31 dezembro, 2008

Balanço bedéfilo do ano de 2008

Como habitualmente, proponho passar aqui em revista os principais acontecimentos que marcaram o ano bedéfilo que agora termina. Em Portugal, 2008 fica como o "ano da reedição". Fica também marcado por desilusões, confirmações, surpresas e mas também pela crise. Uma crise que se fez sentir em termos de edição. Não disponho de números oficiais, mas na qualidade consumidor de BD, fiquei com a sensação que não se publicou muito e quando se publicou a aposta não passou pelo lançamento de material inédito, ou seja, uma grande percentagem da edição de 2008 foi absorvida com reedições de histórias já anteriormente publicadas. Para esta realidade, contribuiu sem dúvida, a parceria existente entre o jornal Público e a editora ASA, que teve em 2008, o seu ano mais produtivo. Três colecção lançadas - a saber “Grandes Autores de BD”, “Blueberry” e “Blake e Mortimer" - o que perfaz um total de 40 álbuns editados (seis álbuns da colecção B&M tem datas de lançamento para 2009). Este facto, pasme-se, coloca o Público – para quem estas colecções são apenas uma promoção para aumentar as vendas do jornal – como o maior editor de BD do ano em Portugal! Como não há bela sem senão, dos 40 álbuns editados, apenas UM apresentava uma história inédita. A Asa é sem dúvida a desilusão do ano! Na qualidade de maior (tendo em conta o seu catalogo) mas não necessariamente a melhor, refugiou-se na parceria de reedições com o Público e abdicou do lançamento de novidades. Os dedos de uma mão devem servir para contar tudo o que lançou durante um ano inteiro. Verdadeiramente decepcionante. Um ano para esquecer! As confirmações surgem pela VitaminaBD e pela BDMania. Continuam a respeitar os respectivos planos de edição, e se com a primeira podemos a acompanhar séries como “Jeremiah” ou “Universal War”, sem prejuízo do lançamento de outros álbuns, donde destaco, muito naturalmente, o 1º tomo de “A Casta dos Metabarões” (que agrega os três primeiros álbuns da colecção que esta editora se propõe completar), pela BDMania, a aposta tem sido segura e bastante diversificada, tanto ao nível das histórias, como de personagens, com destaque para o catálogo da Marvel. Das restantes editoras portuguesas, a Devir desapareceu e a Gradiva deixou o “Largo Winch“ pendurado, e para não "fugir à regra" apostou nas reedições, desta vez de dois clássicos da BD portuguesa: “Wanya - Escala em Orongo” e “Eternus 9 - Um Filho do Cosmos”. Para finalizar na área da edição, destaco ainda as apostas de novas editoras na edição de BD, como é o caso da Tinta da China no álbum “A Metrópole Feérica” ou da Qual Albatroz que publicou “O Menino Triste: A Essência”. Como nota muito negativa de 2008, fica o afastamento de Manuel Caldas do excelente projecto “Príncipe Valente”, que se propunha editar integramente as aventuras deste personagem em 22 volumes, com uma qualidade nunca antes vista e que se pode comprovar nos seis primeiros volumes da colecção. Uma história mal contada, mas que inevitavelmente, atendendo ao meticuloso trabalho de restauração desenvolvido por este editor, “matou” aquela que quando completa, seria talvez uma das melhores colecções alguma vez publicada em Portugal! Em termos de festivais nacionais, o 19º FIBDA revelou-se como uma das melhores surpresas. Talvez a melhor edição que visitei nos últimos anos. Tendo por base uma escolha feliz do tema do festival – Tecnologia e Ficção Cientifica – apresentou excelentes exposições, com especial destaque para as originais de “Flash Gordon” de Alex Raymond nunca antes exibidos, e pela presença de um variado conjunto de autores que primava pela qualidade, nomes como por exemplo Dave Mckean (que já tinha sido autor convidado no IV Festival de BD de Beja), Esteban Maroto, Zoran Janjetov, Fábio Civitelli entre muitos outros foram autores que passaram pelo FIBDA. Não disponho de números oficiais, mas de acordo com o site da CNBDI, o sucesso traduziu-se numa afluência de público superior a 28.000 visitantes (acréscimo de 5% quando comparado com a edição de 2007), que revela bem como o festival “FIBDA” tem vindo lentamente a evoluir e a afirmar-se. Ficaram criadas expectativas “altas” para o festival do próximo ano! Na blogosfera nacional, nada de relevante a assinalar, mantendo-se estável o número de blogues bedéfilos existentes que são objecto de actualizações regulares. Uma palavra só para o plano internacional, onde sob o signo do Morcego, assistiu-se a uma situação paradoxal: enquanto no cinema, o novo filme do Batman, “O Cavaleiro das Trevas” de Christopher Nolan, revelava uma força e uma vitalidade nunca vista anteriormente, assumindo-se como provavelmente um dos melhores filmes de super-heróis de sempre, traduzido em recordes de bilheteira, sendo mesmo o mais rentável de sempre, nos comics a editora americana DC decidiu matar a personagem, numa explosão na narrativa “R.I.P.” no n.º 681 da revista “Batman”. Irónico não? Para finalizar, até porque o texto já vai longo, deixo aqui a minha ”short-list” das edições que considero terem sido as melhores publicadas em Portugal durante o ano de 2008:
  • A Casta dos Metabarões (VitaminaBD)
  • Apache (Público/Asa)
  • Wanted (BDMania)
  • A Fábula de Bagdad (BDMania)
  • Silver Surfer: Requiem (BDMania)
Despeço-me com os votos de um Bom Ano, ou então simplesmente, até amanha!

