De volta aos clássicos, desta vez para falar de uma das mais extraordinárias bandas desenhadas que conheço. O Fantasma, criação imortal do autor americano Lee Falk (1911-1999), foi uma personagem inovadora, por ter sido o primeiro herói a apresentar-se com uma identidade secreta, inaugurando assim a longa tradição na bd americana dos heróis mascarados. A história do Fantasma é, na realidade, a saga de uma família, que de geração em geração, através de um juramento (da caveira), renova a promessa de dedicar a sua vida a combater o mal.
Esta estrutura delineada pelo autor, conseguia dar profundidade à personagem, permitindo explorar várias facetas do Fantasma, ao variar a acção e a época das histórias, sendo o leitor, por vezes, “transportado” alguns séculos atrás para acompanhar as aventuras de um outro Fantasma de uma outra geração. A renovação da personagem, através da sua sucessão, para além de humaniza-la permite evitar aqueles desfasamentos temporais tão característicos dos heróis modernos. O Fantasma vive e morre no seu tempo mas ao mesmo tempo é imortal, porque alguém tomará sempre o seu lugar. Nas histórias, a ideia da imortalidade está vincada sob a forma de lendas de “O Espírito-Que-Anda” ou o "Homem-que-nunca-morre" que é sussurrada e provoca terror nos adversários.
O ambiente natural do Fantasma é a região selvagem onde vive. Aqui desenrola-se a maior parte das suas aventuras. No coração da selva, vive numa gruta em forma de caveira. Numa das salas guarda os registos escritos em forma de crónicas das várias gerações e noutra, a sala do Tesouro, encontra-se cheia objectos históricos recolhidos ao longo dos tempos por vários Fantasmas. Depois, existem ainda lugares exóticos como a espantosa praia dourada de Keela Wee com as suas areias de ouro ou a extraordinária Ilha de Éden, onde animais selvagens convivem amistosamente com monstros pré-históricos.
O Fantasma é também o Comandante da Patrulha da Selva, um corpo policial criado por um dos primeiros Fantasma, que tem como missão assegurar a Lei e Ordem na selva, sendo normal a intervenção destes nas histórias. Curiosamente o elemento “civilização” encontra-se muitas vezes ausente, ficando mesmo inexpressivo na narrativa, mesmo quando a acção se desloca para a cidade. Geralmente quando viaja, o Fantasma age de forma anónima, usando sempre uma gabardina, óculos escuros e chapéu.
Rezam as crónicas que o primeiro Fantasma foi Sir Christopher Standish, filho de um antigo marinheiro da frota de Cristóvão Colombo. No século XVI, numa das viagens, o navio que o seu pai era comandante, foi atacado por piratas Singh ao largo da costa de Bengala, país imaginário situado algures no continente africano, sendo o jovem Kit (diminutivo de Christopher) o único sobrevivente. Socorrido pelos pigmeus Bandar da selva africana, faz pela primeira vez o juramento, sobre a caveira do assassino de seu pai, dando assim origem à linhagem do Fantasma. Desde então, os habitantes da selva (excepto os pigmeus Bandar) acreditam que ele seja eterno, quando na verdade o actual Fantasma pertence à 21º geração.
Além da máscara, que nunca tira, e do trajo (curiosamente, o seu autor tinha previsto um trajo cinzento, mas quando a primeira edição a cores foi impressa, em 1939, por problemas na gráfica, a cor que saiu foi roxa, e assim foi mantida), Lee Falk dotou este herói de outros símbolos. O símbolo do Fantasma é uma caveira. Para além da já referida gruta da caveira, usa na sua mão direita o anel da caveira ou a marca do mal, utilizado frequentemente para marcar a face dos seus inimigos, quando utiliza os punhos; na mão esquerda, usa outro anel, cujo símbolo significa a marca do bem, que garante a quem usar que estará sempre sob sua protecção.
