Começo com uma declaração de interesses: sou um comprador, leitor e coleccionador compulsivo de BD, com principal interesse em livros e álbuns publicados em português. Excluo daqui o universo de “ilustração” porque tal como o nome indica não se trata de BD e o universo de “tiras humorísticas” porque salvo raros exemplos não compro este género de publicação. Escrevo este blogue por paixão à 9ª arte. Fica o aviso: o texto que se segue é longo!
(Re)começemos então. No post que antecede este, escrevi sobre a apresentação do 20º Amadora BD, e não referi, propositadamente, acrescento agora, os candidatos aos Prémios Nacionais de Banda Desenhada (PNBD) deste ano. Não falei antes porque queria falar agora. Se anos há que a coisa passa despercebida porque a produção bedéfila não foi qualitativamente suficiente, noutros anos há lugar a graves omissões que em nada contribuem para o prestigio de um festival. As nomeações para os PNBD deste ano são o reflexo desta última situação. O tema é recorrente aqui no blogue, mas este ano penso que se justifica fazer uma reflexão mais a aprofundada sobre o funcionamento dos PNDB.
Nelson Dona, director do Amadora BD, na apresentação que fez no passado dia 30, classificou os PNBD como os “óscares” da BD em Portugal. Poderá parecer exagero, mas se atendermos que se intitulam de “prémios nacionais” e que o seu universo são “todos os álbuns / livros de BD publicados em português por uma editora portuguesa” editados num determinado período, até poderíamos concordar com tal epíteto. Aqui abro um parêntesis, para fazer um mea culpa, pela oportunidade que perdi (por esquecimento) em abordar a questão do PNBD, com o director do festival na conversa que tive com ele a seguir à apresentação do festival. Porque na verdade, entendo que os PNBD, pela sua falta de pluralidade, pouco merecem o prestígio e o mérito que geralmente associamos aos “óscares”. Eu, no máximo, chamar-lhes-ia, vá lá uma espécie de “globos de ouro”, uma vez que tal como no programa televisivo, também aqui, em algumas categorias, há vencedores antecipados.
A atribuição dos PNBD é feita em três fases: Candidatura, Nomeação e Votação.
O problema, a meu ver, dos prémios, reside logo na primeira fase, na candidatura.
De acordo com as normas de participação, o processo “obriga” a cada editora e/ou autor(es) a enviar seis exemplares da sua obra, para leitura do júri de nomeação. Ora o não cumprimento deste formalismo tem como consequência imediata a não inclusão da obra no concurso. Atente-se que a edição não chegou sequer a ser objecto de qualquer avaliação, foi excluída pela simples preterição de uma mera formalidade que, a meu ver, poderia ser facilmente suprida se o próprio júri, sabendo da existência de uma obra que valorize a produção bedéfila nacional tomasse a iniciativa de adquirir pessoalmente a obra em questão e de a nomear à votação.
Está identificado o problema. O universo elegível dos PNBD deixou de ser “todos os álbuns / livros de BD publicados em português por uma editora portuguesa” para passar a ser “todos os álbuns / livros de BD publicados em português por uma editora portuguesa que tenham sido objecto de envio ao júri (são seis exemplares, sff)”. Uma pequena alteração que faz toda a diferença. Como nem todas as (pequenas) editoras estão para satisfazer este capricho, de uma assentada, a edição nacional que já é curta, é reduzida, para efeitos de concurso, a uns prémios nacionais, a menos de metade. A pluralidade e representatividade dos PNBD desapareceram. Pergunto a quem interessa uns prémios assim?
Claro está que pode argumentar, que o douto júri necessita de conhecer profundamente todos os álbuns a concurso para que possa prenunciar em consciência. Curioso que o mesmo não se exige a quem decide, ou seja, quem vota para o vencedor. Mas atente-se à constituição do júri de nomeação, e pego só em dois nomes num total de cinco: Luís Salvado (jornalista e especialista bedéfilo) e Carlos Gonçalves (coleccionador e amante da 9º arte). Basta ver as credencias destes dois elementos do júri – um jornalista especialista e outro coleccionador – para que se possamos concluir que não serve de desculpa, o simples facto de um editora ou autor não ter enviado um exemplar da sua obra, para que o Júri possa alegar não ter conhecimento da mesma e por esse facto a nomear a concurso. Lembro que na realidade portuguesa, infelizmente, a produção bedéfila não é assim tão abundante que seja difícil saber o que se vai publicando por ai. Se eu, que sou um simples leitor de BD, conheço não só as obras que estão nomeadas mas também muitas que não estão, então o que dizer de um jornalista especialista ou de um coleccionador?!
Repare-se que não reprovo as editoras/autores que remetem os seus seis exemplares ao júri, considero apenas que esta obrigação se devia transformar numa mera opção do editor, digamos uma “espécie” de marketing junto do Júri. Os PNBD, podiam e deviam, até porque usufruem da notoriedade que o FIBDA lhe empresta, na qualidade de maior festival de banda desenhada que se realiza em Portugal, e segundo dizem, um dos maiores da Europa, servir para premiar tudo o que de melhor se edita em Portugal, e não para serem usados como promoção de algumas obras de algumas editoras em detrimento de outras, estas por omissão.
Consequência do exposto anteriormente é o júri dos PNBD não ter considerado a concurso, edições que pela sua omissão, em nada credibilizam, não só o próprio júri, mas também os prémios e por arrastamento os seus vencedores. Decerto que outras obras de qualidade haverá em iguais circunstâncias, mas da minha parte, escolhi três exemplos, a meu ver flagrantes, que ilustram bem a falta de bom senso com que se revestem os PNBD.
Nas categorias de Melhor Álbum, Melhor Argumento e Melhor Desenho para álbum português, não tenho nada a referir porque penso que o pouco que se editou de autores portugueses, encontra-se nomeado. Fico apenas com a dúvida se o álbum “Camões - De vós não conhecido nem sonhado?”, de Jorge Miguel, da editora Plátano, não consta nas nomeações:
1. Porque não enviou os exemplares da ordem?
2. Porque a data do depósito legal é de Agosto de 2008?
3. Porque foi considerado que não tinha qualidade suficiente?
A categoria de Melhor Álbum de Autor Português em Língua Estrangeira, é por ordem de arrumação, a primeira vítima da política de candidaturas aos PNBD. Na comunicação distribuída pela organização, surge a indicação de um lacónico “não houve livros a concurso”.
À primeira vista, poderia-se pensar que: não houve autores portugueses a publicar no estrangeiro? Houve, felizmente que houve autores portugueses que publicaram obra no estrangeiro, mas o problema foi que a MARVEL americana esqueceu-se de enviar seis exemplares de “Avengers Fairy Tales” do Ricardo Tércio, para apreciação do Júri. E assim o Tércio falha a nomeação e o FIBDA falha clamorosamente na divulgação que era merecida, e que lhe competia, da obra de um talento português que singrou num dos maiores e mais competitivos mercados bedéfilos do mundo. Tudo porque o júri não tinha conhecimento! A ironia das ironias é que o editor americano de Ricardo Tércio, C.B. Cebulski é um dos convidados deste ano do FIBDA!
Já não quero aqui falar das obras de JC Fernandes publicadas em França e na Polónia, até porque o autor já não deve ter espaço para mais prémios, e decerto que concordará que os mais novos também merecem um “lugar ao sol”.
Na categoria de Melhor Álbum de Autor Estrangeiro, para mim a categoria-rainha dos PNBD, porque se trata daquela, que reúne talvez o maior número de publicações, é onde considero haver uma das maiores injustiças deste ano dos PNBD. O júri nomeou os seguintes álbuns:
+ Câncer Vixen, Marisa Acocella Marchetto, Edições ASA
+ O Cachimbo de Marcos, Javier Isusi, Edições ASA
+ O Homem de Washington, Achdé e Gerra, Edições ASA
+ O Principezinho, segundo a obra de Antoine Saint-Exupery, Johann Sfar, Editorial Presença
+ Teoria do Grão de Areia, Schuiten e Peeters, Edições ASA
Numa primeira análise, verificamos que 80% das obras nomeadas são de uma única editora. Pluralidade? Não existe. Poder-se ia então pensar que só existe a ASA como editora de BD no mercado português. Não, felizmente que não. Então o que se passou para “Matteo” da Vitamina BD, que foi reconhecido pela critica estrangeira como uma excelente obra, não figurar ao lado de “A Teoria do Grão de Areia” (este sem oposição um verdadeiro vencedor antecipado) como obras do ano? Aconteceu que a VitaminaBD falhou a entrega dos seis exemplares e por isso foi alvo da política da omissão que reveste estes prémios. Mas então o álbum não presta? Não, o álbum é excelente!
Relativamente às categorias de Melhor Álbum de Tiras Humorísticas e Melhor Ilustração para Livro Infantil, não me prenuncio. Leiam a minha declaração de interesses no inicio deste texto.
Na categoria de Clássicos da 9ª Arte, repete-se a história há anteriormente contada: 80% das obras nomeadas são de uma única editora. Pluralidade? Não existe. Poder-se ia então pensar que só existe a ASA como editora de clássicos da BD no mercado português. Não, felizmente que não. Então porque razão o clássico Lance, do editor Manuel Caldas não se encontra entre os nomeados, sabendo-se do excelente trabalho que foi efectuado no sentido de recuperar e editar integralmente todas as pranchas dominicais, publicadas entre 1955 e 1960, devidamente restauradas? A razão foi que o júri considerou que "Clorofila", de Raymond Macherot é de longe um clássico superior ao "Lance", de Warren Tufts (passe a ironia!). Agora a sério, o "Lance" foi também objecto da política absurda de candidatura para os PNBD.
Quanto à categoria de Fanzine, também aqui pouco se me oferece dizer, porque se trata daquelas publicações que dificilmente chegam ao conhecimento do grande público, eu incluído. Dos cinco nomeados, apenas conheço dois. E está tudo dito.
Resumindo, é sabido que se publica pouco em Portugal, o que não impede que por vezes se publique material de qualidade. Mas isso não interessa absolutamente nada para o FIBDA. Num acto, que eu quase classifico de censura, parte da (pouca) edição de BD em português é ignorada porque há um regulamento de uns prémios ditos nacionais que assim o diz.
Pronto, da minha parte fica o contributo com esta reflexão, se numa altura que o FIBDA aposta tudo na consolidação da sua imagem como um grande festival de BD, pergunto se se justifica uma mudança no regulamento dos PNBD, se o modelo actual contribui para uma divulgação do melhor que se publica em Portugal, se os vencedores dos prémios são justos vencedores, se os prémios não seriam de facto "óscares" se não existissem os condicionalismos prévios castradores?
É certo que é a organização do festival, o seu júri, os votantes a atribuírem os prémios, mas também vos digo, não há ninguém que faça melhor juízo do que nós próprios enquanto compradores e leitores de bd, porque no definitivo acto de comprar somos nós em ultima instância que decidimos se o livro ou álbum vale ou não o dinheiro que custa. E aqui não há prémios que valham!
Para finalizar deixo então aqui, a lista que faltava, dos nomeados aos PNBD do 20º Amadora BD, que na minha opinião não será dos melhores, mas sim dos “eleitos” pelo júri deste ano:
* MELHOR ÁLBUM PORTUGUÊS
+ A Essência – O Menino Triste, de João Mascarenhas, Qual Albatroz
+ A Fórmula da Felicidade, de Nuno Duarte, Osvaldo Medina e Ana Freitas, KingPin Books
+ A Metrópole Feérica – Terra Incógnita vol 1, de José Carlos Fernandes e Luís Henriques, Tinta da China
+ Epifanias do Inimigo Invisível, de Daniel Lima, Ao Norte
+ Salúquia, a Lenda de Moura em Banda Desenhada, vários autores, Câmara Municipal de Moura
* MELHOR ARGUMENTO PARA ÁLBUM PORTUGUÊS
+ Daniel Lima, Epifanias do Inimigo Invisível, Ao Norte
+ João Mascarenhas, A Essência – O Menino Triste, Qual Albatroz
+ José Carlos Fernandes, A Metrópole Feérica – Terra Incógnita vol 1, Tinta da China
+ José Ruy, Mirandês, História de uma Língua e de um Povo, Âncora Editora
+ Nuno Duarte, A Fórmula da Felicidade, KingPin Books
* MELHOR DESENHO PARA ÁLBUM PORTUGUÊS
+ João Mascarenhas, A Essência – O Menino Triste, Qual Albatroz
+ Jorge Nesbitt, Sétimo Selo, Ao Norte
+ José Ruy, Mirandês, História de uma Língua e de um Povo, Âncora Editora
+ Luís Henriques, A Metrópole Feérica – Terra Incógnita vol 1, Tinta da China
+ Osvaldo Medina (cor: Ana Freitas, Gisela Martins e Jorge Coelho), A Fórmula da Felicidade, KingPin Books
* MELHOR ÁLBUM DE AUTOR PORTUGUÊS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Não houve livros a concurso
* MELHOR ÁLBUM DE AUTOR ESTRANGEIRO
+ Câncer Vixen, Marisa Acocella Marchetto, Edições ASA
+ O Cachimbo de Marcos, Javier Isusi, Edições ASA
+ O Homem de Washington, Achdé e Gerra, Edições ASA
+ O Principezinho, segundo a obra de Antoine Saint-Exupery, Johann Sfar, Editorial Presença
+ Teoria do Grão de Areia, Schuiten e Peeters, Edições ASA
* MELHOR ÁLBUM DE TIRAS HUMORÍSTICAS
+ Cão Fedorento, Mike Peters, Gradiva Publicações
+ Dilbert, Ideias Luminosas, Scott Adams, Edições ASA
+ Pierced, Jerry Scott e Jim Borgman, Gradiva Publicações
* MELHOR ILUSTRAÇÃO PARA LIVRO INFANTIL
+ As Duas Estradas, Bernardo Carvalho, Planeta Tangerina
+ Sabes, Maria, o Pai Natal não existe, Luís Henriques, Editorial Caminho
+ Canta o Galo Gordo, Cristina Sampaio, Editorial Caminho
+ O Tapete Voador da Mimi, Korky Paul, Gradiva Júnior
+ O Livro Inclinado, Peter Newel, Orfeu Negro
+ A Incrível História da Menina Pássaro e do Menino Terrível, Susanne Janssen, OQO
* CLÁSSICOS DA 9ª ARTE
+ A Marca Amarela, Edgar P. Jacobs, Edições ASA/Jornal Público
+ Clorofila, Raymond Macherot, Edições ASA/Jornal Público
+ Eternus 9, Victor Mesquita, Gradiva Publicações
+ Jonathan, Cosey, Edições ASA/Jornal Público
+ Luc Orient, Greg e Eddy Paape, Edições ASA/Jornal Público
* FANZINE
+Venham + 5, Paulo Monteiro, Bedeteca de Beja
+All-Girlz Galore, Daniel Maia, Arga Warga,
+ É Fartar Vilanagem!, Paulo Lima e Xana, Maria Macaréu
+ Gambuzine #1, Teresa Pestana, Gambuzine
+ Zona Zero, Luís Lopes, FIL
(Re)começemos então. No post que antecede este, escrevi sobre a apresentação do 20º Amadora BD, e não referi, propositadamente, acrescento agora, os candidatos aos Prémios Nacionais de Banda Desenhada (PNBD) deste ano. Não falei antes porque queria falar agora. Se anos há que a coisa passa despercebida porque a produção bedéfila não foi qualitativamente suficiente, noutros anos há lugar a graves omissões que em nada contribuem para o prestigio de um festival. As nomeações para os PNBD deste ano são o reflexo desta última situação. O tema é recorrente aqui no blogue, mas este ano penso que se justifica fazer uma reflexão mais a aprofundada sobre o funcionamento dos PNDB.
Nelson Dona, director do Amadora BD, na apresentação que fez no passado dia 30, classificou os PNBD como os “óscares” da BD em Portugal. Poderá parecer exagero, mas se atendermos que se intitulam de “prémios nacionais” e que o seu universo são “todos os álbuns / livros de BD publicados em português por uma editora portuguesa” editados num determinado período, até poderíamos concordar com tal epíteto. Aqui abro um parêntesis, para fazer um mea culpa, pela oportunidade que perdi (por esquecimento) em abordar a questão do PNBD, com o director do festival na conversa que tive com ele a seguir à apresentação do festival. Porque na verdade, entendo que os PNBD, pela sua falta de pluralidade, pouco merecem o prestígio e o mérito que geralmente associamos aos “óscares”. Eu, no máximo, chamar-lhes-ia, vá lá uma espécie de “globos de ouro”, uma vez que tal como no programa televisivo, também aqui, em algumas categorias, há vencedores antecipados.
A atribuição dos PNBD é feita em três fases: Candidatura, Nomeação e Votação.
O problema, a meu ver, dos prémios, reside logo na primeira fase, na candidatura.
De acordo com as normas de participação, o processo “obriga” a cada editora e/ou autor(es) a enviar seis exemplares da sua obra, para leitura do júri de nomeação. Ora o não cumprimento deste formalismo tem como consequência imediata a não inclusão da obra no concurso. Atente-se que a edição não chegou sequer a ser objecto de qualquer avaliação, foi excluída pela simples preterição de uma mera formalidade que, a meu ver, poderia ser facilmente suprida se o próprio júri, sabendo da existência de uma obra que valorize a produção bedéfila nacional tomasse a iniciativa de adquirir pessoalmente a obra em questão e de a nomear à votação.
Está identificado o problema. O universo elegível dos PNBD deixou de ser “todos os álbuns / livros de BD publicados em português por uma editora portuguesa” para passar a ser “todos os álbuns / livros de BD publicados em português por uma editora portuguesa que tenham sido objecto de envio ao júri (são seis exemplares, sff)”. Uma pequena alteração que faz toda a diferença. Como nem todas as (pequenas) editoras estão para satisfazer este capricho, de uma assentada, a edição nacional que já é curta, é reduzida, para efeitos de concurso, a uns prémios nacionais, a menos de metade. A pluralidade e representatividade dos PNBD desapareceram. Pergunto a quem interessa uns prémios assim?
Claro está que pode argumentar, que o douto júri necessita de conhecer profundamente todos os álbuns a concurso para que possa prenunciar em consciência. Curioso que o mesmo não se exige a quem decide, ou seja, quem vota para o vencedor. Mas atente-se à constituição do júri de nomeação, e pego só em dois nomes num total de cinco: Luís Salvado (jornalista e especialista bedéfilo) e Carlos Gonçalves (coleccionador e amante da 9º arte). Basta ver as credencias destes dois elementos do júri – um jornalista especialista e outro coleccionador – para que se possamos concluir que não serve de desculpa, o simples facto de um editora ou autor não ter enviado um exemplar da sua obra, para que o Júri possa alegar não ter conhecimento da mesma e por esse facto a nomear a concurso. Lembro que na realidade portuguesa, infelizmente, a produção bedéfila não é assim tão abundante que seja difícil saber o que se vai publicando por ai. Se eu, que sou um simples leitor de BD, conheço não só as obras que estão nomeadas mas também muitas que não estão, então o que dizer de um jornalista especialista ou de um coleccionador?!
