26 fevereiro, 2006

As minhas BD preferidas #4: Batman

Foi a leitura da extinta ‘Revista dos Super-Heróis’, uma publicação da Agência Portuguesa de Revistas que me despertou o gosto por uma das mais interessantes personagens do universo da banda desenhada americana: o BATMAN, o Homem-Morcego.

Criado pelo desenhador Bob Kane (1916-1998), o visual deste novo super-herói foi inspirado em heróis da época, tais como o "Zorro" ou "The Shadow". A sua primeira aparição dá-se em Maio de 1939, na história “The Case of the Chemical Syndicate” publicada então na edição n.º 27 da revista “Detective Comics” da editora National Publications, actualmente DC Comics.

BATMAN é super-heroi humano. Desprovido de quaisquer poderes especiais, faz uso das técnicas de luta que aprendeu com vários professores, para se assumir como um justiceiro que combate o crime em Gotham City, a coberto da noite, seu território por excelência. É também da noite o animal cujo símbolo adoptou, o morcego, que lhe confere assim através da imagem (capa e máscara) uma identidade misteriosa, sinistra e simultaneamente aterradora.

BATMAN é o alter-ego de Bruce Wayne, um fútil playboy milionário, que vive constantemente em conflito consigo próprio, atormentado pela recordação do assassinato dos pais num assalto – que assistiu quando jovem. Jurando vingar a morte dos pais, faz a promessa de combater o crime, criando assim uma nova identidade, o Homem-Morcego. A tecnologia fornecida pelas indústrias Wayne, permite-lhe dispor dos meios suficientes para desenvolver as suas actividade de investigação e luta contra o crime. Actua muitas vezes à margem da lei, movido por um sentido de justiça muito próprio, contando para isso com a complacência do Comissário James Gordon, um dos seus principais aliados, o apoio de Robin, um parceiro que já teve várias identidades – primeiro Dick Grayson, depois Jason Todd e actualmente Tim Drake – e a cumplicidade de Alfred Pennyworth, o mordomo da Mansão Wayne.

No universo de BATMAN, a galeria de criminosos é extremamente rica em personagens trágicos, psicopatas fascinantes, que interagem bem com toda a loucura que rodeia Gotham City. Entre todos, destaca-se obviamente Joker. Estreou-se na edição 1 da revista "Batman" e é talvez a mais genial de todas as personagens. É tambem a mais perigosa e seguramente a mais imprevisível. Joker assume a representação pura do mal. Goza do estatuto de inimigo natural de BATMAN, por ter morto(*) um Robin e colocado Barbara Gordon (a filha do Comissário Gordon) numa cadeira de rodas. O facto de BATMAN nunca ter feito ‘justiça pelas próprias mãos’, permitindo que Joker continue a espalhar sua insanidade pelas ruas de Gotham City, entra em linha de conta com o natural equilíbrio existente no mundo dos super-herois: um super-vilão por oposição a um super-heroi, a dicotomia Bem/Mal. Depois somam-se criminosos como Ra's Al Ghul (um génio da medicina imortal, líder de uma organização criminosa internacional conhecida como Liga dos Assassinos, cujo sonho é dizimar parte da população mundial de forma a restabelecer o equilíbrio no planeta), Enigma (um criminoso obcecado por charadas), Duas-Caras (um ex-procurador que após ter sofrido um ataque com ácido, enlouqueceu e desenvolveu uma dupla personalidade assente no conceito de dualidade), Pinguim, Espantalho, Hera, Bane (destaca-se por ter sido dos poucos que conseguiu derrotar o BATMAN), Black Mask (o actual senhor do crime em Gotham City) e mais recentemente surgiu Hush, entre outros.

* Em 1986, numa controversa decisão da editora DC Comics, que envolveu os próprios leitores que podiam participar através de uma votação via telefone no desfecho final, assistimos à morte de Robin/Jason Todd às mãos do Joker, numa das mais violentas sequências em banda desenhada, no desenho de Jim Aparo e publicada na história “Death in the Family” (Batman #426-429). Mas recentemente a história “Hush” (Batman #608-619), somos confrontados com o aparecimento de um novo criminoso em Gotham City, que dá pelo nome de Red Hood. Mais tarde revela-se como sendo o ‘falecido’ Jason Todd!!! Confusos? A DC promete explicar como afinal Jason Todd não morreu, na edição “Batman Annual #25" com data prevista de lançamento para Março deste ano.

Apesar dos seus altos e baixos, a renovação constante da personagem e do seu universo, através da criação de histórias como “Death in the Family”, “Batman: Ano Um”, “O Regresso do Cavaleiro das Trevas”, “Piada Mortal”, “The Long Halloween, “O Homem que Ri” ou ”A Queda do Morcego”, complementado com o sucesso da aposta no (re)lançamento de Homem-Morcego no cinema, com “Batman Begins” (2005), contribuiu para o desenvolvimento e enriquecimento de BATMAN no mundo da banda desenhada, consolidando como um herói de longevidade, na medida em que o comic "Batman" é o único de publicação mensal regular, que nunca foi objecto de qualquer interrupção, desde do seu primeiro número.

