26 janeiro, 2011

A edição de BD em França durante 2010

Li agora, a propósito do inicio do festival de Angoulême, um artigo no jornal Público que fala sobre a edição de BD em França. Numa entrevista ao jornal, Gilles Ratier, secretário-geral da Associação de Críticos e Jornalistas de Banda Desenhada, autor do relatório anual sobre o estado da edição de BD em França, afirma que 2010 foi um ano de ouro. Sustenta esta tese nos números que apresenta, e que revelam bem a grandeza deste sector por terras francófonas: 299 editores de BD; 5165 livros de BD publicados em 2010 dos quais 3811 são novidades; 68 revistas especializadas em BD; mais de cem títulos (102) com uma tiragem superior a 50 mil exemplares; 1446 autores a viver (ou a tentar viver) exclusivamente da banda desenhada. Tudo isto, conforme refere, num ano onde não saiu nenhuma novidade Astérix ou Titeuf que, só por si, representam vários milhões de álbuns a mais. Impressionante não?
Os interessados na leitura completa do artigo é favor clicarem aqui.

A edição de BD em França durante 2010

Li agora, a propósito do inicio do festival de Angoulême, um artigo no jornal Público que fala sobre a edição de BD em França. Numa entrevista ao jornal, Gilles Ratier, secretário-geral da Associação de Críticos e Jornalistas de Banda Desenhada, autor do relatório anual sobre o estado da edição de BD em França, afirma que 2010 foi um ano de ouro. Sustenta esta tese nos números que apresenta, e que revelam bem a grandeza deste sector por terras francófonas: 299 editores de BD; 5165 livros de BD publicados em 2010 dos quais 3811 são novidades; 68 revistas especializadas em BD; mais de cem títulos (102) com uma tiragem superior a 50 mil exemplares; 1446 autores a viver (ou a tentar viver) exclusivamente da banda desenhada. Tudo isto, conforme refere, num ano onde não saiu nenhuma novidade Astérix ou Titeuf que, só por si, representam vários milhões de álbuns a mais. Impressionante não?
Os interessados na leitura completa do artigo é favor clicarem aqui.

25 janeiro, 2011

Imagem do dia: Fim do Quarteto Fantástico

RIP Tocha

O fim já estava anunciado há já algum tempo. No final da história “3”, um dos quatro heróis que compunham o Quarteto Fantástico ia morrer. Assim, foi hoje revelado pela editora Marvel (e já não deve ser novidade para ninguém), que Johnny Storm, o Tocha Humana é o herói que morre na edição n.º 587 de Fantastic Four, com saída prevista para as bancas amanha. Na verdade a morte de um super-herói já não é nada de novo na banda desenhada americana, desperta no máximo alguma curiosidade, vende mais algumas edições e como no mundo destes super-heróis nada é definitivo acredito que já se entrou em contagem decrescente para o regresso do Tocha Humana!

23 janeiro, 2011

Votações para os VIII Troféus Central Comics

Encontram-se a decorrer as votações para a escolha dos vencedores dos prémios 2010 do portal Central Comics. Assim, até ao próximo dia 17 de Fevereiro, toda a comunidade bedéfila pode escolher os seus favoritos, elegendo assim, nas várias categorias a concurso, aqueles que considera terem sido os melhores de 2009. Este é um pormenor importante em ter em atenção, porque apesar da votação decorrer em 2011, para escolha dos vencedores do prémios de 2010, o que está a concurso é todo o trabalho produzido ao longo do ano de 2009. Para melhor ajudar a relembrar o que de + relevante aconteceu ao longo de 2009, podem sempre pesquisar aqui.

A cerimónia de entrega dos prémios terá lugar a 2 de Abril, pelas 17h00 na Exponor em Matosinhos.

Fica o convite ao voto, porque aqui ao contrário de outras eleições, aqui não é necessário sair à rua. Para mais informações e acesso ao boletim de voto cliquem aqui.

17 janeiro, 2011

Portugal 25 Anos Depois

O simples anúncio que o Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD) vai fazer amanha, nas suas instalações no Cais do Sodré, a apresentação pública de uma edição comemorativa do 25º aniversário da entrada de Portugal na União Europeia, não teria à partida para mim qualquer interesse, até porque me assumo como um eurocéptico. No entanto por se tratar de uma publicação que se apresenta no formato de banda desenhada justifica a sua divulgação aqui.

