BATMAN/DYLAN DOG: A SOMBRA DO MORCEGO, com a chancela da editora A SEITA, reúne os talentos de Werther Dell’Edera (Something is Killing The Children) e Gigi Cavenago (Dylan Dog, Magic Order, Netflix’s Love Death and Robots) ao serviço do argumento de Roberto Recchioni. A presença de uma equipa criativa inteiramente italiana dá a esta história um sabor muito próprio, que poderá intrigar e surpreender os leitores de comics de super-heróis. Os desenhadores servem ao leitor páginas de uma elegância e competência imbatíveis, mas também de uma força emocional tremenda, incluindo algumas das mais perturbadores cenas dos comics, em que vemos toda a sociopatia de um dos vilões da história.
11 junho, 2025
Batman e Dylan Dog juntos numa cruzada contra o mal!
29 maio, 2025
Made in Abyss pelo olhar de Francisco Lyon
Made in Abyss, volumes 1 a 3
O Regresso da Velha Magia
Made in Abyss é um maravilhoso regresso ao passado…
Vai longe o tempo em que o engenho artístico japonês lançou o seu encanto sobre mim. Por essa altura, nem sequer imaginava que a origem daqueles desenhos animados era nipónica. Primeiro foi o Vickie, o Viking, depois a Heidi seguida do Marco e a culminar na Abelha Maia. E um pouco mais tarde, Conan, o Rapaz do Futuro fez-me tomar consciência que do outro lado do mundo vinham coisas mágicas que estavam a moldar a minha infância. Era o Animé, os desenhos animados japoneses.
Estes eram os anos da rapidez (ainda que não desse por ela) e pouco depois fui surpreendido por os Mangá, a Banda Desenhada japonesa. Fiquei fascinado pela complexidade da história e pelo desenho “estranho” de Akira, encantado pela saga pós-apocalíptica de Mother Shara, pela realidade cyberpunk de Ghost in the Shell e por várias outras histórias.
E depois, devo dizer, tudo se tornou demasiado banal. O estilo artístico, com umas quantas variações, parecia-me todo ele muito semelhante e as histórias (pelo menos as mais famosas) tinham uma penosa proximidade com a dimensão das telenovelas que, facilmente, chegavam aos 300 capítulos.
Generalizar é tão perigoso quanto redutor e, com certeza que há muitos animé e mangá que são dignos de nota, sobretudo ao nível da inventividade narrativa. Mas o facto é que me desencantei.
Claro está que, fora desta apreciação estão as produções do Estúdio Ghibli que me encantam como se eu ainda fosse uma criança.
E é então que surge Made in Abyss. Assim que vi as primeiras imagens do animé, o velho encanto voltou! E agora, finalmente, tenho eu e todos os leitores acesso ao mangá de Akihito Tsukushi em português, mérito da editora A Seita que já lançou os três primeiros volumes da saga.
Originalmente, a obra tem como público alvo a faixa etária masculina dos 20 aos 50 anos - os seinen (os japoneses são muito precisos nestas coisas) -, mas, na verdade, Made in Abyss pode e deve ser lido por leitores femininos e masculinos de todas as idades. É muito provável que filhos e netos se deixem encantar como aconteceu comigo há tantos anos e voltou a acontecer agora.
Vamos à história!
Foi há 1900 anos que surgiu, nas imediações da que é hoje a cidade de Orth, um poço gigantesco com mais de 1000 metros de diâmetro. Um poço que é conhecido como o Abismo.
Ninguém conhece a sua profundidade, embora a sua exploração decorra há séculos.
Indícios de uma antiga civilização, estranhas relíquias e tesouros, e seres tão valiosos quanto perigosos atraem centenas de exploradores de várias cidades que, com uma valentia desmedida, enfrentam as várias camadas do Abismo bem como o seu poder sobrenatural. O certo é que, aparentemente, nunca ninguém conseguiu chegar ao fundo do Abismo, e aqueles que desceram mais camadas foram também os que nunca regressaram à superfície.
Foi assim que a mãe de Riko desapareceu há dez anos e, desde então, a jovem vive no Orfanato da Guilda, local onde as crianças são aprendizes de exploradores.
