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15 abril, 2008

Mundo de Aventuras



Ao receber hoje pelo correio, um lote de revistas do "Mundo de Aventuras", adquirido recentemente, vieram também recordações da minha infância, quando com os meus 10, 11 anos descobri o mundo da banda desenhada. E se revista houve que contribuiu para essa descoberta, foi sem sombra de dúvidas o "Mundo de Aventuras". E posso dizer sem exagero que eu não lia, eu “devorava” as aventuras de tal forma, que bastava olhar para a capa da revista para saber qual a história publicada. Assim, numa de nostalgia, resolvi reproduzir aqui integralmente, até para memória futura, o texto (revisto) escrito, aquando da minha colaboração com o desactivado portal BDesenhada.com, sobre essa saudosa revista que foi o "Mundo de Aventuras".

Numa altura em que escasseiam revistas de banda desenhada de publicação regular em Portugal, e as que existem(?) lutam desesperadamente por se manter “à tona da água”, proponho um regresso ao passado, para uma leitura sobre talvez um dos mais importantes projectos editoriais da banda desenhada que se fez em Portugal, não só pela sua longevidade mas também porque ajudou a criar gerações de bedéfilos, que semanalmente acompanhavam um mundo novo de aventuras. Pessoalmente, esta publicação, na sua segunda série, é para mim uma das mais fortes referências bedéfilas da minha juventude.

Começou por ser publicado semanalmente à quinta-feira, inicialmente num formato de grandes dimensões (280x400) e chamava-se “O Mundo de Aventuras”. Tendo como primeiro director Mário de Aguiar, surgiu nas bancas portuguesas pela primeira vez no dia 18 de Agosto de 1949, com um preço de capa de 1$50, e logo na sua primeira folha dava início a uma história, uma aventura de um piloto de aviação chamado “Luís Ciclon”, cujo nome português foi curiosamente importado de Espanha para personagem “Steve Canyon” (nome original), criada por Milton Caniff, autor que ganhou notoriedade com a criação das aventuras de “Terry e os Piratas”.

Ao longo de quase 38 anos, o “Mundo de Aventuras” trouxe-nos os grandes clássicos da banda desenhada americana, permitindo descobrir personagens como o “Fantasma” de Lee Falk, “Rip Kirby” de Alex Raymond, “Príncipe Valente” de Harold Foster, “Cisco Kid” de José Luís Salinas, “Johnny Hazard” de Frank Robbins ou o já referido “Luís Ciclon” de Milton Caniff, para além de publicar banda desenhada europeia como “Garth” de Steve Dowling ou “Kit Carson” de Rino Albertarelli, entre muitos outros.

O aparecimento posterior de outros projectos, de igual qualidade, nomeadamente as revistas “Cavaleiro Andante” (em 1952) e “Tintin” (em 1968), que publicavam essencialmente banda desenhada de origem franco-belga, levaram que o “Mundo de Aventuras”, propriedade da sociedade Aguiar & Dias (Agência Portuguesa de Revistas), sofresse ao longo dos anos, alterações de vária ordem, sendo das mais visíveis as relacionadas com a sua dimensão, que passou do formato inicial de “jornal” para o formato final de “livro” e a publicação de histórias completas, sendo que antes estas encontravam-se repartidas por vários números. A título de curiosidade acrescenta-se que a partir do número 81, publicado em 1 de Março de 1951, o título deixou cair o “O” passando a designar-se apenas “Mundo de Aventuras”.

A partir da década de 50, na sequência da implementação de medidas de auto-regulamentação por parte de editoras americanas de banda desenhada, com a criação do famoso selo da “Comics Code Authority”, o “Mundo de Aventuras” torna-se em Portugal, a primeira publicação a adoptar estas orientações, passando a excluir séries consideradas como não juvenis. A censura, então vigente no nosso país, encarregou-se do resto, dedicando-se a truncar textos e vinhetas, chegando mesmo a tornar obrigatório que as personagens estrangeiras adoptassem nomes portugueses. Assim, “Rip Kirby” transformou-se em “Ruben Quirino”, “Prince Valiant” passou a “Príncipe Valente”, “Johnny Hazard” a “João Tempestade”, “Flash Gordon” a “Capitão Relâmpago”, “Big Ben Bolt” a “Luís Euripo”, Brick Bradford” a “Brigue Forte”, entre muitos outros caricatos exemplos.

