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17 agosto, 2022

O 33º Amadora BD em tons francofónos

De regresso a este espaço e às lides bedéfilas, depois de umas retemperadoras férias, e reparo que já não há Agostos como antigamente, onde ia tudo a banhos e nada acontecia. A verdade é que continuaram a acontecer coisas e edição nacional de BD continuou num bom ritmo para um mês de Verão.
 
Mas para começar, nesta rentrée gostaria de falar do Amadora BD.
 
Surpreendentemente, e com três meses de antecedência, a organização do festival divulgou a imagem da 33ª edição, que conta com a assinatura do nosso conhecido Juan Cavia. A ilustração do cartaz oficial mostra dois corpos abraçados em queda, simbolizando uma passagem entre França, representada na parte superior pela paisagem da cidade de Lyon (França) e Portugal, representada na parte inferior pela paisagem da cidade da Amadora.
 
A relação entre Portugal-França é o tema central e a inspiração para a cenografia da edição deste ano do Amadora BD.
 
Apesar de perceber a ideia e o contexto do cartaz, e de gostar da ilustração, confesso que gostaria de ver algo mais parecido com o que se faz lá fora, onde a parte gráfica cumpre exemplarmente o seu papel, com a representação de personagens icónicos da BD, permitindo a quem os visualize uma associação imediata a um evento de Banda Desenhada.
 
Quantos dos eventuais visitantes da edição deste ano do Amadora BD, e que não lerem este este texto, saberão interpretar o significado do nosso cartaz? E quantos dos que virem a ilustração saberão associar a que tipo de evento é que se trata?
 
Tomei a liberdade de pesquisar por alguns dos cartazes de alguns festivais de BD que já realizaram este ano por essa Europa fora, incluindo o da edição deste ano de Lyon, e deixo aqui alguns exemplos:
 
 
Na edição deste ano há algumas alterações. Vamos perder o feriado de 1 de Novembro. E a organização dá destaque a uma nova área de street food(!), certamente esquecida da chuva copiosa que aconteceu num dos dias do ano passado, e a um novo espaço de gaming, que pessoalmente e rapidamente dispensava. Sem sentido! Nada contra os jogadores mas trata-se aqui de um festival de Banda Desenhada, onde o que se pretende é exposições, lançamentos, apresentações, sessões de autógrafos. Para outras naturezas, outros eventos servirão melhor!
 
Esperava que as alterações fossem noutro sentido, como por exemplo o anuncio dos vencedores do PNBD logo no primeiro dia, de forma a que os justos vencedores possam beneficiar desse reconhecimento durante todo o evento, e que a cerimónia aconteça no próprio espaço do festival, de forma a evitar o triste e deprimente espetáculo que aconteceu na edição anterior e que em nada valorizou todos os envolvidos.
 
Para já encanta-me a temática deste ano. A banda desenhada franco-belga sempre teve uma forte expressão em Portugal, é aguarda-se uma forte presença de autores franceses. A listagem ainda não é conhecida, mas posso adiantar que nomes como Olivier Afonso e Aurélien Ottenwaelter, conhecido como Chico, autores que já marcaram presença em Beja, irão promover o lançamento da edição portuguesa (pela Ala dos Livros) do álbum Les Portugais, e que Jean-Louis Tripp e Loisel, autores da excelente série Armazém Central (Arte de Autor) por cá integralmente editada, estão entre os convidados. Soma-se ainda o autor residente do Amadora BD, o premiado Marcelo Quintanilha.
 
Ao nível das exposições, serão um total de 10 mostras, divididas entre autores nacionais e estrangeiros, e aqui inclui-se naturalmente aquelas dedicadas aos autores convidados, e haverá espaço para a celebração dos “Amazing” 60 anos do Homem-Aranha, e correm rumores que Jean-Claude Mézières, infelizmente falecido no início deste ano, terá a sua homenagem. 
 
Portanto não faltam bons motivos para visitar a edição 33º do Amadora BD.
Apontem a data de 20 a 30 de Outubro!

3 comentários:

  1. Os anos passam, e não vejo a AmadoraBD arrancar definitivamente para um evento de caráter maior dentro do panorama europeu. Somos um mercado pequeno e marginal (mesmo geograficamente), mas isso não se deveria refletir na pobreza de ideias que há muitos anos para cá, as diversas organizações deste festival demonstram. O mesmo pode-se dizer dos espaços de exposição que sucessivamente têm vindo a piorar. Fiquei profundamente desapontado no ano passado com o ex-ringue de skates adaptado e com tenda de farturas com buracos por todo o lado, onde encafuaram os expositores e oradores. Com o que propõem este ano, será mais uma edição a que não irei.

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  2. Não posso deixar de concordar com o comentador acima. 30 e muitos anos de festival ainda sem um local decente e com condições é confrangedor. Sem nomes de peso e de variadas origens, é-o ainda mais... As condições actuais não são de todo propícias mas faltam-nos mais editoras e mais títulos editados. O balanço este ano, desconfio será muito pobre...

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