Repare-se que não reprovo as editoras/autores que remetem os seus seis exemplares ao júri, considero apenas que esta obrigação se devia transformar numa mera opção do editor, digamos uma “espécie” de marketing junto do Júri. Os PNBD, podiam e deviam, até porque usufruem da notoriedade que o FIBDA lhe empresta, na qualidade de maior festival de banda desenhada que se realiza em Portugal, e segundo dizem, um dos maiores da Europa, servir para premiar tudo o que de melhor se edita em Portugal, e não para serem usados como promoção de algumas obras de algumas editoras em detrimento de outras, estas por omissão.
Consequência do exposto anteriormente é o júri dos PNBD não ter considerado a concurso, edições que pela sua omissão, em nada credibilizam, não só o próprio júri, mas também os prémios e por arrastamento os seus vencedores. Decerto que outras obras de qualidade haverá em iguais circunstâncias, mas da minha parte, escolhi três exemplos, a meu ver flagrantes, que ilustram bem a falta de bom senso com que se revestem os PNBD.
Nas categorias de Melhor Álbum, Melhor Argumento e Melhor Desenho para álbum português, não tenho nada a referir porque penso que o pouco que se editou de autores portugueses, encontra-se nomeado. Fico apenas com a dúvida se o álbum “Camões - De vós não conhecido nem sonhado?”, de Jorge Miguel, da editora Plátano, não consta nas nomeações:
1. Porque não enviou os exemplares da ordem?
2. Porque a data do depósito legal é de Agosto de 2008?
3. Porque foi considerado que não tinha qualidade suficiente?
A categoria de Melhor Álbum de Autor Português em Língua Estrangeira, é por ordem de arrumação, a primeira vítima da política de candidaturas aos PNBD. Na comunicação distribuída pela organização, surge a indicação de um lacónico “não houve livros a concurso”.
À primeira vista, poderia-se pensar que: não houve autores portugueses a publicar no estrangeiro? Houve, felizmente que houve autores portugueses que publicaram obra no estrangeiro, mas o problema foi que a MARVEL americana esqueceu-se de enviar seis exemplares de “Avengers Fairy Tales” do Ricardo Tércio, para apreciação do Júri. E assim o Tércio falha a nomeação e o FIBDA falha clamorosamente na divulgação que era merecida, e que lhe competia, da obra de um talento português que singrou num dos maiores e mais competitivos mercados bedéfilos do mundo. Tudo porque o júri não tinha conhecimento! A ironia das ironias é que o editor americano de Ricardo Tércio, C.B. Cebulski é um dos convidados deste ano do FIBDA!
Já não quero aqui falar das obras de JC Fernandes publicadas em França e na Polónia, até porque o autor já não deve ter espaço para mais prémios, e decerto que concordará que os mais novos também merecem um “lugar ao sol”.
Na categoria de Melhor Álbum de Autor Estrangeiro, para mim a categoria-rainha dos PNBD, porque se trata daquela, que reúne talvez o maior número de publicações, é onde considero haver uma das maiores injustiças deste ano dos PNBD. O júri nomeou os seguintes álbuns:
+ Câncer Vixen, Marisa Acocella Marchetto, Edições ASA
+ O Cachimbo de Marcos, Javier Isusi, Edições ASA
+ O Homem de Washington, Achdé e Gerra, Edições ASA
+ O Principezinho, segundo a obra de Antoine Saint-Exupery, Johann Sfar, Editorial Presença
+ Teoria do Grão de Areia, Schuiten e Peeters, Edições ASA
Numa primeira análise, verificamos que 80% das obras nomeadas são de uma única editora. Pluralidade? Não existe. Poder-se ia então pensar que só existe a ASA como editora de BD no mercado português. Não, felizmente que não. Então o que se passou para “Matteo” da Vitamina BD, que foi reconhecido pela critica estrangeira como uma excelente obra, não figurar ao lado de “A Teoria do Grão de Areia” (este sem oposição um verdadeiro vencedor antecipado) como obras do ano? Aconteceu que a VitaminaBD falhou a entrega dos seis exemplares e por isso foi alvo da política da omissão que reveste estes prémios. Mas então o álbum não presta? Não, o álbum é excelente!
Relativamente às categorias de Melhor Álbum de Tiras Humorísticas e Melhor Ilustração para Livro Infantil, não me prenuncio. Leiam a minha declaração de interesses no inicio deste texto.
Na categoria de Clássicos da 9ª Arte, repete-se a história há anteriormente contada: 80% das obras nomeadas são de uma única editora. Pluralidade? Não existe. Poder-se ia então pensar que só existe a ASA como editora de clássicos da BD no mercado português. Não, felizmente que não. Então porque razão o clássico Lance, do editor Manuel Caldas não se encontra entre os nomeados, sabendo-se do excelente trabalho que foi efectuado no sentido de recuperar e editar integralmente todas as pranchas dominicais, publicadas entre 1955 e 1960, devidamente restauradas? A razão foi que o júri considerou que "Clorofila", de Raymond Macherot é de longe um clássico superior ao "Lance", de Warren Tufts (passe a ironia!). Agora a sério, o "Lance" foi também objecto da política absurda de candidatura para os PNBD.