Trata-se de uma pequena brochura. intitulada Portugal 25 Anos Depois, da autoria dos portugueses Rui Alves, Teresa Cardia e António Valjean, que tem como ideia base o de explicar aos mais jovens o que mudou em Portugal nos últimos 25 anos por força da nossa integração em 1 de Janeiro de 1986 na então Comunidade Europeia.
Ao longo de 12 páginas, uma história simples que decorre ao longo de uma conversa entre um avô e os seus netos durante uma viagem de carro entre Trás-os-Montes e Lisboa, é aproveitada para apresentar um Portugal diferente, europeu, como resultado de profundas transformações e alterações com impacto nas mais diversas áreas como a educação, o ambiente, a saúde, a segurança alimentar, os serviços, moeda única, etc, revela-se um registo bastante eficaz.

A titulo de curiosidade refiro que já não é a primeira vez que a União Europeia, por intermédio de qualquer um dos seus organismos, utiliza como o suporte de banda desenhada como um meio privilegiado de comunicação, tendo já publicado em língua portuguesa o álbum Águas Perigosas, numa edição do Parlamento Europeu.

As duas bandas desenhadas referidas anteriormente, podem ser obtidas gratuitamente, em formato digital, através dos seguintes links:

- Portugal 25 Anos Depois
- Águas Perigosas

Portugal 25 Anos Depois

O simples anúncio que o Centro de Informação Europeia Jacques Delors (CIEJD) vai fazer amanha, nas suas instalações no Cais do Sodré, a apresentação pública de uma edição comemorativa do 25º aniversário da entrada de Portugal na União Europeia, não teria à partida para mim qualquer interesse, até porque me assumo como um eurocéptico. No entanto por se tratar de uma publicação que se apresenta no formato de banda desenhada justifica a sua divulgação aqui.

Trata-se de uma pequena brochura. intitulada Portugal 25 Anos Depois, da autoria dos portugueses Rui Alves, Teresa Cardia e António Valjean, que tem como ideia base o de explicar aos mais jovens o que mudou em Portugal nos últimos 25 anos por força da nossa integração em 1 de Janeiro de 1986 na então Comunidade Europeia.
Ao longo de 12 páginas, uma história simples que decorre ao longo de uma conversa entre um avô e os seus netos durante uma viagem de carro entre Trás-os-Montes e Lisboa, é aproveitada para apresentar um Portugal diferente, europeu, como resultado de profundas transformações e alterações com impacto nas mais diversas áreas como a educação, o ambiente, a saúde, a segurança alimentar, os serviços, moeda única, etc, revela-se um registo bastante eficaz.

A titulo de curiosidade refiro que já não é a primeira vez que a União Europeia, por intermédio de qualquer um dos seus organismos, utiliza como o suporte de banda desenhada como um meio privilegiado de comunicação, tendo já publicado em língua portuguesa o álbum Águas Perigosas, numa edição do Parlamento Europeu.

As duas bandas desenhadas referidas anteriormente, podem ser obtidas gratuitamente, em formato digital, através dos seguintes links:

- Portugal 25 Anos Depois
- Águas Perigosas

16 janeiro, 2011

Tinta nos Nervos – Banda Desenhada Portuguesa

Não são muito os eventos associados à divulgação da banda desenhada realizados em Portugal e se excepcionarmos os festivais – Amadora, Beja e este ano Moura – então a realidade é praticamente um deserto. Neste sentido, já é meritória a exposição “Tinta nos Nervos – Banda Desenhada Portuguesa” comissariada por Pedro Moura e que se encontra aberta ao público no Museu Colecção Berardo (no CCB) em Belém.

