Confesso que ainda não dei a devida atenção, e que muito provavelmente a colecção AS 5 TERRAS merece, atendendo ao positivo feedbcak que tenho visto de quem já leu os primeiros álbuns desta saga animal. A trama roda numa luta de poder entre diferentes espécies, e que é frequentemente descrita como uma espécie de "Guerra dos Tronos" em versão antropomórfica. O traço expressivo de Lereculey também ajuda. O ritmo consistente dos lançamentos, frequentemente em edições duplas, tem demonstrado o empenho da editora ASA em manter viva a chama de leitura desta aventura, e depois da edição dos volumes 3 e 4 no início deste ano, seguem-se agora os volumes 5 (capa da esquerda) e 6 (capa da direita).
15/07/2025
Mais 5 Terras nas livrarias!
07/07/2025
A ASA aposta no webtoon!
27/06/2025
Lançamento ASA: Os Filhos do Império - volume 1
A mais recente proposta de leitura da editora ASA remete-nos para Oriente. OS FILHOS DO IMPÉRIO (no original francês, Les Enfants de l’Empire), de Yudori, é uma obra que se destaca pelo retrato histórico das tensões culturais e sociais de uma Coreia sob ocupação japonesa, nos anos 30 do século passado.
Neste primeiro volume, a autora conduz-nos por uma narrativa que mistura romance, drama e crítica social, centrada em dois jovens, Arisa Jo e Jun Seomoon, cujos destinos se cruzam num contexto de mudança e conflito, e iniciam uma relação complexa marcada pelo fascínio e o atrito.
A autora sul-coreana, Yudori, traz-nos um traço elegante, e um ritmo narrativo que lembra o melhor do universo manga. Surpreendentemente a edição apresenta-se num formato de capa dura, algo pouco comum para obras deste género no mercado nacional.
24/06/2025
Regresso de Zorro com Sean Murphy
ZORRO, uma das mais icónicas personagens adaptadas para banda desenhada está de volta aos escaparates das livrarias nacionais agora na sua versão “Sean Murphy”. Excelente autor de quem já recebemos boas obras como Off Road (Kingpin, 2010), Jesus Punk Rock (Levoir, 2018) ou Batman – O Cavaleiro Branco (Levoir, 2019) mas a verdade é que não é muito publicado por cá. Regressa agora com este ZORRO – O REGRESSO DE ENTRE OS MORTOS com a chancela da ASA.
18/06/2025
Lançamento ASA: Vertigeo
Uma das novidades da ASA deste mês é este VERTIGEO, a adaptação para banda desenhada a partir de livro de Emmanuel Delporte, de uma história de ficção-cientifica num futuro distópico que traz inerente uma reflexão sobre a condição humana e a busca de sentido de vida num mundo devastado.
Num cenário pós-apocalíptico, marcado por uma catástrofe nuclear que destruiu a civilização humana e transformou as cidades em campos de cinzas, com a atmosfera invadida por nuvens tóxicas e a paisagem devastada por tsunamis, os sobreviventes organizam-se numa sociedade rigorosamente hierárquica e funcional, onde cada indivíduo desempenha um papel especializado na construção incessante de torres gigantescas, cujo objetivo é ultrapassar o “véu negro” que encobre o céu.
Já disponível nas livrarias e na Feira do Livro, no pavilhão da ASA na Praça Leya.
30/05/2025
P-H Gomont regressa com um retrato de uma Rússia pós-soviética
A ASA dá aqui início a um tríptico assinado por Pierre-Henry Gomont, autor francês que já conhecemos de Afirma Pereira (G.Floy, 2018). Em SLAVA, Gomont retrata de forma profunda e multifacetada a transição caótica de uma Rússia dos anos de Yeltsin, especialmente durante a década de 1990, após o colapso da URSS.
Misturando comédia e tragédia, adopta um tom que oscila entre o burlesco e o dramático, numa tradição muito russa de literatura e arte. Acompanhamos Slava, um ex-artista dividido entre os ideais comunistas do passado e a dura realidade do presente, num país onde a utopia soviética já só existe nos livros de história.
O autor, repetindo a presença, é um dos convidados presentes no festival de Beja que realiza já este fim-de-semana. O álbum chega às livrarias a partir de segunda-feira.
29/05/2025
O registo gráfico honesto e comovente de Fabien Toulmé!
Não é possível ficar indiferente a algumas das obras que a ASA tem editado no corrente ano. Mais que a sua variedade, algumas tocam-nos pela sua humanidade. É o caso deste recente NÃO ERAS TU QUEM EU ESPERAVA, Ce n’est pas toi que j’attendais, no seu original, de Fabien Toulmé.
