Não sou um leitor de Manga. Ainda assim experimentei as edições portuguesas de Astroboy ou Dragon Ball mas fiquei longe de me entusiasmar, ao contrário do que aconteceu com a série de anime do segundo titulo alguns anos atrás. E depois há o formato de leitura. Não aprecio particularmente ler do fim para o início, da direita para a esquerda. Mantenho o estranho hábito ocidental. Mas embarquei na leitura na recente aposta da
Devir –
porque gosto desta (nova) editora – no universo manga. E que surpresa que tive. Direi mais… que viciante surpresa! Li de forma vertiginosa as 190 páginas do primeiro volume de
DEATH NOTE.
|
Capa do 1º volume |
A história escrita por Tsugumi Ohba envolve-nos num magnífico enredo psicológico entre dois antagonistas, que vai evoluindo para um desfecho que estou longe de imaginar. Valores como o bem e o mal confundem-se aqui numa lógica onde os fins justificam os meios. Uma narrativa com um fio condutor que nos prende a cada página que lemos. A arte de Takeshi Obata em muito contribui para uma leitura intensa, com o seu desenho detalhado e realista numa planificação que faz sobressair os momentos mais intensos.
Este primeiro volume “Aborrecidos” começa com um entediado deus da morte (um “shinigami” no folclore japonês) chamado Ryuk que para se divertir deixa cair o seu caderno da morte (“death note”) no mundo dos humanos. O death note é um caderno especial com regras de utilização. Lá inscrevem-se o nome de todos aqueles que vão morrer. A premissa desta história é excelente. O caderno é encontrado por Light Yagami, um jovem estudante de 17 anos, um dos melhores alunos do Japão, que após algum cepticismo inicial apercebendo-se do poder de vida e de morte que a posse do caderno lhe confere, decide criar um mundo novo onde o mal não tem lugar, através da eliminação de todos os criminosos. Está criada a figura de Kira, o salvador para uns e um assassino para outros.
Consequência directa, o elevado número de mortos entre a população criminal, desperta a atenção das polícias de todo o mundo, e em especial de um enigmático detective particular, tido como o melhor, cuja verdadeira identidade ninguém conhece, que se identifica apenas por L. A sua missão passa agora por deter Kira. Começa então um interessante jogo do gato e do rato, sem contudo que nos apercebamos quem é que persegue quem.
Como primeira leitura ultrapassou largamente as minhas espectativas relativamente a uma Manga. E isto não é uma brincadeira de 1 de Abril. Fortemente recomendado a quem gosta de uma boa história em banda desenhada. Serão 12 volumes. Espera-se agora que a Devir acompanhe rapidamente as fortes espectativas que conseguiu gerar com esta edição.
(a página apresentada para ilustrar o texto não pertence à edição portuguesa da Devir)
Death Note – Aborrecidos
Autores: Tsugumi Ohba (argumento) e Takeshi Obata (desenho)
Volume 1, preto e branco, TPB
Editora: Edições Devir, 1ª edição de Janeiro de 2012
A minha nota: