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03 novembro, 2023

Notas finais sobre o Amadora BD de 2023

No rescaldo do AMADORA BD de 2023 que encerrou as suas portas no passado dia 29, não posso deixar passar aqui algumas situações que revelam que 34 anos depois o festival ainda tem muito para melhorar.

O último fim-de-semana foi dominado pela presença do galego Miguelanxo Prado, que se pode dizer que é um quase residente em Portugal. Felizmente para nós. Ainda no ano passado marcou presença na nossa Comic Con, e este ano voltou a visitar-nos com a mesma simpatia e disponibilidade.

Domingo. As senhas para as sessões de autógrafos começam a ser distribuídas a partir da 14h. A fila começa a formar-se pouco depois das 12h. A fila para senhas foi a “originalidade” deste ano. No Amadora BD as tradicionais filas para os autores é agora "coisa do passado". Serão duas horas de espera. O tempo passa-se com conversas. Entretanto as apresentações “às moscas” decorrem paralelamente exatamente no lado oposto da tenda. Falta do dom da ubiquidade aos visitantes do festival.

Finalmente chega a hora. Cada visitante recebe uma senha por autor pretendido. A sexta pessoa da fila recebe a senha MP 11 (eu traduzo: é a senha n.º 11 para o Miguelanxo Prado). Desculpa?! Pois é, parece um daqueles problemas matemáticos com várias respostas: estão seis pessoas numa fila e cada pessoa recebe uma senha por ordem de chegada. Qual é o número da senha da sexta pessoa? A resposta certa é depende. Se a fila for fora do festival, a resposta certa é seis; se a fila for dento do festival, então aí a resposta é onze. Eu já tinha escrito que este Amadora BD prima pelas originalidades! A pessoa atrás de mim comenta que é a 29ª pessoa da fila e ainda alimenta esperanças em receber um desenho autografado do Prado. Digo-lhe para esquecer. As 20 ou 30 senhas MP disponíveis devem chegar para as dez primeiras pessoas da fila. A hora de espera foi inútil. As meninas que distribuem as senhas fazem bem o seu papel: dão uma com uma mão e retiram outra com a outra mão. É surreal este festival

Sigo para os restantes autores. Algumas caras novas. A autora Alice Prestes (Vinil Rubro) é uma delas. Tenho a senha AP 06. O quadro eletrónico revela que já chamou cinco números. Sou o próximo. Aguardo a minha vez. De repente, o surreal entra em cena. Antes que pudesse chamar mais um número, a autora é “expulsa” por quem gere o espaço dos autógrafos. Na verdade, não é a primeira vez que vejo isto acontecer no festival. Autores convidados a sair sem assinarem os livros daqueles leitores que esperam pacientemente há já algumas horas. Que eu tivesse observado, aconteceu com o Paulo Airosa, com a Rita Alfaiate, com o Jorge Coelho, com o Osvaldo Medina, com o Dário Duarte. Por coincidência (ou não) todos autores nacionais. Eu escrevi que era surreal, mas a verdade é que roça mesmo a falta de respeito, primeiro com o autor e depois com o visitante. Os autores para não defraudarem as expectativas dos leitores acedem em assinar os livros dentro dos stands das editoras, em espaços mínimos improvisados. E é este o maior evento nacional de promoção da banda desenhada e dos seus autores.

Bem podem pintar o festival com mil elogios, mas não se iludam, porque na verdade  neste Amadora BD há muita coisa que não bate bem.

Vou só deixar aqui duas sugestões:

- O festival abre as portas às 10h da manhã. Iniciem a distribuição das senhas logo a partir dessa hora. Primeiro a chegar, primeiro a servir-se. Elimina-se as estúpidas filas para senhas que como já se percebeu não são garantia de coisa nenhuma, e sobretudo poupa-se tempo, muito tempo que pode ser bem aproveitado pelos visitantes para assistir por exemplo às…. apresentações. 

- A mesa curva de autógrafos permite que onze(?) autores estejam presentes em simultâneo. Arranjem uma segunda mesa, e disponham-nas a formar por exemplo uma figura convexa. Sentem os autores no meio, costas com costas. Duplicam logo o número de lugares, e sobretudo respeitam o trabalho e disponibilidade do autor e a presença e paciência do visitante do festival.

De nada. E até para o ano!

