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30 janeiro, 2015

Colecção Batman 75 Anos: #4 Asilo Arkham

Hoje nas bancas o 4º volume da colecção Batman 75 Anos da LEVOIR. O livro desta semana traz-nos talvez uma das mais "pesadas" e negras histórias do Morcego, para a qual muito contribuiu o excelente trabalho gráfico de Dave McKean. Asilo Arkham "não é um asilo... é uma mansão assombrada" revelou David Soares no prefácio que escreveu na edição portuguesa da DEVIR, publicada em Dezembro de 2004. Dez anos depois recomenda-se. Outra vez. Porque é difícil arranjar a anterior edição e porque esta nova edição tem uma excelente apresentação.

ASILO ARKHAM

Os reclusos do Asilo Arkham tomaram controlo do centro de detenção dos loucos criminosos, e exigem a presença do Batman em troca da libertação dos seus reféns. Para os salvar, Batman terá de iniciar uma descida aos terríveis e dementes infernos pessoais dos maiores super-vilões de Gotham, desde o Espantalho e da Hera Venenosa, ao Joker.

Uma das mais criticamente aclamadas obras de banda desenhada, de dois dos maiores nomes dos comics: Grant Morrison e Dave McKean. Asilo Arkham foi escrito por Grant Morrison antes de ter começado a colaborar em títulos regulares do Cavaleiro das Trevas, e o escritor britânico socorreu-se de um simbolismo sofisticado e de uma desconstrução dos vilões do universo Batman, que até então nunca tinham sido tentados, apoiando-se na arte invulgar e excepcional de Dave McKean, que caiu no meio dos comics como uma verdadeira revelação. Usando pintura, colagens de fotografias e pedaços de desenhos, e páginas desenhadas de modo mais clássico, McKean conseguiu acompanhar a vontade de Morrison de criar páginas densas de simbologia e surrealismo.

Lançado em 1989, Asilo Arkham foi um sucesso crítico e comercial imediato, e é considerado por muitos como uma das melhores histórias do Batman de sempre. Com quase um milhão de exemplares vendidos em inglês, é também uma das novelas gráficas originais do Batman que mais vendeu, tendo servido de inspiração, entre outros, para o jogo Arkham Asylum.


Nas palavras de Morrison:

"Quis criar algo que fosse mais como uma composição musical ou um filme experimental do que uma banda desenhada de aventuras típica. Quis fazer uma história do Batman do ponto de vista onírico, do ponto de vista do hemisfério irracional e emocional, como resposta ao tratamento muito literal dos super-heróis, muito "realístico" e muito "hemisfério esquerdo do cérebro", tão em voga na altura, depois de livros como O Regresso do Cavaleiro das Trevas ou Watchmen." - Singer, Marc. (2011) Grant Morrison: Combining the Worlds of Contemporary Comics. University Press of Mississippi.

"A construção da história foi influenciada pela arquitectura de uma casa - o passado e toda a história de Amadeus Arkham formam os pisos inferiores, as caves. Há passagens secretas que ligam ideias e segmentos do livro. Os andares superiores vão-se desdobrando em símbolos e metáforas. Fomos também fazendo referência à geometria sagrada, e a planta de Arkham House baseou-se na Abadia de Glastonbury e na Catedral de Chartres. A viagem pelo livro é como um passeio pelos andares da própria casa. A casa e a cabeça são uma só coisa." - Morrison, Grant. Arkham Asylum: A Serious House on Serious Earth. 15th Anniversary Edition (DC Comics, 2005) em Original scripts.




16 novembro, 2008

Outros olhares sobre o 19º FIBDA (1 de 3)


Um verdadeiro cartaz de estrelas no 19º FIBDA. Da esquerda para a direita, de cima para baixo, temos:

Libertatore, Júlio Ribera, Dave Mackean, Rufus Dayglo, Kevin O'Neill, Zoran Janjetov, Esteban Maroto, Fábio Civitelli, Maurício de Sousa, Tara McPherson, Julio Das Pastoras e Marco Bianchini.

