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12 setembro, 2006

O Estado da BD

Chegado ao centésimo post do blogue, resolvo fazer uma breve análise sobre o estado da BD em Portugal. Na minha condição de bedéfilo comprador, leitor e coleccionador, defino numa única palavra: DESOLADOR!

Em termos gerais, não há grandes novidades nas bancas (para mim a grande excepção foi a excelente surpresa com o regresso de Blueberry), há poucas séries novas, abundam as reedições e as séries descontinuadas. Com lançamentos regulares, apenas existe UMA editora em Portugal, a ASA, o que apesar de insuficiente é meritório, até porque este género de publicação nem é o seu principal negócio. Em termos de números de lançamentos, fala-se num decréscimo de 65% quando comparado com o ano de 2005. Depois soma-se meia-dúzia de revistas marginais, que já se sabe de vida curta, até porque também não há apoios oficiais e o temos o BDjornal, agora em versão renovada e com a aposta na divulgação de autores portugueses mas sempre dependente dos números das vendas. E é tudo. E assim vai o mercado português.

A verdade é que a BD vive também debaixo do estigma de ser uma forma de expressão marginal. A sua falta de classificação como “cultura”, impede-a se calhar de estar na linha da frente, ao lado de outras formas de expressão cultural, na altura de receber apoios do Estado. Aqui estamos com um problema de mentalidades!

Um leitor deste blogue comentou um dia que "nunca tinha visto nenhum editor de BD preocupado em saber o perfil do leitor de BD português”. O problema e se calhar a solução também passam por aqui. As consequências são óbvias, por se editar pouco em Portugal, edita-se mal e o resultado traduz-se na dificuldade em conquistar e (re)conquistar leitores. E não há festivais de BD que valham! E aqui continuamos com um problema de mentalidades!

A quase um mês de distância do FIBDA’2006, surgem rumores que este festival possa marcar um ponto de viragem neste marasmo bedéfilo em que vivemos. Vamos esperar para ver as surpresas, que começam logo pela nova localização. Mas verdade seja dita, pior que a escola Intercultural ou a estação de metro da Falagueira, deve ser difícil. Depois, ao nível das editoras, parece que a PANINI (agora com Maurício de Sousa) vai-se mostrar e a DEVIR vai aproveitar para um segundo fôlego. Esperemos que seja um longo fôlego e de preferência sem os erros do passado. Fala-se na edição da “A Agência de Viagens Lemming” ou o 6º volume de “A Pior Banda do Mundo”, ambos de José Carlos Fernandes, o que me parece bem até porque o JCF é uma aposta ganha (opinião pessoal).

Em termos de organização de festival, apesar do debate, aqui não deve haver surpresas, até porque os editores há muito que andam arredados destas organizações. Apesar de tudo e como sempre (tonto!) mantenho as minhas expectativas altas, mas não elevadas (até porque já se sabe quanto mais alto se sobe….).

Só me resta desejar que estes últimos quatro meses de 2006 sejam bastante mais produtivo em termos qualitativos e quantitativos e que tudo aconteça durante o FIBDA. E já agora tambem desejo uma mudança de mentalidades em Portugal.

Saudações bedéfilas


PS: entretanto por estes dias, este blogue recebeu a sua visita 10.000. Um redondo número que fica associado a um leitor oriundo de Cabo Verde. A partir de agora o contador das visitas passa a marcar cinco dígitos.

1 comentário:

  1. A devir Reborn ainda não me convenceu,se por um lado se vai ter acesso,ao antepenultimo capitulo da saga de new x-men e mais uma mini do aranha,a não resolução dos arcos pendentes (Quase um ano depois) das mensais é preocupante.

    Abracos
    GRIMLOCK

    P.s:Verbal podias apagar o post acima.
    obrigado.

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