Quanto à categoria de Fanzine, também aqui pouco se me oferece dizer, porque se trata daquelas publicações que dificilmente chegam ao conhecimento do grande público, eu incluído. Dos cinco nomeados, apenas conheço dois. E está tudo dito.
Resumindo, é sabido que se publica pouco em Portugal, o que não impede que por vezes se publique material de qualidade. Mas isso não interessa absolutamente nada para o FIBDA. Num acto, que eu quase classifico de censura, parte da (pouca) edição de BD em português é ignorada porque há um regulamento de uns prémios ditos nacionais que assim o diz.
Pronto, da minha parte fica o contributo com esta reflexão, se numa altura que o FIBDA aposta tudo na consolidação da sua imagem como um grande festival de BD, pergunto se se justifica uma mudança no regulamento dos PNBD, se o modelo actual contribui para uma divulgação do melhor que se publica em Portugal, se os vencedores dos prémios são justos vencedores, se os prémios não seriam de facto "óscares" se não existissem os condicionalismos prévios castradores?
É certo que é a organização do festival, o seu júri, os votantes a atribuírem os prémios, mas também vos digo, não há ninguém que faça melhor juízo do que nós próprios enquanto compradores e leitores de bd, porque no definitivo acto de comprar somos nós em ultima instância que decidimos se o livro ou álbum vale ou não o dinheiro que custa. E aqui não há prémios que valham!
Para finalizar deixo então aqui, a lista que faltava, dos nomeados aos PNBD do 20º Amadora BD, que na minha opinião não será dos melhores, mas sim dos “eleitos” pelo júri deste ano:
* MELHOR ÁLBUM PORTUGUÊS
+ A Essência – O Menino Triste, de João Mascarenhas, Qual Albatroz
+ A Fórmula da Felicidade, de Nuno Duarte, Osvaldo Medina e Ana Freitas, KingPin Books
+ A Metrópole Feérica – Terra Incógnita vol 1, de José Carlos Fernandes e Luís Henriques, Tinta da China
+ Epifanias do Inimigo Invisível, de Daniel Lima, Ao Norte
+ Salúquia, a Lenda de Moura em Banda Desenhada, vários autores, Câmara Municipal de Moura
* MELHOR ARGUMENTO PARA ÁLBUM PORTUGUÊS
+ Daniel Lima, Epifanias do Inimigo Invisível, Ao Norte
+ João Mascarenhas, A Essência – O Menino Triste, Qual Albatroz
+ José Carlos Fernandes, A Metrópole Feérica – Terra Incógnita vol 1, Tinta da China
+ José Ruy, Mirandês, História de uma Língua e de um Povo, Âncora Editora
+ Nuno Duarte, A Fórmula da Felicidade, KingPin Books
* MELHOR DESENHO PARA ÁLBUM PORTUGUÊS
+ João Mascarenhas, A Essência – O Menino Triste, Qual Albatroz
+ Jorge Nesbitt, Sétimo Selo, Ao Norte
+ José Ruy, Mirandês, História de uma Língua e de um Povo, Âncora Editora
+ Luís Henriques, A Metrópole Feérica – Terra Incógnita vol 1, Tinta da China
+ Osvaldo Medina (cor: Ana Freitas, Gisela Martins e Jorge Coelho), A Fórmula da Felicidade, KingPin Books
* MELHOR ÁLBUM DE AUTOR PORTUGUÊS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Não houve livros a concurso
* MELHOR ÁLBUM DE AUTOR ESTRANGEIRO
+ Câncer Vixen, Marisa Acocella Marchetto, Edições ASA
+ O Cachimbo de Marcos, Javier Isusi, Edições ASA
+ O Homem de Washington, Achdé e Gerra, Edições ASA
+ O Principezinho, segundo a obra de Antoine Saint-Exupery, Johann Sfar, Editorial Presença
+ Teoria do Grão de Areia, Schuiten e Peeters, Edições ASA
* MELHOR ÁLBUM DE TIRAS HUMORÍSTICAS
+ Cão Fedorento, Mike Peters, Gradiva Publicações
+ Dilbert, Ideias Luminosas, Scott Adams, Edições ASA
+ Pierced, Jerry Scott e Jim Borgman, Gradiva Publicações
* MELHOR ILUSTRAÇÃO PARA LIVRO INFANTIL
+ As Duas Estradas, Bernardo Carvalho, Planeta Tangerina
+ Sabes, Maria, o Pai Natal não existe, Luís Henriques, Editorial Caminho
+ Canta o Galo Gordo, Cristina Sampaio, Editorial Caminho
+ O Tapete Voador da Mimi, Korky Paul, Gradiva Júnior
+ O Livro Inclinado, Peter Newel, Orfeu Negro
+ A Incrível História da Menina Pássaro e do Menino Terrível, Susanne Janssen, OQO
* CLÁSSICOS DA 9ª ARTE
+ A Marca Amarela, Edgar P. Jacobs, Edições ASA/Jornal Público
+ Clorofila, Raymond Macherot, Edições ASA/Jornal Público
+ Eternus 9, Victor Mesquita, Gradiva Publicações
+ Jonathan, Cosey, Edições ASA/Jornal Público
+ Luc Orient, Greg e Eddy Paape, Edições ASA/Jornal Público
* FANZINE
+Venham + 5, Paulo Monteiro, Bedeteca de Beja
+All-Girlz Galore, Daniel Maia, Arga Warga,
+ É Fartar Vilanagem!, Paulo Lima e Xana, Maria Macaréu
+ Gambuzine #1, Teresa Pestana, Gambuzine
+ Zona Zero, Luís Lopes, FIL
Verbal!