28 dezembro, 2008

Desenhos autografados (9): John Difool e Metabarão



"John Difool" e "Metabarão"

Zoran Janjetov, autor sérvio, é actualmente um dos melhores desenhadores da BD franco-belga, como aliás foi possível comprovar nas pranchas expostas no último FIBDA, onde foi autor convidado. Ainda que não exista – infelizmente - qualquer trabalho seu editado em Portugal, foi escolhido por Moebius para continuar o seu trabalho no universo “Incal”. Os desenhos autografados de hoje, obtidos no FIBDA, retratam duas personagens desse universo: “John Difool” e “Metabarão”.

Impostos na BD (5)

As tradicionais mensagens de boas festas, actualmente adaptadas à sua nova forma de SMS's, foram o mote escolhido pelo autor português Nuno Saraiva, para numa curta história intitulada “SMS muita fixes”, usar o seu humor 'ácido' (habitual neste autor) com a temática dos "impostos", aproveitando a inovação dos serviços prestados pela Direcção-Geral dos Impostos. As páginas reproduzidas em baixo referem-se à BD “Na terra como no céu” e foram extraídas da revista Tabu n.º 120 de 27 de Dezembro, suplemento do semanário Sol.


24 dezembro, 2008

Imagem do dia: Natal

...que um homem vestido de vermelho vos deposite muitas bd's no sapatinho!

Os votos sinceros de um Feliz Natal!


Imagem do dia: Natal

...que um homem vestido de vermelho vos deposite muitas bd's no sapatinho!

Os votos sinceros de um Feliz Natal!


18 dezembro, 2008

E o próximo herói de BD a ser editado pelo Público é...

Publico_bd-2
...é o público que escolhe aqui. Pois é, o Jornal Público lançou no seu site, um inquérito para os seus leitores escolherem sobre qual gostariam que fosse a próxima BD a ser editada pelo jornal. Não se adiantam grandes pormenores sobre esta iniciativa, apenas apresentadas oito propostas a votação, a saber:

  • Alix
  • XIII
  • Gaston
  • Valerian
  • Ric Hochet
  • Os Passageiros do Vento
  • Marsupilami
  • Decálogo
 
E mais, se não estiver contemplada sua personagem/bd preferida, o leitor pode sempre sugerir outra através do e-mail: ideiasparacoleccoes@publico.pt

Pessoalmente, mantenho algumas reservas se as nossas opiniões contam, mas se contarem o meu voto vai (já foi) para XIII. E porquê?

