Foi a leitura da extinta ‘Revista dos Super-Heróis’, uma publicação da Agência Portuguesa de Revistas que me despertou o gosto por uma das mais interessantes personagens do universo da banda desenhada americana: o BATMAN, o Homem-Morcego.Criado pelo desenhador Bob Kane (1916-1998), o visual deste novo super-herói foi inspirado em heróis da época, tais como o "Zorro" ou "The Shadow". A sua primeira aparição dá-se em Maio de 1939, na história “The Case of the Chemical Syndicate” publicada então na edição n.º 27 da revista “Detective Comics” da editora National Publications, actualmente DC Comics.
BATMAN é super-heroi humano. Desprovido de quaisquer poderes especiais, faz uso das técnicas de luta que aprendeu com vários professores, para se assumir como um justiceiro que combate o crime em Gotham City, a coberto da noite, seu território por excelência. É também da noite o animal cujo símbolo adoptou, o morcego, que lhe confere assim através da imagem (capa e máscara) uma identidade misteriosa, sinistra e simultaneamente aterradora.
BATMAN é o alter-ego de Bruce Wayne, um fútil playboy milionário, que vive constantemente em conflito consigo próprio, atormentado pela recordação do assassinato dos pais num assalto – que assistiu quando jovem. Jurando vingar a morte dos pais, faz a promessa de combater o crime, criando assim uma nova identidade, o Homem-Morcego. A tecnologia fornecida pelas indústrias Wayne, permite-lhe dispor dos meios suficientes para desenvolver as suas actividade de investigação e luta contra o crime. Actua muitas vezes à margem da lei, movido por um sentido de justiça muito próprio, contando para isso com a complacência do Comissário James Gordon, um dos seus principais aliados, o apoio de Robin, um parceiro que já teve várias identidades – primeiro Dick Grayson, depois Jason Todd e actualmente Tim Drake – e a cumplicidade de Alfred Pennyworth, o mordomo da Mansão Wayne.
No universo de BATMAN, a galeria de criminosos é extremamente rica em personagens trágicos, psicopatas fascinantes, que interagem bem com toda a loucura que rodeia Gotham City. Entre todos, destaca-se obviamente Joker. Estreou-se na edição 1 da revista "Batman" e é talvez a mais genial de todas as personagens. É tambem a mais perigosa e seguramente a mais imprevisível. Joker assume a representação pura do mal. Goza do estatuto de inimigo natural de BATMAN, por ter morto(*) um Robin e colocado Barbara Gordon (a filha do Comissário Gordon) numa cadeira de rodas. O facto de BATMAN nunca ter feito ‘justiça pelas próprias mãos’, permitindo que Joker continue a espalhar sua insanidade pelas ruas de Gotham City, entra em linha de conta com o natural equilíbrio existente no mundo dos super-herois: um super-vilão por oposição a um super-heroi, a dicotomia Bem/Mal. Depois somam-se criminosos como Ra's Al Ghul (um génio da medicina imortal, líder de uma organização criminosa internacional conhecida como Liga dos Assassinos, cujo sonho é dizimar parte da população mundial de forma a restabelecer o equilíbrio no planeta), Enigma (um criminoso obcecado por charadas), Duas-Caras (um ex-procurador que após ter sofrido um ataque com ácido, enlouqueceu e desenvolveu uma dupla personalidade assente no conceito de dualidade), Pinguim, Espantalho, Hera, Bane (destaca-se por ter sido dos poucos que conseguiu derrotar o BATMAN), Black Mask (o actual senhor do crime em Gotham City) e mais recentemente surgiu Hush, entre outros.
* Em 1986, numa controversa decisão da editora DC Comics, que envolveu os próprios leitores que podiam participar através de uma votação via telefone no desfecho final, assistimos à morte de Robin/Jason Todd às mãos do Joker, numa das mais violentas sequências em banda desenhada, no desenho de Jim Aparo e publicada na história “Death in the Family” (Batman #426-429). Mas recentemente a história “Hush” (Batman #608-619), somos confrontados com o aparecimento de um novo criminoso em Gotham City, que dá pelo nome de Red Hood. Mais tarde revela-se como sendo o ‘falecido’ Jason Todd!!! Confusos? A DC promete explicar como afinal Jason Todd não morreu, na edição “Batman Annual #25" com data prevista de lançamento para Março deste ano.