Embora muito tempo tenha passado, Riko acredita que a sua mãe está viva. O seu objectivo é encontrá-la, mas, para que isso seja possível, ela tem de subir na hierarquia dos exploradores para ter direito a tentar chegar ao fundo do Abismo. Assim, é essencial que cumpra com sucesso as missões que lhe são destinadas.
Um dia, no decorrer de uma dessas missões, e enquanto está a ser atacada por um Mandíbula Encarnada, Riko dá de caras com um rapaz desmaiado, um estranho rapaz meio humano meio robot que terá uma importância crucial na vida de Riko…
É difícil não sermos seduzidos logo de imediato pelo primeiro volume de Made in Abyss. Há um certo charme e uma personalidade muito própria inegáveis, e um tom nostálgico que apela às grandes aventuras maiores que a vida.
Esta é daquelas aventuras de que não estamos à espera e que, no entanto, ansiamos que surja algures no tempo, num acto de fé pela antiga magia da infância e da juventude. Quando acreditamos que já não haja nada que nos empolgue, surge Made in Abyss.
Akihito Tsukushi, argumentista e desenhador, sabe criar um universo de raiz credível e cativante. E consegue apresentá-lo rapidamente e com detalhe nas primeiras páginas da obra. Mas com o universo apresentado, as suas lendas principais definidas e os seus protagonistas postos em campo, Tsukushi desacelera a narrativa e leva depois o seu tempo a mostrar-nos como se organiza a sociedade dos exploradores e as implicações da existência do Abismo na vida dos personagens, sobretudo na de Riko.
Esta narrativa a dois tempos (o rápido e de velocidade de cruzeiro) permite ao leitor ter sensações fortes ao mesmo tempo que vai conhecendo os personagens, as particularidades das suas vidas e os muitos mistérios que envolvem o Abismo. E é assim que a intriga é imergida neste universo particular e se prende aos personagens.
A história, bem urdida, mostra ter um percurso bem definido sem que, no entanto, permita que o elemento surpresa esteja ausente. Para isto contribui o facto de este mundo fantástico do Abismo ser um mundo absolutamente original. A qualquer momento, o leitor é confrontado com dados da sociedade dos exploradores, como é o caso da sua organização hierárquica através de apitos coloridos, sendo o vermelho o mais baixo e o branco o mais alto. Mas também é confrontado com um bestiário absolutamente inventivo, povoado de estranhos seres como os Bico-de-Martelo e os Mandíbula Encarnada ou maravilhado com as diferentes camadas do Abismo e as suas características funestas.
Todos estes elementos são depois utilizados na narrativa para dar vida à Riko, ao mistério que envolve o desaparecimento da sua mãe e à missão clandestina que a jovem quer levar a cabo para encontrar a sua progenitora… ou o que reste dela.
Para tornar as coisas ainda mais interessantes, Akihito Tsukushi coloca no final de cada capítulo uma página temática, um pouco ao estilo de grimório, onde nos apresenta o Abismo, as suas diferentes camadas, alguma fauna e flora, a classificação por apitos, etc. E estas páginas servem tanto para fazer o leitor respirar da leitura como para o embrenhar cada vez mais no universo de Made in Abyss.
No segundo volume, Riko e Reg, o rapaz meio robot que sofre de amnésia, continuam a sua exploração levando-nos cada vez mais para o fundo do Abismo. Desconhecedores do que vão encontrar, as suas descobertas são feitas ao mesmo tempo que o leitor, tornando assim a narrativa mais empolgante e envolvente. O mesmo se passa com os vários encontros inquietantes que servem para enriquecer um pouco mais a fauna e flora do estranho mundo do Abismo.
Apesar disso, o enredo simplifica-se, dando-se mais importância à aventura em si. Contudo, Akihito Tsukushi não deixa de lado revelações surpreendentes e algumas até tristes, criando uma narrativa mais negra.
No fim, paira o desejo de vermos elucidados alguns dos mistérios e segredos que estão em suspenso no universo desta série densa.
Com o terceiro volume, entra-se numa nova fase narrativa. Tsukushi aumenta a dose de “darkness” e não poupa a ela nenhum personagem, quer se trate dos protagonistas quer sejam recém-chegados à história.
Riko e Reg percebem que as hipóteses de regressarem alguma vez à superfície são ínfimas. Mas nem por isso renunciam à sua demanda e mergulham num nível ainda mais perigoso do que os anteriores. Certas cenas são de uma enorme violência, quer ela esteja explícita ou implícita.