29 outubro, 2008

Crónicas do 19º FIBDA (1 de 3)

Passei o 1º fim-de-semana dentro da “nave cósmica” do FIBDA. O convívio com a malta do fórum da Central Comics e sobretudo a presença de um grande número de interessantes autores nas sessões de autógrafos, marcaram desde logo o meu tempo. Queria começar por destacar nesta crónica, a polivalência do fórum Luís de Camões. É de longe, a melhor “casa” do FIBDA, entre todas as que conheci e já lá vão quatro. O espaço “transforma-se” e surpreende-nos. Gostei da “arquitectura” deste ano. Na “nave cósmica”, espaços labirínticos e salas escondidas levam-nos a viajar pelos mais variados universos, inclusive um “texiano”!!!

Nas exposições patentes no piso -1, destaco a grande qualidade visual da mostra colectiva de BD de ficção científica da China. Mas não há bela sem senão. Não obstante o excelente material exposto, a autora presente em representação deste país, mostrava-se uma óptima desenhadora de…. “pikachus”!!! Esqueçam naves espaciais, criaturas extraterrestres ou universos fantásticos, a Lu qualquer coisa brindou os mais audazes com réplicas ou primos afastados do famoso “pikachu”! Ao que parece é a mascote da próxima Expo Xangai em 2010! Eu, confesso que nem me atrevi, sinceramente prefiro os rabiscos do meu filho de 5 anos!!

Outra desilusão é a chamada exposição “Star Wars”. Uma dúzia de objectos alusivos da “Sideshow”, mais dois ou três posters da trilogia inicial e muitas, talvez demasiadas fotografias da animação “The Clone Wars”. Muito pouco, para não dizer quase nada…ups já disse! No mínimo exigia-se um figurante vestido de Darth Vader, som ambiente com “The Imperial March” e exibições contínuas dos melhores momentos das duas trilogias. Quer-me parecer que nem o Richard LeParmentier salva a “coisa”.

Gostei das pranchas na mostra do “TEX”, mas convenhamos que é muito pouco material para uma personagem que comemora o seu 60º aniversário.

Quanto aos autores estrangeiros presentes, a qualidade pairava dentro da “cabine“ de autógrafos. Liberatore e Esteban Maroto impuseram desde logo um nível bastante elevado nos desenhos. Eu como não faço a coisa por menos, saquei dois a cada, mas confesso que fiquei “rendido” ao traço fino e bem recortado da Vampirela do Maroto! E o que dizer da arte do Liberatore no álbum “Lucy”? Será que não há por aí alguém que o queira editar por cá? A dupla Pat Mills/Kevin O’Neill, o primeiro a conversar e o segundo a desenhar, mostraram estar em grande forma. Dave McKean em “visita de médico” até ao último minuto assinou livros. Eu lá consegui o meu Joker! A Tara também deu nas vistas, não só mas também pela velocidade em que despachava os autógrafos! Os autores portugueses também não tiveram “mãos a medir”. Haja mercado!

Na zona comercial bastante animação, apesar das escassas novidades! Por mais que eu tecle nesta tecla, de considerar o FIBDA como um local de eleição para o lançamento de novas obras, nada feito! Óh Polvo, como se justifica o lançamento do novo álbum de Cyril Pedrosa “Trois Ombres” para depois do FIBDA, quando o autor vai estar presente durante o festival?

Em resumo, para inicio de festa não esteve mau. Gostei dos autores e o “melhor” das exposições está guardado para uma próxima visita. Talvez já no próximo fim-de-semana!


Legenda das fotografias publicadas (de cima para baixo, da esquerda para a direita):
  1. Bongop, Verbal, Hunter, Rui Ramos, Requiem e Luís
  2. Mestre Yoda
  3. Esteban Maroto
  4. Dave Mackean
  5. Liberatore

18 outubro, 2008

A caminho do FIBDA’2008... (5)

A menos de uma semana do inicio do FIBDA e a lista dos autores estrangeiros confirmados, até à data, apresenta-se, quantitativamente e qualitativamente, muito boa. Claro está, que todos temos as nossas preferências, e eu não sou excepção. Assim, o que se me oferece dizer sobre os autores estrangeiros presentes no 19º FIBDA?