Porque prefiro que se publique séries já “fechadas”, ou seja, que já tenham terminado e de preferência que a colecção completa caiba num intervalo entre 15 a 20 álbuns, que é tradicionalmente o número onde se situam as colecções do Público. Assim, logo á partida excluo a série "Ric Hochet (com 75 álbuns publicados) porque seria certamente “retalhada”: As séries “Alix” e “Marsupilami” são colecções “abertas”, pelo que a sua continuidade estaria sempre dependente dos humores de editoras e do mercado. As séries “Valerian”, “Passageiros do Vento” e “Decálogo” são colecções “fechadas” mas estão integralmente publicadas em Portugal, pelo qualquer destas colecções não seria nada de novo mas sim mais uma reedição. Restam assim as opções “XIII” e “Gaston” que são as únicas que comprem os requisitos de “fechada” e do “intervalo”. Mas pelo que um dia já escrevi aqui, a minha escolha é óbvia! E qual é a sua escolha, caro leitor?

Impostos na BD (4)

Embora a temática dos “impostos” não seja muito corrente em banda desenhada, quando aparece, é inevitavelmente objecto de uma crítica mordaz. Goscinny, que melhor que ninguém, soube explorar a banda desenhada como arma de critica social inteligente. Quando no seu álbum “Asterix e o Caldeirão” introduz a figura do “colector de impostos”, o resultado é verdadeiramente genial. Numa sequência hilariante, a personagem do "colector" que se caracteriza pelo seu ar sisudo e agarrado à sua pasta, cruza-se com Asterix e Obelix, os diálogos que se estabelecem são verdadeiramente deliciosos. Atente-se que os balões de diálogo do "colector" apresentam-se no formato rectangular e as falas assumem a forma de formulários… mas a “piece de resistance” é na parte final do encontro, quando o “colector” perante a evidência que vai ficar sem os seus sestércios, grita com Asterix para que este.... lhe assine "um recibo"! Verdadeiramente demolidor! Um retrato perfeito da burocracia à qual facilmente associamos a palavra impostos! As vinhetas publicadas em baixo, foram extraídas do álbum “Asterix e o Caldeirão” edição da Meribérica/Liber.



17 dezembro, 2008

Leitura: As Aventuras de Lucky Luke segundo Morris

Lucky Luke no Quebeque

Começou aqui o ressuscitar do “cowboy que dispara mais rápido do que a sua própria sombra” depois da morte do seu autor. Nesta nova era pós–Morris, a dupla Achdé-Gerra começa muito bem com este Lucky Luke no Quebeque e recupera, com grande qualidade, esta personagem, não só ao nível do desenho, que mantêm a qualidade e onde a introdução de diversidade e detalhe dos elementos não só não desvirtua a matriz do desenho original como o enriquece, mas também ao nível do argumento, com uma narrativa bastante movimentada e bem-humorada com o uso e abuso de anacronismos e palavras de duplo sentido, tão ao gosto de Goscinny e a introdução de um rol de novas personagens. Indubitavelmente, faz-se sentir a diferença e a marca pessoal desta dupla neste novo ciclo.

Na história deste primeiro álbum, o nosso herói viaja até ao Canadá, inicialmente atrás de um perigoso fora-da-lei e depois por causa da paixão de Jolly Jumper por uma linda égua de seu nome Província. Os trocadilhos começam logo aqui, porque o título original do álbum “La Belle Province” revela logo um duplo sentido, porque tanto se refere à bela égua como ao território francófono Quebeque onde toda a acção se desenrola. E desde logo ficam abertas as portas para uma sucessão de deliciosas referências “francesas” e divertidos anacronismos, donde destaco as personagens miss Céline, famosa cantora canadiana, em formato “bardo”, que depois desaparecerá num naufrágio de um conhecido transatlântico em 1912, ou Joshua Bové, um agricultor quebequense que se manifesta furiosamente contra a instalação da cadeia de pronto-a-comer(!) MacHabann ou ainda o caixeiro viajante Bernard Henry Levi Strauss, que se dedica á venda de roupa.