Trata-se de uma mostra que abrange 41 artistas portugueses, numa estranha mistura de traços e desenhos que se diferenciam claramente, resultado de experiencias e de formas singulares de fazer banda desenhada. Grande parte dos autores presentes nesta mostra caracterizam-se por desenvolverem um trabalho designado “de alternativo” ou “de autor” que circula em ambientes pequenos e fechados ao público em geral e logo de difícil conhecimento e reconhecimento. Tenho sempre dificuldade em entender este tipo de projectos, até porque julgo que a satisfação máxima que um autor poderá desejar para o seu trabalho será o seu reconhecimento público. Assim verdade é que não conhecendo muitos dos autores representados, a análise crítica que faço perante grande parte da obra exposta nesta mostra reduz-se a um singelo “gosto” ou “não gosto”.

Se são estes trabalhos que reflectem a tendência da BD actual e elevam a banda desenhada portuguesa para outros níveis não sei, até porque pessoalmente teria optado por incluir outros nomes com diferentes tipo de registos, retirados da nova vaga de autores portugueses, que são porventura até mais comerciais confesso, mas que aqui só releva em termos de valoração qualitativa do trabalho efectuado, porque os considero como os mais representativos do melhor que se faz por cá. Mas reconheço que reflectir numa exposição limitada por condicionantes, como por exemplo o tempo ou o espaço, não sei se foi o caso, um universo quase ilimitado, onde muitas vezes os critérios de selecção se norteiam por gostos pessoais, torna-se difícil de obter consensos.

Não obstante, da minha visita fiquei satisfeito por visualizar algumas pranchas originais do livro nunca antes editado “A Agência de Viagens Lemmings” de JC Fernandes, ou o humor incisivo do trabalho de Nuno Saraiva ou ainda com o desenho magnífico de Vitor Mesquita, entre outros, sem qualquer surpresa. Mas para quem se interessa pelo meio, a visita ainda que possa não ser muito estimulante, torna-se bastante interessante pela diversidade. A entrada é gratuita.

A lista dos autores presentes nesta exposição é a que se segue:
Alice Geirinhas, Ana Cortesão, André Lemos, António Jorge Gonçalves, Bruno Borges, Carlos Botelho, Carlos Pinheiro, Carlos Zíngaro, Cátia Serrão, Daniel Lima, Diniz Conefrey, Eduardo Batarda, Filipe Abranches, Isabel Baraona, Isabel Carvalho, Isabel Lobinho, Janus, João Fazenda, João Maio Pinto, José Carlos Fernandes, Jucifer (Joana Figueiredo), Luís Henriques, Marco Mendes, Marcos Farrajota, Maria João Worm, Mauro Cerqueira, Miguel Carneiro, Miguel Rocha, Nuno Saraiva, Nuno Sousa, Paulo Monteiro, Pedro Burgos, Pedro Nora, Pedro Zamith, Pepedelrey, Rafael Bordalo Pinheiro, Richard Câmara, Susa Monteiro, Teresa Câmara Pestana, Tiago Manuel e Victor Mesquita.

14 janeiro, 2011

Leitura: The Walking Dead Vol. 1 - Dias Passados

 
Em 2010, um dos títulos que mais me entusiasmou em termos de leituras de banda desenhada foi sem dúvida The Walking Dead (TWD). E descobrir este universo desenvolvido por Robert Kirkman, vencedor de um Eisner Award, tem sido viciante.

Em TWD acompanhamos a história de Rick Grimes, um ajudante de xerife de uma localidade nos arredores de Atlanta (EUA) que depois de acordar de um estado de coma, na cama de um hospital, é confrontado com uma nova realidade: o mundo lá fora encontra-se dominado pelos mortos, melhor, por mortos-vivos. Tudo o que conhecia desapareceu em consequência de uma brutal epidemia, cuja origem não nos é relatada, mas que afectou grande parte da população humana transformando-a em zombies, que vagueiam agora sem destino um pouco por todo o lado, movidos por um instinto animal na procura de carne humana. Restam apenas pequenas bolsas de sobreviventes que lutam agora pela vida num mundo sem lei nem ordem. Rick luta para proteger a família (mulher e filho) ao mesmo tempo que conduz um grupo de sobreviventes na busca por um lugar seguro para viver. Em síntese, TWD apresenta-nos a visão de um mundo dominado pelos mortos, onde os vivos que ainda subsistem são obrigados a começar a viver, numa luta constante pela sobrevivência. Retrata a natureza humana e aborda a complexidade de que se revestem as relações humanas de uma forma exemplar numa análise critica de como o próprio ser humano se relaciona com os seus, com uma constante necessidade de criar e quebrar regras, num tempo onde os conceitos morais de certo ou errado ou de vida e de morte mudam conforme as circunstâncias.

