Ano Velho. Terminado torna-se recorrente fazer um balanço e elaborar listas do melhor que passou. Pessoalmente gosto de fazer este exercício. Em síntese, destacar o + relevante e fechar as contas. Assim, começando, e bedéfilamente falando, em 2010 publicou-se bem e variado. Continuou-se pelo caminho de mais novidades e menos reedições.
A ASA fazendo justiça ao rótulo de maior editora nacional encerra o ano com 81 títulos publicados, onde nas contas da sua responsável, se incluem 33 novidades franco-belga. Muito bom foi algumas das principais séries foram publicadas em simultâneo com a edição francesa. Pessoalmente, foi um prazer ao longo do ano ter leitura tão diversificada como Animal’z, Borgia (volumes 2 e 3), Bouncer (O Fascínio das Lobas), Spirou (A Invasão dos Zorcons), Lucky Luke (contra Pinkerton), Blacksad, Escorpião ou as conclusivas partes de A Maldição dos trinta denários (de Blake e Mortimer) e da Teoria do Grão de Areia. De Corto Maltese, teve início com Mú, uma colecção a cores que só peca pelo seu preço elevado.
Da já habitual parceria da ASA com o jornal Público resultou a reedição dos 16 álbuns de Alix (em capa mole) anteriormente publicados entre nós pelas Edições 70 e a colecção completa de Gaston em 19 álbuns de capa dura. Mas sobre Alix, devo dizer que a reedição mais interessante, não foi a do Público mas antes aquela promovida pela FNAC, limitada a 300 exemplares por álbum, em capa dura com lombada a encarnado. Convenhamos que ficam bastante melhor na prateleira junto dos outros álbuns já anteriormente publicados pela ASA.
Ainda no capitulo das reedições, tivemos o regresso de Tintin, agora num formato de invenção portuguesa, pouco apelativo e bastante mais reduzido que o espectável e tradicional em franco-belga. Há quem diga que é marketing eu acho que foi um disparate!
Uma palavra para a linha mangá da ASA, com as novidades Astroboy e DragonBall, mas só para informar que começaram a ser publicadas por cá, até porque personagens algo infantis em livros de bolso que se lêem de trás para a frente não me convencem.
Continuando ainda com editoras e publicações, falo agora de regressos. Começo pela VitaminaBD. Muito discreta ao longo do ano, desperdiçou escandalosamente o regresso de Hermann a Portugal para o Festival de BD de Beja, e acabou por publicar, no último trimestre do ano, dois álbuns deste autor. O esperado regresso de Bernard Prince no álbum Ameaça sobre o Rio, onde o virtuoso Hermann domina com mestria o desenho e as cores, enquanto o argumento de Yves ainda está longe de substituir o de Greg, e o mais recente da série Jeremiah - O Gatinho morreu onde também a qualidade do desenho se sobrepõe ao argumento.
Outro regresso que se saúda, é o da Devir. Após alguns ameaças, voltou ao mercado nacional de BD, abrindo logo as hostilidades com o 5º volume da série Sin City - Valores Familiares, uma aposta sempre ganha, como aliás se confirma pelo facto do 6º volume Copos, Balas & Gajas já se encontrar à venda no momento em que escrevo estas linhas. Depois destaco o início da publicação da poderosa e viciante série The Walking Dead. Saiu o 1º volume Dias Passados e a verdade é que o meu mundo bedéfilo ficou muito mais bem preenchido depois da leitura desta invasão de mortos-vivos. Para 2011 quer-se (quero) mais desta nova Devir.
Outra editora que dá igualmente pequenos passo mas seguros é a Kingpin Books. Prima pelas boas práticas. Abriu o ano com publicação da segunda parte de A Formula da Felicidade. No 21º Amadora BD apostou em Murphy Gordon e reuniu o lançamento do excelente Off-Road com a presença do autor americano. Fechou com uma edição de coleccionador de CAOS.
E em ano de crise (quem diria) surgiu uma nova editora a apostar na edição de BD. Falo da Booksmile, que à boleia da estreia cinematográfica da adaptação, lançou os dois primeiros volumes Scott Pilgrim de Bryan Lee O’Malley. A série lá fora é já um culto, cá não tem como falhar!
Em termos de autores nacionais publicados, a grande surpresa vai para o surpreendente As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy (edição Tinta-da-China) de Filipe Melo e Juan Cavia. Um argumento de cinema adaptado para a banda desenhada (costuma ser ao contrário) transforma-se num sucesso de vendas que já vai em 3ª edição, é vencedor do prémio de “Melhor Argumento para Álbum Português” no 21º Amadora BD, surge um convite para os autores publicarem uma curta história na edição comemorativa do 25º aniversário da editora americana Dark Horse, dá origem a um segundo volume a caminho (lá para Março)… ainda subsistem dúvidas sobre a qualidade deste material?
Lá por fora, autores nacionais como Filipe Andrade, Nuno Plati ou João Lemos são sinónimos de qualidade e começam a ser publicados com regularidades nos comics americanos da editora Marvel. E falar em autores é também falar da Zona. Projecto já em velocidade cruzeiro e mais três novas revistas – Zona Fantástica, Zona Gráfica e Zona Negra 2.
Sobre Festivais, decorreu em Junho a 6º edição do FIBDB, um festival - cujo Director Paulo Monteiro tornou-se igualmente autor de BD com a sua 1ª obra O Amor Infinito que te tenho e Outras Histórias publicada pela Polvo - que ganhou por mérito próprio lugar no calendário dos eventos obrigatórios, não só pelo leque de grande qualidade dos autores estrangeiros convidados e este ano foram, entre outros, para além do referido Hermann, os gémeos brasileiros Gabriel Bá e Fábio Moon, Fábio Civitelli, Rufus Dayglo e Niko Henrichon, mas também pelo ambiente muito próprio e hospitaleiro, inclusive da própria cidade de Beja, que nos faz sentir convidados em vez de visitantes. Em suma, um FIBDB não se perde!
