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18 outubro, 2023
A BD senta-se à mesa das Belas Artes!
21 dezembro, 2022
Uma Selecção para o Natal!
- Flora e Bambu (Lilliput)
Já aqui tenho falado do bom trabalho que o grupo do Pinguim tem feito na edição de banda desenhada destinada aos mais novos (+6 anos), e como estes também merecem as suas novelas gráficas, parece-me importante incluir nas sugestões a colecção Flora e Bambu. As histórias de amizade, aventura e descobertas destas duas personagens pareceram-me as mais bem conseguidas, pelo seu registo bastante engraçado, de desenho cativante e linguagem simples. O ideal para as primeiras leituras e uma bonita porta de entrada para o mundo da BD.
- One Piece, vol. 1 - A Alvorada da Aventura (Devir)
O mangá tomou de assalto as prateleiras de banda desenhada das livrarias nacionais, e quem melhor para liderar esse assalto senão aquele que aspira ser o Rei dos Piratas. A fama do mangá mais vendido em todo o mundo diz praticamente tudo sobre esta colecção. Este é o primeiro livro em português e apresenta-se num inédito volume triplo. Pela sua popularidade é, sem dúvida, a edição do ano da editora, e uma boa opção de compra.
- Spirou - Diário de um Ingénuo (ASA)
- A Adopção (Ala dos Livros)
O argumentista Zidrou abre-nos de novo as páginas para mais uma dose de compaixão. No bonito registo gráfico de Arno Monin, não ficamos indiferentes ao crescimento de um amor que vai sendo construído pela companhia e cumplicidade à medida que se desenrola a história de uma adopção, mas que não resiste à crueldade de uma realidade. Preparem-se para uma explosão de sentimentos numa edição integral e cuidada. Magnifico.
- Undertaker - vol. 3: O Monstro de Sutter Camp (Ala dos Livros)
Se a saga de um cangalheiro itinerante pelas terras de oeste pós-guerra civil americana já é de leitura recomendada, as histórias de vingança trazida nesta primeira parte do díptico elevam a fasquia da série. Uma nova personagem que emerge do passado dá um outra dimensão à palavra vilão. Os desenvolvimentos são rápidos e a leitura é ávida, e ao leitor vai sendo servida pausadamente, e em doses generosas aspectos da terrível e hipnotizante personalidade desta personagem que dá o título a este terceiro álbum. Trata-se do melhor western que foi por cá publicado este ano. E quem lê este primeiro álbum vai rapidamente querer ler o segundo.
- A Vingança do Conde Skarbek (Arte de Autor)
- Monstros (G.Floy)
Literalmente e em todos os sentidos é um livro monstruoso estas mais de 350 páginas de Barry Windsor-Smith, onde o preto e branco do seu traço intenso confere uma atmosfera ainda mais dramática a toda a história já por si complexa e angustiante. O plural do título não é inocente, porque nos traz a loucura da guerra dos Homens e as suas vítimas, e os culpados nos seus diferentes contextos e relações. A carga emocional é violenta, onde ninguém sai ileso, incluído o próprio leitor. Uma bela edição que enriquece qualquer bedeteca.
- Dante (Ala dos Livros)
Mais
um ano mais um álbum, bem pode ser o mote de Luís Louro, que se confirma cada vez mais como o autor português de banda desenhada mais prolífico do panorama actual. Neste álbum, sai da sua zona de conforto de Lisboa, e aventura-se numa amalgama de temas que lhe são queridos, como os Messerschmidt’s e o seu chamado Louroverso, um universo povoado por fadas e goblins e salpicado pelas inúmeras referências. Passada durante a Segunda Grande Guerra, temos uma história de fantasia cheia de simbolismo, da luta do bem contra o mal, de leitura complexa onde o autor cria camadas de leituras deixando o leitor ir estabelecendo os seus paralelismos. Tudo isto é servido numa irrepreensível numa belíssima composição gráfica cheia de dinâmica e cor
à qual o Louro já nos habituou. Mais uma bela edição feita com amor da editora.
- Noir Burlesque (A Seita/Arte de Autor)
- Rugas (Levoir)
- Blacksad - Algures entre as sombras
- Little Tulip (Ala dos Livros)
24 outubro, 2022
Fim-de-semana de Amadora BD
E continuando com as originalidades na tarde de Sábado, o que dizer da arte de bem carimbar que foi excepcionalmente bem executada pelo Tripp ao longo de toda a sessão? E para quem pensa que isto de colocar um carimbo é fácil, o autor com todo o seu vigor carimb… desculpem, demonstrou bem o contrário a todos aqueles que durante largas horas esperaram por um pequeno dsenho. Respeito! Quanto ao desenhador Loisel deu uma de escritor e foi para um festival de banda desenhada assinar o seu nome. Digo-vos era pôr-lhe um carimbo no passaporte e recambiá-lo para o Quebeque!
