30 abril, 2009

Cinema: X-Men Origens Wolverine

Ano Wolverine parte II. Aproveitando um convite, assisti à (ante)estreia do filme a solo de Wolverine. Funcionando como prequela dos acontecimentos cinematográficos da saga X-Men, este "spin-off" revela-se em termos gerais como uma satisfatória fita de super-heróis. Não encanta mas por outro lado, por força das cenas de acção e efeitos pirotécnicos também não desencanta.

A história assenta sobretudo na relação tumultuosa de Wolverine/Logan (Hugh Jackman) com o seu irmão (penso que não é segredo para ninguém!) Victor Creed/Dentes-de-Sabre (Liev Schreiber) O desenrolar dessa relação tensa entre irmãos irá culminar no envolvimento de Wolverine no projecto Arma-X e consequente implementação de adamantium no seu esqueleto. Ainda que identifiquem influências da banda desenhada na história, nomeadamente no único momento retratado da infância de Wolverine, que vai beber da história da origem de Wolverine, “Origins” de Paul Jenkins e Andy Kubert (editado em Portugal, “Wolverine: Origem”, edição Devir, 2002) e no projecto Arma-X inspirado na clássica história “Weapon X” de Barry Windsor-Smith (editado em português-brasileiro, “Wolverine Extra” n.º1, editora Abril, 1995), a verdade é que a adaptação cinematográfica de Wolverine destina-lhe um papel clássico de herói que manifestamente não lhe cabe no mundo dos comics.

Ainda que visualmente o filme funcione bastante bem, até porque Hugh Jackman (no seu 4º filme como Wolverine) mostra-se bastante à vontade no papel, o que se torna explícito no aproveitamento das suas explosões de fúrias filmadas em grande plano, a verdade é que a realização falha. O filme passeia a sua superficialidade suportado em fortes cenas de acção, disfarçando assim a sua falta de conteúdo. A narrativa foge rapidamente aos diálogos procurando desesperadamente o confronto, por mais absurdo que às vezes isso possa parecer. Veja-se a título de exemplo o encontro de Wolverine com Gambit. A história pouco traz de novidade ao que já se tinha assistido anteriormente, limitando-se por isso a responder a algumas questões e a fazer a ponte com a trilogia X-Men.

Manifestamente não fiquei entusiasmando!

As minhas estrelas: 3 em 5

26 abril, 2009

V Festival Internacional de BD de Beja

Fernando Gonsales é, sem dúvida, um dos mais geniais autores de banda desenhada do país irmão. As piadas com as tiras de Níquel Náusea, o rato de esgoto que queria ser o Mickey no lugar do Mickey, têm feito rir os mais mal-humorados um pouco por todo o lado… Além do Níquel, a galeria de Gonsales é composta pelo Rato Ruter (um rato mutante, gordo como um gato), pelo Sábio do Buraco (rato velho, entendido em várias matérias), pela rata Gatinha (quem tem ninhadas de dez em dez minutos), pela barata Fliti (viciada em Baratox), e por dezenas de personagens… humanos.

O autor estará presente em Beja nos dias 30 e 31 de Maio…

E porque o Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja é um Festival aberto a todas as tendências e a todos os públicos, estão previstas exposições para os mais pequenos, dos autores: Carlos Rocha e Rui Cardoso.

Carlos Rocha é um talentoso autor algarvio (que verá lançado pela Bedeteca de Beja o livro "O Maior de Todos os Tesouros", logo no segundo dia do Festival).

Rui Cardoso é talvez o mais popular autor de banda desenhada e cinema de animação português entre os mais novos... Quem é que nunca ouviu falar n'Os Patinhos?

Os autores estarão presentes em Beja nos dias 30 e 31 de Maio…

25 abril, 2009

Os 70 anos de Batman

Faz hoje uma semana e passou quase despercebido. Batman comemorou o seu 70º aniversário. Foi em 18 de Abril de 1939, que este super-herói surgiu pela primeira vez nas páginas do comic Detective Comics #27. Criado por Bob Kane (desenho) e Bill Finger (argumento) e num registo bastante diferente do que conhecemos actualmente, Batman era apresentado como “a mysterious and adventurous figure fighting for righteousness and apprehending the wrong doer, in his lone battle against the evil forces of society… His identity remains unknown”. A sua primeira aventura intitulava-se “The Case of Chemical Syndicate”.