O “Mundo de Aventuras” entre o período compreendido entre 1949 e 1987 passou pelo que se convencionou designar por duas séries. A primeira com início no primeiro número terminou em 20 de Setembro de 1973 com a publicação do número #1252. A segunda série, cuja numeração começou de novo no número #1, teve início em 4 de Outubro de 1973 e terminou no dia 15 de Janeiro de 1987, com a publicação do número #589, o número final.

Como actualmente já não existem projectos deste calibre, resta a memória e para aqueles que possuem revistas desta magnifica colecção, o prazer de ler e reler grandes aventuras, grandes clássicos da banda desenhada, em português.

Publicado originalmente no portal BDesenhada.com em 11-12-2006.

28 setembro, 2006

A Jóia da Coroa

Entre todas as peças que compõem uma colecção, hás sempre uma quer seja pelo seu valor monetário ou sentimental, o coleccionador considera como sendo a sua Jóia da Coroa. Pode-se definir como aquela que em caso de incêndio é a primeira a ser salva. A minha chegou esta semana pelo correio.

Chama-se “Aventuras do Homem-Aranha” e é uma colecção de 44 revistas, no formato 165x235, publicadas entre 1978 e 1981 pela saudosa Agência Portuguesa de Revistas. As histórias são do período “bronze age of comic books”, quando as aventuras do Homem-Aranha tinham conteúdo e estavam a anos-luz das porcarias que actualmente se publicam, como por exemplo, “The Other” ou “Civil War”.

Lembro-me de ter lido relido centenas de vezes estas revistas quando tinha 7, 8 anos de idade. Posso dizer que o meu fascínio pela banda desenhada começou aqui e pelo Homem-Aranha também. Agora, passados 28 anos, e após muita procura, recupero esta colecção, que se já se encontra orgulhosamente arrumada na prateleira central da minha estante. E o preço que paguei? Bem, o problema do dinheiro não é quando se gasta em gajas, copos ou bd; é quando se gasta de forma estúpida!

E com esta colecção fecho a loja. Possuo todas as colecções do Homem-Aranha publicadas em Portugal até à data, com excepção das publicadas pela Abril/Controljornal.

E você caro leitor qual é a sua Jóia da Coroa?

A Jóia da Coroa

Entre todas as peças que compõem uma colecção, hás sempre uma quer seja pelo seu valor monetário ou sentimental, o coleccionador considera como sendo a sua Jóia da Coroa. Pode-se definir como aquela que em caso de incêndio é a primeira a ser salva. A minha chegou esta semana pelo correio.

Chama-se “Aventuras do Homem-Aranha” e é uma colecção de 44 revistas, no formato 165x235, publicadas entre 1978 e 1981 pela saudosa Agência Portuguesa de Revistas. As histórias são do período “bronze age of comic books”, quando as aventuras do Homem-Aranha tinham conteúdo e estavam a anos-luz das porcarias que actualmente se publicam, como por exemplo, “The Other” ou “Civil War”.

Lembro-me de ter lido relido centenas de vezes estas revistas quando tinha 7, 8 anos de idade. Posso dizer que o meu fascínio pela banda desenhada começou aqui e pelo Homem-Aranha também. Agora, passados 28 anos, e após muita procura, recupero esta colecção, que se já se encontra orgulhosamente arrumada na prateleira central da minha estante. E o preço que paguei? Bem, o problema do dinheiro não é quando se gasta em gajas, copos ou bd; é quando se gasta de forma estúpida!

E com esta colecção fecho a loja. Possuo todas as colecções do Homem-Aranha publicadas em Portugal até à data, com excepção das publicadas pela Abril/Controljornal.

E você caro leitor qual é a sua Jóia da Coroa?

