A editora DEVIR acaba de dar início à sua Colecção Angoulême. Composta por 8 álbuns de BD franco-belga, em formato de capa dura e datas de lançamentos previstas para os próximos meses. A premissa foi a de reunir dentro de uma coleção um conjunto de obras premiadas pelo festival de BD de Angoulême. Como não podia deixar de ser, só dá excelentes autores. Haverá reedições, mas a maioria dos títulos encontra-se por cá inédita.
E parece ser tudo óptimo, álbuns premiados de bons autores, edições cuidadas em capa dura com um preço de € 22, mas... lá surge um senão nesta história. E aqui são as dimensões de cada livro da edição portuguesa. Para quem está habituado às generosas medidas de 31x24 habituais do franco-belga, e sabendo que a colecção original (collection Prix Angoulême) apresentou-se em 26x19, estes 24x17 portugueses chocam. É pequeno? É. Caberá a cada leitor avaliar se pela qualidade o tamanho importa.
Ultrapassando esta desilusão, que não é fácil de entranhar, o inicio não poderia ser melhor. Três álbuns (Feira dos Imortais, A mulher armadilha e Frio Equador) estão reunidos, de novo, num único volume com a assinatura do fantástico Enki Bilal. A TRILOGIA NIKOPOL, premiada em 1987, fica assim como o cartão de entrada na nova colecção Angoulême.
Um universo onde o passado, o presente e o futuro se fundem num enredo marcado por intrigas políticas, conflitos de poder e a presença misteriosa de deuses antigos que se misturam com elementos de ficção científica, numa Paris distópica de 2023. Bilal explora temas como corrupção, fanatismo e identidade, com uma estética única de tons sombrios e azuis, trazendo uma atmosfera futurista e enigmática.
3 comentários:
Viva Nuno. A opção da Devir disponibilizar grandes títulos e autores neste mini formato é, no mínimo, discutível. É certo que as realidades do mercado de BD obrigam as editoras a diversificar a sua oferta para bolsas menos recheadas (a eterna discussão capa dura/capa mole) mas este formato fará mais sentido em mercados onde há uma verdadeira capacidade de escolha, ou seja, formato clássico ou versão “de bolso”. Assim ficamos limitados a formatinhos “americanizados” ou “manguizados” o que poderá representar uma significativa perda o impacto da leitura da obra e da sua dignidade como obra visual. Mais uma vez, apenas o mercado irá avaliar se está é uma boa opção ou não.
Esta coleção é boa em tudo, realmente menos na escolha do formato.
Boa ideia, boa oportunidade de títulos, boa periodicidade de lançamentos. Mas um manga triplo (qualquer um sai a 23€ pela Devir) não pode/não deve ser precificado com um valor mais alto do que qualquer uma destas obras. Os formatos são para respeitar, e há limites para os encolhimentos.
Precisamente e os últimos exemplos vindos da Devir (por exemplo os livros de Alfred, reduzidos em muito…) não auguram nada de bom. Pela parte que me toca evitarei esta coleção.
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