A Devir lançou em finais do ano passado o primeiro volume de TWD – “Dias Passados”, no formato trade paperback (TPB) similar à edição publicada lá fora, que reúne os seis primeiros comics originalmente publicados em 2003 nos EUA pela Image Comic. Devo dizer que aplaudo a opção da editora portuguesa em manter o título original da série The Walking Dead, e não se aventurar numa qualquer tradução que certamente desvirtuaria um duplo significado que título original em inglês encerra em si. Porque à medida que nos embrenhamos na leitura desta aventura – devo dizer que a ideia que se segue não deriva deste primeiro volume mas de uma leitura mais avançada em que eu me encontro (volume 5) – apercebemo-nos que a designação de “walking deads” talvez não se aplique exclusivamente aos mortos-vivos como inicialmente se poderia supor, mas também aos sobreviventes, até porque à medida que avançamos na leitura tomamos consciência que nenhuma personagem está a salvo e que todos os vivos encontram-se irremediavelmente condenados, à excepção (ou talvez não) de Rick Grimes.

TWD- 16

Neste primeiro volume, começamos por estabelecer uma ligação à história. Assistimos ao acordar de Rick para a nova e perigosa realidade. Há sua busca e reencontro com a família. À apresentação do grupo e ao surgimento das primeiras tensões. Rick divide-se entre o seu papel de pai e marido e a obrigação que sente em garantir a protecção do grupo. Enquanto para Lori, a sua mulher, o reencontro é acompanhado por um sentimento de culpa. Todo o ambiente que rodeia o grupo afecta-o e isso traz consequências.

A fluidez na leitura de TWD resulta porque estamos perante um argumento genial que desenvolve uma linha narrativa com grande intensidade, liberta de “amarras e que segue caminhos lógicos. Mas é na exploração eficaz das reacções humanas que a narrativa explode. Quer seja originada pelas situações de tensão latente e de conflito existentes no grupo que se vai formando, derivadas das diferentes personalidades de cada elemento, que evoluem naturalmente para estados de confronto ou pela exposição do pior da natureza humana que nem sempre deriva da exposição a situações extremas. Certo é o suspense dado pela incerteza dos acontecimentos que cada nova página nos reserva.

TWD2-13

A arte sempre num registo a preto-e-branco tem, no seu primeiro volume, a assinatura de Tonny Moore. Autor de traço simples que se torna bastante eficiente pela dinâmica que imprime nas sequências de acção, destacando-se também pela boa caracterização no desenho dos mortos-vivos. Só assina os seis primeiros números que compõem este volume sendo posteriormente substituído por Charlie Adlard.

TWD é uma excelente aposta da Devir, que eu já tinha incluído como uma das minhas melhores leituras do ano de 2010. Agora o sucesso desta colecção em Portugal passa pela publicação não muito espaçada dos restantes volumes. Até porque não havendo cá, o leitor certamente procurará lá fora.

The Walking Dead - Dias Passados
Autores: Robert Kirkman e Tony Moore
Volume 1, preto e branco, TPB
Editora: Edições Devir, 1ª edição de Novembro de 2010



12 janeiro, 2011

Lançamento: Rip Kirby - Volume 1


Estão de regresso a Portugal as aventuras de Rip Kirby de Alex Raymond. A editora Bonecos Rebeldes acaba de lançar o primeiro volume, que reúne as tiras de jornais publicadas cronologicamente entre 4 de Março e 2 de Novembro de 1946, corresponde a três aventuras. Num formato idêntico ao já experimentando com a colecção do Príncipe Valente, esta nova edição, a primeira de uma colecção prevista colecção de 13 álbuns, peca pelo seu elevado preço de venda (€ 25) face ao número de páginas publicadas (56 páginas). De resto foi um matar saudades de um clássico que li e reli nas páginas do saudoso Mundo de Aventuras.


