04 junho, 2025

O Beja BD fez vinte anos e foi bonita a festa!

 
Vinte anos depois já nem sei bem como explicar a festa que é o Beja BD (gosto desta designação). Chamar-lhe “festival” até parece pouco — aquilo é uma celebração a sério da banda desenhada, daquelas que nos fazem sentir em casa. É como se fosse uma enorme tertúlia que dura um fim de semana inteiro, onde se vão juntando amigos, leitores, autores e editores, unidos pela mesma paixão, para um grande convívio recheado de muitas conversas. Quem chega sente logo o abraço da casa.
 
 
O melhor? A proximidade. Não há barreiras nem palcos inalcançáveis. Os autores, nacionais e internacionais, estão ali mesmo, disponíveis para "dois dedos" de conversa ou um desenho autografado. Este ano tive o privilégio de falar com o Theo Canhesci (o mesmo sobre quem escrevi na Splaft!), que revelou em primeira mão o seu novo trabalho (um spin-off da série Murena). O Achdé, sempre com aquela disponibilidade e simpatia que o caracteriza, deu-me os parabéns pelo aniversário, e o Pierre-Henry Gomont cumprimenta-me como se fôssemos vizinhos de longa data. E, pelo meio, assisti ao criativo "caos organizado" do galego David Rubin na sua sessão de autógrafos. Momentos que não têm preço. Conheci a Raquel Costa, talento puro e um dos nomes por trás do projecto editorial Ditirambos. O traço dela encanta-me. Se puderem observem as páginas do livro 25 Mulheres (Oficina do Livro, 2024) ou as suas curtas nos volumes dos Ditirambos para verem do que falo.
 

Claro que a Casa da Cultura é o centro de tudo, mas já há rituais que não falham. Fica o guia: almoço no Pinguinhas para degustar um travesseiro de queijo e mel (de comer e chorar por mais), aviar umas bifanas no Luiz da Rocha enquanto se assiste à final da Liga dos Campeões Champions (que "banho de bola" deu este PSG de recheado de portugueses), e a noite acaba invariavelmente no snooker do Café Lumiar — este ano limpei a má prestação do ano passado. Quem vai, sabe: faz parte do encanto de Beja.

É verdade que o público já não enche a casa como antigamente, mas nesta festa só faz falta quem está. E isso basta.

Não podia terminar sem falar dos vinte anos do Beja BD. Um sinal de resiliência! Um festival que, ano após ano, foi desenhando a sua própria história e se mantém exclusivamente dedicado à BD. Quem lá vai pela primeira vez dificilmente não lá volta outra e outra vez. Da minha parte, Beja tornou-se desde a primeira hora o meu festival de eleição.

O aniversário redondo teve direito a bolo (uma bela surpresa dos editores da Ala dos Livros). Foi bonita a festa, pá!

Fica um bem-haja a Beja pela hospitalidade, à Câmara Municipal pelo apoio à BD, e um enorme obrigado ao Paulo Monteiro e à sua equipa — pelo trabalho, pela dedicação e, acima de tudo, pela amizade. Venha o XXI, que eu já estou pronto! 







5 comentários:

Z. disse...

Aaah.... As memórias do "Eternus 9" da minha juventude... E é bom (também) ver que Victor Mesquita não parece ter envelhecido. ☺️

Nuno Neves disse...

Marcou presença e está com bom aspecto ainda que algo condicionado pela idade avançada.

Z. disse...

Sim, vi-o na foto e daí a minha observação. Para 86 está muito bom.

Zé Carlos disse...

Pena a nossa Casa da Cultura, a precisar urgentemente de uma intervenção. Sexta feira estava impossível por lá andar devido ao extremo calor. Uma das razões de ter menos pessoas, é que os" génios" da minha cidade resolveram fazer no mesmo fim de semana outro evento. É certo que o publico do festival da BD é especifico, mas sempre permitia o acesso a outros públicos que iriam por curiosidade . Muitas pessoas confidenciaram-me que nao foram ao festival pq ficaram no outro evento(no jardim publico) . Pessoas ,que eu , ate costumava encontrar no festival em anos transatos . O Paulo e a equipa estão de parabéns por colocar a nossa cidade no mapa, apesar de algum apoio da Camara. O festival faz mais pela cidade do que a Camara pelo festival. Espero que na próxima legislatura, quem tem responsabilidade não pense que a BD se limita ao tio patinhas e pato Donald, com todo o respeito por estas personagens que fizeram parte da minha linha de vida. Por sinal : parece-me que o evento seria melhor mais cedo(em Abril por exemplo), o calor neste fim de semana foi brutal, sexta feira á noite então , nao me senti nada confortável e não consegui estar la mais que uma hora...e ja vivo com este clima há 52 anos :) ...Bem Haja Nuno, sou um leitor assíduo do teu blogue...

Nuno Neves disse...

Viva Zé Carlos, obrigado pela assiduidade. Esteve de facto bastante quente, mas também porque coincidiu com uma pontada de calor que aconteceu justamente no fim-de-semana. Se por exemplo no próximo, a temperatura já se prevê mais agradável. Eu recordo-me de já ter apanhado chuva numa edição anterior do Beja BD. Isto tudo para dizer que o estado do tempo, independentemente da data, é sempre bastante incerto.
No que toca ao apoio da câmara municipal, eu como visitante, o que retenho é a presença do Presidente na inauguração e as palavras do Paulo Monteiro. Assim, à primeira vista, e não conhecendo os fios com que se cosem estes apoios, tendo a elogiar.
Quanto ao público, de facto observei que se realizava um festival no jardim, por sinal ao lado do café Lumiar. Também estranhei a coincidência porque não me tinha apercebido da sua realização em anos anteriores. Concordo que se justificava uma melhor gestão do calendário, para os eventos não entrarem numa disputa por público. Não ajuda uma cidade do interior de Portugal onde provavelmente no resto do ano não acontecem muitos mais eventos culturais.
Um abraço