29 janeiro, 2012

Revista Banzai

Banzai n.º 1
É sempre com agrado que registo aqui qualquer nova iniciativa no campo da banda desenhada portuguesa. É o caso da nova revista BANZAI. A NCreatures, responsável pela edição, apresenta-a como um espaço para novos “autores de banda desenhada com um estilo manga”. Assumidamente o género manga não se encontra entre as minhas preferências de leitura, mas alguma curiosidade levou-me [Sábado] à apresentação da revista que decorreu na loja FNAC do Vasco da Gama.
Marta Patalão, Manuela Cardoso, Cristina Dias, Joana Rosa Fernandes e Inês Pott (da esquerda para a direita no fotografia de grupo) são os cinco novos rostos na banda desenhada portuguesa que fizeram as honras.


Foi num ambiente informal, perante uma plateia composta mas silenciosa, onde as autoras falaram um bocado sobre os seus trabalhos. Retive sobretudo a forte vontade expressa das autoras em continuarem a apostar nesta arte.

The Mighty Gang
Neste primeiro número da revista Banzai os principais componentes do universo manga estão presentes, nomeadamente no desenho das personagens, de formas geométricas simplificadas, na produção a preto e branco, funcionando os elementos das narrativas presentes neste número um bocado como um reflexo do mundo e das vivências das suas autoras, curiosamente todas do sexo feminino. Por exemplo a Joana Fernandes revelou que os personagens do seu “Might Gang” são inspirados no seu círculo de amigos.
Pandora's Song

As três histórias apresentadas – The Mighty Gang de Joana Fernandes (em continuação), Kuroneko de Cristina Dias (em tiras) e Pandora’s Song de Rita Marques e Inês Pott (auto-conclusiva) - não me cativaram muito, mas também é como já referi este género não se enquadra nos meus gostos. Mas a revista Banzai pela dinâmica que promete facilmente encontrará o seu lugar no mercado nacional, porque é manga, porque é feita por autores nacionais, porque existe uma crescente procura de uma nova geração de leitores por este tipo de leitura.

A revista Banzai é uma publicação de periodicidade trimestral de formato A5 com preço de €5,50 e encontra-se à venda em exclusivo nas lojas FNAC.

10 comentários:

Z. disse...

Olá. Partilho a minha opinião de leitor dos dois números até à data publicados:

http://viagensdoinfinito.blogspot.com/2012/01/banzai-1.html

Nuno Neves disse...

Viva Z, li com atenção a tua opinião relativamente aos números publicados da revista Banzai. Não posso dizer que não concorde em muito aspectos com a tua crítica. Simplesmente não assumi no texto que escrevi, porque penso que seria exigir demais logo no primeiro numero. Estes projectos começam sempre de forma amadora, numa vontade de publicar o que se desenha sem quaisquer outras pretensões, e precisam do seu tempo para amadurecer o que certamente irá acontecer se as edições se foram sucedendo. Tomo como exemplo o projecto Zona.

Gostei sobretudo da atitude das autoras em quererem simplesmente contar uma história em banda desenhada. Melhor exemplo é o da Cristina Dia no seu “Kuroneko”. Agora claro, falta muita coisa, sobretudo ao nível da estrutura narrativa e o exemplo óbvio é mesmo “The Might Gang”. Confesso que li e fiquei sem perceber o sentido da história, e para mim como leitor faz toda a diferença (claro que partir a história em várias edições em nada ajuda!).
Agora a arte das autoras não as deixa ficar mal, ainda que necessitem de evoluir, e se tiverem um bom escritor de histórias, penso que terão todas as condições para fazer coisas giras em termos de manga portuguesa.
Boas Viagens!

Z. disse...

Bom dia e obrigado pelos comentários.

Como leitor percebo e respeito a vontade de todos os envolvidos na Banzai em avançar. A mera existência desta publicação já é motivo suficiente de regozijo, ou eu nem teceria qualquer consideração sobre ela (principalmente porque o meu blog não é temático; o não ter qualquer tema [fixo] é o único "tema", como o próprio título já sugere ;)).

Seria, todavia, estranho (e até injusto) da minha parte, omitir, como leitor (repito), situações verificadas no número zero (sempre um "protótipo", por definição) e que, infelizmente, depois também se repercutiram no 1º número. Neste, muita coisa já deveria estar resolvida e não esteve. Como terás reparado, não teci alguma vez qualquer consideração à arte em si pois cada qual tem o seu estilo (mesmo colando-se à estética "Manga", há sempre alguns aspectos que são únicos a cada desenhador) e apenas mencionei basicamente questões editoriais (chamar-lhes-ia em algumas situações de "opções editoriais" mas não me atrevo a tanto). As minhas humildes impressões sobre os dois números que adquiri, tive também o cuidado de as dar a conhecer à NCreatures no seu espaço no Facebook.