ResponderEliminarAplaudo de pé o teu comentário e subscrevo quase por inteiro a tua opinião.
Temos básicamente os memos interesses, mas tenho um ou dois comentários a fazer.
Como é natural numa atribuição de prémios, é sempre necessário definir regras, caso contrário vai sempre haver queixas, injustiças, etc.
Qualquer método de selecção irá sempre ter o seu quê de injusto, mas temos de viver com a realidade do país que temos, e se calhar seria melhor fazer correcções ao modo de selecção.
Se calhar pegou-se no método usado nos salões internacionais e aplicou-se cá, sem olhar para o nosso mercado...
Para além disso conheço editores que acham estes prémios uma palhaçada, e que como tal não estão para oferecer exemplares à borla para "os individuos do costume"!
Estão no seu direito!
Agora fui, sou e continuarei a ser completamente contra a designação de "prémios nacionais", pois os mesmos não são certificados por nenhuma instituição do Estado Português.
Por tal motivo, apesar de merecerem todo o meu respeito, apenas podem ser considerados como uma homenagem de um grupo de interessados em Banda Desenhada.
Depende também de nós fazer tudo para que estas situações sejam corrigidas, pois apesar de tudo são poucos os salões de BD, e com esta visibilidade apenas temos o da Amadora e o de Beja.
Espero bem que o Nelson Dona leia a tua crónica e também todos os comentários que de certeza aqui serão escritos.
Continua a tua luta pela divulgação da boa BD!
Um abraço
Amadora sem polemicas não é Amadora.
ResponderEliminarAvengers Fairy Tales não é só o Tércio, então e o João Lemos (#1) e o Nuno Plati (#2)? isto para não falar que a mesma coisa aconteceu o ano passado com Spider-man Fairy Tales novamente do Tércio.
ResponderEliminarE o Miguel Montenegro?
E o Eliseu Gouveia?
E em relação a fanzines, sem o apoio de uma editora e onde já se viu que ser premiado ou não, não afecta em nada as vendas do livro, como é que pedem 6 exemplares? São 6 vendas perdidas de edições pequenas que custam dinheiro do bolso dos criadores que fazem um livro por carolice e arriscam não vender o suficiente para pagar a edição.
PS-Estiveste em Beja e não conheces o projecto All-Girlz? Foste lá só pelos gatafunhos?:P
Começo por agradecer o vosso contributo sobre esta questão. É bom saber que mais existem que pensam da mesma forma do que eu. :)
ResponderEliminarCaro Labas, o problema aqui dos prémios é quando as suas regras motivam a uma notória injustiça em termos de reconhecimento do melhor que se publica em Portugal em termos de BD, o que subverte todo o espírito subjacente a estes prémios, não só porque não se avalia o melhor entre os melhores, como também leva ao engano o leitor de BD. O que eu defendo é uma alteração do regulamento, até porque só assim revestiria de credibilidade os PNBD. Porque isto de ser credível, não basta parece-lo, tem de sê-lo.
Caro Kitt, estávamos mal se pensássemos que tudo no FIBDA funciona bem! A minha critica é feita no sentido construtivo, apenas desejo que o festival melhore de ano para ano e cumpra exemplarmente com a sua função de divulgação da BD em Portugal!
Caro DC, eu não esqueci os restantes elementos do “grupo dos quatro”. Acontece que apenas referi o Avengers Fairy Tales #4 do Ricardo Tércio, porque como a sua data de edição é de Dezembro de 2008, é o único que cumpre com os requisitos dos PNBD deste ano, que considera elegíveis para a candidatura todos os livros/álbuns publicadas entre Setembro de 2008 e Julho de 2009 (inclusive). Relativamente aos PNBD, já no ano passado tinha aqui aflorado esta questão, ainda que não tivesse sido de uma forma tão extensiva.
Concordo contigo, nos moldes actuais, os fanzines são uma das grandes vitimas dos PNBD.
Estive em Beja, já ouvi falar do projecto All-Girlz, do Maia, mas infelizmente nunca consegui arranjar qualquer exemplar deste fanzine. É como te digo, são difíceis de chegar ao conhecimento do grande público.
