A editora ASA apresenta este mês uma mão-cheia de bons lançamentos, entre os quais encontramos este DIAS DE AREIA, que marca a estreia da holandesa Aimée de Jongh no nosso país. Devo dizer, porque já tive a oportunidade de ler o álbum, que é um bom cartão de apresentação do magnifico trabalho gráfico da autora. Dona de um belo desenho e criadora de uma narrativa visual que facilmente nos cativa. Apresenta-se num formato que só peca pela capa mole.
O álbum traz-nos uma história de ficção mas baseada em factos reais. Recorda um período histórico mas pouco conhecido da história americana. A região centro do pais, formada pelos estados de Kansas, Oklahoma e Texas, durante a década de 30 do século passado, passou por um fenómeno climático extremo, ao sofrer ao longo de quase dez anos um período de seca, tempestades de areia e poeira, no que ficou conhecido por Dust Bowl.
Milhares de famílias de agricultores americanas foram obrigadas a abandonar aquelas terras, em pleno período da Grande Depressão, o que arrastou milhões para a pobreza.
«Na desolação coberta de areia desta nossa Terra de Ninguém, de chapéus na cabeça, lenços a cobrir o rosto e vaselina nas narinas, temos tentado salvar a nossa casa da poeira soprada pelo vento que penetra por todo o lado. É quase uma tarefa sem esperança, porque é raro haver um dia em que, por um momento, as nuvens de pó serenem. A visibilidade é quase nula e tudo acaba por voltar a ficar coberto de uma espécie de camada de lodo cuja espessura pode variar entre uma película e verdadeiras ondas no chão da cozinha». Caroline A. Henderson descreve a vida no Dust Bowl, em carta datada de 30 de Junho de 1935.
DIAS DE AREIA
Washington, D.C., 1937. John Clark, um jovem fotografo de 22 anos, é contratado pela Farm Security Administration, uma agência governamental responsável por ajudar os agricultores que são vítimas da Grande Depressão. A sua missão é registar fotograficamente a dramática situação e condição de vida dos agricultores do Dust Bowl, em Oklahoma.
Este álbum encontra-se enriquecido por por um conjunto de imagens da herança fotográfica da Biblioteca do Congresso Americano, incluindo a famosa fotografia de Florence Owens Thompson, viúva e mãe de sete crianças, que ficou imortalizada como a "Migrant Mother".
Ficha técnica:
Dias de Areia
De Aimée de Jongh
Capa mole, dimensões 204x271, cores, 288 páginas.
ISBN: 9789892361208
PVP: € 29,90
Edição ASA
9 comentários:
A ASA não para de nos surpreender... pela negativa. Uma obra-prima lançada em capa mole... way to go ASA! É assim mesmo. Como diz o ditado popular "Deus dá nozes a quem não tem dentes". Siga a dança...
É uma "guerra" que tenho com a ASA. Para mim a edição da série «O Assassino» em capa mole foi uma enorme desilusão. Tenho falado várias vezes com o editor da ASA acerca desta questão das edições, que obras há que pela sua qualidade narrativa a e gráfica merecem edições que as valorizem, mas parece-me sempre que o factor financeiro pesa sempre nestas decisões. Vou tentar ainda que a ASA pense fazer em alguns álbuns de edição em capa mole, uma tiragem limitada em capa dura, ainda que com um pvp ligeiramente superior. Nada que não tivesse siso feito pro exemplo pela Meribérica. O Deus das Moscas, a adaptação de Aimée de Jongh, para o qual tenho grandes expectativas é um destes casos. Está previsto, infelizmente para capa mole, pelo que vou ver se é possível.
So há capa dura pró asterix?
Este vou esperar que apareça no Hipermercado para usar saldo do cartão. Respeito com respeito se paga. Tratem a obra de forma condigna!
E a confirmar-se "O Deus das Moscas" também em capa mole o meu dinheirinho irá para outro destino. Não se enganem, a melhor forma de faze valer a opinião pessoal sobre a forma como determinada editora está a tratar o seu catálogo e os seus leitores é pela carteira.
Boas noticias meus amigos! Após a troca de algumas mensagens, houve desenvolvimentos, e apesar de ser complicado para a editora Fazer tiragens paralelas para satisfazer certos públicos, a boa nova é que a edição de O Senhor das Moscas, que inicialmente estava prevista para capa mole, vai afinal ser editado em capa dura; e mais a autora Aimeé de Jongh acabou de confirmar a sua presença no festival Amadora BD para o lançamento do álbum. :)
Boas notícias de facto Nuno,, mas não deixa de ser sintomático o facto da ASA (e outras...) constantemente avaliarem mal o material que têm nas mãos assim como o público alvo. Como já afirmei aqui diversas vezes precisamos de editores/as que saibam trabalhar o material que licenciam e não apenas agendá-lo e largá-lo no mercado.
Olá António. Pessoalmente não coloco todas as editoras no "mesmo saco". Há editoras a quem reconheço um cuidado e atenção no trabalho de edição, e não tenho qualquer problema em apontar o belo exemplo da Ala dos Livros neste campo. Agora concordo que muitas outras se limitam apenas a editar do que fazer um bom trabalho de edição. Relativamente à ASA noto uma forte pressão para tornar as edições economicamente mais acessíveis aos leitores e dai a recorrente opção em edição de capa mole com badanas em alternativa à capa dura. Mas confesso o meu desconhecimento em termos de custo de produção de um álbum aos dias de hoje.
Viva Nuno a diferença de custo de uma brochura dita em capa mole e uma brochura em capa cartão, se não tiver acabamentos especiais, acaba por ser negligenciavél, especialmente se a tiragem for significativa. Adicionando a isto a edição em capa dura por, em geral, oferecer encadernamentos de melhor qualidade (cadernos cosidos á linha, lombada interior flexível em tecido, fitilho marcador,etc...) acaba por ser uma óptima justificação para o editor aumentar a margem de revenda da obra e assim tornar mais lucrativo o conjunto total da edição (em relação a uma edição comum em capa mole, geralmente com cadernos colados directamente na lombada). Julgo que existe lugar para as 2 situações - capa dura e capa mole (a Meribérica fez isto com parte do seu catálogo durante anos...) e o que já se assiste no mercado franco-belga (e outros) é a introdução de linhas editoriais básicas de obras de grande qualidade em formato mais pequeno, capa mole e papel com um pouco menos gramagem a preços francamente acessíveis (€10-12 mais ou menos...). Esta poderia ser uma opção também para as editoras nacionais mantendo, claro, as versões mais caras para colecionador.
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