Se a esta injecção de humor inteligente, disser que a aventura encontra-se recheada dos tradicionais duelos e lutas de saloon, posso afirmar que se está perante uma excelente história e um óptimo (re)começo de uma série, que a avaliar por este primeiro álbum, julgo estar muito boas mãos.

Edição ASA, 1ª edição de Outubro de 2004

A minha nota:



O Nó ou a Forca

O segundo álbum da colecção “As Aventuras de Lucky Luke segundo Morris”, revela logo no título um excelente jogo de palavras que faz uma analogia entre o nó da forca e a instituição “casamento”. E o que aparentemente parece ser de escolha óbvia – opção entre casar ou morrer enforcado – vêm-se a revelar, de uma forma bastante bem humorada como a pior das decisões. É desta forma que o álbum O Nó ou a Forca recupera, de forma inteligente, os irmãos Dalton – que cumpriam uma pena de 387 anos de cadeia - dando-lhes o papel central numa original e bem divertida aventura.

Para fazer face ao excesso de lotação das prisões, a pena de prisão dos irmãos Dalton foi comutada em pena de morte por enforcamento. Mas uma quase desconhecida lei datada de 1858, permite que esta sentença seja comutada em casamento para toda a vida e começa assim o "inferno" para três dos irmãos Dalton, porque as únicas mulheres que aceitaram casar foram as filhas do grande chefe índio dos “cabeças chatas”. E os costumes índios são para se respeitar, incluindo mesmo a celebração do grande banquete (uma tradição em todas as tribos irredutíveis) numa clara homenagem dos autores a Goscinny. Com o desenvolvimento da história, percebemos que afinal por detrás destes casamentos havia segunda intenções.

Uma história encontra-se bem estruturada, com uma excelente dinâmica e momentos de humor muito bem conseguidos, não só no dia-a-dia da nova vida “índia" dos Dalton como também na execução do plano de ataque índio ao deus todo-poderoso do homem branco: o dólar que tem como consequência a primeira greve(!) da história. O desenho de Achdé mostra-se irrepreensível e está tudo dito!

Pela originalidade da história e a pela sucessão de gags protagonizados pelos Dalton, que me deram tanto prazer a ler, dou nota máxima a esta aventura!

Edição ASA, 1ª edição de Junho de 2007

A minha nota:



O Homem de Washington

No terceiro e mais recente álbum de Lucky Luke, O Homem de Washington, as ultimas eleições presidências norte-americanas revelaram uma fonte de inspiração para a dupla Achdé-Gerra, que aproveitaram para nos dar uma visão bastante satírica do mundo da política.

A história deste álbum centra-se em torno do candidato presidencial republicano Rutherford Birchard Hayes (sendo verídico que foi o 19º presidente americano) que decide fazer campanha eleitoral no Oeste selvagem, sendo confiada a Lucky Luke a responsabilidade pela sua protecção. Assim, acompanhamos o nosso herói na sua complicada missão, ao mesmo tempo que tenta revelar quem está por detrás de uma conspiração que visa atentar contra a vida do candidato, numa bastante atribulada viagem pela América selvagem.

Ao longo da aventura, somos brindados com inúmeras referências, cujas algumas semelhanças com a nossa actualidade, são certamente felizes e divertidas coincidências. Sem esquecer de personagens do passado como o hilariante Billy the Kid, o universo de personagens secundários de Gerra continua a aumentar, a começar por Perry Camby, um autoproclamado candidato republicano, cujo pai fez fortuna com o petróleo e curiosamente se mostra bastante parecido com um tal de George W. Bush, ou Sam Palin, o presidente da “Nacional Rifle Associaton” que defende o direito de cada americano possuir um colt, cujo nome traz algumas semelhanças com uma ex-candidata presidencial a vice-presidente ou ainda miss Britney Schpires, uma cantora de can-can. Ainda assistimos à queda do muro de Berlim (de um forma literal fruto de um excelente trocadilho) e à consagração da cidade de Memphis com a cidade da música, onde não falta o Elvis, e onde o candidato tem uma afirmação profética, ao prever “que um dia haverá um candidato negro às eleições presidenciais americanas”.