 

31 outubro, 2023

"Curtas" no Amadora BD

Uma das novidades neste último Amadora BD foi o lançamento de várias "curtas". Vou designar assim uma edição cuidada sem continuidade, em capa mole com agrafos, com ISBN atribuído, e que traz uma pequena história fechada contada em menos de 30 páginas de banda desenhada. São de leitura rápida. O passo seguinte na evolução do fanzine. Trago aqui três:
 
 
HÁ QUEM QUEIRA QUE A LUZ SE APAGUE
 
Findo o humor, finda a empatia. Dário e Álvaro são os últimos humoristas vivos, encarcerados num centro de detenção especialmente destinado à supressão dos desvios neurais normativos. O semblante seráfico do Supremo Líder tudo contempla. E até a Lua brilha menos. 
 
Ficha técnica:
Há Quem Queira que a Luz se Apague
De Mário Freitas e Derradé, com cores de Beatriz Duarte
Capa mole com agrafos, formato 16,5x23,5, a cores, 16 páginas.
PVP: € 6,50
Edição Kingpin Books
 
 
A FOZ DO ESQUECIMENTO

Qual o melhor refúgio para lidar com o luto? As nossas memórias. Álvaro e Ludgero viveram uma vida preenchida ao lado dos seus 3 cães dos quais se foram despedindo ao longo do seu percurso. Agora, em mais um momento de despedida, que memórias prevalecem? As mais bonitas, as más? Ou serão todas boas?
 
Trata-se de uma edição numerada e limitada de 250 exemplares e encontra-se à venda exclusiva no perfil do Literacidades na rede social Instagram.
 
Ficha técnica:
A Foz do Esquecimento
Argumento de Miguel Peres e desenho de Majory Yokomizo
Capa mole com agrafos, a cores, 20 páginas.
ISBN: 978-989-54753-2-2
PVP: € 7,50
Edição de Autor

 
VINIL RUBRO
 
É sobre as incertezas da vida. Sobre as memórias que a música nos traz. Sobre as feridas abertas que nos corroem e o lastro que transportamos. E sobre o desejo egoísta, o maior dos manipuladores. 
 
Ficha técnica:
Vinil Rubro
De Mário Freitas e Alice Prestes
Capa mole, com agrafos, formato 16,5x23,5 a cores,16 páginas. 
PVP: € 7,50
Edição Kingpin Books

27 outubro, 2023

Notas sobre o Amadora BD de 2023

Já aconteceu o primeiro fim-de-semana do 34º AMADORA BD. Estive pelo Ski Skate Park (ainda continuo a pensar como é que um dia alguém se lembrou de construir uma pista de ski na Amadora e pensar que isso seria uma ideia vencedora) e são estas as minhas primeiras notas sobre o evento! Revelo que começo a ficar já acostumado à localização e ao espaço da nova casa, ainda que considere as infraestruturas de apoio tal como estão representem um problema: as suas limitações limitam o crescimento do festival!

Logo à entrada, a primeira surpresa (a chuva não conta). Temos novos preços: o bilhete diário para o público em geral passou a custar 5 euros (são +66% que em anos anteriores). Entendo que a entrada num evento cultural feitos com dinheiros públicos deva ser tendencialmente gratuita (garantir o acesso à cultura a todos), mas o Amadora BD (único festival público de bd com entrada paga) aposta em sentido contrário e vêm agora com um brutal aumento (o antigo ministro das finanças Vitor Gaspar havia de aplaudir) que não encontra justificação nos tempos que correm. Até porque não será pela receita da bilheteira no final do festival que este evento se financia! Nota negativa, sem necessidade!

Começo aqui a visita pelas exposições. Logo pela aquela que poderíamos ver como a principal mostra, não só porque se destinava a celebrar o 60º aniversário da popular Mônica bem como porque foi inaugurada por um dos principais convidados do festival, o próprio autor (o quase nonagenário) Maurício de Sousa. Mas a realidade é cruel. Composta por uns painéis, e meia-duzia de tiras e... o resultado final traduz-se numa mostra completamente desinspirada. Uma placa com o dizer "siga que aqui não há nada para ver" talvez fosse mais interessante tinha-se aproveitado o espaço para uma outra exposição.

