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14 dezembro, 2012

Os Prémios Profissionais de Banda Desenhada

Durante o último Amadora BD, no âmbito da chamada Iniciativa 2013, foram apresentados os novos Prémios Profissionais de Banda Desenhada (PPBD).

Mais uns prémios, o que não é mau, mas os PPBD destinam-se, de acordo com os seus organizadores, a premiar do que melhor se faz de BD em Portugal. Falamos portanto de banda desenhada portuguesa, e a bem desta, parece-me ser uma óptima e corajosa iniciativa. Ainda não se conheçe em detalhe os moldes em que estes prémios irão funcionar, quais as categorias a concurso, como distinguir uma obra portuguesa das restantes edições, mas a ideia de premiar em exclusivo o que melhor se faz em Portugal e o facto de todos os livros de banda desenhada editados no nosso país durante um ano civil estarem a concurso sem quaisquer condicionalismos, diferenciam os PPBD dos restantes Prémios Nacionais do Amadora BD e Troféus Central Comics. E não ser mais do mesmo já valida esta iniciativa.

Um calendário provisório já apresentado indica o mês de Março para as nomeações e no mês de Maio, durante o festival AniComics, o anúncio dos vencedores. Teremos portanto a 1ª edição dos PPBD já em 2013.

Uma das novidades é a existência de um designado Grande Júri, composto por 25 pessoas convidadas, entre autores, jornalistas, divulgadores e investigadores do meio bedéfilo, a quem caberá a nomeação inicial das obras a concurso em cada categoria e por votação a posterior eleição dos vencedores em cada uma dessas categorias. O Grande Júri da 1ª edição dos PPBD já é conhecido e é composto pelos seguintes nomes:

André Lima Araújo (artista de BD)
Artur Correia (artista de BD)
Carlos Pedro (artista de BD)
Carlos Pessoa (jornalista)
David Soares (escritor e argumentista de BD)
Eurico de Barros (jornalista)
Fernando Dordio (argumentista de BD)
Filipe Melo (músico e argumentista)
João Miguel Lameiras (crítico e livreiro)
João Miguel Tavares (jornalista)
João Paiva Boleo (investigdor)
João Paulo Cotrim (investigador e argumentista)
João Ramalho Santos (crítico)
Jorge Coelho (artista de BD)
Júlio Moreira (responsável de galeria)
Manuel Espírito Santo (divulgador)
Nuno Neves (divulgador)
Nuno Saraiva (ilustrador e artista de BD)
Osvaldo Medina (ilustrador e artista de BD)
Paulo Monteiro (argumentista e director do festival de Beja)
Pedro Brito (ilustrador e artista de BD)
Pedro Cleto (jornalista e crítico)
Pedro Veiga Grilo (divulgador)
Santos Costa (autor de BD)
Sara Figueiredo Costa (crítico)

Conhecendo os nomes de uma grande maioria, e pessoalmente alguns deles, aprecio sobretudo a variedade e a representatividade de vários gostos e tendências.

Temos portanto uns prémios de banda desenhada verdadeiramente nacionais, ainda que a designação de "profissionais" sugira um patamar que penso poucos autores de bd em Portugal se possam situar, um júri de especialistas reconhecido e representativo e faltam agora os livros. E é este talvez o maior dos problemas.

Recordo aqui uma conversa, tida com José Carlos Fernandes (JCF), alguns anos atrás, durante um Amadora BD, ao dar-lhe os parabéns por mais uma nomeação para os Prémios Nacionais do festival, respondeu-me "que não dava muito valor aos prémios porque era fácil ser-se rei nesta terra". Referia-se obviamente ao facto de poucos autores nacionais conseguirem editar em Portugal, e quem conseguia quase que garantia um prémio. A verdade é que a situação não se alterou muito desde então. A verdade é que temos muitos autores de qualidade, mas não é menos verdade que tal não se traduz numa garantia de publicação, e por vezes quando esta existe, nem sempre tem qualidade. E aqui o risco dos prémios, a falta de candidaturas válidas, quantitativamente e qualitativamente falando, que possam eventualmente retirar a credibilidade aos prémios que se destinam a promover.

Mas acredito que o maior contributo dos PPBD não serão os prémios em si, mas a promoção e divulgação da banda desenhada portuguesa e dos autores nacionais ao longo do ano, até pelo eco que terá nos principais festivais nacionais. Tudo o resto, de bom, virá por acréscimo, com o tempo. Espera-se.

2 comentários:

  1. Nuno Neves

    Concordo que para já, parece-me que o mais importante destes prémios são as iniciativas futuras que a organização tomará para promover a prática e a leitura da Bd em Portugal. Acho a ideia do juri ser tão numeroso e diverso também excelente. Assim há menos duvidas em relação aos prémios serem merecidos ou não. Agora só estou mesmo curioso é com as categorias.

    Em relação às Bds dos nossos autores, mais do que a qualidade da publicação, o que acho que me preocuparia mais (se fosse autor) é a falta de exposição das obras. Ou pelo menos a velocidade com que elas desaparecem dos locais em que são expostas para darem lugar a outras (quase sempre não nacionais). Imagina estares a trabalhar 8 meses num livro para depois no espaço de um mês ele desaparecer completamente :S No minimo mudava de país...

    Não sou a favor da ideia de que só por ser nacional tem de ser bom, no entanto gostava de ver espaços nas lojas que vendem Bd em que se colocassem lá SÓ Bds nacionais. E que nesse lugar, as mesmas, pudessem estar em display bem mais tempo do que aquele a que os tempos modernos nos habituaram, com o constante aparecimento de novas obras.

    Abraço

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  2. Olá Luís, não sei se há bd nacional suficiente para fazer uma boa prateleira de loja. Se por um lado pode haver quantidade por outro lado nem tudo é de qualidade. Mas concordo que a boa bd que existe devia ter mais e melhor tempo de exposição. Mas penso que falta-lhe publicidade para isso acontecer. Pode ser que os PPBD ajudem nesta questão.

    E sobre estes, a questão que agora se coloca é mesmo as categorias. Será talvez o ponto mais polémico. Até porque se forem categorias muito técnicas, e penso que a designação de profissionais aponta para isso, a avaliação torna-se algo subjectiva, porque não acredito que todo o júri tenhas as competências suficiente para uma correcta avaliação. Logo se verá.

    Abraço

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