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04 setembro, 2022

Da Feira do Livro de Lisboa...

... na minha peregrinação anual à Feira do Livro de Lisboa resultaram estas duas aquisições. Como acompanho as novidades ao longo do ano, a minha atenção na feira centra-se sobretudo nas bancas dos alfarrabistas. Este ano nada de especial. Salvou-se este Bernard Prince, A cilada dos 100.000 dardos, da antiga Meribérica, na edição em capa dura, que irá para substituir a edição gémea em capa mole na minha bedeteca. Fora disso encontrei a nova edição a preto e branco de Camões, sua vida aventurosa, uma adaptação de Oliveira Cosme com desenho do magnifico Carlos Alberto Silva (o mesmo de Zakarella), uma novidade deste ano da mal-amada editora Bonecos Rebeldes.

03 setembro, 2021

Amor na caixa do correio

Nada melhor do que chegar hoje de umas merecidas e refrescantes férias e encontrar a caixa de correio cheia de amor em pacotes e envelopes. Novidades, algumas antiguidades e álbuns que já os procurava há algum tempo. A Ala dos Livros e da Arte de Autor, são actualmente as mais entusiasmantes editoras nacionais e de presença obrigatória em qualquer boa bedeteca que se preze. Pode-se escolher de olhos fechados qualquer álbum de ambos os catálogos e não há como errar, está garantida uma leitura de qualidade. Este mês recomendo o terceiro volume de Verões Felizes, o quinto Corvo e o primeiro Wild West. Como a Levoir anda a dormir, cansei de esperar e do estrangeiro chegou-me Dead Earth. Só oiço falar bem desta Wonder Woman assinada por Daniel Warren Johnson. Peles Vermelhas é um excelente colecção que já tem alguns anitos, assinada por Hans Kresse, e traz-nos a história da resistência das tribos índias ao invasor espanhol em meados do século XVI. Por cá foram editados nove álbuns e este A Honra do Guerreiro era o último que me escapava. Tintin e o Lago dos Tubarões é a adaptação à BD do filme. Faltava-me na colecção a edição da Verbo. O Tarzan  de Russ Manning é um dos meus heróis de infância. Este A Terra que o Tempo Esqueceu li e reli inúmeras vezes. Com o passar dos anos perdi o álbum. Chegou a altura de o voltar a ter. Calvin & Hobbes é obrigatório. A Gradiva fez o favor de editar e reeditar tudo em português distribuído por mais de 15 álbuns entre antologias e colectâneas. Tenho uma dezena deles mas faltava este "tesouro". Na fotografia não se vê, mas é uma pérola da BD inglesa. Chegaram duas revistas da colecção "Desporto & Aventura" que traz a história de Billy, o Botas. Não conhecia a colecção, mas delirava com estas aventuras futebolísticas no antigo "Jornal do Cuto". Agora desculpem tenho leituras para pôr em dia!
 

10 abril, 2021

Leituras de hoje!

Recebi ontem o meu exemplar da edição portuguesa de «O Burlão nas Índias» pela Ala dos Livros. Logo a abrir, e a primeira impressão que fico é que estou perante de uma edição irrepreensível. Pegando, sinto literalmente o peso da história contada ao longo de 160 páginas. A obra apresenta-se num formato franco-belga de 255x340, numas dimensões bastante generosas, mas muito pouco habituais por cá. Folheando algumas páginas, num papel de óptima gramagem, e o expressivo desenho e a maravilhosa palete de cores de Juanjo Guarnido, não me deixam indiferente. Estão reunidas todas as condições para uma excelente hora de leitura hoje à tarde.
 
Na imagem abaixo mostro igualmente a tela que acompanha e serve de caixa (no verso) para o álbum na versão de coleccionador, numerada e limitada a 100 exemplares. Há tempos comentava aqui o quão interessante seria este nicho de mercado, de edições limitadas, numeradas e acompanhadas de pormenores, destinadas a coleccionadores que valorizam o livro, não só como objecto de leitura mas igualmente como peça de colecção. A Ala dos Livros, neste campo, tem trabalhado muito bem. 
 

17 fevereiro, 2021

Com quantos livros se faz uma Bedeteca?

