Pato Donald 1, Ed. Morumbi, Maio de 1981 |
No outro dia falava aqui no blogue acerca da quase inexistência de revistas de banda desenhada para um público mais infantil "et voilà" surgem as revistas Disney literalmente em tudo o que é ponto de venda. Sem dúvida a "cereja no topo do bolo" num ano excelente para a edição de banda desenhada em Portugal.
Uma revista de banda desenhada com periodicidade semanal com uma tiragem de vários milhares de exemplares, é algo que já não assistíamos à largos anos por cá.
A verdade é que este regresso é o retomar de uma importante ligação, da banda desenhada da Disney com Portugal, que já remota à decada de 30, ainda que com os seus altos e baixos.
Começou com a publicação de tiras de jornais americanos das histórias do Mickey, no jornal infantil ilustrado Mickey, que durou 58 números, publicados entre Novembro de 1935 e Dezembro de 1936.
Seguiu-se em meados da decada de 50, mais concretamente a partir de Agosto de 1955, uma nova revista Mickey semanal, propriedade da saudosa Agência Portuguesa de Revistas, igualmente com histórias publicadas nos Estados Unidos, com um preço de capa de 2$50. Como curiosidade as capas e as histórias do Pato Donald foram desenhadas por Carl Barks e as do Rato Mickey por Paul Murry. Infelizmente problemas de vária ordem inviabilizaram a publicação que durou apenas quatro meses, até Dezembro de 1955, num total de 13 números.
Seguiu-se em meados da decada de 50, mais concretamente a partir de Agosto de 1955, uma nova revista Mickey semanal, propriedade da saudosa Agência Portuguesa de Revistas, igualmente com histórias publicadas nos Estados Unidos, com um preço de capa de 2$50. Como curiosidade as capas e as histórias do Pato Donald foram desenhadas por Carl Barks e as do Rato Mickey por Paul Murry. Infelizmente problemas de vária ordem inviabilizaram a publicação que durou apenas quatro meses, até Dezembro de 1955, num total de 13 números.
Entretanto, a brasileira Editora Abril tinha entrado no mercado português com as revistas brasileiras Pato Donald e Mickey. E a partir daqui, seguiram-se mais títulos e as revistas brasileira Disney tornaram-se um objecto massivo de consumo entre os leitores portugueses, que justificou que em inicios da decada de 80, a Abril abrisse cá a Editora Morumbi, passando as revistas Disney de novo a serem editadas em português e em Portugal. O primeiro título da nova editora foi de novo Mickey lançado em Abril de 1980. Seguiram-se muitos outros títulos entre os quais o Pato Donald, os vários Almanaques, os Disney Especial, etc. A revista Mickey durou 190 números até Dezembro de 1991.
Com o passar dos anos, a editora Morumbi em Portugal foi sofrendo alterações, tendo numa primeira fase passado a designar-se Editora Abril Morumbi, e posteriormente com a entrada da Controljornal no sua estrutura accionista passou a Abril/Controljornal. Mais tarde, em 1999, juntou-se-lhe o grupo suiço Edipresse. Em 2003, a Abril saiu e nasceu a Edimpresa, tendo a Impresa e a Edipresse como acionistas. Em Maio de 2008 a Impresa assumiu a totalidade do capital da Edimpresa e manteve na sua posse os direitos de publicação da Disney que vigoram até 2010. Virada esta página, os direitos encontram-se agora na posse da Goody.
No entanto, as revistas da Disney começaram a partir de 2005 a desaparecer dos pontos de venda, o que não impediu que o surgimento esporádico de algumas publicações, como foi o caso da magnifica colecção Obras-Primas da BD Disney, publicada entre 2004 e 2006 que reunia histórias de Carl Banks num total de 9 volumes. Mas em 2006 acabou tudo.
E desde então um vazio de publicações. Assim, o primeiro número da Disney Comix foi neste sentido uma boa surpresa. Eu agora aproveitei o balanco para reunir e ler alguns dos meus antigos “patinhas”. É verdade que a leitura agora é feita com outros olhos, e do confronto entre a escola brasileira (antigos "patinhas") e a escola italiana (novo "patinhas") saltem importante diferenças. Mas o importante é que para as novas gerações a revista Disney está de volta, e hoje sai para as bancas o segundo número da Disney Comix.
E desde então um vazio de publicações. Assim, o primeiro número da Disney Comix foi neste sentido uma boa surpresa. Eu agora aproveitei o balanco para reunir e ler alguns dos meus antigos “patinhas”. É verdade que a leitura agora é feita com outros olhos, e do confronto entre a escola brasileira (antigos "patinhas") e a escola italiana (novo "patinhas") saltem importante diferenças. Mas o importante é que para as novas gerações a revista Disney está de volta, e hoje sai para as bancas o segundo número da Disney Comix.
Olá Nuno Neves,
ResponderEliminarEstava a ler aqui o teu excelente texto e estava-me a lembrar como para mim ainda hoje me faz confusão quando vejo o Pato Donald a tratar o Patinhas por 'tu'. Eu cresci com os livros do Patinhas e dos super-herois em português brasileiro.
Eram todos 'você' :) Ainda me lembro também que na altura dizia-se, e haviam pais, que não deixavam os filhos ler Bd pois diziam que eles iam aprender mal a nossa lingua.
Estou completamente em desacordo com o infeliz novo acordo ortográfico, mas felizmente os meus pais não tinham medo que o meu português se 'convertesse' e deixavam-me ler tudo o que me chegasse às mãos. Ainda bem.
Esperemos que esta nova vaga Disney dure muito tempo pois acho que é importantissimo para que os miudos se 'viciem' na Bd. São os leitores do mercado que queremos ter daqui a 15 anos :)
Viva Luís, completamente de acordo. Também acredito que o processo de criação de hábitos de leitura se inicia em criança e com a banda desenhada. E sobretudo agora nos tempos que correm onde as distracções são muitas e convidam a outras actividades, algumas delas porventura pouco estimulantes. E a BD da Disney tem a grande vantagem do preço. Penso que agora em Portugal começa a haver boa oferta de bd para todas as idades, resta esperar pela procura, mas também acredito que hoje em dia a divulgação faz-se mais e melhor, e consequentemente tudo o resto certamente virá por acréscimo. Abraço
ResponderEliminarA revista em 1935 chamava-se Mickey e não Rato Mickey e, apesar de se dizer revista, em Portugal era um jornal que, a partir de certa altura, foi editado no Porto pelo Primeiro de Janeiro. Podem consultar na BPMP na cota SI-C-1. Adriano Silva
ResponderEliminarOlá Adriano, Obrigado pela atenção e pelo esclarecimento. Vou corrigir. Abraço
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