15 janeiro, 2021

Em estado ambíguo

O ano começou estranho. Inicialmente muita esperança, muitas editoras a revelarem parte dos seus planos editoriais para 2021, muitas e belas novidades anunciadas («Les Indes Fourbes», «Castelo dos Animais», «Spaghett Bros», «Murena», «Alix Senator») e… chega um novo confinamento. Na prática vai implicar tirar um mês às editoras e obrigar a ajustes nos lançamentos. Se o mercado na primeira semana de Janeiro mal mexeu, apenas duas novidades aqui e aqui, na segunda quinzena desconfio que nem abana.

A ASA já suspendeu a publicação das suas novidades previstas para este mês, o que significa que o novo álbum de Michel Vaillant, «Duelos», só para depois do confinamento. Não será a única editora neste caminho. E perante este novo cenário, arrisco-me a dizer que até meados de Fevereiro pouco ou nada vai acontecer. Ou então o “novo normal” passará por lançamentos nas redes sociais e a aposta nas vendas à distância. Depois temos a LEVOIR, ou melhor, não temos, porque desde Setembro que não há noticias. Sendo a editora que mais publicou por cá no ano passado, tenho dúvidas que “no news is good news” se aplique aqui.

E perante tempos tão incertos, o melhor também será não contar com a realização da edição deste ano do Coimbra BD, que abre a época dos festivais de banda desenhada em Portugal, e que provavelmente se realizaria nos inícios de Março. E a malta de Beja (um abraço para o Paulo e para a sua equipa) que deve estar a preparar o seu festival também devem estar a trabalhar na “corda bamba”.

Vou pondo as leituras em dia com a esperança que não há mal que sempre dure! 

11 comentários:

Anónimo disse...

O problema da Levoir foi meter-se com a máfia... Tentou correr com os amigos do costume e foi quase assassinada pela retaguarda. Já a goody foi assim. Pelo que me consta, já seguiu a ordem para a G Floy ser enterrada (basta ver a brilhante tradução do Faithless). Sempre o mesmo nome nos créditos das bodegas e ninguém estranha. A marioneta do Ronnie já disse que o voltaram a chamar, aprenderam quem manda e em principio já têm dois livros dos classicos da literatura e um outro livro em produção.

jose carlos neves disse...

15/01/21, 18:54 Ola anonimo, sou leitor de BD e leio em blogues isso que referes,mas ninguem especifica nada. Como leitor gostava de perceber o que realmente se passa? O que são as "mafias" que referes, quem são os "amigos do costume"? Quem é o Ronnie?

Desculpa as questões mas como leitor assíduo de BD e por acaso fã em particular das publicações da G floy fico preocupado e como nao sou do meio passa me tudo ao lado .
Obrigado
Jose Carlos Neves

diogosr1 disse...

Há uns anónimos desta vida que destilam ódio por um dos principais responsáveis pelo boom da BD em Portugal desde 2014, com o reaparecimento da G-Floy e com as múltiplas parcerias ou sugestões dadas a uma Levoir, Salvat, etc. Esses anónimos, que no fundo não passam de acólitos, talvez em vez de passarem a vida a conspurcar os blogs com teorias da conspiração ou ódios antigos, talvez se chegassem à frente, tão corajosos que são, e comprassem os direitos e publicassem. Só que não.

diogosr1 disse...

É verdade que os tempos são muito incertos ou melhor, são quase certos - perante o comportamento dos portugueses perante uma pandemia, sendo anedótico, errático, vá - estupido e ignóbil, é natural que o confinamento se prolongue e as medidas sejam apertadas, com um impacto muito forte na atividade das nossas queridas editoras. Temo que este ano, que ainda agora começou, seja muito pior que 2020. :(

Nuno Neves disse...

