É indiscutível que o presente ano tem ficado marcado pelo lançamento de banda desenhada em português de grande qualidade. E é neste campo, que a obra de que a seguir vou falar merece um destaque especial.
A “obra” é a colecção integral, em formato grande, de “Lance”, um clássico das tiras de quadradinhos publicadas nos jornais americanos em meados da década de 50, da autoria de Warren Tufts (1925-1982) argumentista e desenhador da série. A edição em português é o fruto do trabalho do editor Manuel Caldas, que depois do seu afastamento do projecto Príncipe Valente (ler aqui e aqui) se propôs editar integralmente todas as pranchas dominicais, publicadas entre 1955 e 1960, devidamente restauradas. E é todo o trabalho de restauração das pranchas originais que dá um brilho especial a esta colecção. O segundo de quatro tomos previstos, da editora Libri Impress, acaba de chegar agora às bancas.
É verdade que esta personagem Lance, ou melhor, Lance Saint Lorne, tenente do 1º Regimento de Dragões da cavalaria do exército americano é praticamente um perfeito desconhecido entre nós, não obstante algumas das suas aventuras sido publicadas nas saudosas revistas “Cavaleiro Andante” e “Mundo de Aventuras” (eu próprio, apesar de eventualmente ter lido algumas das suas histórias, sobretudo no MA, a verdade é só aquando da publicação do primeiro álbum desta colecção, em 2007, é que retive o nome).
A série é um puro western clássico, que recria com mestria uma época histórica, a do inicio da conquista do Oeste americano em meados do século XIX. Num universo rico de referências, acompanhamos as aventuras de Lance, um corajoso e temerário tenente, na sua conduta como militar nas difíceis relações com os índios, nas suas relações de amizades e nos seus amores.
No primeiro álbum, que abrange as aventuras publicadas entre Junho de 1955 e Setembro de 1956, a narrativa decorre sempre debaixo de muita acção, sucedendo-se as situações de confronto. As histórias são contadas sob a forma de ilustração com o texto narrativo no rodapé da vinheta. Em termos de desenho, reflecte os melhores anos da colecção. ”Os primeiros dois anos de Lance revelam realmente um labor apaixonado” – prefácio do editor. O desenho beneficia bastante da história ter sido concebida para ocupar a totalidade de uma página inteira de jornal, inspirada no modelo do Príncipe Valente. É verdade que para o leitor, a acção parece algo estática, mas em compensação o desenho é um regalo para a vista. Com espaço e tempo (a periodicidade de publicação era semanal) Warren Tufts criou magníficas pranchas que deslumbram não só pelo traço elegante e extremamente realista de personagens e paisagens mas também pelas espantosas cores aplicadas.
No segundo álbum, que inclui o período Outubro de 1956 a Outubro de 1957, assistimos a desenvolvimentos na vida pessoal de Lance. Nesta edição, verifica-se a inclusão de tiras diárias (por opção do editor). Isto acontece porque Tufts, por pressão dos jornais, no inicio de 1957, viu-se obrigado a criar uma tira diária, a preto e branco, para além da habitual prancha dominical a cores. Ainda que as tiras permitam um maior desenvolvimento da narrativa, para além do facto do autor ter acrescentado balões para as falas das personagens, o que dita uma nova dinâmica na leitura, a verdade é que esta pressão ditou uma perda de qualidade nas pranchas dominicais. “O excesso de trabalho matara para sempre a paixão que animara Tufts até ao inicio de tira diária” – prefácio do editor.
Em resumo, manifesto aqui a minha admiração por esta magnífica colecção, que beneficia do selo de qualidade que o empenho e a paixão do editor Manuel Caldas imprime aos seus projectos. IMPERDÍVEL!
A “obra” é a colecção integral, em formato grande, de “Lance”, um clássico das tiras de quadradinhos publicadas nos jornais americanos em meados da década de 50, da autoria de Warren Tufts (1925-1982) argumentista e desenhador da série. A edição em português é o fruto do trabalho do editor Manuel Caldas, que depois do seu afastamento do projecto Príncipe Valente (ler aqui e aqui) se propôs editar integralmente todas as pranchas dominicais, publicadas entre 1955 e 1960, devidamente restauradas. E é todo o trabalho de restauração das pranchas originais que dá um brilho especial a esta colecção. O segundo de quatro tomos previstos, da editora Libri Impress, acaba de chegar agora às bancas.