26 fevereiro, 2006

As minhas BD preferidas #4: Batman

Foi a leitura da extinta ‘Revista dos Super-Heróis’, uma publicação da Agência Portuguesa de Revistas que me despertou o gosto por uma das mais interessantes personagens do universo da banda desenhada americana: o BATMAN, o Homem-Morcego.

Criado pelo desenhador Bob Kane (1916-1998), o visual deste novo super-herói foi inspirado em heróis da época, tais como o "Zorro" ou "The Shadow". A sua primeira aparição dá-se em Maio de 1939, na história “The Case of the Chemical Syndicate” publicada então na edição n.º 27 da revista “Detective Comics” da editora National Publications, actualmente DC Comics.

BATMAN é super-heroi humano. Desprovido de quaisquer poderes especiais, faz uso das técnicas de luta que aprendeu com vários professores, para se assumir como um justiceiro que combate o crime em Gotham City, a coberto da noite, seu território por excelência. É também da noite o animal cujo símbolo adoptou, o morcego, que lhe confere assim através da imagem (capa e máscara) uma identidade misteriosa, sinistra e simultaneamente aterradora.

BATMAN é o alter-ego de Bruce Wayne, um fútil playboy milionário, que vive constantemente em conflito consigo próprio, atormentado pela recordação do assassinato dos pais num assalto – que assistiu quando jovem. Jurando vingar a morte dos pais, faz a promessa de combater o crime, criando assim uma nova identidade, o Homem-Morcego. A tecnologia fornecida pelas indústrias Wayne, permite-lhe dispor dos meios suficientes para desenvolver as suas actividade de investigação e luta contra o crime. Actua muitas vezes à margem da lei, movido por um sentido de justiça muito próprio, contando para isso com a complacência do Comissário James Gordon, um dos seus principais aliados, o apoio de Robin, um parceiro que já teve várias identidades – primeiro Dick Grayson, depois Jason Todd e actualmente Tim Drake – e a cumplicidade de Alfred Pennyworth, o mordomo da Mansão Wayne.

No universo de BATMAN, a galeria de criminosos é extremamente rica em personagens trágicos, psicopatas fascinantes, que interagem bem com toda a loucura que rodeia Gotham City. Entre todos, destaca-se obviamente Joker. Estreou-se na edição 1 da revista "Batman" e é talvez a mais genial de todas as personagens. É tambem a mais perigosa e seguramente a mais imprevisível. Joker assume a representação pura do mal. Goza do estatuto de inimigo natural de BATMAN, por ter morto(*) um Robin e colocado Barbara Gordon (a filha do Comissário Gordon) numa cadeira de rodas. O facto de BATMAN nunca ter feito ‘justiça pelas próprias mãos’, permitindo que Joker continue a espalhar sua insanidade pelas ruas de Gotham City, entra em linha de conta com o natural equilíbrio existente no mundo dos super-herois: um super-vilão por oposição a um super-heroi, a dicotomia Bem/Mal. Depois somam-se criminosos como Ra's Al Ghul (um génio da medicina imortal, líder de uma organização criminosa internacional conhecida como Liga dos Assassinos, cujo sonho é dizimar parte da população mundial de forma a restabelecer o equilíbrio no planeta), Enigma (um criminoso obcecado por charadas), Duas-Caras (um ex-procurador que após ter sofrido um ataque com ácido, enlouqueceu e desenvolveu uma dupla personalidade assente no conceito de dualidade), Pinguim, Espantalho, Hera, Bane (destaca-se por ter sido dos poucos que conseguiu derrotar o BATMAN), Black Mask (o actual senhor do crime em Gotham City) e mais recentemente surgiu Hush, entre outros.

* Em 1986, numa controversa decisão da editora DC Comics, que envolveu os próprios leitores que podiam participar através de uma votação via telefone no desfecho final, assistimos à morte de Robin/Jason Todd às mãos do Joker, numa das mais violentas sequências em banda desenhada, no desenho de Jim Aparo e publicada na história “Death in the Family” (Batman #426-429). Mas recentemente a história “Hush” (Batman #608-619), somos confrontados com o aparecimento de um novo criminoso em Gotham City, que dá pelo nome de Red Hood. Mais tarde revela-se como sendo o ‘falecido’ Jason Todd!!! Confusos? A DC promete explicar como afinal Jason Todd não morreu, na edição “Batman Annual #25" com data prevista de lançamento para Março deste ano.