Quanto a vencedores, destaco as vitórias do interessante Estes Dias (edição POLVO) de Bernardo Majer - autor sobre o qual já convidava os leitores a descobrir o “seu mundo” no texto de apresentação que escrevi para a revista Splaft! do festival de Beja - na categoria de Melhor Obra de Banda Desenhada de Autor Português e do visceral álbum O Relatório de Brodeck (edição ALA DOS LIVROS) de Manu Larcenet, uma das grandes edições de 2021, na categoria de Melhor Obra Estrangeira de BD Editada em Portugal.
Nas restantes categorias, tivemos naquela estranha geringonça de Melhor Edição Portuguesa de BD, a vitória da reedição do livro Tu És a Mulher da Minha Vida, Ela a Mulher dos Meus Sonhos (edição A SEITA), de Pedro Brito e João Fazenda; no prémio Revelação, O Crocodilo, ou o Extraordinário Acontecimento Irrelevante (edição da LOBOMAU) de Francisco Valle e Rui Neto; e para o prémio de Melhor Fanzine ou Publicação Independente foi atribuído a Ditirambos: Fauna, que reúne um colectivo de autores nacionais. Fica o registo!
29 outubro, 2021
Notas sobre o Amadora BD de 2021
15 janeiro, 2021
Em estado ambíguo
O ano começou estranho. Inicialmente muita esperança, muitas editoras a revelarem parte dos seus planos editoriais para 2021, muitas e belas novidades anunciadas («Les Indes Fourbes», «Castelo dos Animais», «Spaghett Bros», «Murena», «Alix Senator») e… chega um novo confinamento. Na prática vai implicar tirar um mês às editoras e obrigar a ajustes nos lançamentos. Se o mercado na primeira semana de Janeiro mal mexeu, apenas duas novidades aqui e aqui, na segunda quinzena desconfio que nem abana.
A ASA já suspendeu a publicação das suas novidades previstas para este mês, o que significa que o novo álbum de Michel Vaillant, «Duelos», só para depois do confinamento. Não será a única editora neste caminho. E perante este novo cenário, arrisco-me a dizer que até meados de Fevereiro pouco ou nada vai acontecer. Ou então o “novo normal” passará por lançamentos nas redes sociais e a aposta nas vendas à distância. Depois temos a LEVOIR, ou melhor, não temos, porque desde Setembro que não há noticias. Sendo a editora que mais publicou por cá no ano passado, tenho dúvidas que “no news is good news” se aplique aqui.
E perante tempos tão incertos, o melhor também será não contar com a realização da edição deste ano do Coimbra BD, que abre a época dos festivais de banda desenhada em Portugal, e que provavelmente se realizaria nos inícios de Março. E a malta de Beja (um abraço para o Paulo e para a sua equipa) que deve estar a preparar o seu festival também devem estar a trabalhar na “corda bamba”.
11 junho, 2017
Crónica: O XIII Festival de BD de Beja
A nova centralidade do festival, desde do ano passado, o Pax Julia Teatro Municipal, é uma mais-valia. Apresenta um espaço bem distribuído, que proporciona boas áreas de exposição e bem iluminadas. Está bem servido por um auditório e o Largo do Museu Regional em frente funciona muito bem como ponto de encontro e convívio. Ainda que desconheça os motivos da troca do anterior espaço, a Casa da Cultura, pessoalmente aplaudo esta escolha. As exposições deste ano, pautaram-se por uma qualidade superior, outra vez. Pessoalmente destaco aqui duas que consumiram largos minutos da minha atenção. A do Jorge Coelho com pranchas absolutamente fantásticas do seu trabalho para a Marvel, a confirmarem talento em demasia; e a bela surpresa que foi a italiana Grazia La Padula, com umas aguarelas que revelam um magnifico trabalho de cor. A Grazia teve mesmo o lançamento do seu livro “Jardim de Inverno” (com a chancela da KingPin), e revelou uma simpatia e grande disponibilidade na (prolongada) sessão de autógrafos que proporcionou. Inconfidência: a KingPin prepara novo livro da autora, o "Les échos invisibles".
As sessões de autógrafos começam a ser um problema (agradável, acrescento). Oficialmente, é uma sessão de hora e meia, mas a elevada qualidade dos autores presentes obriga a fazer opções (não se faz) nas filas, porque o tempo disponível não permite acorrer a todos, mesmo em tempo extra. As minhas escolhas incidiram sobre a dupla Anne-Caroline Pandolfo/Terkel Risbjerg, a imperdível Grazia La Padula, o “Disney” Paolo Mottura, o brasileiro Flávio Luiz, e ainda sobrou tempo para um desconhecido e austero nacionalista romeno de seu nome Valentin Tanase, mas dono de um traço absolutamente fantástico. Deixo aqui um apelo ao Paulo para alargar a sessão de autógrafos para três horas.
E Beja assume-se cada vez mais como uma das principais montras para as nossas editoras, tal a avalanche de lançamentos e apresentações. Se por um lado revela o bom momento em que se encontra banda desenhada em Portugal, bem, o reverso é que não há carteira que aguente. E assim passou-se o encontro anual de Beja, entre amigos e livros. Haverá melhor combinação? Até para o ano!