Já entrou em contagem decrescente…. falta menos de um mês para a abertura de portas da 36.ª edição do AMADORA BD, o evento que fecha a temporada bedéfila nacional de 2025. Começo por louvar o esforço da organização na divulgação atempada de informação. Assim, ficamos já a saber que as exposições deste ano ficam marcadas pela celebração de carreiras – Luís Louro e Fábio Moon & Gabriel Bá que marcam presença. Paco Roca que não consta(!) dos convidados terá em destaque o Abismo do Esquecimento. E comemoram-se também aniversários. Mas eu pergunto se havia necessidade de: Zé Povinho (150 anos), Spirit (85 anos), Peanuts (75 anos) e Liga da Justiça (65 anos). A sério? Não havia personagens mais actuais e mais entusiasmantes... no presente século?!
Felizmente que ainda sobrou algum espaço nos 950 m2 da área expositiva no núcleo central no agora Parque da Liberdade (antigo Ski Skate Amadora Park) para expor trabalhos mais recentes. Autoras como Cy (Radium Girls), Bea Lema (Corpo de Cristo, a editar em Outubro) e Zeina Abirached (Ovelha, A dança das Andorinhas) mostram envolventes e impactantes histórias de mulheres. A oferta de exposições ainda é complementada com aquela dispersão absurda pela cidade da Amadora, aonde praticamente nenhum visitante de fora se desloca. Assim na Galeria Municipal Artur Bual, estarão patentes duas exposições retrospetivas de Alice Geirinhas e Diniz Conefrey, e a Bedeteca ficou reservada para o Amor de Filipa Beleza.
Quanto a autores convidados estrangeiros, não iremos ter muita quantidade nem um nome tão sonante quanto o do Frank Miller. Lamento. Mas há autores que suscitam curiosidade: os já mencionados irmãos brasileiros Gabriel Bá e Fábio Moon, que entre outras obras, são responsáveis pelo excelente Dois Irmãos, e que já passaram há alguns atrás pelo festival de Beja; o francês Grégory Panaccione, de quem a ASA já editou este ano três álbuns, sendo o mais recente O Homem de Negro; a espanhola Bea Lema, que aproveita o lançamento por cá do seu muito premiado Corpo de Cristo (edição Iguana); o nosso já conhecido David Rubín, que ainda recentemente esteve no festival de Beja, e que prima sempre por uma excelente boa-disposição; ou a libanesa Zeina Abirached e que terá uma nova obra, O Profeta de Khalil, a editar em Outubro.
A ilustração do cartaz oficial tem a assinatura do grande Jorge Coelho, portanto a arte é irrepreensível. O arranjo gráfico com toda aquela parafernália de letras, oriundas de uma fonte de mau-gosto, a ladear o desenho arruinou completamente todo o trabalho do artista. Visualmente, temos um desastre!
Entretanto, foram já divulgados os nomeados dos Prémios de Banda Desenhada da Amadora deste ano. São 25 obras em 5 categorias a concurso e um júri composto por três elementos, onde um deles não pôde nomear obras para 4 categorias nem votar em 2 delas (Melhor Fanzine / Publicação Independente e Prémio Revelação). Nuances de um regulamento que já deveria ter sido objecto de reformulação de alto a baixo. Já prego isto há anos. Bem sei que houve alterações em 2021, mas a coisa ficou tão mal parida que desde logo ficou a necessidade de uma nova reforma.
Quanto aos nomeados, na categoria de MELHOR OBRA NACIONAL, a dúvida é saber se é desta que finalmente o Luís Louro é distinguido. Diria que é quase certo que os seus “filhos” arrecadam o prémio. Na categoria de MELHOR OBRA ESTRANGEIRA, o meu coração divide-se entre Hoka Hey e O Meu Irmão. Conhecendo o júri aposto na vitória de JeanLouis Tripp. Na categoria de PRÉMIO REVELAÇÃO, destacam-se dos demais Tales From Nevermore e Borboleta. O favoritismo deve recair no primeiro. Na categoria de MELHOR FANZINE, Ditirambos: Noite seria a minha escolha. Quanto à MELHOR EDIÇÃO PORTUGUESA, nem sei para que serve esta categoria!!
Relativamente a novos lançamentos, as editoras já começam a apontar baterias para antes de 23 de Outubro, e já se sabe que as novidades vão ser mais do que a carteira pode suportar. Quis a felicidade para a editora ASA, que o lançamento oficial de Asterix na Lusitânia coincidisse com o primeiro dia do festival, portanto está encontrado o best-seller do evento.
