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12 dezembro, 2018

Em jeito de balanço... AmadoraBD'2018

Lembrei-me de dar início a um conjunto de publicações aqui no blogue que servirão de balanço do ano que agora termina. Tenho algumas matérias para falar. Começo por um texto que não cheguei a publicar mas que serve agora como primeira nota sobre 2018. Versa sobre a edição deste ano do AmadoraBD. Fica para memória futura e retrato crítico de um evento que parece estar ligado à máquina, e sem apresentar, de ano para ano, sinais de melhorias. O festival encerrou as portas da sua 29ª edição há pouco mais de um mês.


Começou mal. Seguindo um hábito, péssimo por sinal, o cartaz, a programação, os autores presentes foram conhecidos praticamente 48 horas(!) antes da abertura de portas. Não fossem as redes sociais e provavelmente quase ninguém saberia que se passava qualquer coisa para os lados da Amadora. Toda esta lógica (ou falta dela) de comunicação contraria aquilo que se tem como boas práticas numa boa organização. Se o evento não se promove, o interesse não surge, os visitantes não aparecem. Basicamente o que nasce torto jamais se endireita!


E visitantes (ou falta deles) começa a ficar como imagem de marca consolidada do AmadoraBD. Longe das enchentes de outrora, o festival vai sobrevivendo com “os do costume”. Para quem acompanha isto há já alguns anos, uma ida ao Fórum Luís de Camões aos fins-de-semana assemelha-se a um reunião anual daqueles que cresceram a ler o «Tintin» ou o «Mundo de Aventuras». Foi o retrato da edição deste ano. Não me interpretem mal, está-se bem, revêm-se amizades que se foram construindo ao longo do tempo, conversa-se e discute-se muita BD, compram-se as novidades. As filas para os autógrafos são pequenas e o espaço do festival vazio parece enorme. Mas convenhamos não é para este objectivo que anualmente se organiza um festival de banda desenhada com o orçamento que o AmadoraBD dispõe.

No ano em que o tema oficial foi o «Brasil», o seu representante maior, Maurício de Sousa, foi convidado… da Comic-Con. Ups! Na Amadora tivemos direito a uma exposição dedicada a vários autores do país-irmão, a visita do repetente Marcelo Quintanilha a chefiar uma mão-cheia de quase ilustres desconhecidos convidados que fizeram a festa brasileira. Apesar de apresentados como um conjunto de autores fundamentais no panorama brasileiro contemporâneo, não considerei que esta mostra fosse representativa do melhor que o Brasil produz actualmente. Diria que foi (mais ou menos) interessante mas sem grandes euforias.

Continuando em "modo exposições", confesso que a dedicada ao Francisco Sousa Lobo se distinguiu pela sobriedade da mesma. Não sendo um autor fácil, ou apelativo, toda a envolvência e ambientes criados cativavam e despertavam curiosidade. Nota positiva para a equipa que montou a exposição.


O piso inferior do festival, parece o parente pobre do evento, mas serve bem como reflexo do actual estado do AmadoraBD. Um enorme vazio, mal iluminado, salpicado por uma (a do Álvaro) ou outra (a do Artur Correia) exposição bem conseguida. Manifestamente muito pouco, e pouco dignificante, para um festival que já foi o melhor e maior em Portugal. O Fórum Luís de Camões do AmadoraBD lembra-me aqueles centros comercias decadentes, que entre muitas lojas fechadas, lá está uma ainda de portas abertas mas com uma oferta muito reduzida.

Na ausência de grandes nomes internacionais, é mais uma vez a "prata da casa", leia-se autores nacionais, que salva o serviço. Desta vez calhou a Luís Louro. Está em grande forma no desenho. A originalidade do seu novo “Watchers” (edição ASA) valeu-lhe “trabalho a dobrar”. Reinou nas sessões de autógrafos. O reconhecimento media-se pelas filas. Incansável atendeu a tudo e todos, ainda que a sua presença fosse quase sempre ignorada por quem anunciava os autores. Mas não passou despercebida a quem realmente importa, os leitores.


E por falar em ausências, o que dizer de uns PNBD sem direito a qualquer promoção, com nomeados conhecidos nas vésperas da cerimonia de entrega dos prémios, onde nesta primavam justamente pela ausência os vencedores nacionais das principais categorias? Está feita a piada!

Um mês e meio depois do encerramento, e nos sítios oficiais (site e página do facebbok) não encontro o balanço oficial do evento. Não sei foi feito ou se é suposto ser feito. Tinha curiosidade em ver os números oficiais do “sucesso” da edição deste ano, mas com boa-vontade se contarmos os mesmos visitantes várias vezes aponto para os 30.000 da praxe.

Em resumo, uma edição desenxabida. Ficamos cada vez mais com a sensação que organizar este festival é daquelas coisas chatas que fazemos por obrigação. Não encontramos  lá qualquer declaração de amor à Banda Desenhada. Fica como nota negativa dos eventos de 2018.

5 comentários:

  1. Fui este ano, não sendo meu hábito ir. De facto, as exposições e afins não me apelaram particularmente; gostei mais das bancas das editoras, pela oportunidade de falar com os seus representantes e ficar a conhecer novas obras.

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  2. Subscrevo COMPLETAMENTE.
    Nota: O Luís Louro não tinha mais nenhum dia programado, a partir do primeiro Sábado, aquando do lançamento do Watchers.
    Foi tofos os restantes dias dos fins-de-semana e no feriado, em "regime de voluntariado": por iniciativa própria. E operacionalização da esposa, a Luísa.

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  3. Olá Bárbara, houve anos que só as exposições já justificavam a ida ao Amadora BD. A qualidade dos originais era muito boa. Ultimamente não tem sido sempre assim. Nota-se um desinvestimento. Agora o AmadoraBD continua a ser um palco privilegiado para o lançamento de novas obras, e aqui a culpa é todas dos editores.

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  4. Estranho, o Louro foi incansável nas maratonas que realizou. Merece o sucesso porque trabalha e bem para ele.

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  5. Nuno: Completamente. Sem a mínima dúvida!

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