21 maio, 2013

Um Domingo de AniComics'2013

É uma crónica que chega com mais de uma semana de atraso. A disponibilidade por vezes não é muita. Mas queria deixar aqui as minhas impressões sobre o AniComics'2013, depois de o visitar no último dia do evento. O festival, é sabido, aposta forte num público-alvo constituído por adeptos e praticantes de cosplay. E uma tendência que tenho observado desde anos anteriores, é que o AniComics, em termos de visitantes, é cada vez mais um festival de cosplay e menos de comics. A edição deste ano confirmou-o definitivamente

Antevisão dos lançamentos de "Vamos Aprender" e de "Zakarella"

Adquiri a entrada n.º 1471. Consegui lugar num auditório cheio de entusiastas... de cosplay para assistir à antevisão de dois álbuns de bd. Meia-hora depois o calor não dava para mais. Visitei com agrado, num espaço despido de público, a exposição de pranchas de bd. Na zona reservada de autógrafos com a presença de Jorge Coelho, Osvaldo Medina e André Lima Araújo... era o único na fila! Na verdade, e de forma egoísta, não fiquei incomodado. Tinha três dos melhores desenhadores nacionais à disposição. Escusado será dizer que o sistema das senhas-semáforo, do qual não sou nada adepto, aqui pouca ou nenhuma utilidade tiveram!


A avaliar pelo número da minha entrada, estimo que tenham passado pelos dois dias do festival cerca de 1.500 pessoas. Arrisco que 90% sejam fans de cosplay, 9% de jogos, e os restantes 15 visitantes gostam de banda desenhada. No programa do festival constam debates, lançamentos, exposições, workshops e autógrafos em prol da bd. Mas a ideia que passa é que o AniComics é um festival de cosplay. E rótulos são difíceis de tirar. Para a organização desconheço se tal é ou não do seu agrado. Pessoalmente, a malta mascarada não me incomoda mas também não me suscita um grande interesse, mas pagar €7,50 de entrada para ver uma pequena exposição e pouco mais, até porque o auditório, onde decorre parte do programa, está lotado, direi que sai caro. A ideia de fazer coincidir mundos, como a banda desenhada e o cosplay, no mesmo espaço, não funciona. É como juntar água com azeite!

Arte de Osvaldo Medina
Arte de Filipe Andrade

Na banca de bd/comics havia duas novidades em português. Adquiri um exemplar da Roleta Nipónica. Um argumento bem conseguido de Mário Freitas e um Osvaldo Medina em grande forma no desenho. O outro livro era Zona Nippon 2. Aqui devo confessar a desilusão nesta edição. Mantêm o formato de livro de bolso tão criticado anteriormente e não traz a conclusão da história Nómada do André Araújo (o primeiro volume referia a "continuação no próximo número"). Como leitor, senti-me defraudado na expectativa. Obviamente não gostei, não comprei!


Para amanha aqui no blogue, segue-se o IX Festival de BD de Beja!

4 comentários:

Loot disse...

Este ano acabei por não ir, mas tenho uma boa imagem do festival do ano passado e acho que é bem possível ter um festival dedicado a mangá e comics e até BD europeia, etc.

Contudo, o anicomics não é um festival com ajudas públicas e dos vários públicos o do mangá, ou melhor o do cosplay é um sempre participativo e que enche casas, por isso compreendo perfeitamente que se aposte mais nesse caminho.

Nós preferiamos um programa mais focado em outras coisas, mas nós davamos um grande prejuizo ao festival :P
Imagino que seja esta a razão de ter os bilhetes a 7,5€, isto não é o festival da Amadora ou de Beja.

O que me parece pelo que vi noutros anos e pelo que dizem este é que o local começa a ser cada vez mais pequeno para o evento, o que é um bom sinal tb.

Abraço

Vidazinha disse...

A minha perspectiva foi um bocado parecida com a tua. O festival é giro e animado mas pagar 7,5€ para ir ver uma sala de exposições e a apresentação da Diabba... saí a pensar que era capaz de ser o último ano.

Não acho tanto que o problema seja a impossibilidade de juntar a malta dos diferentes mundos num só evento, acho é que o sítio onde é, é pequeno demais para deixar as duas vertentes crescerem com espaço, sem se atropelarem (neste caso, dada a evolução geracional, é a BD que obviamente fica apertada a um canto).

Diabba disse...

Suponho que conseguiste uns magnificos desenhos dos óptimos artistas Jorge Coelho, Osvaldo Medina e André Lima Araújo, certo? Sorte tua que não estava ninguém na fila.
Considerar que apenas 15 pessoas, dos presentes, gostam de BD, além de redutor é, evidentemente, não verdadeiro.
Já agora coloco-te uma pergunta:
Os desenhos que conseguiste dos tais magnificos artistas Jorge Coelho, Osvaldo Medina e André Lima Araújo, não valem 7,50€?? Estou quase tentada a pedir-lhes para nunca mais te ofertarem nenhum. (sere du male, mode) ]:-)

Ahhhh a tua (nossa) foto está excelente, podes mandar-ma por mail?

beijo d'enxofre

Nuno Neves disse...

Olá Loot, a tendência que verifiquei este ano já tinha observado na edição do ano passado. Aquela concentração de entusiastas de BD que encontro na Amadora ou em Beja não encontro aqui. Aliás, das caras conhecidas que habitualmente frequentam este meio,as que encontrei foram o Nuno Amado, a Vidazinha e o Hugo Teixeira. Convenhamos que é pouco! Abraço

Olá Vidazinha, concordo que o espaço começa a ser pequeno para tanta gente, mas as ausências não me parece que sejam devido a isso. Continuo com a ideia que água e azeite não se misturam! ;)

Olá Sere du male, estou muito agradado com os desenhos obtidos, e não sei se valem os €7,50 porque não tenciono vende-los :)
Sobre os números, a questão não é se são 15 ou cinquenta. A questão é se é ou não um festival de bd? Por comparação, uma ida ao Festival de Beja, que funciona igualmente num fim-de-semana, tem um custo manifestamente muito superior a €7,50 e no entanto tem o ambiente que se conhece e encontras lá todas as caras ligadas à bd. Esta é a diferença! Beijinho