Apesar dos seus altos e baixos, a renovação constante da personagem e do seu universo, através da criação de histórias como “Death in the Family”, “Batman: Ano Um”, “O Regresso do Cavaleiro das Trevas”, “Piada Mortal”, “The Long Halloween, “O Homem que Ri” ou ”A Queda do Morcego”, complementado com o sucesso da aposta no (re)lançamento de Homem-Morcego no cinema, com “Batman Begins” (2005), contribuiu para o desenvolvimento e enriquecimento de BATMAN no mundo da banda desenhada, consolidando como um herói de longevidade, na medida em que o comic "Batman" é o único de publicação mensal regular, que nunca foi objecto de qualquer interrupção, desde do seu primeiro número.

Actualmente em Portugal, não existe qualquer revista que publique regularmente as aventuras de BATMAN. O pouco que existe, vêm da Devir que, episodicamente, publica uma história completa e pouco mais. Felizmente, para mim, que há muito que compro o original americano. Garanto todos os meses a minha dose de aventuras. Deixo agora aqui, em jeito de ‘memória futura’, o historial de todas as publicações de BATMAN em língua portuguesa.

"BATMAN" em Portugal:

- A estreia das aventuras de BATMAN em Portugal, aconteceu em Janeiro de 1972, através de tiras publicadas nas páginas do já desaparecido jornal Diário Popular.

- No formato de revista, a primeira publicação dá-se no "Jornal do Cuto", com uma história dividida em oito fascículos, do número 158 ao 166.

- Entre 1982 e 1986, surge a colecção “A Revista dos Super-Herois” da Agência Portuguesa de Revistas, com um total de 42 números, onde Batman alternava com as aventuras do Super-Homem.

- entre 1995 e 1997, inicia-se a fase da Abril/ControlJornal, que adoptou o formato brasileiro e publicou a revista “Liga da Justiça e Batman”, numa colecção com um total de 26 números.

- seguiu-se “Batman (1ª série)", com 19 números publicados; Batman (2ª série)" com 45 números e “Batman Vigilantes de Gotham City”, também numa colecção com 45 números.

- regista-se ainda a publicação de diversos números únicos e mini-séries, tanto da Abril/ControlJornal como da Meribérica.

- a partir do ano de 2000, a editora Devir deu início à publicação (irregular) da colecção “Clássicos Batman” (num total de 5 volumes, até à data) que inclui algumas das melhores histórias de Batman, nomeadamente a fase Frank Miller. Posteriormente também deu inicio à colecção “Universo DC”, actualmente com oito números publicados, onde se destaca o arco “Batman: Silêncio” da dupla Jeph Loeb-Jim Lee.

- em 2004, na colecção “Os Clássicos da Banda Desenhada” do Correio da Manhã, o volume n.º 16 é inteiramente dedicado a Batman.

- em 2005, Batman é de novo escolhido para integrar a colecção ”Série Ouro” do Correio da Manhã, no volume n.º 2.

- a edição em álbuns de luxo da história “Kingdom Come”, com desenhos de Alex Ross e argumento de Mark Waid, pela editora Vitamina BD.

Sites de consulta:

- Site oficial da DC Comics [link]
- The Dark Knight [link]
- Site oficial do filme "Batman Begins" [link]

19 dezembro, 2005

As minhas BD preferidas #2: Homem-Aranha

Se me perguntarem qual é o meu super-heroi preferido, respondo de imediato que é o Homem-Aranha!

Criado por Stan Lee (argumento) e Steve Ditko (desenho) fez a sua primeira aparição nas páginas da revista Amazing Fantasy #15, publicada em Agosto de 1962. Curiosamente a revista foi cancelada neste número. No entanto, face à pressão dos leitores que haviam gostado da aparição desta nova personagem, a Marvel resolveu relançar as aventuras do ‘Aranha’, a partir de Março de 1963, com a publicação regular de uma nova revista intitulada The Amazing Spider-Man.