Apesar dos seus altos e baixos, a renovação constante da personagem e do seu universo, através da criação de histórias como “Death in the Family”, “Batman: Ano Um”, “O Regresso do Cavaleiro das Trevas”, “Piada Mortal”, “The Long Halloween, “O Homem que Ri” ou ”A Queda do Morcego”, complementado com o sucesso da aposta no (re)lançamento de Homem-Morcego no cinema, com “Batman Begins” (2005), contribuiu para o desenvolvimento e enriquecimento de BATMAN no mundo da banda desenhada, consolidando como um herói de longevidade, na medida em que o comic "Batman" é o único de publicação mensal regular, que nunca foi objecto de qualquer interrupção, desde do seu primeiro número.Actualmente em Portugal, não existe qualquer revista que publique regularmente as aventuras de BATMAN. O pouco que existe, vêm da Devir que, episodicamente, publica uma história completa e pouco mais. Felizmente, para mim, que há muito que compro o original americano. Garanto todos os meses a minha dose de aventuras. Deixo agora aqui, em jeito de ‘memória futura’, o historial de todas as publicações de BATMAN em língua portuguesa.
"BATMAN" em Portugal:
- A estreia das aventuras de BATMAN em Portugal, aconteceu em Janeiro de 1972, através de tiras publicadas nas páginas do já desaparecido jornal Diário Popular.
- No formato de revista, a primeira publicação dá-se no "Jornal do Cuto", com uma história dividida em oito fascículos, do número 158 ao 166.
- Entre 1982 e 1986, surge a colecção “A Revista dos Super-Herois” da Agência Portuguesa de Revistas, com um total de 42 números, onde Batman alternava com as aventuras do Super-Homem.
- entre 1995 e 1997, inicia-se a fase da Abril/ControlJornal, que adoptou o formato brasileiro e publicou a revista “Liga da Justiça e Batman”, numa colecção com um total de 26 números.
- seguiu-se “Batman (1ª série)", com 19 números publicados; “Batman (2ª série)" com 45 números e “Batman Vigilantes de Gotham City”, também numa colecção com 45 números.
- regista-se ainda a publicação de diversos números únicos e mini-séries, tanto da Abril/ControlJornal como da Meribérica.
- a partir do ano de 2000, a editora Devir deu início à publicação (irregular) da colecção “Clássicos Batman” (num total de 5 volumes, até à data) que inclui algumas das melhores histórias de Batman, nomeadamente a fase Frank Miller. Posteriormente também deu inicio à colecção “Universo DC”, actualmente com oito números publicados, onde se destaca o arco “Batman: Silêncio” da dupla Jeph Loeb-Jim Lee.
- em 2004, na colecção “Os Clássicos da Banda Desenhada” do Correio da Manhã, o volume n.º 16 é inteiramente dedicado a Batman.
- em 2005, Batman é de novo escolhido para integrar a colecção ”Série Ouro” do Correio da Manhã, no volume n.º 2.
- a edição em álbuns de luxo da história “Kingdom Come”, com desenhos de Alex Ross e argumento de Mark Waid, pela editora Vitamina BD.
Sites de consulta:
- Site oficial da DC Comics [link]
- The Dark Knight [link]
- Site oficial do filme "Batman Begins" [link]
4 comentários:
Excelente texto informativo sobre o meu super-herói preferido.
Mais nenhum vingador mascarado tem o encanto de Batman, que joga pelas suas próprias regras.
Bom post.
Assinado
grimlock
Batman foi, e continua a ser com o Fantasma de Lee Falk, o meu (super-)herói preferido. Gostei do texto.
O Fantasma (de Lee Falk) é tambem uma das minhas personagens preferidas. Tambem lhe dedicarei um post.
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