Actualmente em Portugal, não existe qualquer revista que publique regularmente as aventuras de BATMAN. O pouco que existe, vêm da Devir que, episodicamente, publica uma história completa e pouco mais. Felizmente, para mim, que há muito que compro o original americano. Garanto todos os meses a minha dose de aventuras. Deixo agora aqui, em jeito de ‘memória futura’, o historial de todas as publicações de BATMAN em língua portuguesa.

"BATMAN" em Portugal:

- A estreia das aventuras de BATMAN em Portugal, aconteceu em Janeiro de 1972, através de tiras publicadas nas páginas do já desaparecido jornal Diário Popular.

- No formato de revista, a primeira publicação dá-se no "Jornal do Cuto", com uma história dividida em oito fascículos, do número 158 ao 166.

- Entre 1982 e 1986, surge a colecção “A Revista dos Super-Herois” da Agência Portuguesa de Revistas, com um total de 42 números, onde Batman alternava com as aventuras do Super-Homem.

- entre 1995 e 1997, inicia-se a fase da Abril/ControlJornal, que adoptou o formato brasileiro e publicou a revista “Liga da Justiça e Batman”, numa colecção com um total de 26 números.

- seguiu-se “Batman (1ª série)", com 19 números publicados; Batman (2ª série)" com 45 números e “Batman Vigilantes de Gotham City”, também numa colecção com 45 números.

- regista-se ainda a publicação de diversos números únicos e mini-séries, tanto da Abril/ControlJornal como da Meribérica.

- a partir do ano de 2000, a editora Devir deu início à publicação (irregular) da colecção “Clássicos Batman” (num total de 5 volumes, até à data) que inclui algumas das melhores histórias de Batman, nomeadamente a fase Frank Miller. Posteriormente também deu inicio à colecção “Universo DC”, actualmente com oito números publicados, onde se destaca o arco “Batman: Silêncio” da dupla Jeph Loeb-Jim Lee.

- em 2004, na colecção “Os Clássicos da Banda Desenhada” do Correio da Manhã, o volume n.º 16 é inteiramente dedicado a Batman.

- em 2005, Batman é de novo escolhido para integrar a colecção ”Série Ouro” do Correio da Manhã, no volume n.º 2.

- a edição em álbuns de luxo da história “Kingdom Come”, com desenhos de Alex Ross e argumento de Mark Waid, pela editora Vitamina BD.

Sites de consulta:

- Site oficial da DC Comics [link]
- The Dark Knight [link]
- Site oficial do filme "Batman Begins" [link]

23 fevereiro, 2006

Traços da personalidade bedéfila

Aproveito a corrente do amigo Ferrão para regressar a este espaço (e espero que com maior assiduidade do que nos últimos tempos) e escrever sobre cinco “traços da (minha) personalidade bedéfila”. A tarefa não se mostrou dificil, afinal estou a falar de uma das minhas maiores paixões. Então aqui fica o meu perfil:

1) Tal como o Ferrão, também sou extremamente obsessivo com o estado de conservação da minha colecção de bd. E não são raras as vezes que já comprei segundos álbuns/revistas por considerar que o estado de conservação dos primeiros não se encontra em conformidade. Só para arquivo dos comics gasto ‘fortunas’ em comprar acessórios, nomeadamente “plastic bags”, “backing boards” e caixas de cartão para arquivo. Os álbuns, mais faceis de artumar, encontram-se devidamente alinhados nas prateleiras. À conta desta obsessão a pilha de repetidos começa-me já a ocupar algum espaço. Mal tenha tempo e paciência....eBay!

2) Capas alternativas. Pode parecer “doença” mas a verdade é que sou “viciado” em capas alternativas. Para todas as minhas colecções de comics americanos, procuro adquirir todas as capas alternativas que sejam editadas. Se assim não fôr, a minha consciência não dorme descansada: a colecção está incompleta! A única limitação é o facto de ser um vício caro. Eu que o diga, sobretudo com a recente história “The Other” do Homem-Aranha!!!

3) Gosto enorme em perder-me em feiras de rua e alfarrabistas, à procura de álbuns e revistas de bd antigas. Ultimamente tenho-me dedicado a reconstruir a minha colecção de bd, que com o tempo se perdeu. Mas como é extraordinário que a visão de uma capa de um antigo “Mundo de Aventuras”, desperte em mim memórias dos meus 15, 16 anos.

4) A criação de listas de todas as minhas aquisições de bd. São folhas e folhas de Excel, mas tenho um registo actualizado de toda a minha colecção de bd e ao preço de custo.