 
Da dezena de mostras que ganharam o direito de exposição no núcleo central do festival, destaco particularmente aqui duas, curiosamente ambas de autores nacionais. A primeira, e a ordem aqui é completamente aleatória, a Derradélândia, dedicada ao universo de humor de Dário Duarte aka Derradé. Apresentada num belo cenário, repleto de originais, e com justo destaque dado à Loja, obra que considero ser dos melhores livros deste autor. Muito bom. A segunda, é a dedicada à adaptação para banda desenhada do romance O Grande Gatsby pelo traço de Jorge Coelho. É puro deleite visual observar todo o detalhe das suas linhas e pormenores em magnificas pranchas a preto-e-branco, exibidas num cenário de festa e extravagância que caracteriza o ambiente da história. Mais uma cenografia bem conseguida. Notas muitos positivas para estas exposições.
 
 

Relativamente às restantes, mostram-se interessantes sem no entanto deslumbrar. Nas dedicadas aos aniversários do Super-Homem e da Agatha Christie, senti justamente o mesmo, um mero depositar de originais, sem um cuidado na contextualização e enquadramento das histórias/personagens. A do Garfield vale pelos originais e pelo espaço expositivo engraçado (falta ali um adereço com o retrato do gato laranja que gosta de comer à semelhança do que foi feito para a Mônica). A retrospetiva do Miguelaxno Prado soube a pouco. Na dedicada ao trabalho do Filipe Andrade, esqueceram-se das iluminações? O autor confirmou que era esta a sua ideia, mas o resultado é deprimente, com uma sala despida onde os originais expostos são servidos num cenário escuro que os absorve completamente (o cineasta César Monteiro iria adorar). Em resumo, e comparativamente a 2022, a grande maioria das exposições está a um nível muito abaixo do que vimos no ano passado!

E sigo para a já famosa tenda! É o outro espaço do festival (há um terceiro espaço mas é dedicado ao gaming e não conta num festival que se quer exclusivamente de banda desenhada). As simpáticas moças, que no ano passado distribuíam as desejadas senhas para as sessões de autógrafos, este ano foram trocadas por uma maquina automática (são sinais dos tempos). A grande vantagem do sistema de senhas é desobrigar o titular dessa senha em ter que aguardar em filas pela sua vez. E dentro do festival, esse tempo pode ser aproveitado, por exemplo, para circular entre os vários stands comerciais ou aproveitar a programação do festival de conversas e apresentações. Mas no Amadora BD tudo se complica. São 34 anos disto e ainda não chegamos lá! Há sempre uma ideia peregrina a vingar logo no primeiro dia. Não sei se recordam, mas no ano passado foi a obrigação da "fila única". Este ano, para ficarem com uma imagem, no sábado, para conseguir senhas para meia-duzia de autores tive que estar, de hora em hora, em quatro filas diferentes... para senhas!!!  Como devem compreender toda programação paralela, de apresentações e lançamentos, foi literalmente paralela, passou-me ao lado!

Ai se chovesse um pouco de bom-senso na Amadora!

Mas na verdade choveu, ou então a noite foi boa conselheira. Seja como for, os reparos e as sugestões foram ouvidas por quem de direito, e no dia seguinte a coisa simplificou-se. O problema ficou quase resolvido. Foram disponibilizadas senhas desde logo para todos os autores. Primeiro a chegar, primeiro a servir-se! Não posso deixar de destacar aqui o papel positivo de uma das responsáveis(?), de seu nome Vanessa, que foi dialogante, que soube ouvir, e que procurou a solução possível que veio a acontecer no domingo. Mais houvesse. Agora permanece o problema do painel (ou da falta deles) onde possamos acompanhar o evoluir da chamadas dos números, mas isso fica para o ano!