Pode-se dizer que a força desta obra reside na sinceridade absoluta que o autor colocou neste registo gráfico autobiográfico, onde narra o turbilhão de emoções após o nascimento da sua segunda filha, Júlia, portadora de síndrome de Down — condição não detetada durante a gravidez.
Esta é a história de um encontro. O encontro de um pai com a sua filha, que não é uma criança como as outras. Entre raiva, dúvidas, momentos de tristeza e de felicidade inesperadas, o autor conta o difícil caminho de aceitação que o levará até à sua filha.
Uma inesperada e bela história de amor, ao mesmo tempo tocante e divertida, terna e sincera, sobre o tema universal da diferença.
Livro já disponível nas livrarias, e podem já apontar nas vossas agendas, o autor estará presente na Feira do Livro de Lisboa, para o lançamento oficial desta obra, no dia 7 de Junho, Sábado.
23/05/2025
Alguém com quem falar... nas palavras de Francisco Lyon
UF!
Quando nos faltam as palavras, nada como usar uma onomatopeia. E essa é a sensação que o leitor poderá ter ao terminar a leitura de um ou outro livro de um ou outro autor.
Mas ter essa sensação duas vezes seguidas com o mesmo autor é coisa mais rara.
Quando li Um Oceano de Amor, de Wilfrid Lupano e Grégory Panaccione, foi esse “uf” final o que senti. A capacidade de os autores cativarem o leitor com a história simples de um pescador que se perde no mar e da sua mulher que, em terra, não desiste dele, é algo de extraordinário.
Claro está que, como é apanágio das grandes obras, a simplicidade é sempre uma arte bem mais difícil do que a verborreia da complexidade que limita as leituras. É na simplicidade que não raras vezes descobrimos aquelas ideias que nos fazem interrogar porque não pensámos antes nelas.
Pois agora, caro leitor, tem de novo a possibilidade de passar por essa experiência quase epifânica onde é levado à compreensão da essência de algo, seja lá o que for esse “algo”. O certo é que esta leitura parece deixar-nos um pouco mais sábios.
Falo da leitura da nova obra de Grégory Panaccione, Alguém com quem falar, baseada no romance de Cyril Massarotto, e acabada de publicar em Portugal pela Edições Asa.
E mesmo que não nos revejamos na figura de Samuel, o protagonista, é inevitável identificarmo-nos com uma ou outra questão existencialista acerca do curso das nossas vidas.
Vamos à história!
A janela da mansarda parece ser a única iluminada da cidade. Lá dentro, as chamas de trinta e cinco velas num bolo bruxuleiam expectantes. Cantam-se os parabéns a Samuel e quando este assopra, a mansarda cai na penumbra.
Ele hesita, bate palmas, dá um gole na garrafa de champanhe, gargalha, come uma fatia de bolo, dá outro gole e outro, até terminar a garrafa. Na verdade, Samuel está sozinho no seu pequeno apartamento.
Resolve telefonar a Armelle, mas esta não o recebe bem. Há oito anos que é a mesma coisa. No dia do seu aniversário, Samuel telefona sempre a Armelle, embriagado. E, afinal, já não são companheiros há quase uma década.
Depois de uma conversa rápida e azeda, na qual Armelle o acusa de não ter ambição, nem algo que cative uma mulher, ela desliga-lhe o telefone na cara.
Samuel reflecte por um segundo. Precisa de mais álcool! Agarra a sua katana samurai e tenta abrir com ela mais uma garrafa de champanhe. Mas as coisa não correm bem e o líquido borbulhante aumenta dramaticamente a taxa de alcoolémia do seu telemóvel que entra definitivamente em coma.
Sem convidados, sem amigos, sem telefone, sem ninguém com quem falar, Samuel lembra-se que ainda tem em casa um telefone fixo. Contudo, não se lembra de nenhum número para onde telefonar. Nenhum, não é bem assim! Na memória guarda o número de telefone da sua casa de infância.
Do outro lado da linha, surge uma voz de criança. Depois de uma série de mal-entendidos, chegam à conclusão que ambos se chamam Samuel, têm o apelido Verdie e um tio brincalhão. Samuel adulto, atónito, não quer crer no que ouve. Acometido de um pânico estranho, apressa-se a desligar e atira o telefone para longe.
Samuel tinha telefonado para a sua infância…
Escrever sobre a banalidade e, mesmo assim, conseguir cativar a atenção do leitor comum é algo que não é fácil. Sujeito às minhas limitações culturais (afinal, quem as não tem?!), lembro-me de repente de duas obras. Uma é a intimista e cândida novela de Gustave Flaubert, Uma Alma Simples, na qual se relata a vida banal de uma criada interna de bom coração. A outra é o aclamado filme de Jean-Pierre Jeunet, O Fabuloso destino de Amélie, um clássico instantâneo de 2001 que quase dispensa apresentações.