Comecemos então pelo primeiro fim-de-semana, o de 25 e 26 de Outubro:

  • Lee Hong (China) – Uma autêntica desconhecida e uma das surpresas que o FIBDA apresenta na sua 19º edição. A sua presença e uma exposição darão forma ao primeiro contacto com a BD chinesa e logo num universo fantástico que é a ficção científica Tenho alguma curiosidade e expectativa!
  • Tanino Liberatore (Itália) – Estreia no FIBDA. Sem qualquer obra publicada entre nós, desconhecia este autor até ter tido conhecimento que iria estar presente no FIBDA. Autor de “Ranxerox”, uma BD ultra-violenta cujo principal personagem é um andróide. Mais recentemente lançou o álbum “Lucy L'Espoir”, classificado como a primeira história de amor no mundo ocorrida à três milhões de anos atrás, com magníficos desenhos feitos integralmente em computador. Talvez a sua presença dê um "empurrão" para a publicação desta obra em Portugal. Estarei na fila para autógrafos!
  • Dave McKean (Inglaterra) – Ainda este ano esteve presente com grande sucesso, no Festival de BD de Beja. Conhecido pela sua colaboração com Neil Gaiman, nomeadamente nos desenhos das capas que fez para a série “Sandman”, tem diversos trabalhos editados em Portugal, donde destaco “Asilo Arkham”, publicado pela DEVIR, numa incursão feita pelo universo Batman. Um desenho do Joker, uma das minhas personagens preferidas, é garantidamente o meu pedido de autógrafo!
  • Pat Mills (Inglaterra) – Argumentista que repete a presença no Festival – foi convidado em 1998 no 9º FIBDA, é de novo convidado na qualidade de contador de histórias e criador de universos, encontra-se associado a diversas obras relacionados com o universo de ficção científica. Trabalhou com diversos autores, entre os quais Kevin O’Neill também presente na edição deste ano.
  • Tara McPherson (EUA) – Estreia no FIBDA. Mais ligada ao universo da ilustração do que ao de banda desenhada, esta designer americana ilustrou a graphic novel "Fables: 1001 Nights of Snowfall”. O blogue “Leituras de BD” divulgou uma página desta história.
  • Esteban Maroto (Espanha) – Estreia no FIBDA. Desenhador espanhol, e pelo que me foi dado a ver na pesquisei que efectuei, é dono de um traço realista que se adapta facilmente a variados universos. Autor de diversas histórias de ficção cientifica, donde se destaca as séries “5 x Infinito” e o “Túmulo dos Deuses”. Trabalhou ainda na indústria americana de comics em personagens como “Conan” ou “Red Sonja”. O blogue “Leituras de BD” divulgou uma página da história “Tumulo dos Deuses” que foi publicada na revista Vampirella nº1 em 1976!
  • Kevin O'Neill (Inglaterra) – Estreia no FIBDA. Consagrado e premiado desenhador que, entre outros, trabalhou com Alan Moore na criação da magnifica “Liga de Cavalheiros Extraordinários”, cuja primeira e segunda séries (4 volumes no total) foram cá publicados pela DEVIR, é um dos meus preferidos neste festival!
Em jeito de conclusão, posso dizer que o programa do 1º fim-de-semana é muito forte, não só pela qualidade dos artistas, mas também pelo facto de se encontrarem, com as suas obras, ligados de uma forma ou de outra, à temática do festival, e em alguns casos (Lee Hong, Liberatore, Tara McPherson) serem objecto de exposição. Um delírio para os fans bedéfilos de ficção científica.

Ao longo dos próximos dias, seguir-se-á a minha opinião sobre os restantes autores presentes nos fins-de-semana seguintes.