Chega às nossas livrarias na próxima segunda-feira, uma das obras espanholas mais premiados dos últimos tempos: CORPO DE CRISTO, da autora Bea Lema, com a chancela da IGUANA. O que chama logo a atenção é o aspecto visual da obra, longe do padrão gráfico comercial - a própria capa já dá indicações nesse sentido. A autora faz uso de um estilo gráfico naif que combina com... bordados, referências visuais da sua infância galega. À primeira vista é difícil de entranhar, mas quer-me parecer que mais que o desenho é na narrativa que encontramos a força desta história.
CORPO DE CRISTO distingue-se por uma abordagem sensível e inovadora relativamente à questão da doença mental e o papel de cuidador sempre imposto às mulheres. A relação entre mãe e filha num contexto familiar marcado pelo peso da tradição, da religião e da precariedade dos cuidados.
Esta obra vai ter uma exposição dedicada no próximo Amadora BD e o festival contará com a presença da autora.
Um sucesso de crítica não equivale, necessariamente, a um sucesso de vendas (muitas vezes o oposto) e o que resulta num mercado não é transferível para outro. Dito isto, e não negando o interesse e validade da obra, qual foi o critério de escolha deste titulo em particular? Estou curioso.
ResponderEliminarVerdade. Concordo que há muitas vezes um grande desfasamento entre o gosto do público e a opinião da critica, quando o que realmente importa é o que dizem os primeiros. Mas reelativamente a este Corpo de Cristo, recordo que venceu o Prémio do Público no Festival d’Angoulême, e ganhou prémios em festivais em Espanha, Itália, França e Canadá, e isto deverá dizer qualquer coisa. Eu confesso-me bastante curioso acerca desta obra, porque não será certamente pelo desenho que me irá conquistar. Quanto ao critério, desconheço o que vai na cabeça dos editores, mas se tivesse que apostar diria que a sua premiação deve ter tido um grande peso na escolha.
ResponderEliminarSou da mesma opinião e também não é a minha praia (e eu estou habituado a ler, maioritariamente, obras fora do registo mainstream) mas, sabendo da riqueza e variedade da, por exemplo, congénere espanhola, porquê este título em particular? Se este foi selecionado, muitos outros terão sido preteridos. Será assim?
EliminarOlá António, tenho assistido a vários debates/conversas sobre banda desenhada portuguesa, e confesso-me algo saturado, porque invariavelmente acaba-se sempre a falar dos mesmos tópicos: dimensão do mercado, tiragens, distribuição (bocejo…) quando gostava de ouvir editores e outros intervenientes a falar sobre a selecção de títulos, facilidades/dificuldades na negociação/aquisição de direitos, tendências no nosso mercado, definição de critérios para a edição, enfim coisas novas. E talvez assim talvez percebêssemos melhor as escolhas dos editores. Até lá podemos apenas especular 😊
ResponderEliminarÉ uma sugestão que gostaria de ver implementada nos blogs nacionais sobre BD - ouvir os editores e ouvir os leitores. Talvez contribuíssemos para diminuir esta falha absurda e diálogo de surdos entre aqueles que editam e aqueles que leêm. Abraço
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