Depois em Outubro tivemos a 21ª edição do Amadora BD. Uma referência obrigatória em Portugal. O festival deste ano decorreu sob o signo do Centenário da Republica. Um associação pouco feliz na medida em que em nada beneficiou o festival. A República foi um tema insípido. As publicações patrocinadas pela Comissão do Centenário não saíram tempo do festival. A divulgação do evento foi escassa. Faltaram grandes nomes da BD para ocuparem os três fins-de-semana. E nem mesmo a elevada qualidade das mostras, e acrescento que a dedicada à “Teoria do Grão de Areia” de Schuiten e Peeters elevou o conceito de exposição para um nível bastante elevado, foi suficiente para levar público até ao Fórum da Brandoa. Ficou uma edição que serviu sem dúvidas para tirar ilações!
Pessoalmente e aqui no blogue, ao fim de 5 anos de existência, ultrapassei finalmente (ufa!) a marca das 100 entradas/ano, fechando com um total de 112 notas. O n.º de visitantes ultrapassou também a redonda marca dos 100.000.
E até porque o meu exercício de síntese já vai longo, finalizo com o top 5 daquelas que considero terem sido as minhas melhores leituras do ano. Claro que havia outras publicações igualmente merecedoras de integrarem este top, mas a vida é feita de escolhas e a minha lista é voluntariamente e obrigatoriamente reduzida. Assim, são estes os meus preferidos de 2010:
- Lucky Luke contra Pinkerton (ASA)
- The Walking Dead, vol. 1 - Dias Passados (DEVIR)
- As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy (TINTA-DA-CHINA)
- A Teoria do Grão de Areia – Vol. 2 (ASA)
Ficam os votos para 2011 de boas leituras!
10 comentários:
Verbal!
Muito boa a tua retrospectiva.
Só espero que as Notas continuem para 2011 com o mesmo lema de uma revista de BD da minha juventude:"Mais e melhor!"
Bom Ano e a continuação de tudo de bom para ti!
Olá Labas, obrigado pelo feedback. As notas continuarão com certeza. Retribuo os votos de Bom Ano com muitas e boas leituras bedefilas! Abraço
Boa critica verbal,só faltou citar os trofeus que não aconteceram,e a editora que editou mas que destribuiu muito mal e porcamente nas bancas o seu unico comic em hc.
Excelente análise que li com muito agrado. Entretanto e depois da parte final do teu texto só me resta desejar longa vida a estas notas de um bedéfilo inveterado. Um abraço.
@Optimus, regra geral para elaborar este balanço passo em revista os textos que coloco ao longo do ano, e relativamente aos troféus CC nada foi dito porque nada aconteceu.
Qual foi a editora que editou e mal distribuiu? Abraço
@João, obrigado e retribuo os votos na qualidade de bloguista e bedéflilo para um também bloguista e bedéfilo. Abraço
A maniabd e os seus Avengers,que não se acham em lado nenhum nem nas Bertrands sua suposta distribuidora,e cheira-me que esse novos lancamentos bdvitaminados vão pelo mesmo caminho.EDITAR sim distribuir para que???????
Os trofeus Cc já estao de volta mas com atraso.
@Optimus, concordo contigo. Não editam mais porque não vendem, mas quando editam não querem vender!
A BDMania (BDM) e VitaminaBD (VBD) dificilmente podem crescer mais do que são, devido mesmo à distribuição.
Que nem é má é inexistente! Também eu não compreendo esta politica, porque quando passo numa FNAC, vejo lá material de todas as editores, inclusive das mais pequenas como a Libri Impresi ou a Bonecos Rebeldes ou ainda do Projecto ZONA.
Sobre as lojas da Bertrand nem falo porque nem um espaço organizado de BD tem! Abraço
As lojas Bertrand melhoraram muito as que tem menos de 2 ou 3 anos,já tem area BD e tudo separada como na Bertrand Dolce Vita antas uma das melhores aqui no Norte,a 2a melhor é a Bertrand Boavista em frente ao Arrabida,e por ultimo a do Gran Plaza Bolhao,as mais antigas como a Bertrand Norte Shopping nem espaço para bd tem e esta junto com a Literatura infantil.
"A BDMania (BDM) e VitaminaBD (VBD) dificilmente podem crescer mais do que são, devido mesmo à distribuição.
Que nem é má é inexistente! Também eu não compreendo esta politica, porque quando passo numa FNAC, vejo lá material de todas as editores, inclusive das mais pequenas como a Libri Impresi ou a Bonecos Rebeldes ou ainda do Projecto ZONA."
Exato,e é por esse desacaso que a ASA Goleia nos Fb,e e Há-de-Vir com apenas 3 lancamentos (muito fraco relativamente a pré-2006)
já vendeu mais que eles,apesar de achar que para esses o teste a valer é só quando editarem BDS 100% a cores como os Wolverines.
Na Bertrand Boavista é em frente ao Brasilia não ao Arrabida.
@Optimus, relativamente às Bertrands devo dizer que conheço as situadas no CC Vasco da Gama e no CC Colombo, e nestas a BD está confinada a duas, três prateleiras. A da loja no Chiado está melhor porque apresenta talvez quatro, cinco prateleiras. Em todas material bastante antigo e escasseia ou é inexistente uma zona de novidades. Em resumo: a evitar! Pelos visto aí no Norte tratam a BD de melhor forma!
Abraço
Enviar um comentário