"Com quantos livros se faz uma bedeteca?" era a pergunta que nos últimos tempos despertava-me a curiosidade relativamente à minha colecção de álbuns/livros/revistas de banda desenhada. Um novo espaço de arrumação cá em casa deu o mote para, finalmente, dar inicio à trabalhosa tarefa, que se impunha, de contagem e catalogação de todos os meus livros e revistas. Já aqui falei nas benditas aplicações de catalogação. Suavizaram-me o trabalho. No inicio, o novo espaço era assim. Uns generosos 3,30m de comprimento por 2,30m de altura e 40 cm de largura de prateleiras.
 
 
Depois de quase duas semanas de trabalho nas horas vagas, e quase concluída a tarefa, bastante trabalhosa por sinal, e não contando ainda com umas colecções antigas da Portugal Press e da Agência Portuguesa de Revistas, e comics americanos (que entram mais tarde), dou conta que tenho, à data, registadas o numero de 2.844 edições de banda desenhada oriundas de 144 diferentes chancelas editoriais de 6 diferentes línguas. Está assim a minha bedeteca. Confesso-me deliciado a olhar para estas prateleiras.
 
 
Claro que não coube tudo aqui. Jogar com os diferentes tamanhos e formatos de edição não se mostrou tarefa nada fácil. Dou por exemplo que as bd's de autores portugueses apresentam-se de toda a forma e feito. E muito naturalmente descubro que tenho livros a mais (edições repetidas) e livros a menos (edições em falta). (Re)descobri álbuns que já nem me recordava, mas por outro lado, dou conta que me faltam álbuns que estupidamente não adquiri em devido tempo, e que muito provavelmente me vai obrigar a entrar em "procuras" nos tempos mais próximos. Por agora seguem-se leituras com a benção deste novo espaço. Alguma questão, disponham! Saudações bedéfilas!

30 janeiro, 2021

Neste espaço vai nascer…

 
 … a minha nova Bedeteca. Após duras negociações caseiras consegui garantir uma parede inteira para acomodar a minha colecção de banda desenhada, pelo menos parte substancial dela. A minha capacidade de arrumação noutros locais da casa já tinha atingido o limite, com colecções divididas, álbuns dispersos, pilhas de livros. Resolvido o problema de espaço, a palavra de ordem agora por aqui nos próximos dias é confinamento organização. Para já a minha ideia inicial é ir arrumar seguido uma ordem muito própria: roma antiga, westerns, guerra, aventura, fantasia, ficção-cientifica, universo star wars, super-heróis, novelas gráficas, mangá, disney, autores portugueses, etc. Veremos se os diferentes formatos o permitem. Em simultâneo decorre o processo de catalogação, porventura o mais trabalhoso dos trabalhos. Vou finalmente saber de quantos livro se faz a minha bedeteca.

17 dezembro, 2020

Qual a melhor aplicação para catalogar bd's?

Há uns dias atrás solicitei no «Grupo Banda Desenhada Portugal» recomendações sobre quais as melhores aplicações usadas para a gestão das bedetecas pessoais. Reuni bons contributos e sugestões. Hoje venho aqui dar nota das aplicações que experimentei e quais foram as que apresentaram os melhores resultados face ao pretendido.
 
Recordo que a ideia era catalogar a minha colecção de livros de banda desenhada, composta essencialmente em 99% por obras oriundas do mercado americano, brasileiro e português. O método de registo pretendido, para fugir ao trabalho da inserção manual, é por leitura óptica do código de barras/isbn da obra, com utilização do telemóvel. A condição é que todos os registos da base de dados fossem posteriormente exportáveis para um formato trabalhável em excel.
 
Basicamente todas as aplicações experimentadas apresentam funcionalidades semelhantes. A diferença faz-se na capacidade de cada uma em identificar e reunir a melhor informação sobre cada obra catalogada.

Todas as aplicações testadas foram descarregadas através da PlayStore da Google, sistema android portanto. Estas são as minhas impressões:
 
  • Book Catalogue – Aplicação gratuita. Na opção de “scan barcode/isbn” solicitou-me a instalação de um aplicativo. Achei desnecessário. Aplicação chumbada.
 
  • Goodreads – Aplicação gratuita. Obriga a registo de conta, com opção de ligação pelo facebook. No teste de leitura do código de barras/isbn não reconheceu qualquer dos diferentes livros que experimentei. Aplicação chumbada.
 
  • ISBN Reader – Aplicação gratuita. No teste de leitura do código de barras/isbn não reconheceu qualquer dos livros que experimentei. Aplicação chumbada.
 
  • Skoob – Aplicação gratuita. Obriga a registo de conta, com opção de ligação pelo facebook. No teste de leitura do código de barras/isbn não reconheceu qualquer dos livros que experimentei. Aplicação chumbada.
 