O Homem-Aranha tem a sua origem quando o jovem estudante Peter Benjamin Parker, órfão, criado pelos seus tios Ben e May, é mordido por uma aranha radioactiva. A partir daqui, Peter Parker, que adquire super-poderes, ficando dotado de uma força colossal, uma enorme agilidade e um ‘sentido de aranha’ (alerta para perigos), desenvolve então a personagem do Homem-Aranha com o objectivo inicial de ganhar facilmente dinheiro em combates de luta-livre. No entanto, deslumbrado com a sua nova condição, certo dia, Peter Parker não faz qualquer esforço para impedir a fuga de um assaltante. Este acto viria a trazer graves consequências na sua vida, na medida que este assaltante acabaria por matar o seu tio Ben. Marcado pela tragédia, aprende desta forma o significado das palavras que o tio lhe havia dito anteriormente: "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades". E este passa a ser o lema da vida do nosso herói.

O meu fascínio pelo Homem-Aranha provém bastante, não da sua condição de herói, mas sim do seu lado humano. Não encontro outro super-heroi que passe pelos problemas pessoais que Peter Parker passa, quando assume a sua faceta de cidadão comum. É humilde e voluntarioso, ganha a vida como professor, pass por vezes por dificuldades financeiras, tem de gerir crises familiares, derivadas da sua relação com a sua mulher May Jane ou com a sua Tia May, luta ‘interiormente’ contra sentimentos de culpa, derivados da morte do seu tio Ben e da sua antiga namorada Gwen Stacy. Todo este mundo imperfeito de Peter Parker, aliado ao seu estatuto de super-heroi, tornam o Homem-Aranha um personagem único no mundo da banda desenhada.

Do seu universo, também sobressai uma vasta e rica galeria de inimigos/vilões, entre os quais se podem destacar, entre muitos outros, personagens como o Duente Verde, pai do melhor amigo de Peter e um dos piores inimigos do Homem-Aranha, responsável pela morte de Gwen Stacy, cuja primeira aparição foi em Amazing Spider-Man #14; o Dr. Octopus (Dr. Otto Octavius) um reconhecido cientista na área da física nuclear, cujo um acidente em laboratório fez com que uns tentáculos hidráulicos, por ele criados, se fundissem com o seu corpo, cuja primeira aparição foi em Amazing Spider-Man #3; o Kraven, um dos melhores caçadores do Mundo, que desenvolveu uma obsessão pelo Homem-Aranha e suicidou-se depois de o vencer. Primeira aparição em Amazing Spider-Man #15; o Venom, um simbionte que resultou do estranho cruzamento entre um ex-jornalista com um simbionte alienígena, que partilhavam em comum um ódio pelo Homem-Aranha. Primeira aparição em Amazing Spider-Man #299 ou ainda mais recentemente Morlun, um estranho personagem com uma força sobre-humana e sobre o qual ainda não se conhecem muitos pormenores e cuja sua primeira aparição aconteceu em Amazing Spider-Man #471.

Ao longo de mais de quarenta anos de existência, felizmente que foram muitos e bons os autores que contribuíram para o desenvolvimento e enriquecimento deste super-heroi. Entre os argumentistas destacam-se, entre outros, Stan Lee, Gerry Conway, Roger Stern, Tom DeFalco, David Michelinie ou o actual J. Michael Straczynski. Entre os desenhadores encontramos nomes como Steve Ditko, John Romita, Gil Kane, Todd McFarlane, Erik Larsen, Luke Ross (ver desenho), John Romita Jr. (a provar que ‘filho de peixe…’) ou o actual Mike Deodato Jr.

O grande sucesso das aventuras do Homem-Aranha motivou mesmo uma elevada produção de histórias que teve como consequência, nos anos 90, no aparecimento de dezenas de títulos. O excesso de títulos, a publicação de histórias confusas ou mal contadas, que teve o expoente máximo no arco “A Saga do Clone”, o aproveitamento por parte da Marvel em publicar histórias interligadas nas várias revistas, levou à saturação e consequente perda de leitores, provocando desta forma o cancelamento de muitas revistas. Actualmente, parece-me observar o renascer deste fenómeno, conforme se pode verificar no arco “The Other” já falado aqui. Espero que com outras consequências!