É verdade que esta personagem Lance, ou melhor, Lance Saint Lorne, tenente do 1º Regimento de Dragões da cavalaria do exército americano é praticamente um perfeito desconhecido entre nós, não obstante algumas das suas aventuras sido publicadas nas saudosas revistas “Cavaleiro Andante” e “Mundo de Aventuras” (eu próprio, apesar de eventualmente ter lido algumas das suas histórias, sobretudo no MA, a verdade é só aquando da publicação do primeiro álbum desta colecção, em 2007, é que retive o nome).
A série é um puro western clássico, que recria com mestria uma época histórica, a do inicio da conquista do Oeste americano em meados do século XIX. Num universo rico de referências, acompanhamos as aventuras de Lance, um corajoso e temerário tenente, na sua conduta como militar nas difíceis relações com os índios, nas suas relações de amizades e nos seus amores.
No primeiro álbum, que abrange as aventuras publicadas entre Junho de 1955 e Setembro de 1956, a narrativa decorre sempre debaixo de muita acção, sucedendo-se as situações de confronto. As histórias são contadas sob a forma de ilustração com o texto narrativo no rodapé da vinheta. Em termos de desenho, reflecte os melhores anos da colecção. ”Os primeiros dois anos de Lance revelam realmente um labor apaixonado” – prefácio do editor. O desenho beneficia bastante da história ter sido concebida para ocupar a totalidade de uma página inteira de jornal, inspirada no modelo do Príncipe Valente. É verdade que para o leitor, a acção parece algo estática, mas em compensação o desenho é um regalo para a vista. Com espaço e tempo (a periodicidade de publicação era semanal) Warren Tufts criou magníficas pranchas que deslumbram não só pelo traço elegante e extremamente realista de personagens e paisagens mas também pelas espantosas cores aplicadas.
No segundo álbum, que inclui o período Outubro de 1956 a Outubro de 1957, assistimos a desenvolvimentos na vida pessoal de Lance. Nesta edição, verifica-se a inclusão de tiras diárias (por opção do editor). Isto acontece porque Tufts, por pressão dos jornais, no inicio de 1957, viu-se obrigado a criar uma tira diária, a preto e branco, para além da habitual prancha dominical a cores. Ainda que as tiras permitam um maior desenvolvimento da narrativa, para além do facto do autor ter acrescentado balões para as falas das personagens, o que dita uma nova dinâmica na leitura, a verdade é que esta pressão ditou uma perda de qualidade nas pranchas dominicais. “O excesso de trabalho matara para sempre a paixão que animara Tufts até ao inicio de tira diária” – prefácio do editor.
Em resumo, manifesto aqui a minha admiração por esta magnífica colecção, que beneficia do selo de qualidade que o empenho e a paixão do editor Manuel Caldas imprime aos seus projectos. IMPERDÍVEL!
Lance
Autor: Warren Tufts
Volume 1 (de 4), cores, formato grande, capa mole
Editora: Livros de Papel, 1ª edição de Dezembro de 2007
Volume 2 (de 4), cores, formato grande, capa mole
Editora: Libri Impress, 1ª edição de Março de 2009
A minha nota:
Deus queira que o Manuel Caldas volte a trabalhar no Principe Valente.
ResponderEliminarEu acredito que tal ainda venha a acontecer...
Amigo Labas, tem mais fé (ou informação) que eu. Confesso que não sei como está a situação, mas entretanto saiu um novo volume do Príncipe Valente - edição Bonecos Rebeldes.
ResponderEliminarAbraço
"entretanto saiu um novo volume do Príncipe Valente - edição Bonecos Rebeldes."
ResponderEliminar--- que é uma porcaria tão grande como o anterior. Votos dos maiores fracassos para a Bonecos Rebeldes e o seu editor
Não percebo esse editor: roubou o projecto do Príncipe Valente ao manuel Caldas naturalmente para ganhar mais dinheiro e acaba por não publicar mais do que um livro por ano, quando no tempo do manuel caldas saíam 3.
ResponderEliminarÉ um sacana.