Uma das novidades da edição deste ano, é a realização de sessões adicionais de autógrafos nas duas sextas-feiras do evento, entre as 18h e as 20h. Já no ano passado tinha sido foi experimentada esta fórmula numa das sextas. Correu bem. Não se sabe ainda os nomes dos autores que irão estar presentes.
Outra novidade, mas esta mesmo novidade, é a criação da chamada Hora da BD, de segunda a quinta-feira, das 18h às 20h. Uma iniciativa semelhante à que já acontece na Hora H da Feira do Livro de Lisboa. Durante este período, os visitantes poderão beneficiar de um desconto adicional até 15% na compra de livros. Não façam já a festa, porque provavelmente novidades não devem estar incluídas.
A página oficial do festival já está a funcionar. Ficamos a aguardar pela programação.
O festival decorre entre 23 de Outubro e 2 de Novembro. Vemo-nos por lá!
9 comentários:
A lista de convidados estrangeira deixa um pouco a desejar este ano. Porquê? E será que a organização irá modificar o sistema de atribuição de senhas para autógrafos colocando-o online para evitar as vergonhas que têm acontecido nos anos anteriores? Estou curioso.
Estiveram-me a contar que os convites foram feitos a diversos autores, incluindo o Paco Roca, mas por esta altura em França é hora de muitos lançamentos e consequentemente muitas solicitações. Portugal é um mercado periférico e o calendário não ajuda. Quanto ao sistema de senhas por si só já uma inovação. Conseguiu transferir as filas para os autores para as filas para as senhas :D. On-line? O que é isso? rsrsrsrsrsrs
Viva Nuno. Uma forma mais justa de se poder aceder a autógrafos de autores que, de outra forrma obriga os interessados a deslocar-se, propositadamente, ao local para terem acesso ás mesmas (se tiverem sorte). Uma vez que costumam a disponibilizá-las a partir das 10h00 (sim, 10h00..) da manhã geralmente quem está mais perto tem sempre acesso ás mesmas em detrimento dos restantes interessados (a maioria). Acredite-me Nuno, isto é o que se passa, pelo menos com os/as autores mais requisitados. E não, não é uma ideia peregrina. Aqui ao lado no Salão do Comic de B
Aqui ao lado no Salão do Comic de Barcelona usam esse método há anos. Parece-me um procedimento bem mais coerente, se fôr implementado com regras e divulgado antecipadamente.
Estava na brincadeira claro. Concordo que se justificava porque filas todos dispensamos bem. E até acho que através de uma aplicação ligada ao festival seria fácil de implementar. Obviamente que obrigava a algum investimento e talvez por causa disso não acredito que vá acontecer.
Pelo contrário Nuno. Não só é fácil com é de rápida implementação. Não quero aqui entrar em pormenores técnicos mas a proverbial inércia da organização será o factor principal que a impede de estudar soluções que funcionem para todos. Se durante anos mantiveram o esquema surreal de “first come, first served” independentemente do nº de items por pessoa ou do que solicitavam ao autor, o modelo actual pouco melhora o anterior pelas razões indicadas. Outra opção seria impôr um modelo de retribuição ao autor, semelhante ao que se pratica em Angoulême e noutros locais. Este, definitivamente, não serve.
Já agora, despeçam o “designer” por detrás destas infelizes peças de promoção do evento. Estes indivíduos desconhecem o significado do termo “legibilidade”. Quem é que aprova isto?
Tenho ideia de já ter existido anteriormente uma app do festival. Seria interessante recuperar a ideia, face às funcionalidades que podia proporcionar: noticias, programação, senhas. Mas teria que sido pensado com antecedência. Tudo tem que ser equacionado, mas tenho para mim que a organização do festival está satisfeita com o que há. A prova disso é o regulamento do PNBD que não mudam, o núcleo expositivo sem obras de melhoramento e/ou ampliação, a continuação da malfadada tenda comercial e a enorme fé que em Outubro não passam tempestades por cá.
Quanto ao designer, recordo que no ano passado já tinha atentado contra o cartaz com as suas malfadas letras. Bom gosto é uma coisa que não lhe assiste, e infelizmente também de quem decide e aprova.
Seja app, seja site na internet o importante seria oferecer funcionalidade e praticabilidade ao visitante ou seja, previsibilidade. Revolta-me o facto deste evento ao invés de crescer, ajudando a promover a 9ª Arte, faz exactamente o contrário. Se o anterior local não era famoso este é definitivamente um desastre. Mas, concerteza que a "organização" estará convencida do oposto. Mais um ano em que não me apanharão lá...
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