Propriedade da King Features Syndicate, o Fantasma fez a sua estreia a 17 de Fevereiro de 1936, com a história The Singh Brotherhood, nas páginas do “New York American Journal”, sendo o seu primeiro desenhador Ray Moore (1905-1984). Mais tarde, este foi substituído por Wilson McCoy (1902-1961) e, a partir de 1963, foi Sy Barry quem se encarregou dos desenhos durante cerca de três décadas. Mais recentemente, foi um seu assistente, George Olesen, que tomou conta dos desenhos, bem como Graham Nolan. De referir, que foi o próprio Lee Falk que ao longo de sessenta anos ininterruptos se encarregou de escrever os argumentos das histórias, ostentando por isso o título de autor de banda desenhada com maior longevidade.
Actualmente, através da King Features, continuam a ser publicadas tiras diárias em jornais de todo o mundo, as aventuras do 21º Fantasma, que é casado com Diana Palmer, funcionária da ONU, e pai de um casal de gémeos, Kit e Eloise. Em formato comic, a editora americana Moonstone publica um título regular desta personagem, “The Phantom”, que não tem qualquer ligação com as tiras publicadas nos jornais.
O FANTASMA EM PORTUGAL
Ao longo dos anos, o Fantasma surgiu em inúmeras publicações e reedições nos Estados Unidos e noutros países, incluindo o Brasil, onde foi publicado em revista própria durante longos anos. No nosso país, foi principalmente no saudoso Mundo de Aventuras que o divulgou e popularizou, havendo no entanto outras publicações (ex: Selecções do Mundo de Aventuras) que também publicaram histórias soltas deste herói. Infelizmente, não há registo de qualquer título de carácter regular inteiramente dedicado ao Fantasma.
No ano em se comemora os 70 anos da sua primeira publicação, a editora brasileira Opera Graphica aproveitou para lançar uma edição comemorativa, "O Fantasma - Sempre aos Domingos", que reúne todas as histórias do Fantasma escritas por Lee Falk e desenhadas por Ray Moore, que foram publicadas originalmente entre Maio de 1939 e Outubro de 1942, cuja capa reproduzo aqui ao lado. Um autêntico tesouro!
Pena é que as editoras portuguesas andem distraídas!
Sites relacionados:
- Fantasma News (Brasil)
- Os Amigos do Fantasma (EUA)
Consultas efectuadas:
- post “The Phantom, O Fantasma” no blogue MANIA DOS QUADRADINHOS
- “Mandrake & Fantasma” na colecção OS CLASSICOS DA BANDA DESENHADA
- “Fantasma (banda desenhada)" na Wikipédia.org
Esta estrutura delineada pelo autor, conseguia dar profundidade à personagem, permitindo explorar várias facetas do Fantasma, ao variar a acção e a época das histórias, sendo o leitor, por vezes, “transportado” alguns séculos atrás para acompanhar as aventuras de um outro Fantasma de uma outra geração. A renovação da personagem, através da sua sucessão, para além de humaniza-la permite evitar aqueles desfasamentos temporais tão característicos dos heróis modernos. O Fantasma vive e morre no seu tempo mas ao mesmo tempo é imortal, porque alguém tomará sempre o seu lugar. Nas histórias, a ideia da imortalidade está vincada sob a forma de lendas de “O Espírito-Que-Anda” ou o "Homem-que-nunca-morre" que é sussurrada e provoca terror nos adversários.
O ambiente natural do Fantasma é a região selvagem onde vive. Aqui desenrola-se a maior parte das suas aventuras. No coração da selva, vive numa gruta em forma de caveira. Numa das salas guarda os registos escritos em forma de crónicas das várias gerações e noutra, a sala do Tesouro, encontra-se cheia objectos históricos recolhidos ao longo dos tempos por vários Fantasmas. Depois, existem ainda lugares exóticos como a espantosa praia dourada de Keela Wee com as suas areias de ouro ou a extraordinária Ilha de Éden, onde animais selvagens convivem amistosamente com monstros pré-históricos.
O Fantasma é também o Comandante da Patrulha da Selva, um corpo policial criado por um dos primeiros Fantasma, que tem como missão assegurar a Lei e Ordem na selva, sendo normal a intervenção destes nas histórias. Curiosamente o elemento “civilização” encontra-se muitas vezes ausente, ficando mesmo inexpressivo na narrativa, mesmo quando a acção se desloca para a cidade. Geralmente quando viaja, o Fantasma age de forma anónima, usando sempre uma gabardina, óculos escuros e chapéu.