06 janeiro, 2011

Imagem do dia: Sin City 6

Sin City 6

É o primeiro (grande) lançamento do ano. A Devir acaba de editar mais um volume (o sexto) da colecção SIN CITY de Frank Miller. Contas feitas e fica apenas a faltar mais um volume para a série ficar integralmente publicada em português em formato trade paperback. Muito bom. Hoje o meu serão vai ser copos, balas & gajas!

05 janeiro, 2011

O ESTADO DA ARTE EM 2010

Ano Velho. Terminado torna-se recorrente fazer um balanço e elaborar listas do melhor que passou. Pessoalmente gosto de fazer este exercício. Em síntese, destacar o + relevante e fechar as contas. Assim, começando, e bedéfilamente falando, em 2010 publicou-se bem e variado. Continuou-se pelo caminho de mais novidades e menos reedições.
 
 A ASA fazendo justiça ao rótulo de maior editora nacional encerra o ano com 81 títulos publicados, onde nas contas da sua responsável, se incluem 33 novidades franco-belga. Muito bom foi algumas das principais séries foram publicadas em simultâneo com a edição francesa. Pessoalmente, foi um prazer ao longo do ano ter leitura tão diversificada como Animal’z, Borgia (volumes 2 e 3), Bouncer (O Fascínio das Lobas), Spirou (A Invasão dos Zorcons), Lucky Luke (contra Pinkerton), Blacksad, Escorpião ou as conclusivas partes de A Maldição dos trinta denários (de Blake e Mortimer) e da Teoria do Grão de Areia. De Corto Maltese, teve início com , uma colecção a cores que só peca pelo seu preço elevado. Da já habitual parceria da ASA com o jornal Público resultou a reedição dos 16 álbuns de Alix (em capa mole) anteriormente publicados entre nós pelas Edições 70 e a colecção completa de Gaston em 19 álbuns de capa dura. Mas sobre Alix, devo dizer que a reedição mais interessante, não foi a do Público mas antes aquela promovida pela FNAC, limitada a 300 exemplares por álbum, em capa dura com lombada a encarnado. Convenhamos que ficam bastante melhor na prateleira junto dos outros álbuns já anteriormente publicados pela ASA. Ainda no capitulo das reedições, tivemos o regresso de Tintin, agora num formato de invenção portuguesa, pouco apelativo e bastante mais reduzido que o espectável e tradicional em franco-belga. Há quem diga que é marketing eu acho que foi um disparate! Uma palavra para a linha mangá da ASA, com as novidades Astroboy e DragonBall, mas só para informar que começaram a ser publicadas por cá, até porque personagens algo infantis em livros de bolso que se lêem de trás para a frente não me convencem. Continuando ainda com editoras e publicações, falo agora de regressos. Começo pela VitaminaBD. Muito discreta ao longo do ano, desperdiçou escandalosamente o regresso de Hermann a Portugal para o Festival de BD de Beja, e acabou por publicar, no último trimestre do ano, dois álbuns deste autor. O esperado regresso de Bernard Prince no álbum Ameaça sobre o Rio, onde o virtuoso Hermann domina com mestria o desenho e as cores, enquanto o argumento de Yves ainda está longe de substituir o de Greg, e o mais recente da série Jeremiah - O Gatinho morreu onde também a qualidade do desenho se sobrepõe ao argumento. Outro regresso que se saúda, é o da Devir. Após alguns ameaças, voltou ao mercado nacional de BD, abrindo logo as hostilidades com o 5º volume da série Sin City - Valores Familiares, uma aposta sempre ganha, como aliás se confirma pelo facto do 6º volume Copos, Balas & Gajas já se encontrar à venda no momento em que escrevo estas linhas. Depois destaco o início da publicação da poderosa e viciante série The Walking Dead. Saiu o 1º volume Dias Passados e a verdade é que o meu mundo bedéfilo ficou muito mais bem preenchido depois da leitura desta invasão de mortos-vivos. Para 2011 quer-se (quero) mais desta nova Devir. Outra editora que dá igualmente pequenos passo mas seguros é a Kingpin Books. Prima pelas boas práticas. Abriu o ano com publicação da segunda parte de A Formula da Felicidade. No 21º Amadora BD apostou em Murphy Gordon e reuniu o lançamento do excelente Off-Road com a presença do autor americano. Fechou com uma edição de coleccionador de CAOS. E em ano de crise (quem diria) surgiu uma nova editora a apostar na edição de BD. Falo da Booksmile, que à boleia da estreia cinematográfica da adaptação, lançou os dois primeiros volumes Scott Pilgrim de Bryan Lee O’Malley. A série lá fora é já um culto, cá não tem como falhar!
 