Olá Anónimo, o problema da G.Floy está longe de ser a tradução/legendagem/adaptação para português. É verdade que o exemplo como o que referiste, do «Faithless», não ajuda, mas são as vendas, fracas, a principal preocupação. Pessoalmente olho actualmente para os títulos da editora, e nenhum me seduz por aí além. Acabei de ler o «Pulp». É uma história bem construída, e embora o desenho não entusiasme é competente, Não estou a dizer que não tem qualidade, mas serve para ilustrar bem o que eu estou a dizer, é (mais) um titulo que não está destinado a grandes vendas. Sobre os «Clássicos», apesar do aparente sucesso de vendas(!) acho a colecção sofrível. Não faz jus aos grandes títulos da literatura que lhes servem de base. A histórias pecam por não captarem a essência das obras, atalham muitas vezes capítulos do livro original e os desenhos são basicamente fracos. Não há tradução/legendagem que os salvem.

Respondendo agora ao José Neves, o anónimo é um comentador que escreve de forma críptica sobre os seus ódios de estimação. Confesso que muitas vezes nem sei de quem é que está a falar. Mas o «Ronnie» é o titulo que saiu impresso na lombada da edição portuguesa de «Ronin» de Frank Miller, publicado pela LEVOIR. Um erro tão feio que obrigou a editora a remediar a situação com a impressão de uma sobrecapa.

E respondendo ao Diogosr1, não partilho desse sentimento tão negativo para 2021. É verdade que começamos mal. Mas as editoras não se podem dar ao luxo de ficarem fechadas. É certo que o confinamento não ajuda, mas este confinamento não é tão restritivo como o primeiro. O facto de se permitir a abertura de bancas e tabacarias, e a venda ao postigo pelas livrarias é uma boa atenuante. Janeiro é certo que está perdido, mas também era para perceber como é que as coisas iam funcionar. Fevereiro já deverá reflectir uma adaptação perante este novo normal.

Boas Leituras!

Intempo disse...

Afinal o que se passou de tão grave com Faithless? Esse era um dos livros que estava a equacionar adquirir. E já agora - o que levou à recente restruturação da G Floy? O José de Freitas saiu? Foi a quebra de vendas com a pandemia?

Nuno disse...

Intempo a edição de «Faithless» tem alguns graves problemas de tradução. Não comprei o livro mas já vi algumas imagens e de facto não se percebe. A G.FLOY passou por uma reestruturação interna, envolvendo Portugal, Espanha e Polónia. Fracas vendas ajudam a explicar. E o Freitas agora é editor da SEITA. Abraço

Intempo disse...

Agradeço estes esclarecimentos Nuno. «Faithless» então é para esquecer.
Já desconfiava do Freitas - era com ele que encomendava vários livros da G Floy e da última vez fui surpreendido com a demora do meu pedido e quem tratou do assunto foi a Christine - e em inglês - o que achei estranho!
Também desconfiava que o Freitas estava na Seita porque o catálogo que foi para o Pedro foi entregue por ele.
Espero que a G Floy não desapareça de cá e que não existam mais maus exemplos como «Faithless».

E a Levoir? Está calada desde outubro nos seus canais oficiais. Mais uma editora que vai desaparecer?

Abraço

Nuno disse...

Intempo a G.FLOY não vai desaparecer (espero eu) mas já não será G.FLOY de outrora com várias dezenas de lançamentos por ano. Eu penso que já revelaram o plano editorial para o 1º trimestre, e a aposta passa sobretudo pela continuação da séries do catalogo. Relativamente à LEVOIR é aqui que pesam os meus receios. Abraço

Anónimo disse...

4 de Fevereiro chegam mais dois volumes dos clássicos da literatura. Faithless e o volume do Saramago têm o mesmo tradutor. Ronnie e Andrómneda foram responsabilidade do mesmo senhor que gosta de dizer que é um dos melhores legendadores do mundo. E ambos continuam a trabalhar... José Carlos, faz um pouco de pesquisa sobre as edições boicotadas, abre os créditos e reflete um pouco. Pensa por que será que a Levoir já não tem livros japoneses na Novela Gráfica? Por que será que o Prado rompeu com a editora depois do assassinio do seu Traço de Giz? Quem ganha? Cada vez que alguém os tenta despedir, como a Levoir tentou na coleção das Novelas Gráficas, são sugados para um rol de ameaças e manipulações dos caciques do costume.

Poeira disse...

A tradução de Faithless é de Sandra Álvarez e do Saramago é do João Miguel Lameiras. Não é o mesmo tradutor...