Ainda que tenha gostado mais dos álbuns que o antecederam, este “O Homem de Washington” revela assim uma visão actual e critica bem-humorada de leitura bastante agradável.

Edição ASA, 1ª edição de Dezembro de 2008

A minha nota:

14 dezembro, 2008

Desenhos autografados (8): Lucky Luke

"Lucky Luke" & "Rantanplan"

É um dos cowboys mais populares da banda desenhada que vive agora um novo ciclo de aventuras sob a responsabilidade dos autores Achdé (desenho) e Gerra (argumento). Uma dupla que tem visitado Portugal com alguma frequência, e que são os autores do desenho autografado de hoje. O "Lucky Luke" é de Achdé e o "Rantanplan" é obra de Gerra, que apesar de reconhecer que o desenho não é o seu forte, não se saiu nada mal.

13 dezembro, 2008

Impostos na BD (3)

A temática dos “impostos” tem servido como fonte de inspiração aos autores de BD para explorar toda a sua envolvência com bastante ironia e humor, adaptando nos mais variados registos nas mais variadas épocas. Desta vez coube a Dik Browne e ao seu viking “Hägar” aproveitar e criar uma pequena história que constitui um excelente registo humorístico sobre o tormentoso momento que é a 'hora de pagar impostos'. A página publicada em baixo, extraída do álbum “Hägar, um viking de sorriso inofensivo e feliz”, o 1º volume da colecção “Hägar, o Horrendo” – Obra Completa, da editora Libri Impressi é a prova disso.

hagar

Impostos na BD (3)

A temática dos “impostos” tem servido como fonte de inspiração aos autores de BD para explorar toda a sua envolvência com bastante ironia e humor, adaptando nos mais variados registos nas mais variadas épocas. Desta vez coube a Dik Browne e ao seu viking “Hägar” aproveitar e criar uma pequena história que constitui um excelente registo humorístico sobre o tormentoso momento que é a 'hora de pagar impostos'. A página publicada em baixo, extraída do álbum “Hägar, um viking de sorriso inofensivo e feliz”, o 1º volume da colecção “Hägar, o Horrendo” – Obra Completa, da editora Libri Impressi é a prova disso.

hagar

Importa-se de me assinar o meu ipod?!...

A história conta-se por poucas palavras, Jim Lee um dos mais reconhecidos desenhadores da indústria de comics americana, participava numa sessão de autógrafos numa convenção de comics na Austrália. Um jovem fan, na falta de melhor, perguntou-lhe se não se importava de fazer um desenho no seu ipod… e o resultado é o que pode chamar de …..iWolverine!!!!

12 dezembro, 2008

Impostos na BD (2)

Aproveitando a temática dos “impostos” não posso deixar de publicar aqui uma das tiras cómicas mais deliciosas e inspiradoras que alguma vez li do Snoopy. Basicamente materializa o desejo secreto de todos nós, um dia, escrever uma carta assim. A tira reproduzida em baixo foi retirada da internet.

Snoopy

Impostos na BD (2)

Aproveitando a temática dos “impostos” não posso deixar de publicar aqui uma das tiras cómicas mais deliciosas e inspiradoras que alguma vez li do Snoopy. Basicamente materializa o desejo secreto de todos nós, um dia, escrever uma carta assim. A tira reproduzida em baixo foi retirada da internet.

Snoopy

11 dezembro, 2008

Impostos na BD

Reconhecido o papel e a importância da Banda Desenhada como uma linguagem universal acessível a todas as idades, torna-se normal a sua utilização para os fins mais diversos. Dos vários exemplos que poderia citar, vou aqui de falar da iniciativa promovida pelo Estado, através Direcção-Geral dos Impostos (DGCI), com o “Programa de Educação Fiscal”.
 