Rezam as crónicas que o primeiro Fantasma foi Sir Christopher Standish, filho de um antigo marinheiro da frota de Cristóvão Colombo. No século XVI, numa das viagens, o navio que o seu pai era comandante, foi atacado por piratas Singh ao largo da costa de Bengala, país imaginário situado algures no continente africano, sendo o jovem Kit (diminutivo de Christopher) o único sobrevivente. Socorrido pelos pigmeus Bandar da selva africana, faz pela primeira vez o juramento, sobre a caveira do assassino de seu pai, dando assim origem à linhagem do Fantasma. Desde então, os habitantes da selva (excepto os pigmeus Bandar) acreditam que ele seja eterno, quando na verdade o actual Fantasma pertence à 21º geração.
Além da máscara, que nunca tira, e do trajo (curiosamente, o seu autor tinha previsto um trajo cinzento, mas quando a primeira edição a cores foi impressa, em 1939, por problemas na gráfica, a cor que saiu foi roxa, e assim foi mantida), Lee Falk dotou este herói de outros símbolos. O símbolo do Fantasma é uma caveira. Para além da já referida gruta da caveira, usa na sua mão direita o anel da caveira ou a marca do mal, utilizado frequentemente para marcar a face dos seus inimigos, quando utiliza os punhos; na mão esquerda, usa outro anel, cujo símbolo significa a marca do bem, que garante a quem usar que estará sempre sob sua protecção.
Propriedade da King Features Syndicate, o Fantasma fez a sua estreia a 17 de Fevereiro de 1936, com a história The Singh Brotherhood, nas páginas do “New York American Journal”, sendo o seu primeiro desenhador Ray Moore (1905-1984). Mais tarde, este foi substituído por Wilson McCoy (1902-1961) e, a partir de 1963, foi Sy Barry quem se encarregou dos desenhos durante cerca de três décadas. Mais recentemente, foi um seu assistente, George Olesen, que tomou conta dos desenhos, bem como Graham Nolan. De referir, que foi o próprio Lee Falk que ao longo de sessenta anos ininterruptos se encarregou de escrever os argumentos das histórias, ostentando por isso o título de autor de banda desenhada com maior longevidade.
Actualmente, através da King Features, continuam a ser publicadas tiras diárias em jornais de todo o mundo, as aventuras do 21º Fantasma, que é casado com Diana Palmer, funcionária da ONU, e pai de um casal de gémeos, Kit e Eloise. Em formato comic, a editora americana Moonstone publica um título regular desta personagem, “The Phantom”, que não tem qualquer ligação com as tiras publicadas nos jornais.
O FANTASMA EM PORTUGAL
Ao longo dos anos, o Fantasma surgiu em inúmeras publicações e reedições nos Estados Unidos e noutros países, incluindo o Brasil, onde foi publicado em revista própria durante longos anos. No nosso país, foi principalmente no saudoso Mundo de Aventuras que o divulgou e popularizou, havendo no entanto outras publicações (ex: Selecções do Mundo de Aventuras) que também publicaram histórias soltas deste herói. Infelizmente, não há registo de qualquer título de carácter regular inteiramente dedicado ao Fantasma.
No ano em se comemora os 70 anos da sua primeira publicação, a editora brasileira Opera Graphica aproveitou para lançar uma edição comemorativa, "O Fantasma - Sempre aos Domingos", que reúne todas as histórias do Fantasma escritas por Lee Falk e desenhadas por Ray Moore, que foram publicadas originalmente entre Maio de 1939 e Outubro de 1942, cuja capa reproduzo aqui ao lado. Um autêntico tesouro!
Pena é que as editoras portuguesas andem distraídas!
Sites relacionados:
- Fantasma News (Brasil)
- Os Amigos do Fantasma (EUA)
Consultas efectuadas:
- post “The Phantom, O Fantasma” no blogue MANIA DOS QUADRADINHOS
- “Mandrake & Fantasma” na colecção OS CLASSICOS DA BANDA DESENHADA
- “Fantasma (banda desenhada)" na Wikipédia.org