  • CLZ Comics – Aplicação com período gratuito de 7 dias de utilização. De grande eficácia e facilidade na leitura do código de barras/isbn de comics americanos. Disponibiliza as opções de capas variante e segundos prints. Contudo não reconheceu as publicações portuguesas e brasileiras. As obras ficam automaticamente organizadas por séries. A informação apresentada disponibiliza a capa, data de lançamento, editora, sinopse, autores, preço de capa, género. Houve uma boa comunicação e ajuda por parte do programador. Tem a possibilidade de exportar a base de dados em formato csv que pode ser transformada em formato xls. O seu único senão poderá eventualmente ser o seu custo de subscrição (€1,49 por mês ou € 14,99 por ano), mas que convenhamos é um valor simpático face às funcionalidades que disponibiliza. Ideal para colecções americanas. Aplicação aprovada (e já em uso). 
 
  • Handy Library – Aplicação gratuita. De fácil utilização. Boa leitura de código de barras/isbn. Reconheceu facilmente um grande número de obras portuguesas e algumas edições brasileiras. Algumas (nº reduzido)  tiveram que ser inseridas manualmente. Experimentei com edições francesas e identificou a obra sem, contudo, apresentar a respectiva capa. Não reconheceu as publicações americanas. Os registos ficam organizados por “estantes” de fácil consulta. A informação apresentada disponibiliza a capa, data de edição, editora, sinopse, autores, nº páginas. Tem a possibilidade de adicionar comentários à ficha da obra. A base de dados criada pode ser exportada em formato xls. Aplicação aprovada.
 
Em resumo, não existe, ou não encontrei, uma aplicação capaz de reunir do melhor dos mundos, mas recomendo, sem dúvida, as aplicações «CLZ Comics» (para edições americanas) e a «Handy Library» (para edições portuguesas e brasileiras). Pela facilidade de catalogação, pela fiabilidade em identificar correctamente as obras pelo isbn, pela informação disponibilizada em cada registo, por permitirem a exportação dos registos para excel, e porque as duas se complementam. Em conjunto, ficamos habilitados a catalogar edições dos mercados americano e europeu, e aqui em especial, as edições portuguesas. A organização da nossa bedeteca agradece!

26 março, 2020

Em busca do Graal

É sabido que todo o colecionador que se preze tem uma lista de “os mais procurados”. Faz parte do processo andar sempre à procura. Eu como colecionador, de banda desenhada, também tenho os meus “graal’s”. São edições que por motivos vários gostaria de ter na minha bedeteca e que por razões várias ou nunca se cruzaram comigo ou quando se cruzaram escaparam-se. É sobre isto que falar. É verdade que não sou daqueles colecionadores mais activos que bate alfarrabistas, feiras ou leilões, mas não deixo de estar atento. As redes sociais vieram facilitar parte do trabalho, porque trouxeram as “feiras virtuais” até aos coleccionadores. Mas vamos por partes.

«A Casta dos Metabarões» é uma extraordinária saga de ficção-cientifica criada por Alexandro Jodorowsky acompanhada pelo desenho fantástico e irrepreensível de Juan Gimenez. Desenvolvida a partir da personagem Metabarão da série «Incal», conta-nos a história, por geração, de uma dinastia de super-guerreiros, tragicamente marcada por um código de honra muito rígido. Na sua colecção original encontramos um total de 8 álbuns, mas em Portugal a série ficou-se pela publicação dos cinco primeiros, todos com a chancela da Meribérica. Em 2008, a VitaminaBD reeditou, em formato americano, os três primeiros álbuns, num único volume, o primeiro de três previstos, mas ficou-se por aí.

Dos cinco álbuns por cá editados, era justamente o 5º álbum, «Cabeça de aço, o Avô», aquele que me faltava e que procurava há mais de 10 anos. Encontrava-se no topo da minha lista. Acreditem que durante todo este tempo, a única vez que me cruzei com um data dos tempos dos leilões do miau.pt, mas as licitações atingiram um patamar absurdo de valor a rondar os € 100. Nunca percebi a razão da raridade deste álbum em particular, uma vez que os restantes da colecção portuguesa encontram-se com mais ou menos facilidade.

Seja como for na semana passada a minha demanda terminou. Encontrei o Graal. Quase por acaso passei em revista toda a oferta de banda desenhada numa das várias páginas de venda de bd's que sigo no facebook, estas feiras virtuais, e lá estava à minha espera o «Cabeça de Aço». Contacto rápido com o vendedor e o negócio fez-se por um valor que custa uma novidade nas livrarias. O tempo é agora é de releituras e de saborear esta nova leitura.

