08 setembro, 2021

Não há festa como esta!

Foi no passado fim de semana que a tribo bedéfila reuniu-se, finalmente presencialmente, após ano e meio, na "casa" do Paulo em Beja. O regresso a um convívio adiado traduziu-se em mais uma excelente celebração da BD. Este é o testemunho da minha passagem.

Deslocada no calendário, desafiando a pandemia, e competindo com as feiras do livro de Lisboa e Porto, é verdade que a edição deste ano do Festiva de Beja não recebeu as multidões a que nos habituamos em anos anteriores, mas mesmo assim, e atendendo às especiais circunstâncias, o evento esteve bem composto.

Poderia aqui discorrer sobre a qualidade das exposições patentes ou sobre a disponibilidade dos excelentes autores presentes, mas como devem adivinhar tudo manteve o nível a que nos habituamos em Beja. Mas desta vez prefiro aqui realçar a envolvência que caracteriza o festival, e que permite, por exemplo, que o espaço em frente à Casa da Cultura se transforme numa ampla "sala de estar", onde leitores, autores e editores se cruzam, e amenas cavaqueiras não tem horas para terminar. Confesso que foi o que privilegiei na edição deste ano. Após mais de um ano a trabalhar em casa, o que eu mais precisava era de estar com pessoas reais, em conversas sem fim, que só avançar das horas lhe colocavam um ponto final. Gosto do contacto humano (e sem máscara, finalmente).

Em consequência assisti apenas a três ou quatro apresentações, consegui apenas três ou quatro autógrafos, mas em compensação ganhei horas de conversa ao vivo com novos e velhos conhecidos que já não via há demasiado tempo, que me souberam pela vida. É por aqui que se contam histórias deliciosas dos bastidores do Amadora BD, onde os editores se abrem e falam do seu amor pela edição, onde futuras novidades são confidenciadas (aproveito para dizer que já vi algumas páginas do Amor de Perdição e que fazem esquecer Os Maias de Canizales, visualizei algumas pranchas da obra-mestra do Álvaro, e a coisa promete). O incansável Luís Louro continua a assinar fora de horas, mas vou esperar por ele no Amadora BD. Domingo de manhã, cruzo-me com Lele Vianello, sentado numa das mesas de café que se encontram na "sala de estar", a beber uma cerveja nacional. Abordo-o e provocador peço-lhe um "Corto". Ele torce o nariz. Desenha-me um índio. Grazie pela atenção.

Só neste ambiente único do festival de Beja é que é possível fazerem-se desaparecer as distâncias. E assim aconteceu durante o fim-de-semana passado. Provei de um oásis de normalidade dentro da anormalidade em que vivemos hoje os nossos dias. E foi perfeito. E eu precisava disso. Que me desculpe a malta da Atalaia, mas a verdade é que é nesta que "não há festa como esta!". Um grande obrigado a todos que fazem acontecer o Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja. Até para o ano!

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