Setenta anos depois, os tempos mudaram. Apesar de considerado um ícone popular, imortalizado por grandes autores de BD, Batman é actualmente fruto de uma exploração ecónomica intensiva da personagem, atravessando por isso uma fase paradoxal: enquanto a sua adaptação ao cinema se traduz em recordes de bilheteira – o último filme O Cavaleiro das Trevas é mesmo a mais rentavél adaptação de sempre de uma BD ao cinema – nos comics, Bruce Wayne/Batman está dado como morto (Batman # 681) e discute-se a sua sucessão (nos arcos Whatever Happened to Caped Crusader? e Battle for the Cowl). Mas como no mundo dos comics nada é o que parece, há sempre a possibilidade de tudo dar uma volta de 360º, seja lá o que isso represente no mundo da BD!

19 abril, 2009

Desenhos autografados (11): Jeanne e François



Acerca de Gibrat, autor francês nascido em 1954, relembro que foi um dos autores estrangeiros convidados no 16º FIBDA realizado em Outubro/Novembro de 2005. Na altura autografou-me os dois álbuns de “O Voo do Corvo”, fazendo o retrato, a lápis de carvão, das duas personagens principais da história: Jeanne e François (ver imagens). Da sua obra encontram-se já publicados em Portugal os seguintes álbuns (por título, editora, ano):

  • Pinóquia – Meribérica, 1997
  • Maré Baixa – Meribérica, 1999
  • Destino Adiado - Tomo 1 – ASA, 2002
  • Destino Adiado - Tomo 2 – ASA, 2002
  • Destino Adiado - Tomos 1 e 2 (reedição) – Colecção Grandes Autores de BD n.º 7, Público/ASA, Fevereiro de 2008
  • O Voo do Corvo - Tomo 1 – ASA, 2002
  • O Voo do Corvo - Tomo 2 – ASA, 2005

18 abril, 2009

Leituras: Mattéo - Primeira Época (1914-1915)

Retomo a actividade aqui do blogue, após um período de ausência forçada não desejada, mas a verdade é que o tempo é cada vez mais um bem escasso!

Seja como for, estou de volta e dou (re)inicio às hostilidades (no bom sentido) para falar então no recentíssimo “Mattéo – Primeira Época (1914-1915)” do autor francês Jean-Pierre Gibrat lançado este mês pela VitaminaBD. Este álbum é o primeiro de uma série prevista de quatro tomos, que abrangerá o período compreendido entre 1914 e 1940. O fio condutor é a história da personagem que dá o nome á série: Mattéo, um jovem de 20 anos, antimilitarista, filho de um anarquista espanhol, que vive exilado em França com a sua mãe, e que por força do destino participará nos principais conflitos do século XX, desde da Primeira Grande Guerra até à Segunda, passando pela Revolução Russa e ainda pela Guerra Civil Espanhola.

Este primeiro volume, começa então em Agosto de 1914, com a declaração de guerra da Alemanha. É no exílio, numa pequena vila francesa, que encontramos o espanhol Mattéo, cujo estatuto de estrangeiro, o livra da mobilização. No entanto, não obstante os relatos, feitos pelo seu melhor amigo, dos horrores da frente de batalha, e da forte oposição de sua mãe, Mattéo, levado pelas emoções e numa tentativa de (re)conquistar a jovem Juliette, resolve alistar-se, não por convicção mas por amor.

Com "Mattéo", Gibrat afirma-se definitivamente como um autor completo. Socorre-se mais uma vez, dos tempos de guerra – já o havia feito anteriormente em “Destino Adiado” e com o díptico “O Voo do Corvo” (ambos editados entre nós pela ASA) – para contar uma história de amor, de sacrifício, onde todos os actos das personagens são condicionados pelas emoções. Apesar de reconhecidamente ser um excelente desenhador, nada o impede de utilizar (mais uma vez) como modelo para a personagem Julliette, a bela Cécile (ver “Destino Adiado”) que por sua vez já tinha servido de modelo para a bela Jeanne de “O Voo do Corvo”, dotando assim (mais uma vez) de grande sensualidade as jovens personagens femininas da história. As aguarelas em tons mornos cuidadosamente escolhidos, feitas em painéis de dimensões largas, cumprem exemplarmente a função gráfica, às quais se juntam magníficos diálogos e pensamentos, o que torna esta série num excelente registo merecedora de ser seguida com atenção. Que venha rapidamente o tomo dois!

Em resumo, um excelente álbum que é simultaneamente o primeiro lançamento da editora este ano, o que se espera que seja prenuncio de uma boa safra bedéfila.

Mattéo - Primeira Época (1914-1915)
Autor: Jean-Pierre GIBRAT, desenho e argumento
1º Volume, Cores, Cartonado
Editora: VitaminaBD, 1ª edição de Abril de 2009