Uma nota final para dizer que esta saga tem tudo para merecer uma colecção integral em português. Digo isto todos os anos e renovei o pedido nos desejos para 2020. Há por aí algum editor?


13 setembro, 2008

Como organizar?

Um dos motivos pelo qual pouco tenho escrito aqui, deve-se ao facto da minha bedeteca pessoal ter atingido o ponto de saturação. Os álbuns e revistas de BD acumulavam-se em pilhas desorganizadas pelos cantos desta assoalhada transformada em escritório adaptado para bedeteca. Alguns álbuns pura e simplesmente não os encontrava. Com as últimas aquisições de mês passado, a integridade de algumas edições mais antigas começou a ficar em causa. A solução passava por optimizar o espaço disponível, ou seja, 10 prateleiras, cinco com um comprimento de 55 cm cada e outras cinco com 75 cm, para várias centenas de álbuns.
 
O princípio subjacente é "o espaço é um bem escasso", até porque não disponho mais prateleiras e por outro lado pretendia uma bedeteca funcional. E como organizar?
 
Se a primeira fase, a triagem, foi relativamente fácil, até pela questão do formato: franco-belga para um lado, americana/inglesa para o outro e a portuguesa fica aqui; a segunda, de arrumação nas prateleiras, revelou-se um verdadeiro jogo de paciência. Depois de separação, comecei pelo óbvio. Pela sua natureza e formato, as colecções "Série Ouro" e "Clássicos da BD" do Correio da Manha ocupam na perfeição uma prateleira de 75. Com espaço ainda para os nove volumes das "Obras-primas da BD Disney". Optimização perfeita! A BD americana/inglesa, em formato tpb, também se resolveu bem. Super-heróis e outras histórias convivem bem em duas prateleiras exclusivas, com a vantagem de sobrar espaço (pouco) para futuras aquisições. Quanto á BD portuguesa, colecções mais antigas não incluídas, o volume é reduzido. As edições de autores portugueses são dominadas, basicamente, por José Carlos Fernandes e Luís Louro. Meia prateleira de 55 cm e o caso ficou arrumado! Pelo seu elevado número de álbuns e pela diversidade de personagens, autores e géneros, o problema surgiu na BD franco-belga. Arrumo por ordem alfabética das personagens (Alix, Asterix, Blake & Mortimer,...), por género (western, ficção-cientifica, histórico,...), por autor ou por editora? Pessoalmente gostava de organizar por autor numa perspectiva de evolução histórica. Mas depois temos aqueles autores (por ex. Van Hamme) de vários personagens (Thorgal, Largo Winch, etc) ou então a mesma personagem por vários autores (Blake e Mortimer) ou ainda autores de diferentes géneros (Giraud/Moebius). E histórias há que nem as sei situar. E depois há aquela eterna questão: argumentista ou desenhador? E o que fazer com aqueles que se assumem ora como argumentistas ora como desenhadores em diferentes séries (Giroud)? E se fosse por editoras, ficava bem colocar depois do "ALIX" (das Edições 70) o "Torpedo 1936" (da Futura)? E os tamanhos? O que dizer dos 31,5 cm de altura da série “Bouncer” da ASA comparado com os 29 cm da série “Blueberry” da Meribérica. Porque onde cabe a Meribérica não cabe a ASA. Quem diria que dois centímetros faziam toda a diferença! Com tantas condicionantes, adoptei o critério... de não ter critério. Arrumei, tendo em conta os formatos, as personagens, numa lógica mais ou menos respeitadora da época onde decorre a acção, tentando não separar muito álbuns do mesmo autor, mas não obrigatoriamente por esta ordem. O resultado final é o Tintim a seguir ao Asterix, o Corto Maltese “entalado” entre o Alix e o Spirou, o Jeremiah entre o Valerian e o XIII, entre outros. Primeiro estranha-se depois entranha-se! Uma das consequências desta arrumação, foi uma pilha enorme de sobras de BD, que irei colocar à venda num futuro próximo num qualquer site de leilões on-line. Já agora, como é que vocês organizam a vossa bedeteca?

12 março, 2008

Quanto Vale a Banda Desenhada?

Sempre que compro alguma revista ou álbum de BD em 2ª mão, interrogo-me sempre se, em termos de preço, estou fazer uma boa aquisição. Obviamente, que estou interessado em comprar a revista ou o álbum em causa, mas a questão é será que estou a pagar um preço justo?

