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17 agosto, 2015

Os PNBD, a taxa de candidatura e uma petição

O Clube do Inferno, um colectivo de banda desenhada, lançou esta semana uma petição com uma proposta de alteração dos Prémios Nacionais de Banda Desenhada (abreviadamente PNBD). A discussão sobre o regulamento destes PNBD, também chamados pelo seu director do festival AMADORA BD que os organiza como os "óscares da BD",  já não é nova, e é talvez uma das grandes criticas que se faz ao festival. Eu próprio me incluo no lado dos críticos.

Recordo a responsabilidade dos PNBD no panorama nacional é derivada da notoriedade que o AMADORA BD lhes transmite, na qualidade de maior festival de banda desenhada que se realiza em Portugal, e segundo dizem, um dos maiores da Europa.

Assim, uma das maiores ou mesmo a principal critica incida sobre uma famigerada «taxa de candidatura» (vamos chama-la assim por simplificação) que festival impõe às editoras nacionais para que as suas obras sejam elegíveis aos prémios. Esta taxa de candidatura consiste na entrega de seis exemplares de cada livro acompanhadas por uma biografia do autor e por uma listagem que defina a que prémios cada publicação concorre e se são novidades ou reedições. As obras são depois distribuídas por um júri de cinco elementos que procederá à nomeação e posterior escolha do vencedor. Ainda que esta taxa não seja condição obrigatória, uma vez que o próprio regulamento dos PNBD prevê que “os membros do júri possam nomear outros álbuns que não constem da listagem” a verdade é que a entrega dos seis exemplares tem um peso determinante. Mais não seja porque de uma assentada corta parte da produção nacional de banda desenhada produzida por pequenas editoras, que não podem, ou podendo não querem, satisfazer este “capricho” do júri. É que para o júri é determinante conhecer todas obras apresentadas a concurso, mas pouco releva que este seja constituído por pessoas ligadas ao meio bedéfilo, a quem se exige, digo eu, algum conhecimento geral prévio do que por aí se vai publicando, e na falta dele, porque não comprar a obra e ajudar o autor, a editora, a edição nacional.

Uma das grandes consequências é do «esquecimento» de algumas boas obras, que mereciam pelo menos a nomeação, e a título do «esquecimento» recordo assim de repente as publicações do Manuel Caldas como o Príncipe Valente ou Lance ou uma imensa minoria de edições de pequenas editoras ou de autores individuais, que dificilmente verão reconhecido o seu trabalho, em prémios ditos nacionais, é que estoira a representatividade dos PNBD. Depois temos categorias que são dominadas por obras da mesma editora, o que dá cabo de qualquer pluralidade que os PNBD admitem ter.

E é justamente por isto que o Clube do Inferno lançou uma petição com proposta de alteração aos Prémio Nacionais de Banda Desenhada. O foco principal é “porque devem ser os editores de BD a acorrer em bicos de pés ao concurso de publicações, enviando à organização seis (6) cópias dos seus livros? Porque não pode a organização realizar uma prospecção atenta do ano editorial português? Que sentido faz obrigar os pequenos editores e artistas autopublicados a enviar igual número de cópias sem retorno? Os resultados estão à vista: os PNBD repetem anualmente os mesmos nomes, repudiando qualquer ideal de representatividade da cena portuguesa.”

Ainda que duvide da eficácia do meio proposto, concordo com o objecto da mesma, ou seja, o fim da «taxa de candidatura». As grandes mudanças muitas vezes começam por simples actos. Fica aqui o convite aos leitores deste blogue a manifestarem-se.

Deixo o link da petição aqui



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