Todavia, essa violência é utilizada também como um recurso narrativo para reforçar o ambiente geral da história, o suspense e a tensão. O leitor, ao temer pela vida dos protagonistas, agarra-se a eles e duvida do bom desfecho da aventura. Para isso contribui também os constantes acrescentos no bestiário de Made in Abyss, com criaturas desconhecidas cada vez mais perigosas.
Quanto à arte, o traço de Akihito Tsukushi é muito detalhado e pouco anguloso, o que nos dá uma sensação reconfortante e doce. Ele consegue criar personagens “fofinhos” num mundo cão, repleto de perigos e insensível à fragilidade humana. Os rostos dos protagonistas têm um aspecto ternurento que contrasta em muito com as agruras do Abismo.
E os ambientes, mercê do referido detalhe, são muito bem conseguidos, quer se trate de interiores ou dos exteriores no Abismo.
Por outro lado, independentemente de estarmos ou não perante cenas de acção, a planificação das pranchas é dinâmica e, como tal, a sua leitura é cativante e nada monótona. Já as cenas de acção em si surgem com uma rapidez surpreendente e conseguem aguentar três ou quatro páginas sem perderem o ritmo ou nitidez de traço.
Por fim, a obra ganha muito com a utilização dos meios-tons que lhe conferem um aspecto mais detalhado e com mais profundidade. A isto há que acrescentar o domínio das sombras e da iluminação por parte do autor.
Há um lado poético que emana do todo, devendo muito aos cenários e às criaturas dos diversos níveis, sempre inventivos e cativantes.
É impossível não nos sentirmos levados pela aventura que nos leva por abismos infernais e que não cessa de maltratar personagens de rosto doce e corpo frágil. O resultado é de uma crueldade hipnótica.
Lamento apenas que o formato não seja um pouco maior pois a arte de Akihito Tsukushi teria tudo a ganhar.
De qualquer modo, para mim, este é o regresso da velha magia que só poderia ser suplantada pela publicação trimestral dos restantes volumes. Afinal, um fã não deve ser deixado muito tempo sem alimento…
Sem dúvida, um começo mais que encantador, numa saga que tem tanto de cruel como de poético.
20 abril, 2025
O novo álbum de Luis Louro!
13 dezembro, 2024
Lançamento A SEITA / KINGPIN BOOKS: Fojo
Teve o seu lançamento durante o evento Marvila Comics e já se encontra disponível nas livrarias, FOJO o mais recente trabalho de Osvaldo Medina, numa co-edição entre as editora A SEITA e a KINGPIN BOOKS. O título foi busca-lo ao nome de uma antiga armadilha de caça para animais de grande porte. Trata-se de uma obra, onde o autor, à semelhança do que já tinha acontecido nos seus dois livros do universo Kong, assume a responsabilidade pelo argumento e desenho.
Osvaldo com o seu traço dinâmico, dá aqui vida, num registo bem conseguido, ao sobressalto e inquietude que abala o quotidiano dos habitantes de uma pequena aldeia presa nas montanhas, quando descobrem que há um assassino entre eles.
08 dezembro, 2024
Lançamento A SEITA: Muzinga

Este novo lançamento d' A SEITA reúne duas histórias longas, inéditas, que em conjunto configuram um romance gráfico complexo, a meio caminho entre o realismo fantástico e o humor surreal, em que o aventureiro bicentenário vai enfrentar desafios audaciosos, numa jornada repleta de enigmas, culturas antigas e misteriosas, e descobertas que prometem surpreender até os leitores mais curiosos. Muzinga, o homem bicentenário. Aventureiro, linguista, caçador de tesouros e malandro!
A edição portuguesa optou por mudar os diálogos do livro para um português com acentuação de Portugal, com excepção de Muzinga, claro, que fala com a sua pronúncia nativa do Brasil!
03 dezembro, 2024
Lançamento A SEITA: O Arauto - volume 1
O ARAUTO é a aposta da editora A SEITA num novo autor nacional, Ruben Mocho, que tem aqui neste livro, o primeiro de uma saga de três, o seu primeiro trabalho a solo. Este primeiro volume reúne os primeiros capítulos de uma história de fantasia contemporânea ambientada no Velho Oeste, e que nos mergulha num mundo sobrenatural, que não é bem o nosso.