Então, como aferimos do valor de um livro/revista de BD?

É esta a pergunta para a qual muitos coleccionadores de banda desenhada gostariam de ter um dado objectivo. Qual o valor real justo?

A resposta, obviamente, é difícil de obter, até porque somos confrontados com inúmeras variáveis, sendo algumas delas completamente incontroláveis, por exemplo o valor de estimação. Se em termos económicos, define-se “justo valor” como a quantia pela qual um bem, pode ser trocado, entre um comprador conhecedor e interessado e um vendedor exactamente nas mesmas condições; em termos bedéfilos, é bem possível que este valor seja aquele absurdo preço que por vezes estamos dispostos a pagar para ter aquele exemplar na nossa colecção. Irracional? Não nos podemos esquecer que estamos a falar de uma paixão, onde a intuição e a convicção valem mais que qualquer ciência exacta na formação do preço.

No entanto, no meio de tanta subjectividade, é possível encontrar alguns factores objectivos que nos ajudam a definir, não direi o “justo valor”, mas um preço de referência actual e de valorização futura de uma edição, sendo de destacar essencialmente a RARIDADE e o ESTADO DE CONSERVAÇÃO.

Assim, para uma qualquer edição atingir o estatuto de RARIDADE, muito contribui a antiguidade, a qualidade e tiragem da edição, bem como os seus autores e por vezes a própria história/personagens. O seu valor pode então ser definido por um destes factores isoladamente ou em alguns casos pela conjugação de vários ou mesmo de todos.
 
No mercado português, exemplos não faltam de fortes valorizações de algumas edições antigas e mais recentes e, seleccionei, entre muitos outros, alguns casos que podemos considerar como perfeitos exemplos de raridades bedefilas portuguesas:
 
  • Na bd nacional, a 1ª série do “Mosquito” composta por 1.412 números (publicada entre 1936 e 1953), pela sua antiguidade, quando completa, pode ser encontrada à venda por valores que variam entre os €3.000 e os €6.000, consoante o estado de conservação;
  • Uma colecção completa do “Mundo de Aventuras” pode valer €3.500;
  • O álbum editado em 1967, pelas Edições Camarada, “O Feiticeiro de Vila Nova de Milfungos” (1º álbum publicado em Portugal com aventuras de Spirou e Fantásio), foi vendido por €250, num leilão on-line;
  • Do universo franco-belga, os primeiros álbuns da 2ª série de “Blueberry” editados em 1984 pela Meriberica, com tiragens de 4.000 exemplares e nunca reeditados, são difíceis de encontrar e quando disponíveis atingem valores de venda em alfarrabistas que podem variar entre €70 a €100;
  • Mais recentemente, o segundo álbum da série “A Pior Banda do Mundo”, “O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante” da autoria de José Carlos Fernandes, editada em 2003 pela Devir, encontra-se à muito esgotadíssima e por isso bastante difícil de encontrar (e eu que o diga!);
  • O álbum “Os Pesadelos Fiscais de Porfírio Zap” também de José Carlos Fernandes, editado em Maio de 2007, numa inédita iniciativa institucional da Direcção-Geral dos Impostos, apesar da sua distribuição gratuita, os canais de distribuição adoptados (para escolas e bibliotecas) levaram que este álbum se tornasse difícil de obter pelos coleccionadores.
  • Algumas edições da Disney, nomeadamente a editora Morumbi, da década de 80, com preços de capa que rondavam os 20$00-35$00 são hoje vendidos por valores a rondarem o €1 o que traduz uma valorização de 20% ao ano!

Num mercado bedéfilo tão pequeno como o português, não é fácil adivinhar se uma determinada edição irá ou não valorizar-se num futuro próximo, mas é certo que o primeiro número de uma qualquer colecção, álbuns nunca reeditados e edições de editoras inactivas tenham uma tendência de valorização mais forte.