No sentido de promover junto das novas gerações, uma cultura de responsabilidades individuais e sociais para uma melhor cidadania, este “programa” tem vindo a desenvolver diversas acções junto das escolas e, tendo em conta o público-alvo, a banda desenhada têm sido um dos “veículos” utilizados. Tratando-se da DGCI o tema, claro está, são os Impostos. Sobre esta temática, já anteriormente José Carlos Fernandes tinha escrito (e desenhado) o álbum de BD “Os Pesadelos Fiscais de Porfirio Zap” (aqui mencionado), mas desta outra obra intitulada “Era uma vez no planeta do respeito por todos” da autoria de Luís Ferrão (texto) e Bruno Bengala (desenho), só agora tive conhecimento.
 
Num curto resumo, a história passada num ambiente de ficção-cientifica, como todas as histórias, começa por Era uma vez… um planeta onde todos os seus habitantes (os contribuintes) eram felizes(!) porque pagavam impostos (bem todos não, porque acho que o rei… bem adiante), que vivia sobre ameaça dos terríveis “inkumpridores” (os que não pagavam impostos) da galáxia Fraude. Um belo dia, os “inkumpridores” atacaram e começaram contaminar todos os contribuintes com o terrível vírus Aldrabix transformando-os assim em “inkumpridores”. Como resultado os cofres do Rei(no?) ficaram vazios. Foi chamado o Príncipe bom e honrado (o ajudante fiscal do Rei) do clã dos “gente de bem” que rapidamente reuniu um poderoso exército – os honestos – e travou a mais terrível das guerras, saindo vencedores no final da contenda, porque afinal os bons ganham sempre. A coisa acaba em grande algazarra, com todos os contribuintes a celebrarem o facto de voltarem a pagar impostos outra vez!!! 
 
Não desvalorizando a meritória iniciativa da DGCI, até porque concordo que a cidadania começa nos bancos da escola, não posso no entanto deixar de criticar a fórmula utilizada no conteúdo. Na essência, atendendo ao público-alvo a que se destina – infanto-juvenil, esta acção de sensibilização falha redondamente. Primeiro porque tem uma abordagem negativa. Falha a apresentação de um Estado social, a questão central do “porquê do pagamento de impostos”, reduzida a umas meras linhas de texto, é substituída pelo destaque que se dá à “guerra” entre honestos e “inkumpridores”. Não querendo aqui falar da questão do erro ortográfico da palavra “incumpridores”, realço que as metáforas utilizadas são completamente desajustadas – a luta entre o “bem e o mal”??? O Estado é o Rei??? Pergunto ainda quem são os “bons” quando vemos que perante a visão dos cofres vazios, a opção do soberano seria aumentar os impostos sobre os contribuintes - é que no tempo do Robin dos Bosques, um rei assim era considerado um tirano!!!
 
Em resumo, um argumento básico, redutor, mal desenvolvido e desajustado face aos objectivos a que se propõe e ainda complementado com uma arte sofrível. Mais, se este livro é um exemplo da forma como o Estado esbanja o dinheiro dos meus impostos, isso dá-me já vontade de ser contagiado pelo vírus aldrabix!

A minha nota: Edição: Direcção-Geral dos Impostos (DGCI), Julho de 2007

Uma vez que se trata de uma publicação de distribuição gratuita, paga com o dinheiro de todos nós (os contribuintes), publico aqui na íntegra a história (leitura da esquerda para a direita, de cima para baixo), para que cada leitor possa melhor avaliar sobre a forma como o Estado gasta o dinheiro dos nossos impostos (clicar nas imagens para aumentar).
 
 
/div>

07 dezembro, 2008

Desenhos autografados (7): Franco

Porque hoje é Domingo, fica mais um desenho autografado desta vez da autoria de Filipe Teixeira, realizado em Novembro de 2006, aquando do 17º FIBDA. A personagem, Franco, caracteriza-se por ser “um tipo com uns cinquenta anos de ar bastante sereno habituado a uma rotina intensa” e é investigador da PJ, tendo surgido pela primeira vez na mini-série “C.A.O.S.” publicada pela KingpinComics. Confesso gostar bastante deste desenho e da história da personagem e imaginar o potencial que teria como actor principal numa bd policial com acção em Portugal. O tempo de elaboração deste desenho a marcador preto foi demorado e daí o agradecimento do autor no autógrafo, mas perante o resultado final bem posso dizer que valeu bem o tempo de espera!

