08 abril, 2025

Novo clássico da literatura portuguesa em BD

A partir de hoje nas livrarias encontramos mais um novo volume da colecção Clássicos da Literatura Portuguesa em BD, que nos traz desta vez MENINA E MOÇA, uma novela sentimental do século XVI do escritor e poeta Bernadim Ribeiro, que aqui conhece uma adaptação assinada pela Carina Correia e desenhada pela Rita Alfaiate.

Trata-se de uma obra marcada por notável originalidade no momento da sua publicação, ao libertar-se das convenções da ficção tradicional para assumir a forma de uma narrativa feminina centrada na solidão e na saudade. É considerado o primeiro romance da literatura portuguesa a incorporar os valores do Humanismo, com destaque para a introspeção, o individualismo e uma sensibilidade emocional mais refinada. Bernardim Ribeiro afirmou-se, assim, como um dos precursores do romance sentimental em prosa em Portugal.

O romance principia com o monólogo de uma jovem que não se conhece nem nome nem condição, num processo que lembra as cantigas de amigo. A jovem queixa-se de uma dolorosa separação e de mudanças que a atiraram para o desterro de um monte solitário, onde está há dois anos. E conta o que ocorreu dias antes, estando numa solidão sem medida, viu a manhã formosa por entre os prados do vale, sentou-se debaixo de um freixo, à beira-rio, e não faltou muito que numa ramada viesse pousar um rouxinol. Cantou um triste trinado e caiu morto na corrente larga da água, que o arrastou para longe. Aproximou-se então uma mulher idosa e com ela a jovem encetou um diálogo em torno das desventuras de cada uma. E esta contou-lhe a desventura daquele lugar em que dois amigos acabaram mortos à traição, deixando as amadas à sua espera. E entra aqui a tradição dos relatos de amor cavalheiresco, na linha de Amadis de Gaula.

Ficha técnica:
Menina e Moça
De Bernardim Ribeiro, por Carina Correia e Rita Alfaiate
Capa dura, formato 219x291, cores, 64 páginas.
ISBN: 9789896829407
PVP: € 15,90
Edição LEVOIR
 

3 comentários:

Antonio disse...

Viva Nuno. Habitualmente gosto do traço da Joana Afonso mas aqui está praticamente irreconhecível. Igualmente o tratamento de cores e texturas está muito pouco conseguido. Não sei o que se passou mas esta adaptação, em termos de arte, pouco valoriza o texto original, e é pena.

Nuno Neves disse...

Olá António! Acredite que agradeço o seu comentário. Quando vi as imagens, também o traço e cores me pareciam da Joana Afonso, mas não sei porquê convenci-me que seriam dela. Mas não, são da Rita Alfaiate. Peço desculpa pelo equívoco. Agora como seu comentário é que se fez luz. Vou preceder à retificação. Obrigado pela chamada de atenção.

Antonio disse...

Viva Nuno, também me pareceu um pouco estranho. No entanto reafirmo o que afirmei relativamente á arte - muito "manguisada" para um conto clássico tradicional português. Gostaria que, futuramente, alguém repusesse as belíssimas adaptações de autores nacionais publicados nos anos 30-40-50 (e há belíssimas adaptações...)