Talvez seja o melhor que a LEVOIR tem para oferecer, a edição variada de autores de diferentes latitudes, inéditos em Portugal, e servidos em volumes auto-contidos sob o formato de novela gráfica. É o caso deste lançamento de hoje, KOBANE CALLING do italiano Zerocalcare, pseudónimo de Michele Rech.
Zerocalcare publicou na revista italiana Internazionale, uma espécie de diário sincero da sua viagem à Turquia, Síria e Iraque, para documentar a luta do povo curdo contra o ISIS. Este relato foi posteriormente publicado como Kobane Calling, a novela gráfica mais vendida em 2016 em Itália.
Um poderoso livro de memórias que deu voz a toda uma nação que luta pelo direito à existência. Viajando como enviado de um jornal italiano, o autor atravessou os confins da Turquia, do Iraque e do Curdistão Sírio para
chegar à pequena cidade de Mehser, na fronteira turco-síria, a pouca distância da cidade sitiada de Kobane, símbolo da tão desejada independência da região do Rojava, de maioria curda, contra as forças do Estado Islâmico.
A partir dessa viagem, Zerocalcare produz uma reportagem de sinceridade pungente, um testemunho indispensável e perturbador que transmite a
complexidade e as contradições de uma guerra muitas vezes simplificada pela comunicação social internacional e pelos discursos políticos.
Tudo isso com um espírito crítico em relação às contradições, mas num tom inimitável e extremamente bem-humorado e ao mesmo
tempo tocante – a linguagem e o universo de um autor que sabe como ninguém representar as pessoas, o quotidiano, os medos e as aspirações de
sua geração.
Ficha técnica:
Kobane Calling
De Zerocalcare
Capa dura, dimensões 190x260 mm, p/b, 312 páginas
ISBN 9789896829827
PVP: € 25,90 | Edição LEVOIR
3 comentários:
Começa a ser fastidioso tentar compreender a lógica destes lançamentos da Levoir - "Moby Dick" de Chabouté retalhado em 2 volumes (na coleção de 2023) num total de 272 páginas é lançado na coleção de banca. "Chumbo" de Lehman é igualmente retalhado em 2 volumes (num total de 368? páginas) é lançado na coleção de banca mas "Kobane Calling" (312 páginas) é lançado em volume único fora da coleção. Em que ficamos?... A título de curiosidade, outros exemplos de obras volumosas que "beneficiaram" de volume único pelo crivo da Levoir recentemente: "História de Jerusalém" (264 pp), "Jizo" (240 pp), "Os Pássaros de Papel," (216 pp), "Dissident Club" (272 pp)...
Acho que não vale o esforço de tentar compreender. Ainda que acredite que o jornal Público deva impor um pvp máximo a rondar os 15€/volume. E talvez assim se perceba (mas não justifique) o retalho do “Moby Dick”. A obra podia ter sido lançada num único volume fora da parceria porque afinal os leitores acabaram por pagar dentro da parceria € 13,90 x 2 [€ 27,80 no total). O mesmo vai acontecer com a obra “Chumbo” (€ 28,80 no total). E em vez de retalhar não seria preferível editar fora da parceria e vender ao leitor um volume único com um pvp a rondar os € 25 (considerando o que este Kobanne, por 312 páginas apresenta-se a € 25,90)? A Levoir definitivamente não presta o melhor serviço para o leitor.
Viva Nuno. Se fosse apenas a Levoir os “danos” estariam am razoavelmente controlados mas assistimos a isto um pouco por toda parte - Gradiva. ASA, Arte de Autor, Ala dos Livros, selos da Penguin-Random House, etc, etc.. o Mercado nacional de BD precisa de crescer assim como os seus intervenientes. Saber analisar e avaliar as verdadeiras necessidades dos leitores é fundamental. O editor tem de saber sair da sua torre de marfim e auscultar o mercado sem descurar, claro, a vertente comercial. Existem suficientes bons exemplos um pouco por todo o lado e adaptar esses modelos ao mercado nacional não seria, julgo, uma tarefa impossível.
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