Seja como for, e eu já o afirmei à autora que teve a amabilidade de comentar no meu blog (a Cristina Dias), a minha intenção é sempre de partilhar uma opinião, mesmo não sendo a do óbvio mas falsamente generoso louvor a 100% (que em nada ajuda a evoluir, sendo um mero status quo crítico), tenta ser lúcida e justificada com o único intuito de ver futuramente no mercado um produto de cada vez maior rigor e interesse. Será sempre mais fácil puxar dos encómios e dizer "A revista é excelente! Continuem o bom trabalho..." e algo na mesma veia e depois a coisa ter (eventualmente) pés de barro. Elogio apenas pelo elogio a ninguém serve. Mais vale calá-lo se não passar (só) disso mesmo, não concordas? E se da discussão (com nível) nasce a luz... todos saímos vencedores. ;)

Ainda sobre a questão da Arte, reconheço (e é quase impossível de se evitarem comparações com outros autores) que todos estamos sujeitos a influências externas e atentos em assinalá-las. Manga "obedece" a certas regras de identidade (digamos) e as opções a este nível acabam por ser escassas. A inovação ou a originalidade estará portanto no lado do argumento/estória. Se esta não for sólida e objectiva, não há "mestre" do desenho que valha (sou da geração da BD publicada em revistas em segmentos mensais, por isso não é o aspecto da fragmentação da narrativa que me aflige). :) Repito: sobre o traço nada há a assinalar porque cada qual tem o seu. É mesmo mais a questão da estrutura da revista em si.

Termino este já longo comentário (sou muito mau a sintetizar...) reconhecendo que não deve ser fácil montar em Portugal uma Banzai, especialmente estando o mercado como está, por isso tenho de aqui deixar a todos na Ncreatures, mais às autoras, um abraço de reconhecimento pelo trabalho e esforço nela empregue. Comprarei cada número que for publicado. É o mínimo que posso garantir. :D

Nuno Neves disse...

Viva Z, partilhamos o mesmo sentimento que a existência desta revista (ou de qualquer outra de banda desenhada) em Portugal, é por si só motivo de satisfação e merecedor de palavras de encorajamento e porque não até de crítica. Eu até concordo com a máxima “Falem bem, falem mal, mas falem” porque a indiferença é o pior dos cenários.
Conforme referi não sou seguidor em termos de leitura do género manga, pelo que o destaque que quis dar no blogue ao projecto Banzai vai ao encontro do que referi inicialmente.
Mas na qualidade de leitor, pouco a dizer sobre a arte (evoluirá naturalmente, porque a experiência é uma mais-valia), e concordo contigo na questão principal: o argumento das histórias é fraco. Há muito trabalho a fazer por parte das autoras e da responsável pela edição relativamente a este aspecto.
Pessoalmente, e atendendo à periodicidade da publicação, não aprecio a sua fragmentação. Considero que funcionaria melhor histórias auto-conclusivas, até porque no caso do “ Might Gang” a título de exemplo, o estender da narrativa leva a que existam 20 páginas (onde a história nada evolui) para contar uma viagem de barco que facilmente cabia numa, no máximo duas pranchas!! E agora espera-se três meses pela continuação. Um desperdício que poderá gerar desinteresse! No entanto acredito que passando esta fase inicial, e com todos os feedbacks recebidos, e com a própria maturidade das autoras como autoras, o projecto evoluirá a todos o níveis para um patamar superior, sob pena de eventualmente fracassar! Abraço

Z. disse...

Oá "Verbal" (nome estranho... ;)). É iso mesmo que referes. És muito melhor do que eu a resumir as coisas ao essencial. ;)

Abraço.

Nuno Neves disse...

Viva "Z" (nome curto.... :)) verbal foi retirado do filme "Os Suspeitos do Costume" de Bryan Singer... um dos meus filmes preferidos! Abraço

Diogo Semedo disse...

Boas,

Posso utilizar a sua foto das autoras na FNAC num artigo da Sketchbook PT que estou a finalizar?

Estive na apresentação do Monstra, mas a fraca luminosidade do auditório não deu para aproveitar qualquer foto.

Se me poder dispensar a foto, esta será devidamente creditada.

Agradeço desde já.

Diogo Semedo

Nuno Neves disse...

Viva Diogo, estás à vontade para utilizar a fotografia. Abraço

SketchbookPT disse...

Obrigado pela sua ajuda, Nuno. Foi precioso o emprestimo.

A e-mag já está disponível no sítio do costume:

www.skethcbookportugal.wordpress.com

Nuno Neves disse...

Viva SketchbookPT o blogue serve também para partilhar. Ando a acompanhar a e-mag e parabéns pelo bom trabalho. Abraço