Enquanto na obra de Flaubert, o quotidiano banal da criada Félicité (nome apropriado para quem garante a felicidade dos outros) não tem espaço para acontecimentos extraordinários, em Amélie são esse tipo de acontecimentos que dão sabor e magia ao quotidiano.
Ora, em Alguém com quem falar, Panaccione dá-nos uma maravilhosa mistura dos dois quotidianos. Um banal, seco, sem esperança. O outro de magia, com perspectiva de futuro.
Num, temos um Samuel de aspecto desmazelado, entregue aos caprichos de um chefe explosivo, com uma rotina que o mantém anónimo para o mundo, com excepção dos jantares que o casal de vizinhos idosos lhe proporciona semanalmente.
No outro, o Samuel conhece uma colega de trabalho, a Li-Na, por quem se encanta de imediato e a quem esconde esse encantamento. Mas, mais importante, mantém as misteriosas conversas telefónicas com o seu “eu” de há 25 anos. Como dois amigos de sempre, o Samuel grande e o Samuel pequeno passam horas ao telefone falando de tudo e de nada. E o pequeno vai-se apercebendo que os seus sonhos de infância não se concretizaram.
São estes dois Samuel o verdadeiro motor da narrativa e a origem das mudanças no futuro e no passado. Tornando-se confidentes um do outro, cobram-se atitudes erradas, sonhos adiados, caminhos mal trilhados. A criança está decepcionada com o seu “eu” adulto e este aconselha-a em relação ao seu próprio passado. Com o correr dos dias, o Samuel grande decide retomar as rédeas do seu destino e recuperar sonhos antigos, como o de ser escritor. Mas o Samuel pequeno também vai abraçar algumas mudanças…
Grégory Panaccione adapta o romance epónimo de Cyrill Massarotto de forma brilhante. O artista está habituado a proporcionar ao leitor obras mudas e emocionalmente fortes, como são Um Oceano de Amor ou Un été sans maman. E embora Alguém com quem falar não seja uma obra sem palavras, o autor consegue mais uma vez fazer vibrar o nervo da emoção.
A influência da infância na nossa vida adulta, como definidora de personalidade e da capacidade (ou não) de tomarmos decisões é abordada através do subterfúgio dos telefonemas para o passado. E nestes, como no resto da obra, a sabedoria da narrativa está em misturar na proporção certa as emoções e o humor.
A vida presente de Samuel é trágico-cómica e o seu regresso à infância através daqueles telefonemas “sobrenaturais” é, não só, a maneira de ele fazer um balanço dos seus trinta e cinco anos de vida, mas também o modo que arranja para traçar um futuro mais de acordo com os seus sonhos esquecidos.
A introspecção equilibrada e, por isso, bem doseada, é tantas vezes a melhor maneira de abrirmos as portas que nós próprios fechámos. Questionarmos as nossas ambições, objectivos, desejos e sonhos que antecederam a idade adulta é um exercício que pode ser revelador. E não precisamos de ter uma linha telefónica directa para o nosso passado. Mas, para nosso deleite, ainda bem que os dois Samuel a têm.
Panaccione adapta o romance com inteligência, suprimindo algumas passagens mais longas e agilizando a viagem onírica de Samuel. Aliás, a maneira como ilustra as conversas dos dois Samuel é brilhante, sobretudo quando os coloca em cenários exteriores imaginários que crescem até ao corte de página e ignoram a existência de vinhetas. Nestas cenas, são particularmente bem conseguidas aquelas que integram os protagonistas em ambiências vegetais. Na primeira que em seguida se reproduz, o leitor até sente um pouco do “Campo de papoulas” de Claude Monet. Na segunda imagem, os ramos e folhagem da imensa árvore servem para separar a consciência de Samuel do grande vazio branco que a ladeia.
Nestas duas cenas ou em outras, é evidente a poesia acrescentada à narrativa, bem como o aumento gritante da carga onírica. Curiosamente, são estes momentos de conversa – ou de reflexão – que mais apaziguam o leitor e o tentam conciliar com o passado.
Na verdade, todas as sequências telefónicas, muitas vezes num ritmo de ping-pong, têm tanto de subtil como de revelador, centrifugando passado e presente, e resultando no inevitável futuro.
O desenho de Panaccione é sempre uma surpresa. Quem devorou Um Oceano de Amor até pensará estar agora face a outro desenhador. O certo é que os seus rostos continuam muito expressivos e o foco do autor. Por vezes, aquilo que considera quase acessório para a narrativa é representado como um breve apontamento de linhas, mas sempre eficaz. Pode dizer-se que aqui, o minimalismo anda a par com a exuberância.