Em termos de nomes de autores convidados, também não se pode dizer que seja dos melhores anos, mas os presentes valem a visita. Começo pelo brasileiro Maurício de Sousa. Salvo erro, a sua quinta presença em festivais por cá. Sempre com a mesma generosidade, disponibilidade e simpatia. Não obstante a sua idade avançada não desiludiu quem o aguardava nas sessões de autógrafos.  Cinco estrelas. Do universo franco-belga, tivemos um digno representante: Émile Bravo, autor da lufada fresca no universo do Spirou que foi o álbum Diário de um Ingénuo (ASA) (uma das minhas melhores leituras de 2022), e pelo qual recebeu um dos prémios do festival destinado à “Melhor Obra Estrangeira de BD editada em Portugal”. Feliz coincidência! Brilhou nas sessões de autógrafos pela velocidade com que desenhava. Foi generoso e paciente com o público português. Outro cinco estrelas. Destaco igualmente aqui, Chloé Cruchaudet, autora de Mau Género (IGUANA) e talvez das melhores obras lançadas por esta editora nos últimos tempos. A Chlóe brindou-nos com belíssimas aguarelas! Agora um destaque pela oportunidade única de encontrar dois "monstros" da bd nacional quase lado a lado (o Dário meteu-se no meio): Filipe Andrade e Jorge Coelho. Vão escasseando oportunidades como estas, à medida que o mundo vai descobrindo o enorme talento destes rapazes. Repetem a presença no próximo Domingo.

Em suma, temos este ano (mais) um Amadora BD simpático, que proporciona sempre uma excelente montra para as editoras nacionais, mas que deixa a sensação que poderia oferecer mais. Um terço das exposições são dedicadas a personagens, que nos últimos anos não tiveram qualquer publicação por cá. Apenas três dos autores convidados são oriundos do mercado franco-belga. Tudo é manifestamente pouco para um festival que face à sua dimensão e importância se espera que seja impactante. Infelizmente não tem sido.

Ficam algumas imagens das sessões de autógrafos. De cima para baixo, da esquerda para a direita, temos:

(1ª foto) Émile Bravo, Marco Ghion e Maurício de Sousa

(2º foto) Filipe Andrade, Derradé e Jorge Coelho

(3ª foto) Maurício de Sousa

(4ª foto) Dário Duarte

(5ª foto) Chloé Cruchaudet

(6º foto) Rita Alfaiate

(7º foto) Luís Louro

(8º foto) João Amaral





18 outubro, 2023

As capas do 34º Amadora BD

Por aqui vamos entrar em modo AMADORA BD. Ia escrever que se trata do último festival nacional de BD do ano, mas o Coimbra BD parece ter renascido e anuncia-se agora para os próximos dias 10, 11 e 12 de Novembro. Voltando ao Amadora BD, o evento começa já amanhã, com a inauguração dos núcleos expositivos na Galeria Municipal Artur Bual, que recebe a exposição Traço e Têmpera, dedicada à autora Marta Teives; na Bedeteca da Amadora que recebe a exposição comemorativa dos 75 anos do Tex Willer; e no final do dia, no Ski Skate Park (já mudavam esta designação, não?), abrem as portas do núcleo central do festival, que reúne o grosso das exposições e onde irá decorrer toda a programação.

A edição deste ano fica desde já marcada pela presença da estrela brasileira Maurício de Sousa, naquela que será muito provavelmente a sua última visita ao nosso país. Terá à sua espera a exposição dedicada “Mônica 60 anos: Sempre fui forte”, comemorativa dos 60 anos da Turma da Mónica, que inclui tiras originais. Outra estrela, mas do universo franco-belga, é o francês Émile Bravo, autor de uma das melhores aventuras do Spirou, cuja terceira parte foi recentemente editada pela ASA. Estes dois autores estarão presentes para apresentações e sessões de autógrafos nos dias 21 e 22. 

Toda a programação pode e deve ser consultada aqui no sitio oficial do festival (seria fastidioso estar aqui a transcrever). 

Mas uma das mais-valias do festival, para além do contacto com os autores nacionais e estrangeiros, as sessões de autógrafos, as exposições (que valem sempre a visita) são os novos lançamentos. É justo dizer que as nossas editoras se prepararam bem para este momento. O Amadora BD, na qualidade de maior festival nacional, é sem dúvida uma excelente montra, e por isso estarão presentes as principais editoras e livrarias especializadas. Tudo com as devidas consequências para as nossas carteiras!

O número de novidades este ano ultrapassa as duas dezenas!!! Reuni aqui uma pequena mostra, de capas que as editoras disponibilizaram, não exaustiva, das novidades que que vamos poder encontrar na 34º edição do Amadora BD.  A estas somam-se ainda os mais de 250 lançamentos que já ocorreram este ano!! Portanto muita oferta! Bom festival, boas compras e boas leituras! Encontramo-nos por lá!