trigo, Eduardo Teixeira Coelho ou Artur Correia entre outros.

Depois é um facto, a história do FIBDA/Amadora BD mostra-nos que ao longo destes últimos vinte anos fomos visitados por grandes nomes da BD internacional, e refiro aqui apenas alguns autores como Morris (pai do Lucky Luke), Jacques Martin (Alix), Will Eisner (Spirit), Jean Giraud (Blueberry), Art Spiegelman (Maus), Mézières (Valerian), Jean Graton (Michel Vaillant), Schuiten e Peeters (Cidades Obscuras), Manara, Bilal, Loisel, Hermann, Rosinski, Seth Fisher, Miguelanxo Prado, Frezzato, Civiello, Dave Mckean, entre muitos outros. Quem foi visitante assíduo do festival nos últimos vinte anos não tem certamente razões de queixa. A marca da passagem de alguns destes autores é uma incrível colecção de desenhos que ocupa uma enorme parede numa das exposições.



Bastante curiosa é também a mostra dos “XX anos de Concursos”. Um olhar mais atento e identificamos que entre os autores que figuram como vencedores dos concursos do FIBDA, surgem nomes importantes da BD portuguesa actual como JC Fernandes, Rui Lacas ou João Fazenda. O Domingo de manha foi passado na festa da caricatura. É um dos eventos mais engraçados do festival, porque permite ao visitante obter o seu "retrato" feito por vários artistas e não custa absolutamente nada! Por ser objecto de tão pouca divulgação é talvez um dos "tesourinhos" escondido do festival!

Continuando numa de autores e o segundo fim-de-semana foi dominado por nomes como Maurício de Sousa, François Boucq e Achdé. Primeira evidência: o Maurício é um campeão de popularidade. Basta olhar para as longas filas que este autor já acostumou os visitantes do Amadora BD e que se repetiram (outra vez) neste fim-de-semana. Como já tenho sketches da Mónica, do Cebolinha, do Pelezinho, do Ronaldinho e até do António Alfacinha, pude dedicar a minha atenção para os restantes autores. Que ricas horas que poupei! Boucq domina as atenções para os amantes da BD franco-belga e o Achdé tem uma interessante relação com Portugal. Sempre que é lançado um novo álbum do Lucky Luke, este autor visita-nos. Foi assim com "Lucky Luke no Quebeque" em 2004, com o "O Nó ou a Forca" em 2007 e agora com o "Homem de Washington" em 2009.


Descubro Yosh, uma muito simpática e talentosa autora sueca de manga que em conversa revelou gostar de Lisboa e a adorar o “defeito” dos portugueses em não cumprir horários. Fez uns excelentes retratos em versão "manga" dos visitantes que lhe solicitaram!
Entre os portugueses, neste Amadora BD, destaco aqui três nomes, da nova geração, porque os mais antigos já são sobejamente conhecidos. Claro está que se trata de uma escolha movida por um gosto pessoal, mas é certo que muito talento não falta a Gisela Martins, Jorge Miguel e Osvaldo Medina. São excelentes desenhadores portugueses..
Autores. São sem dúvida o que faz pulsar o festival. E apesar de todos os defeitos e vícios que possamos imputar ao festival, a verdade é que o Amadora BD é um festival de grandes autores e este ano apresenta (mais uma vez) um cartaz bastante generoso com autores originários das mais variadas latitudes, dos mais variados géneros e estilos.
Ainda falta o terceiro e último fim-de-semana do festival e estão confirmados grandes nomes nas sessões de autógrafos!


François Boucq
















Yosh

















Achdé e Jorge Miguel















Gisela Martins
















Osvaldo Medina

04 novembro, 2009

Bull Market

Quem na passada Segunda-feira, 2 de Novembro, trocou o televisor pelo monitor e o sintonizou num conhecido sítio de leilões on-line nacional, como eu fiz, só poderia pensar que a loucura tinha derrotado a crise. O motivo? Álbuns de BD que se valorizaram 186% em 45 minutos!!!

Toda a animação começou por volta das 22:15 quando os valores de licitação já rondavam os € 30. Foi então que um despique animado entre interessados começou, com as licitações a sucederem-se… 31, 36, 38, 42, 50, 51, 60, 73, 75, 76, 80, 82, 85 até que finalmente por volta das 23.00 o preço final ficou estabelecido em € 86. Impressionante! É verdade, eu participei como mero espectador.

Que álbuns é que estou a falar? Dois álbuns da colecção Spirou da Méribérica: “Perseguidos pelo Medo” edição de 1994 e “Raio Negro” edição de 1999.

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(cliquem na imagem para aumentar)

É verdade que existem alguns álbuns em português que já atingiram o estatuto de raridade e que forçosamente a sua aquisição é bastante dispendiosa. Mas claro, falo de edições da década de 60, 70 ou 80 quanto muito, e de editoras com a Camarada, a Distri, a Bertrand ou Edições 70. Junta-se agora mais dois álbuns da Meribérica. Das duas uma, ou os bedéfilos devem estar doidos ou as edições em português de BD estão em alta!


Assim para quem gosta de saber estas curiosidades, e aferir de valores da BD, deixo aqui o registo dos valores finais, que consegui apurar, de algumas transacções realizadas nessa noite:

  • Spirou – “Perseguidos pelo Medo”, edição de 1994 da Meriberica – estado novo € 86,00
  • Spirou - “Raio Negro”, edição de 1999 da Meribérica – estado novo € 86,00
  • Alix – “O Cavalo de Troia”, edição de 1990 da Edições 70 – estado novo € 31,00
  • Valerian – “Nas terras programadas”, edição de 1982 da Meribérica – estado novo € 30,00
  • Túnicas Azuis – “A Recruta dos Azuis”, edição da Edinter - estado novo € 22,10
  • Túnicas Azuis – “Os Foras-da-lei”, edição da Edinter – estado novo € 21,50
 
Bons negócios!

01 novembro, 2009

20º Amadora BD – Surpresa Shuitten e Peeters

Na sequência da vitória do álbum “A Teoria do Grão de Areia” na categoria de “Melhor Álbum Estrangeiro”, a organização do Amadora BD conseguiu convencer os autores Schuiten e Peeters a estarem presentes no festival, no próximo dia 8 de Novembro (Domingo), afim de receberem pessoalmente o prémio conquistado. Logicamente os autores estão disponíveis para uma sessão de autógrafos. Para os mais distraídos, lembro que esta dupla é responsável pela excelente série “As Cidades Obscuras”, cujo 10º álbum da colecção é justamente “A Teoria do Grão de Areia”.