Alguém com quem falar tem tudo o que uma boa história deve ter. Uma narrativa cativante e ligeiramente misteriosa – afinal, não é todos os dias que conseguimos telefonar para o passado. Um enredo pleno de humanidade que nos centra na vida e, ao mesmo tempo, nos afasta da descrença e pensamentos sinistros face ao mundo actual. Um tom que nos faz reflectir. Humor inteligente. Um desenho eficaz e expressivo. Um epílogo delicioso.
Mas, sobretudo, tem uma mensagem poderosa. Dependendo da crença de cada um, o destino é algo que nos ultrapassa ou que está nas nossas mãos. O certo é que, se não fizermos nada por ele, a probabilidade de passarmos pela vida de um modo absolutamente banal é a realidade quase certa.
No livro, a frase que cito de cor – “A criança que eu era não gosta do adulto que eu sou.” – não é tanto um lamento, mas mais um repto. Não vale a pena esquecermos os sonhos de infância para pintarmos de cinzento o resto da nossa existência. Nem todos temos de ser maiores que a vida, mas todos podemos aumentar a paleta de cores da nossa vivência. Convém guardar num cantinho do cérebro as tonalidades da nossa infância e, de vez em quando, irmos revisitá-las e trazer uma ou outra para o nosso presente.
Em certos momentos, Alguém com quem falar deixou-me sem palavras.
UF!
Mas enquanto tenho fôlego, lanço o repto à Edições Asa. Agora que o leitor português já está habituado a Grégory Panaccione, porque não publicar Un été sans maman?
Por Francisco Lyon de Castro
22/05/2025
Lançamento ASA: A Mais Breve História da Rússia (em BD)
Com a chancela da ASA, já disponível nas livrarias e com apresentação no próximo Maia BD, está a adaptação para banda desenhada do livro de não-ficção mais vendido em Portugal em 2022, A MAIS BREVE HISTÓRIA DA RÚSSIA, da autoria do jornalista José Milhazes, profundo conhecedor da realidade russa, país onde viveu mais durante mais de quatro décadas, agora sobejamente conhecido pelos portugueses pelo seu espaço televisivo de comentário sobre a agressão à Ucrânia.
Nesta obra, enquanto leitores, somos convidados a embarcar numa viagem gráfica pela fascinante história, cultura e civilização russas, desde as origens dos povos eslavos até à atualidade marcada pela ambição bélica de Vladimir Putin. O olhar privilegiado de José Milhazes permite ao leitor compreender os segredos de um território de santos, czares, poetas, pintores, revolucionários e músicos — um país que, ao longo dos séculos, oscilou entre guerras fratricidas, lutas lendárias com o Ocidente e a construção de realidades paralelas. O argumento da banda desenhada ficou a cargo da jornalista Dulce Garcia, enquanto o desenho é da responsabilidade da Joana Afonso.
Esta adaptação, relativamente à obra original, acrescenta ainda um capítulo inédito, “A nova (des)ordem mundial”, que nos traz a atualidade provocada pela invasão da Ucrânia em 2022 e o impacto global desse conflito, trazendo para a narrativas personagens como Zelensky e Trump.
16/05/2025
O regresso de Riad Sattouf!
07/05/2025
Lançamento ASA: As Águias de Roma - Livro VII
Continua a saga dos dois “irmãos”, Marco e Armínio, filhos de Roma mas inimigos por destino, que os coloca em lados opostos do confronto entre o Império Romano e as tribos germânicas, durante o reinado de Augusto.
ÁGUIAS DE ROMA é uma muito recomendada série histórica da autoria de Enrico Marini, inicialmente concebida para cinco volumes, com o clímax na histórica traição que envergonhou Roma e resultou na derrota na Batalha da Floresta de Teutoburgo, mas que já vai no sétimo tomo, estando o oitavo atualmente em preparação e com lançamento previsto para Setembro deste ano em França. Marini resolveu aprofundar o enredo, com a morte de Augusto e a ascensão de Tibério, trazendo à narrativa novas conspirações pelo poder e personagens como Seianus e o grupo dos Liberatores.
Já disponível nas livrarias.
30/04/2025
Lançamento ASA: Alguém com quem falar
A editora ASA continua na senda de lançamentos surpreendentes, explorando novos autores e novas temáticas, e a nova proposta de leitura que chega hoje às livrarias é mais um belo exemplo. Trata-se de ALGUÉM COM QUEM FALAR, de Grégory Panaccione, autor cuja arte foi-nos dada a conhecer através da obra Um Oceano de Amor, também numa edição da ASA.