06 dezembro, 2008

Terra Incógnita I: A Metrópole Feérica

Foi uma das novidades editoriais lançadas durante o 19º FIBDA. Numa edição cuidada da Tinta da China, surge uma nova colecção, Terra Incógnita, cujo primeiro volume é este «A Metrópole Feérica» assinado pela dupla de autores JC Fernandes (argumento) e Luís Henriques (desenho), que repetem assim uma colaboração anteriormente iniciada no primeiro (e único até à data) volume “Tratado de Umbrografia” da colecção “Black Box Stories” (edição Devir).

Este novo álbum, A Metrópole Feérica, que nos leva numa viagem por seis diferentes cidades imaginárias, traduz um estilo narrativo que o autor tem-nos vindo a habituar nos últimos tempos, com a diferença que o jogo de palavras que o autor escreveu necessita claramente do desenho ou melhor das ilustrações, que compõem as páginas deste álbum, como uma necessidade básica, a fim de se materializar e dar força a todo um conjunto de ideias críticas e referências abstractas, possibilitando assim ao leitor extrair algumas correspondências.

Desta forma, a interpretação das palavras pelo desenho encontra na enorme versatilidade gráfica de Luís Henriques, conforme se comprova nos seis diferentes estilos adaptados a cada uma das cidades, um porto seguro.

Porém, não obstante ser um admirador do talento de JCF, não sou grande apreciador deste género de narrativa, preferindo na banda desenhada algo que se traduza num conteúdo mais palpável, sequencial e conclusivo, em que o leitor seja testemunha de um desenrolar e evoluir de uma história concreta, o que não se compadece com o que se assemelha a um conjunto de “contos utópicos” ainda que por vezes bem ilustrados.

Assim, independentemente das mensagens que possa transmitir, posso dizer que não achei este álbum tão “feérico” como o título parece indicar, mas antes um registo meramente interessante mas que não me satisfez.

A minha nota:

Tinta da China Edições, 1ª edição de Outubro de 2008

30 novembro, 2008

Desenhos autografados (6): Conan


Da minha colecção, seleccionei hoje este “Conan” oriundo do mundo fantástico do espanhol Esteban Maroto. Autor pouco conhecido entre nós, encontramos algumas das suas histórias em publicações antigas, nomeadamente na revista ”Vampirela” ou na colecção “Mosquito” (5ª série). Confesso que fiquei “rendido” ao excelente traço deste autor, não só pelos desenhos que fez durante o FIBDA deste ano, que a imagem acima bem exemplifica, mas também pelos seus magníficos trabalhos que compunham a exposição central deste ano do festival. O esboço do desenho foi feito a lápis e o contorno a marcador fino preto.

Asterix e os seus Amigos


Com mais de um ano de atraso chegou finalmente, aos postos de venda habituais, o álbum de homenagem do 80º aniversário de Albert Uderzo. Com o título de “Asterix e os Seus Amigos”, numa edição da editora ASA, conta com as participações especiais de grandes nomes de referência da BD franco-belga, que compuseram cerca de 30 curtas e bem-humoradas histórias, onde o mundo de Asterix e companhia se mistura e é misturado com as mais variadas personagens oriundas de outros universos da banda desenhada, despoletando uma sucessão de divertidos gags, donde destaco os encontros de Asterix e Obelix com XIII (da dupla W. Vance e Van Hamme) ou com a mulher de Manara, esta assinada por este autor italiano.

