
Uma primeira voltinha pela 36ª edição do AMADORA BD e posso dizer que as primeiras impressões são muito positivas. Entre os vários pontos fortes, continuam a destacar-se as mostras expositivas - como sempre um dos grandes trunfos do evento. O festival sempre fez gala de ter boas exposições. Aconteceu por vezes é nem todas serem bem conseguidas. Mas na edição deste ano a fasquia está alta. Há muita coisa boa para se ver.
Na sua esmagadora maioria estão patentes pranchas e desenhos originais, que é exatamente o que se quer ver num festival de banda desenhada. Há lá pelo meio uma “ovelha” negra naquilo que é um autêntico desperdício de espaço, mas aqui segue-se a máxima “siga, siga que aqui não há nada para ver”.
E seguimos, para onde os olhos se devem demorar, nos desenhos no seu estado bruto, com as suas belas imperfeiçoes e correções à vista.
Sem desprimor para as restantes que merecem igualmente atenção, destaco no entanto aqui três exposições em particular.
“Traços de uma Vida”, a retrospectiva dos 40 anos de carreira do autor Luís Louro composta unicamente por esboços, estudos… em suma os primeiros traços de histórias de Jim del Monaco, da Alice, do Corvo ou do mais recente Baba Yaga. Penso ser a primeira vez que estes traços são apresentados ao público. O resultado é magnífico, quase íntimo: a possibilidade de espreitar o raciocínio visual do autor.
De seguida temos a exposição maior – não apenas pelo espaço ocupado mas também pela quantidade de originais expostos: a “Celebração dos 85 anos de The Spirit” de Will Weisner. São raras as oportunidades de ver as pranchas e desenhos originais assinadas por um dos pioneiros e uns dos grandes que moldou a linguagem da bd. Não é por acaso que empresta o seu nome aos mais importantes prémios da banda desenhada americana. Imperdível é pouco!
Por fim, uma das que me despertava especial curiosidade: “O Corpo de Cristo”, de Bea Lema. Estou a meio da leitura do livro e tentava perceber se a sua técnica era feita de desenhos bordados ou bordados desenhados. A resposta é desarmante: a autora bordou as vinhetas e os desenhos da história. É obra e uma obra que também nos faz pensar nos novos caminhos possíveis da banda desenhada. Verdadeiramente surpreendente!
Nos próximos dias irei aqui dando várias notas sobre o festival, mas não deixem de visitar.
Está de portas abertas até 2 de Novembro. Aproveitem!
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