Hora aqui de balancear e fechar o ano de 2019. Uma pequena nota prévia para dizer que apenas considerei nesta minha contabilidade edições nacionais, deixando de fora as edições de autor, os fanzines, as edições em português do Brasil, e admito a possibilidade de um ou outro lançamento de natureza municipal ou de pequena editora me ter escapado.
O ano de 2019 viveu com os reflexos da falência da editora Goody em finais de 2018. Recordo o peso desta editora, que nesse último ano lançou para as bancas um total de 96 publicações de banda desenhada, que representaram um terço das publicações de banda desenhada registadas. Obviamente que a importância que a Goody tinha no mercado nacional (e a sua ausência) teve o seu impacto. Assim, em termos de números absolutos, a realidade de 2019 evidencia que o n.º de novidades contabilizados (238) apresente uma queda (-22%) relativamente aos lançamentos do ano anterior (305).
Não obstante, o mercado adaptou-se bem. Registo o facto de se ter verificado um aumento do número de editoras nacionais a publicar banda desenhada. Com efeito, foram 39 editoras (31 em 2018) com actividade, considerando aqui todas aquelas com que registaram pelo menos a edição de um livro/álbum/revista de banda desenhada. Mais interessante se torna quando se verifica que algumas das editoras reforçaram a sua oferta, e em algumas situações duplicaram.
Em termos de mercado nacional de edição, assistimos a uma consolidação, com uma oferta de banda desenhada com origem portuguesa, americana, franco-belga e japonesa, perfeitamente definida.
Em termos de edição de banda desenhada americana contam-se à volta de 70 lançamentos (números redondos). Uma oferta quase praticamente assegurada pelas editoras G.FLOY, LEVOIR, esta última fazendo valer o seu acordo com a DC Comics, que levou mesmo à criação do selo DC Black Label, e PLANETA com o seu universo Star Wars.
Em termos de oferta japonesa (leia-se mangá) esta foi garantida pela DEVIR com cerca de 20 lançamentos.
Relativamente à oferta franco-belga, posso dizer que foi um excelente ano. Não é segredo que é esta "minha praia". E 2019 foi um verão generoso. Assisto cada vez mas a um regresso em força destes franco-belgas para ocupar um espaço que já lhe pertenceu. Foram aproximadamente 70 os lançamentos, distribuídos sobretudo por uma mão-cheia de editoras: ASA, ARTE DE AUTOR, ALA DOS LIVROS, GRADIVA e LEVOIR.
A ASA aposta sobretudo na parceria com o jornal Público para o lançamento de coleções limitadas e nas novidades dos títulos-chave. Pouco ambiciosos. Olhando para o seu rico catalogo podia fazer mais (leia-se editar). Ambição é coisa que não falta à ARTE DE AUTOR e ALA DOS LIVROS. São neste momento as referências nacionais na oferta franco-belga. Ambas apresentam em comum o facto de serem editoras recentes que apostam na construção de bons catálogos e na apresentação de excelentes edições. O presente ano vai confirmar esta tendência. A GRADIVA foi daquelas belas surpresas de 2019. A aposta na edição de biografias gráficas e colecções sobre grandes exploradores e mitologia grega, trouxe a editora para o patamar daquelas com mais de 12 edições/ano. No presente ano prepara-se para continuar a surpreender. Da LEVOIR podemos sempre contar com as «Novelas Gráficas». A mais-valia de poder editar obras e autores que de outra forma dificilmente veriam a luz do dia em português.
A edição nacional cifrou-se em cerca de 40 lançamentos, com a produção nacional distribuída por várias pequenas editoras, donde se destaca a ESCORPIÃO AZUL, cumprindo com aquilo a que se propôs, de dar a conhecer novos autores.
Em síntese, ainda que 2019 tenha registado um decréscimo no número de publicações, o aumento de editoras nacionais a apostar em banda desenhada, uma oferta diversificada capaz de agradar a todos os gostos e sensibilidades, associada também à grande qualidade de obras, às propostas para 2020, faz-nos acreditar que o mercado de edição nacional encontra-se actualmente com saúde e recomenda-se.
Em síntese, ainda que 2019 tenha registado um decréscimo no número de publicações, o aumento de editoras nacionais a apostar em banda desenhada, uma oferta diversificada capaz de agradar a todos os gostos e sensibilidades, associada também à grande qualidade de obras, às propostas para 2020, faz-nos acreditar que o mercado de edição nacional encontra-se actualmente com saúde e recomenda-se.
A LISTA COMPLETA DAS EDIÇÕES EM BANDA DESENHADA DE 2019 PODE SER CONSULTADA AQUI
Então A Seita não ia revolucionar o mercado e ultrapassar as edições a conta gotas da Ala dos Livros até ao final do ano? Pelo menos foi o que disse o tomba-lombadas. E agora, pelo que ouvi, como o Mathieu recusou vir ao Coimbra BD, o festival nem vai ter convidados internacionais, que os fundos coimbrenses só têm um propósito.
ResponderEliminarEstas listagens dão muito jeito! Obrigado
ResponderEliminarAnónimo, do que tenho conhecimento a actividade da Seita começa a sério agora em 2020. Os livros que saíram em 2019 com a sua chancela, eram projecto já pensados e e que passaram por questões de organização para a Seita. Sobre o Coimbra BD, a informação que tinha era que o autor convidado internacional pensado era o Schuiten. Tudo dependia depois das disponibilidades. Mas aguardemos até porque já não deve falta muito para sabermos novidades.
ResponderEliminarRicardo, a ideia é disponibilizar. Sirvam-se.
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