Em termos de autores nacionais publicados, a grande surpresa vai para o surpreendente As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy (edição Tinta-da-China) de Filipe Melo e Juan Cavia. Um argumento de cinema adaptado para a banda desenhada (costuma ser ao contrário) transforma-se num sucesso de vendas que já vai em 3ª edição, é vencedor do prémio de “Melhor Argumento para Álbum Português” no 21º Amadora BD, surge um convite para os autores publicarem uma curta história na edição comemorativa do 25º aniversário da editora americana Dark Horse, dá origem a um segundo volume a caminho (lá para Março)… ainda subsistem dúvidas sobre a qualidade deste material? Lá por fora, autores nacionais como Filipe Andrade, Nuno Plati ou João Lemos são sinónimos de qualidade e começam a ser publicados com regularidades nos comics americanos da editora Marvel. E falar em autores é também falar da Zona. Projecto já em velocidade cruzeiro e mais três novas revistas – Zona Fantástica, Zona Gráfica e Zona Negra 2.
 
Sobre Festivais, decorreu em Junho a 6º edição do FIBDB, um festival - cujo Director Paulo Monteiro tornou-se igualmente autor de BD com a sua 1ª obra O Amor Infinito que te tenho e Outras Histórias publicada pela Polvo - que ganhou por mérito próprio lugar no calendário dos eventos obrigatórios, não só pelo leque de grande qualidade dos autores estrangeiros convidados e este ano foram, entre outros, para além do referido Hermann, os gémeos brasileiros Gabriel Bá e Fábio Moon, Fábio Civitelli, Rufus Dayglo e Niko Henrichon, mas também pelo ambiente muito próprio e hospitaleiro, inclusive da própria cidade de Beja, que nos faz sentir convidados em vez de visitantes. Em suma, um FIBDB não se perde! 
 
Depois em Outubro tivemos a 21ª edição do Amadora BD. Uma referência obrigatória em Portugal. O festival deste ano decorreu sob o signo do Centenário da Republica. Um associação pouco feliz na medida em que em nada beneficiou o festival. A República foi um tema insípido. As publicações patrocinadas pela Comissão do Centenário não saíram tempo do festival. A divulgação do evento foi escassa. Faltaram grandes nomes da BD para ocuparem os três fins-de-semana. E nem mesmo a elevada qualidade das mostras, e acrescento que a dedicada à “Teoria do Grão de Areia” de Schuiten e Peeters elevou o conceito de exposição para um nível bastante elevado, foi suficiente para levar público até ao Fórum da Brandoa. Ficou uma edição que serviu sem dúvidas para tirar ilações!
 
Pessoalmente e aqui no blogue, ao fim de 5 anos de existência, ultrapassei finalmente (ufa!) a marca das 100 entradas/ano, fechando com um total de 112 notas. O n.º de visitantes ultrapassou também a redonda marca dos 100.000. E até porque o meu exercício de síntese já vai longo, finalizo com o top 5 daquelas que considero terem sido as minhas melhores leituras do ano. Claro que havia outras publicações igualmente merecedoras de integrarem este top, mas a vida é feita de escolhas e a minha lista é voluntariamente e obrigatoriamente reduzida. Assim, são estes os meus preferidos de 2010: 
 

- Lucky Luke contra Pinkerton (ASA) 

- Off-Road (KINGPIN)

 - The Walking Dead, vol. 1 - Dias Passados (DEVIR)

- As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy (TINTA-DA-CHINA) 

- A Teoria do Grão de Areia – Vol. 2 (ASA)

 Ficam os votos para 2011 de boas leituras!