19/08/2025
08/04/2025
Novo clássico da literatura portuguesa em BD
A partir de hoje nas livrarias encontramos mais um novo volume da colecção Clássicos da Literatura Portuguesa em BD, que nos traz desta vez MENINA E MOÇA, uma novela sentimental do século XVI do escritor e poeta Bernadim Ribeiro, que aqui conhece uma adaptação assinada pela Carina Correia e desenhada pela Rita Alfaiate.
Trata-se de uma obra marcada por notável originalidade no momento da sua publicação, ao libertar-se das convenções da ficção tradicional para assumir a forma de uma narrativa feminina centrada na solidão e na saudade. É considerado o primeiro romance da literatura portuguesa a incorporar os valores do Humanismo, com destaque para a introspeção, o individualismo e uma sensibilidade emocional mais refinada. Bernardim Ribeiro afirmou-se, assim, como um dos precursores do romance sentimental em prosa em Portugal.
O romance principia com o monólogo de uma jovem que não se conhece nem nome nem condição, num processo que lembra as cantigas de amigo. A jovem queixa-se de uma dolorosa separação e de mudanças que a atiraram para o desterro de um monte solitário, onde está há dois anos. E conta o que ocorreu dias antes, estando numa solidão sem medida, viu a manhã formosa por entre os prados do vale, sentou-se debaixo de um freixo, à beira-rio, e não faltou muito que numa ramada viesse pousar um rouxinol. Cantou um triste trinado e caiu morto na corrente larga da água, que o arrastou para longe. Aproximou-se então uma mulher idosa e com ela a jovem encetou um diálogo em torno das desventuras de cada uma. E esta contou-lhe a desventura daquele lugar em que dois amigos acabaram mortos à traição, deixando as amadas à sua espera. E entra aqui a tradição dos relatos de amor cavalheiresco, na linha de Amadis de Gaula.
03/11/2024
Lançamento LEVOIR: Peregrinação - parte II
Já chegou às livrarias a segunda parte da adaptação para banda desenhada da obra que trata da chegada e da estadia de Fernão Mendes Pinto no Oriente, PEREGRINAÇÃO, constituindo-se como o 12º volume da colecção Clássicos da Literatura Portuguesa em BD da LEVOIR.
A Peregrinação, escrita por Fernão Mendes Pinto é um dos livros portugueses mais traduzidos no mundo, não só por conter um relato excecional de inegável merecimento literário, mas também por constituir um documento histórico de incalculável valor para se conhecer a vida e os costumes dos povos orientais no século XVI, bem como os meandros da presença portuguesa na Ásia, descrita sem condescendências por Fernão Mendes Pinto.
No relato das expedições dos descobridores e conquistadores portugueses, a imagens dos navegadores portugueses que perpassa nesta obra é sobretudo picaresca, assumindo-se como um anti-herói, capaz das piores façanhas para lograr os seus objetivos, geralmente pilhar e roubar as populações nativas para enriquecer e regressar à pátria no alto da penha.
28/10/2024
Lançamento LEVOIR: Os Lusíadas - Parte I
Confesso desconhecer quantas adaptações em banda desenhada de Os Lusíadas existem (e talvez a mais conhecida seja a da autoria do mestre José Ruy), mas nunca serão demais, porquanto se trata da obra que transcende o seu tempo, porque cada nova adaptação traz uma nova interpretação gráfica da obra maior da nossa literatura, porque contribui para manter o interesse, sobretudo no público mais jovem.
E no ano em que se celebra o quinto centenário do nascimento de Luís de Camões, uma das belas novidades no último Amadora BD, foi justamente uma nova edição gráfica de OS LUSÍADAS, integrada na Colecção Clássicos da Literatura Portuguesa em BD da LEVOIR. Assinada por Pedro Moura no argumento e o desenho repartido a “três mãos” (algo inédito?) por Daniel Silvestre, João Lemos e Miguel Rocha, o álbum que teve direito a exposição de algumas pranchas, está visualmente fantástico.
De Os Lusíadas já se sabe, escrito por Luís Vaz de Camões e publicado em 1572, é um poema épico de exaltação do feito de uma nação de espírito aventureiro, de glorificação do povo português, e que mistura num contexto histórico, feitos heroicos com elementos mitológicos, na narração da descoberta do caminho marítimo para a Índia pelo navegador Vasco da Gama, ao mesmo tempo que não deixa de levantar questões sobre a condição e a glória humana.
Este álbum, que é a primeira parte da adaptação (a segunda está prevista para o inicio do próximo ano), já está disponível nas livrarias.
11/10/2024
Clássicos em dose dupla!
A outra novidade traz um trabalho no feminino. Assinada por Carina Correia e com ilustração de Joana Afonso, temos MARIA MOISÉS, a adaptação de uma das oito novelas, de Camilo Castelo Branco publicadas entre 1875 e 1877, que integra a obra Novelas do Minho, e corresponde ao volume 10 da colecção Clássicos da Literatura em BD.
Esta novela apresenta duas partes essenciais, narrando-se, na primeira, o amor trágico de Josefa da Lage e, na segunda, a vida da sua filha, Maria Moisés, fruto dos amores com António de Queirós. A primeira parte inicia-se com momentos dramáticos, pela descoberta de Josefa da Lage, moribunda, e que acaba por falecer nos braços do Luís moleiro que tentara socorrê-la. António de Queirós, filho do fidalgo de Cimo da Vila, apaixona-se por Josefa da Lage com quem tem uma filha, mas vai para o Brasil sem saber da sua existência. A segunda parte da novela vai centrar-se na filha do jovem casal. A criança é encontrada no rio por um pescador e, adotada pelos fidalgos da Quinta de Santa Eulália. É batizada com o nome de Maria Moisés. Após trinta e sete anos, António de Queirós regressa do Brasil. Ao recordar o seu antigo caso de amor, com as pessoas da terra, fica a saber que tem uma filha chamada Maria Moisés, que se dedica à caridade na Quinta de Santa Eulália. Ouvindo falar das dificuldades económicas da sua obra social, que obrigam a benfeitora a vender a sua propriedade, resolve ajudá-la, comprando-lha. O momento comovente do reconhecimento entre pai e filha é designado pelo narrador por "sublime lance".
29/07/2024
Lançamento duplo da LEVOIR: A Dama Pé de Cabra e O Crime do Padre Amaro
A segunda novidade, O CRIME DO PADRE AMARO é uma referência na literatura portuguesa, Obra publicada originalmente em 1875, é considerada o primeiro romance do escritor Eça de Queiroz. A narrativa influenciada pelo naturalismo e pelo realismo, movimentos literários que na altura procuravam retratar a realidade de forma mais objetiva e crítica.
A história de um romance proibido, apresenta-se assim como uma crítica mordaz aos valores da sociedade burguesa e à vida hipócrita dos membros clero na sociedade portuguesa do século XIX. A narrativa centra-se em torno do jovem padre Amaro, que se muda para a cidade de Leiria e se envolve amorosamente com Amélia, uma jovem da localidade. A história de amor trágica entre os dois é o fio condutor para uma análise profunda dos costumes sociais, da hipocrisia e da corrupção moral que Eça via na Igreja.
A adaptação para banda desenhada é assinada por André Oliveira no argumento e Ricardo Santo no desenho.