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16 janeiro, 2011

Tinta nos Nervos – Banda Desenhada Portuguesa

Não são muito os eventos associados à divulgação da banda desenhada realizados em Portugal e se excepcionarmos os festivais – Amadora, Beja e este ano Moura – então a realidade é praticamente um deserto. Neste sentido, já é meritória a exposição “Tinta nos Nervos – Banda Desenhada Portuguesa” comissariada por Pedro Moura e que se encontra aberta ao público no Museu Colecção Berardo (no CCB) em Belém.

Trata-se de uma mostra que abrange 41 artistas portugueses, numa estranha mistura de traços e desenhos que se diferenciam claramente, resultado de experiencias e de formas singulares de fazer banda desenhada. Grande parte dos autores presentes nesta mostra caracterizam-se por desenvolverem um trabalho designado “de alternativo” ou “de autor” que circula em ambientes pequenos e fechados ao público em geral e logo de difícil conhecimento e reconhecimento. Tenho sempre dificuldade em entender este tipo de projectos, até porque julgo que a satisfação máxima que um autor poderá desejar para o seu trabalho será o seu reconhecimento público. Assim verdade é que não conhecendo muitos dos autores representados, a análise crítica que faço perante grande parte da obra exposta nesta mostra reduz-se a um singelo “gosto” ou “não gosto”.

Se são estes trabalhos que reflectem a tendência da BD actual e elevam a banda desenhada portuguesa para outros níveis não sei, até porque pessoalmente teria optado por incluir outros nomes com diferentes tipo de registos, retirados da nova vaga de autores portugueses, que são porventura até mais comerciais confesso, mas que aqui só releva em termos de valoração qualitativa do trabalho efectuado, porque os considero como os mais representativos do melhor que se faz por cá. Mas reconheço que reflectir numa exposição limitada por condicionantes, como por exemplo o tempo ou o espaço, não sei se foi o caso, um universo quase ilimitado, onde muitas vezes os critérios de selecção se norteiam por gostos pessoais, torna-se difícil de obter consensos.

Não obstante, da minha visita fiquei satisfeito por visualizar algumas pranchas originais do livro nunca antes editado “A Agência de Viagens Lemmings” de JC Fernandes, ou o humor incisivo do trabalho de Nuno Saraiva ou ainda com o desenho magnífico de Vitor Mesquita, entre outros, sem qualquer surpresa. Mas para quem se interessa pelo meio, a visita ainda que possa não ser muito estimulante, torna-se bastante interessante pela diversidade. A entrada é gratuita.

A lista dos autores presentes nesta exposição é a que se segue:
Alice Geirinhas, Ana Cortesão, André Lemos, António Jorge Gonçalves, Bruno Borges, Carlos Botelho, Carlos Pinheiro, Carlos Zíngaro, Cátia Serrão, Daniel Lima, Diniz Conefrey, Eduardo Batarda, Filipe Abranches, Isabel Baraona, Isabel Carvalho, Isabel Lobinho, Janus, João Fazenda, João Maio Pinto, José Carlos Fernandes, Jucifer (Joana Figueiredo), Luís Henriques, Marco Mendes, Marcos Farrajota, Maria João Worm, Mauro Cerqueira, Miguel Carneiro, Miguel Rocha, Nuno Saraiva, Nuno Sousa, Paulo Monteiro, Pedro Burgos, Pedro Nora, Pedro Zamith, Pepedelrey, Rafael Bordalo Pinheiro, Richard Câmara, Susa Monteiro, Teresa Câmara Pestana, Tiago Manuel e Victor Mesquita.

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