Lá fora, nomeadamente no mercado americano de comics, também encontramos raridades bedéfilas, quer pela antiguidade, quer pela história/personagens:
 
  • Um exemplar do comic Action Comics #1, de 1938, com a primeira aparição do Super-Homem, foi vendido em Abril/2004 por $55.595; dois anos depois, em Janeiro/2006, outro exemplar é vendido em leilão por $69.000. Ou seja, verificamos uma valorização de 24% em apenas 2 anos!
  • A Detective Comics #38, de 1940, com a primeira história do Robin, foi vendido em leilão em Maio de 2005, por $126.500;

  • A revista All-Star Comics #3, de 1940, que introduziu a Sociedade da Justiça, o primeiro grupo de heróis (incluindo o Lanterna Verde, o Gavião Negro e o Flash), alcançou o valor de $126.500 em Outubro de 2002;
  • Superman #1, de 1939, o primeiro número deste título, que republicou a origem do Super-Homem, foi vendido em Setembro de 2006, por $35.850.

Outros exemplos retirados do site de leilões eBay:

  • Amazing Spider-Man #1 CGC NM 9.4 $12.000 (sold 4/2004). Publicado em 1963 com um preço de capa de apenas 12 cêntimos, tem uma impressionante valorização de 240.000%/ano!!!!
  • Amazing Spider-Man #3 CGC 9.4 Origin of Doctor Octopus $15.106 (sold 11/2004)
  • Captain America Comics #1 (Fine) $19.000 (sold 12/2004)

De realçar que o mercado americano se caracteriza por ser um mercado com bastante liquidez, onde tudo o que é coleccionável é transaccionável. Nos exemplos atrás indicados, referem-se a comics publicados na chamada Golden Age (compreendida entre finais da década de ’30 e inícios da década de ‘50), mas exemplos mais recentes existem, de comics da designada de Modern Age (com inicio na década de ’80), cujo valor actual supera largamente o seu valor de capa:
  • A revista Amazing Spider-Man #36 (#477 na actual numeração) publicado em Dezembro de 2001, que se distingue pela sua capa completamente negra e que foi editado em homenagem às vitimas do atentado terrorista de 9 de Setembro às torres do WTC, com um preço de capa de $2,25 vale hoje cerca de $50. Valorização: 350%/ano!
  • A revista Amazing Spider-Man #529 publicado em Abril de 2006, onde o Homem-Aranha surge com um novo fato e onde se dá inicio ao arco “Civil War” cujo desfecho teve grandes implicações na vida desta personagem, com um preço de capa de $2,50 vale hoje cerca de $25. Valorização: 450%/ano!

Basta fazer as contas e olhar para os números, para se compreender que uma revista ou álbum de BD para além de objecto de paixão também pode ser considerado um excelente objecto de investimento.

Relativamente ao ESTADO DE CONSERVAÇÃO percebe-se quanto melhor estimado estiver uma edição, maior valor intrínseco terá.

No caso da BD portuguesa, são nas revistas mais antigas (publicadas entre o início do Sec. XX e finais da década de ’50) onde o problema do estado de conservação se coloca com maior importância, uma vez que toda a edição, capa incluída, era impressa no mesmo tipo de papel, de qualidade razoável. Com a explosão do álbum e as suas edições cartonadas, em que a capa reserva o papel de protecção da edição, consegue-se que o estado de conservação melhore substancialmente.

No entanto não temos entre nós, definida uma escala de avaliação objectiva que sirva de referência para avaliar devidamente o estado de conservação de uma edição. Não são raras as vezes comprar em leilões on-line edições de bd com o estado de conservação definido como “usado” quando na realidade verifico ser afinal “pouco estimado”. Aliás, nos sites de leilões portugueses, é bastante normal encontramos um proliferação de termos que vão desde de “usado” até ao “como novo”, sem que por vezes tal se traduza numa avaliação exacta e/ou correcta do verdadeiro estado de conservação da edição, ou seja, há um risco elevado de pagarmos caro "gato por lebre", principalmente nas edições mais antigas.

Para melhor ilustrar a importância do estado de conservação, veja-se, mais uma vez, o exemplo americano, onde existem regras comummente aceites e definidas, que permitem avaliar devidamente qualquer edição. Existem oito categorias, que vão desde do “poor” (péssimo estado de conservação), passando pelo “fair”, “good”, “very good”, “fine”, “very fine”, “near mint” até ao “mint” (considerado o estado de conservação perfeito, onde não é admitido o mais pequeno defeito).

A importância destas classificações, reflecte-se posteriormente na valorização, onde a diferença entre uma classificação de “very good” e “near mint” se quantifica em várias centenas ou mesmo milhares de dólares.

Portanto, aqui fica o conselho: se tiverem algumas raridades em bom estado de conservação, guardem-nas bem ou então ganhem um bom dinheiro!

Fontes consultadas: Wikipedia, eBay, Miau.pt, Comics Price Guide, BDPortugal.