Escrevo tarde mas nunca é tarde para se fazer balanços. O tema justifica, o balanço do ano de 2005. Um ano marcado pelo marasmo que tomou conta do panorama bedéfilo português.
Parece-me ter lido algures, que se publicaram mais títulos em 2005 do que em anos anteriores, mas a sensação que fica é de grande vazio!
Com o fecho da editora MERIBÉRICA, os principais títulos de bd franco-belga publicados em Portugal, pelo menos os meus preferidos, ficaram, aparentemente, sem editora, o que se traduziu em mais um ano sem novas aventuras de Blueberry ou XIII. A ASA, agora na condição da maior editora nacional de banda desenhada, aposta, infelizmente, em reedições ou títulos soltos. Bem, lembrava que há mais bd para além de Asterix ou Lucky Luke!
A DEVIR continua errante. Aposta demasiado na diversidade e os principais títulos ressentem-se tornando-se publicações irregulares. Obviamente nota negativa. O tão anunciado projecto "Evolução" desapareceu, provavelmente nas rotativas de uma gráfica, sem que deixasse perceber do que se tratava. As restantes editoras são praticamente marginais apenas com lançamentos esporádicos. Actualmente o mercado nacional está em lenta agonia!
A pedra no charco foi mesmo aquela que eu considero como a melhor publicação do ano: a saga do Príncipe Valente de Harold Foster numa edição da LIVROS DE PAPEL. Uma aposta arrojada, não só pelo compromisso da publicação integral
da obra (cerca de 22 volumes), como pela qualidade do papel (excelente)
e pelo próprio formato pouco habitual do livro (27cm x 35cm), mas uma
aposta ganha! Uma autêntica lufada de ar fresco no que respeita a
publicações. Uma valente colecção, sem dúvida a melhor publicação de 2005!
Também em termos de publicações, não posso deixar de citar e atribuir
uma menção honrosa a um projecto que nasceu durante o ano intitulado BD Jornal.
Conta entre os seus colaboradores, com alguns autores de blogues
bedéfilos e veio preencher um vazio que existia no mercado português.
Mas sobre este jornal dedicarei uma nota exclusiva nos tempos mais próximos.
Destaco também José Carlos Fernandes,
não só pela sua simpatia e disponibilidade, mas também pela seu enorme
talento e capacidade de trabalho. Não só teve um excelente ano de 2005,
que culminou com a publicação de um volume, da colecção Série Ouro
do Correio da Manhã, inteiramente dedicado à sua arte, como se avizinha
outro excelente ano em 2006. Aguardo com expectativa a publicação da "A
Agência de Viagens Lemming"", do primeiro volume do projecto “Black Box
Stories” e do sexto volume da “A Pior Banda do Mundo". Manterá o título
de melhor autor português da actualidade.
No que respeita a eventos, o FIBDA continua em morte assistida! Apesar da ligeira melhoria relativamente a 2004, sente-se a falta de entendimento entre editoras e organização, ao que acresce a aposta em autores pouco conhecidos do grande público, a péssima localização do festival, a fraca divulgação do evento, que tudo somado se reflecte na escassa afluência do público. A continuar assim, e o projecto FIBDA fica com os dias contados. Depois, temos um Salão de Lisboa a esbanjar dinheiro e um Salão do Porto que tornou virtual!
Resumindo, tirando alguns episódios e iniciativas, a regra tem sido deixar o tempo correr sem que nada aconteça. Muito pouco para um mercado que se pretendia cheio de histórias aos quadradinhos!
6 comentários:
Excelente análise do panorama bedéfilo português em 2005. Concordo que a política editorial da Asa é muita má. Quanto à Devir, tem conseguido trazer uma escolha bastante eclética até ao público, o que num mercado como o nosso é louvável. E, enquanto o FIBDA continuar a ser um instrumento de propaganda da Câmara Municipal da Amadora acho que podemos estar descansados ;)
Aguardo também pelas novidades de JCF! :)
"A DEVIR continua errante. Aposta demasiado na diversidade e os principais títulos ressentem-se, tornando-se publicações irregulares. Obviamente nota negativa. O tão anunciado projecto "Evolução" desapareceu, provavelmente nas rotativas de uma gráfica, sem que deixasse perceber do que se tratava. As restantes editoras são marginais, com lançamentos esporádicos."
Tanbem penso assim querem fazer muita coisa terem muito direitos mas não seguem uma linha coerente de lancamentos,e não podem agradar a gregos e a troianos aõ mesmo tenpo,por exenplo aonde esta a parte 2 do para alem da imaginação do qurteto fantastico,ou os espantosos x-men 62,ou os vingadores acto final que estava previsto para dezenbro,e o ultimate homem-aranha que não sai a 2 meses,o publico da revista comeca a ficar farto de esperar ou o dark angel 2 tanbem previsto para dezenbro,e tantos outros exenplos.Não sei se certos materias tem que ser lancados aqui so porque sao editados tanbem no brasil.Parece que não tem uma previsão do vão lancar.Depois perdem publico que se cansa de esperar e comeca a conprar inportado ou dos U.S.A. ou da Franca ou do Brasil.
Abracos
GRIMLOCK
Quando uma editora está em mudança precisa de algum tempo para voltar à carga...
tenho pena que neste seu "balanço" não tenha havido nem uma única referência ao Festival de Banda Desenhada de Beja
desde o início da BDTeca de Beja - a qual foi inaugurada durante o Festival - que esta tem vindo a promover não só o trabalho dos autores do atelier Toupeira - formado há sete anos atrás na Casa da Cultura de Beja - mas também o de vários autores nacionais de banda desenhada portugueses, sendo de destacar a última antes de próximo Festival, a exposição do Daniel Lima
desde já fica também o convite para aparecer por cá durante o próximo Festival que será em princípios de Abril
abraços
MJ careto
Reconheço que a meu “balanço” foi bastante limitado relativamente aos festivais de bd que se realizaram em Portugal no ano passado. Acontece que na minha análise optei por referir apenas os festivais que visitei, para não correr o risco de falar sobre o que não conhecia.
Em relação ao 1º Festival de Beja, louvo a capacidade de iniciativa e organização, porque apesar de não o ter visitado, não deixei de ler com atenção as reportagens publicadas no BJ Jornal nos n.º 1 e 2, em Abril e Maio de 2005, respectivamente.
Quanto ao 2º Festival, vou fazer os possíveis para o visitar, pelo que aceito desde já o convite.
Saudações bedéfilas
cá o esperamos
abraços
MJ Careto
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