Presente em Beja, e inserido na programação do Festival, esteve pela primeira vez, e se a memória não me atraiçoa, o editor da ASA na pessoa de Vítor Silva Mota para fazer a apresentação do Plano Editorial da editora ASA para o 2º semestre de 2019. Marquei presença com curiosidade de saber qual o compromisso da ASA na edição de banda desenhada.
A verdade é que não houve grandes surpresas. Confirmou que a ASA encontra-se apoiada naqueles títulos-âncora já conhecidos, a saber Asterix, Michel Vailant, Blake & Mortimer, que curiosamente vão ter todos novos álbuns editados este ano.
Mas o primeiro anúncio foi da edição ainda este mês do álbum duplo do Tintin, que celebra o 50º aniversário da chegada do Homem à lua. Reúne as histórias «Rumo à Lua» e «Explorando a Lua» sem quaisquer extras mas no verdadeiro formato franco-belga.
A novidade da apresentação diria que foi o anúncio da edição da adaptação para banda desenhada da série televisiva da Netflix «Stranger Things». Não apanhei a data prevista de lançamento.
Para Setembro, está previsto o lançamento de «Sentinela», o novo álbum de Luís Louro. A continuação do «Watchers». Na verdade serão outra vez dois álbuns, com a originalidade desta vez, de cada álbum ter o início diferente mas uma conclusão igual.
Igualmente em Setembro teremos «13 dias» o 8º volume da segunda série de Michel Vaillant. Os próprios autores presentes em Beja também o confirmaram.
Em Outubro há Asterix com «A Filha de Vercingétorix».
Para Novembro, a segunda parte de «O Vale dos Imortais», o 26º álbum da série Blake e Mortimer.
Relativamente à edição de «O Último Faraó», o B&M de François Schuiten, e que tanta expectativa tem gerado, foi confirmada sua edição pela ASA mas apenas para 2020. Tudo porque a sua produção agora iria atirar a sua edição para Novembro o que coincidiria com o lançamento do B&M da série original. Portanto aguardemos porque somos capazes de ter uma agradável surpresa lá para idos de Março do próximo ano.
Questionado sobre a parceria com o jornal Público, depois da colecção Spirou actualmente em curso, o editor da ASA falou na colecção... Comanche!! Sem quaisquer certezas e como de muito difícil edição este ano. O integral Ala dos Livros oblige. Não referiu outras alternativas.
Pouco mais foi adiantado, e é este o plano da ASA. As capas abaixo são das edições francesas.
Pouco mais foi adiantado, e é este o plano da ASA. As capas abaixo são das edições francesas.
7 comentários:
Claramente ele não sabia que a Ala dos Livros tinha lançado a versão a preto e branco, e claramente, olhando para a cara dele e para as várias fases que ela passou, caiu-lhe a ficha que, das duas uma, ou a Dargaud vendeu uma versão a p/b como contrato separado sem lhe passar cartão, ou então eles ainda não tinham ido dizer à Dargaud que queriam fazer a colecção Comanche, porque pensaram que era garantido, e de repente deram-se conta que a Dargaud vendeu o Comanche sem lhes dizer nada. O mercado mudou muito, e a ASA vai ter de se adaptar à nova realidade.
Dito isto, gostei de o ver lá e saí com muito boa impressão dele, e é bom que a ASA comece a dar um pouco a cara pelas suas opções e planos para a BD.
Eu fiquei mais com a ideia que foram apanhados de surpresa com a venda dos direitos de Comanche a p/b a outra editora. O problema aqui é que os direitos da p/b devem salvaguardar que durante algum tempo mais nenhuma edição do Comanche possa ser vendida em livraria, e a ASA fica aqui com um belo problema porque depois da venda em banca não vai conseguir escoar a stock remanescente. Dai o adiamento para o ano.
Agora fiquei com a sensação que ele não ia tocar no assunto da parceira com o jornal Público, mas confrontado e surpreendido com a pergunta teve de responder. Esperava era que adiantasse um plano B, o que não aconteceu.
Independentemente de tudo, gostei que tivesse ida a Beja.
Em suma, não é muito claro o que se passa em relação a Comanche. De qualquer forma, espero que não o publiquem: seria absurdo. Publiquem material do Charlier (um dos grandes nomes da BD) ainda inédito como Tanguy e Laverdure, Barba-Ruiva e Buck Danny, por exemplo.
Ao mesmo tempo, não deixo de estar desiludido com estas constantes reedições feitas pela ASA. Caramba, tanto material inédito e de qualidade franco-belga e a maior parte das vezes reeditam material que se pode obter em alfarrabistas ou na net. Então o que se passou recentemente com o Spirou, reeditando material que já haviam editado há uns 10 anos... Olha, é da maneira que poupo dinheiro.
GP
Não, é claríssimo o que se passa em relação ao Comanche.
"os direitos da p/b devem salvaguardar que durante algum tempo mais nenhuma edição do Comanche possa ser vendida em livraria"
Não é "devem", é "podem ou não, dependendo dos contratos". É muito comum que os contratos de versões separadas do mesmo livro sejam separados, em França aliás é frequentemente o caso que as edições especiais até são editadas por editoras terceiras, especializadas nisso. Também é muito frequente os contratos para bancas serem separados dos outros tipos de contratos e hoje em dia quase todos os contratos são "não-exclusivos (por vários motivos, uns compreensíveis, outros não). P.ex. a questão que ocasionou a chateação entre a Levoir e a Panini/Marvel, por estes terem vendido a colecção Hachette Marvel Graphic Novels à Salvat cá ao mesmo tempo que a Levoir tinha colecções, etc...
Particularmente os coleccionáveis ("partworks" na gíria editorial) são quase sempre totalmente separados das outras edições, e é quase sempre possível alguém vender essas edições MESMO havendo outros editores.
Por isso a Dargaud não tem de salvaguardar os interesses de ninguém.
Aliás, quando mais penso nisso, mais me convenço que o mais provável é que a ASA ainda nem tivesse pedido à Dargaud os direitos do Comanche, que é mais uma das colecções que estava na lista que tinha sido deixada já há anos pelo Carlos Pessoa ou a Maria José Pereira, já não me lembro. Fiaram-se que a Dargaud lhes reservava tudo, e saiu-lhes o tiro furado.
Muito pouco e sempre o mesmo - é uma pena que a ASA mantenha esta postura pouco activa na publicação de títulos novos e diferenciados. O mesmo se pode dizer da editora irmã, a Teorema (também no grupo Leya) que tarda em anunciar o último volume do "Árabe do Futuro"...
São editoras que não são de BD, inclusive a ASA, que disfarça bem, mas NÃO é editora de BD, pelo menos desde que despediu a Maria José. São editoras que não têm editores responsáveis pela BD, ou conhecedores de BD, simplesmente gerem catálogos antigos, ou então compram pontualmente livros de BD mas sem pensarem numa estratégia para isso.
Vinha pedir desculpas à Maria José relativamente ao meu comentário acima, ela saiu da ASA por sua própria iniciativa, por motivos que ela própria explicou na altura, e não despedida, como é óbvio. Agradeço-lhe ter-me chamado a atenção, até porque eu sabia isto, foi lapso meu. :-(
Seja como for, o que queria dizer mantém-se, nota-se que na ASA já não existem quem cuide da BD da maneira como ela era cuidada antes. Pode ser que nesta nova fase do nosso mercado as coisas mudem.
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