Já em 2000, numa tentativa de cativar novas gerações de leitores, a Marvel desenvolveu então uma nova linha de acção, que designou de “Ultimate”, onde todo o universo Homem-Aranha foi actualizado, ou seja, a história do Homem-Aranha é recontada e transposta para os nossos dias, o que implicou obviamente algumas alterações relativamente à matriz original, o que se traduziu num enorme sucesso em termos de vendas.
As recentes adaptações cinematográficas, “Spider-Man” e “Spider-Man II” (está prevista a estreia de “Spider-Man III” em 2007), para além de se revelarem como das mais lucrativas de sempre da história da banda desenhada, tambem ajudaram à recuperação da popularidade do Homem-Aranha.

Da minha parte, começei a acompanhar as aventuras do Homem-Aranha através da colecção publicada pela Agência Portuguesa de Revistas. Depois, perante o vazio que se instalou no mercado português, comecei a coleccionar os comics americanos, primeiro “Amazing Spider-Man” e mais tarde “Ultimate Spider-Man”. Actualmente, para além dos títulos americanos, colecciono também as edições portuguesas publicadas pela Devir.

"Homem-Aranha" em Portugal:

Em Portugal, o Homem-Aranha chegou a partir do final da década de 60, através das revistas brasileiras de editoras como a EBAL, a Bloch, a Panini e a Abril.

- a primeira edição em português do Homem-Aranha, dá-se em Abril de 1971, no n.º 1 da revista Acção & Mistério (Série Fantástica), das edições Palirex. Foram ainda publicadas mais aventuras do Homem-Aranha nos n.ºs 2, 17, 18, 20 e 21 desta colecção.

- entre 1978 e 1981, a Agência Portuguesa de Revistas, publicou As Aventuras do Homem-Aranha, uma colecção que teve um total de 44 números.

- em 1983, a Distri Editora lançou O Fabuloso Homem-Aranha, com 10 números publicados.

- depois chegaram as revistas da Morumbi (depois Abril Morumbi), com a colecção Homem-Aranha, em duas séries distintas, em 1988 e em 1995. A Abril Controljornal também lhe dedicou atenção, até que em 1999 a Devir lançou Peter Parker: Homem-Aranha, em formato comic book americano, publicando até 2002, uma colecção que terminou no número #27, com a história da homenagem às vitimas dos atentados terroristas de 11/09/2001, publicada originalmente em Amazing Spider-Man #36 (#477 na numeração original).

- seguiu-se uma publicação conjunta Jornal de Noticias/Devir, intitulada O Sensacional Homem-Aranha, num total de 20 números.

- e desde 2003, que a Devir tem vindo a publicar de forma regular e periodicidade mensal a revista Homem-Aranha.

- encontramos também as aventuras avulso do Homem-Aranha, em várias edições, das histórias mais recentes do Homem-Aranha, nomeadamente na colecção Universo Marvel Deluxe (números 6, 7 e 13) da Devir e nas colecções Clássicos da BD (número 5) e Série Ouro (número 9) do Correio da Manha.

- a linha Ultimate, também foi objecto de publicação em Portugal, numa primeira fase, de novo através da iniciativa conjunta Jornal de Noticias/Devir que durante o ano de 2004, publicaram a revista Ultimate Homem-Aranha num total de 20 números; e mais tarde, em 2005, a Devir retomou esta publicação numa base mensal, reiniciando a numeração a partir do número 1.

Em formato de álbum, podemos encontrar O Fabuloso Homem-Aranha e As Maiores Aventuras do Homem-Aranha, ambos publicações da Agência Portuguesa de Revistas e a colecção Spider-Man da editora Futura.

Sites de consulta:

- Site não-oficial de Stan Lee [link]
- Site não-oficial do Spider-Man [link]
- Site oficial da Marvel [link]
- Site oficial da Devir – Revista Homem-Aranha [link]
- Site oficial do filme “Spider-Man III” [link]