Abraço
Fui ver as datas de publicação e tens razão nesse ponto mas a crítica não perde validade já que na edição 2008 e 2007 do festival esses autores/comics não foram contemplados (o João Lemos em Beja até me disse que não conseguiu exemplares para ele por isso já estás a ver a dificuldade em obter exemplares para se candidatarem aos prémios). E exposições? Presença nas sessões de autógrafos do festival?
ResponderEliminarE ainda se esquecem sempre dos Montenegro e do Zeu.
Na Corunha, ironia das ironias, os autores nacionais com imensa gente e os autores estrangeiros com filas mais discretas. Por cá apreciamos mais o que vem de fora do que é nacional...
DC, eu já no ano passado que havia aqui no blogue criticado a fórmula dos PNBD. E não me lembro ter lido em mais lado nenhum ninguém a insurgir-se sobre a forma como estes se processavam. E como tudo se manteve inalterado, daí ter voltado a tocar neste assunto este ano!
ResponderEliminarAgora eu também pergunto como é que é possível convidar o Cebulski e não organizar uma exposição com o trabalho do "grupo dos quatro"?
Porque é o FIBDA! XD lol
ResponderEliminar(PS: Explicando o trocadilho com a palavra amador(a))
Já agora não tinha conhecimento que os prémios se processavam dessa forma, nem os literários pedem seis cópias. A derradeira questão é, na minha opinião, depois o que acontece aos livros?
São distribídos por bedetecas, bibliotecas? Os júris ficam com os livros, nem quero pensar que existe este abuso...
"Os júris ficam com os livros, nem quero pensar que existe este abuso..."
ResponderEliminarUm dos exemplares vai para a biblioteca nacional ou para o CNBDI, não sei ao certo mas os restantes ficam para o júri. Já não sei onde li que muitas vezes encontravam-se livros em 2ª mão em bancas no FIBDA que veio-se a saber que eram exemplares do júri!!
Verbal, eu só este ano é que prestei mais atenção aos prémios porque recebi as normas para concorrer e de como votar nos prémios. É um sistema que me fez lembrar bastante um dos prémios da indústria americana (não sei qual deles porque troco sempre os nomes) em que só os profissionais da área é que votam: editoras, livreiros, autores e pessoal mais "chegado" à indústria...
E outro autor (neste caso autora) a singrar nos comics americanos é a Joana LaFuente nos comics dos Transformers da IDW. Alguém lhe deu atenção? Apenas Beja numa exposição colectiva.
"Os álbuns entregues pelas editoras/autores ficarão na posse dos elementos do júri, caso assim o entendam, com excepção das do director do FIBDA, cujos álbuns integrarão a biblioteca do CNBDI. O sexto exemplar será para exposição e consulta pelo público do FIBDA". Abuso ou não é assim que está previsto no regulamento dos PNBD.
ResponderEliminarVerbal até nos Oscares a Lobbys das editoras que enviam os Dvds e mais algumas ofertas para o Juri,para votarem neles,ou voçes acham que a Titanic ganhou muitos oscares devido a qualidade do filme.Para poderem ser avaliados pelo juri a amadora segue 1 modelo parecido,mas apenas 1 ou 2 editoras se candidatam a eles.
ResponderEliminarNão basta serem editados para serem candidatos,para esses ja há outros trofeus polemicos.
Quanto a categoria Melhor Álbum de Autor Estrangeiro ou acabavam com a categoria ou pediam a Marvel para enviar exemplares e editar os comics em formato fb e em Hc,para poderem ser avaliados pelo juri ou recoriam a alguma loja especializada para os acharem não faltam lojas no pais com isso.
Verbal
ResponderEliminarTinha um post para fazer com este tema, mas não vale a pena... Tu disseste tudo!
Apoio a 100%!
Abraço
Caríssimo Verbal:
ResponderEliminarObrigado por reivindicar o direito do meu "Lance" à candidatura que lhe seria devida.
Caro Manuel Caldas, não tem de agradecer, trata-se somente de uma questão de justiça e de reconhecimento de valor aqueles que efectivamente o merecem. Contra estas e outras situações haverá da minha parte sempre um grito de indignação. Um abraço
ResponderEliminarÉ óbvio que dói sempre um bocadinho ver o nosso esforço ignorado (“vanitas vanitatum…”), mas também é verdade que as distinções atribuídas pelos festivais de bd não me trazem qualquer proveito palpável. De isto tenho eu a certeza: se um prémio para a melhor edição de um clássico pretende reconhecer o esforço posto pelo editor na recuperação desse clássico, então os meus livros seriam TALVEZ OS ÚNICOS a ser premiados: “Príncipe Valente”, “Lance”, “Hagar”, “Ferd’nand”, “Tarzan” e, em breve, “Krazy Kat”. Que outro editor português publica clássicos que o obriguem a qualquer esforço para encontrar, reunir e recuperar o material?
ResponderEliminarCaro Manuel Caldas, concordo consigo em absoluto. Da minha parte pode ficar com a certeza que sou um grande admirador do seu trabalho como editor de BD. Abraço
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