Este novo álbum vem na linha do que já havia sido feito anteriormente no álbum “Uderzo visto pelos seus amigos” (edição VitaminaBD), sendo que agora a homenagem é feita por personagens tão díspares como Lucky Luke, Thorghal, XIII, Gaston, Ric Rochet ou ainda Pato Donald e o Tio Patinhas entre muitos outros. Em resumo, um álbum simpático, divertido e de leitura rápida que proporciona bons momentos de boa disposição, e que no meu caso pessoal, fez esquecer aquela tragédia bedéfila que deu pelo nome de “O Céu cai-lhe em cima da cabeça”, que tão mau que foi que agora vem como oferta na compra deste "Asterix" de homenagem.


A minha nota:

Asterix e os seus Amigos
Editora ASA, 1ª edição de Novembro de 2008

23 novembro, 2008

Desenhos autografados (5): Alex Munshine e Chimeer

















"Axle Munshine" e "Chimeer"

Porque hoje é Domingo, fica instituído como o dia da rubrica "Desenhos Autografados". Os dois sketchs agora publicados são da autoria do autor espanhol Júlio Ribera - convidado do 19º FIBDA - e representam duas personagens da série "O Vagabundo dos Limbos" que se encontra parcialmente publicada em Portugal pela Meribérica. Os desenhos foram feitos a lápis, contornados a caneta e coloridos com marcadores.

20 novembro, 2008

O Diabo dos Sete Mares - parte 1

Li e reli. O último álbum de Hermann, a primeira parte de “O Diabo dos Sete Mares” publicado recentemente pela VitaminaBD, provocou-me um misto de curiosidade e desilusão.

Primeiro porque Hermann explora aqui um novo mundo. Depois dos ambientes da idade média (universo de “Bois-Maury”), do western americano (“Comanche”, “Mataram Wild Bill”) ou de cenários pós-apocalíptico (série “Jeremiah”), seguem-se as histórias de piratas. Hermann mantêm-se fiel ao seu traço, demonstrando assim uma enorme versatilidade no seu desenho, apesar do argumento, infelizmente, não deixar grande margem de manobra na exploração de paisagens e na captação da atmosfera própria que emana daqueles ambientes. Aliás considero o argumento a parte mais fraca do álbum. Como em qualquer história de piratas que se preze, gira em redor da busca do grande tesouro, neste caso o do pirata Robert Murdoch, cujo cognome dá o título ao álbum. Mas a descentralização de toda a acção, consubstanciada na evolução de várias histórias paralelas, uma de amor protagonizada por um jovem casal em fuga e as restantes de ganância e traições por dois pequenos grupos de piratas, tudo personagens que se encontram ligadas de formas indirectas e diferentes, mas que confluem todas para um único objectivo, aliado á mudança, brusca por vezes, de rumo de cada uma delas, torna o argumento algo confuso nesta primeira parte da história.

E por falar em confusão, chamo a atenção para a troca de nomes entre “Port Royal”, “Spanish Town” e “Kingston”, três cidades diferentes mas que no álbum são referidas como se da mesma se tratasse (ver últimas vinhetas das págs. 41 e 43 e pág. 44). Fica a dúvida se se trata de erro do tradutor ou confusão do argumentista?

Para além de considerar que existe menos acção do que aquela que seria de esperar num álbum de piratas, dou porém o beneficio da dúvida e aguardo pela conclusão da história. Mas como fã de Hermann, não me custa incluir este “Diabo” na prateleira ao lado de outros álbuns tais como “Caatinga”, “Afrika” ou mesmo a série “Jeremiah”.


A minha nota:

Edição: VitaminaBD, 1ª edição de Agosto de 2008

18 novembro, 2008

Os 80 anos do Rato Mickey

Uma das mais famosas personagens do universo Disney comemora hoje 80 anos de existência. Foi em 1928, que Walt Disney juntamente com Ub Iwerks criaram Mickey Mouse, o mais famoso rato da BD. Os estúdios Walt Disney comemoram o aniversário nesta data, uma vez que foi no longínquo dia de 18 de Novembro de 1928, na exibição do pequeno filme de animação “Steamboat Willie”, que o rato Mickey aparece pela primeira vez. Parabéns Mickey e obrigado pelas horas de prazer que me proporcionaste na minha infância, no tempo em que ainda se publicava boa BD da Disney em Portugal!