A inauguração ontem da Casa-Museu Aristides de Sousa Mendes, em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal é o pretexto para trazer hoje aqui a figura de JOSÉ RUY. Falecido faz dois anos em Novembro próximo, é reconhecido quase como um prolífico autor-historiador visual da nossa História e Cultura, tal a quantidade de álbuns de banda desenhada, dentro da sua vasta obra, dedicados a personalidades, lugares, instituições e obras literárias nacionais.
No passado dia 11 de Julho, chegou novo reconhecimento, desta vez vindo dos lados de Belém, através da Presidência da República Portuguesa, com a atribuição a título póstumo, das insígnias de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, destinada a galardoar actos ou serviços meritórios praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas, que revelem abnegação em favor da colectividade. Um muito merecido, mas infelizmente tal como a palavra "póstumo" quer dizer tardio reconhecimento. Pessoalmente olho sempre para estes esquecimentos em vida e honrarias na morte, com desapontamento, embora compreenda perfeitamente para aqueles que lhe foram mais próximos o sentido de justiça que lhe está inerente.
Na imagem, a receber a distinção, a sua viúva, Maria Fernanda Pinto, com quem tive o prazer de trocar algumas palavras em Beja, aquando da apresentação da iniciativa liderada pelo Dr. Guilherme de Oliveira Martins, que igualmente subscrevi. Foto da Presidência.
Através do desfolhar destas breves páginas pretende-se divulgar, dar a conhecer, de uma forma cativante, o Homem cujo gesto humanitário salvou a vida a mais de 30 mil pessoas que eram perseguidas pelo regime de Hitler. Foi este acto que conduziu Aristides de Sousa Mendes e toda a sua família à miséria. Aliás, o Cônsul faleceu, sozinho, no Hospital da Ordem Terceira, em Lisboa, no ano de 1954. Mas o seu gesto só muito mais tarde viria a ser reconhecido.