5) Desenhos autografados. São “Monas Lisas” para mim. Não me importo de passar algumas horas em filas para conseguir um. Os que tenho guardo-os religiosamente. Para mais tarde emoldurar.

Seguindo a lógica e pedido desculpa por algum convite repetido, passo a “batata quente” aos seguintes bedéfilos, escolhidos da lista aqui do lado:

Mania dos Quadradinhos
Divulgando Banda Desenhada
Ler Comics

24 janeiro, 2006

No Omolete

pode ser lida uma entrevista com José Carlos Fernandes, datada de 24 de Janeiro mas que conforme se pode entender pelo seu conteúdo, foi realizada no ano passado.

“Fitas” de 2006

Depois de no ano passado termos sido bem tratados no que a adaptações de bd ao cinema diz respeito, leia-se o perfeito “Sin City” e o excelente “Batman Returns” (não considero na excelência os filmes “Fantastic Four” e “Constantine”), o ano de 2006 promete (aparentemente) mais qualidade. Para já, da minha parte, aguardo com bastante expectativa, as seguintes “fitas”, todas com estreia marcada para o 1º semestre de 2006:

Image hosting by Photobucket Image hosting by Photobucket Image hosting by Photobucket

Sites oficiais:

22 janeiro, 2006

Actualizações

Deixo aqui o registo das quatro novas entradas aqui da coluna do lado direito. Como não podia deixar de ser estes novos sítios “só falam de bd”. Passem por lá!

19 janeiro, 2006

O ESTADO DA ARTE EM 2005

 
Escrevo tarde mas nunca é tarde para se fazer balanços. O tema justifica, o balanço do ano de 2005. Um ano marcado pelo marasmo que tomou conta do panorama bedéfilo português. Parece-me ter lido algures, que se publicaram mais títulos em 2005 do que em anos anteriores, mas a sensação que fica é de grande vazio!
 
Com o fecho da editora MERIBÉRICA, os principais títulos de bd franco-belga publicados em Portugal, pelo menos os meus preferidos, ficaram, aparentemente, sem editora, o que se traduziu em mais um ano sem novas aventuras de Blueberry ou XIII. A ASA, agora na condição da maior editora nacional de banda desenhada, aposta, infelizmente, em reedições ou títulos soltos. Bem, lembrava que há mais bd para além de Asterix ou Lucky Luke!
 
A DEVIR continua errante. Aposta demasiado na diversidade e os principais títulos ressentem-se tornando-se publicações irregulares. Obviamente nota negativa. O tão anunciado projecto "Evolução" desapareceu, provavelmente nas rotativas de uma gráfica, sem que deixasse perceber do que se tratava. As restantes editoras são praticamente marginais apenas com lançamentos esporádicos. Actualmente o mercado nacional está em lenta agonia!
 
A pedra no charco foi mesmo aquela que eu considero como a melhor publicação do ano: a saga do Príncipe Valente de Harold Foster numa edição da LIVROS DE PAPEL. Uma aposta arrojada, não só pelo compromisso da publicação integral da obra (cerca de 22 volumes), como pela qualidade do papel (excelente) e pelo próprio formato pouco habitual do livro (27cm x 35cm), mas uma aposta ganha! Uma autêntica lufada de ar fresco no que respeita a publicações. Uma valente colecção, sem dúvida a melhor publicação de 2005!
 
Também em termos de publicações, não posso deixar de citar e atribuir uma menção honrosa a um projecto que nasceu durante o ano intitulado BD Jornal. Conta entre os seus colaboradores, com alguns autores de blogues bedéfilos e veio preencher um vazio que existia no mercado português. Mas sobre este jornal dedicarei uma nota exclusiva nos tempos mais próximos. 
 
Destaco também José Carlos Fernandes, não só pela sua simpatia e disponibilidade, mas também pela seu enorme talento e capacidade de trabalho. Não só teve um excelente ano de 2005, que culminou com a publicação de um volume, da colecção Série Ouro do Correio da Manhã, inteiramente dedicado à sua arte, como se avizinha outro excelente ano em 2006. Aguardo com expectativa a publicação da "A Agência de Viagens Lemming"", do primeiro volume do projecto “Black Box Stories” e do sexto volume da “A Pior Banda do Mundo". Manterá o título de melhor autor português da actualidade.
 
No que respeita a eventos, o FIBDA continua em morte assistida! Apesar da ligeira melhoria relativamente a 2004, sente-se a falta de entendimento entre editoras e organização, ao que acresce a aposta em autores pouco conhecidos do grande público, a péssima localização do festival, a fraca divulgação do evento, que tudo somado se reflecte na escassa afluência do público. A continuar assim, e o projecto FIBDA fica com os dias contados. Depois, temos um Salão de Lisboa a esbanjar dinheiro e um Salão do Porto que tornou virtual!
 
Resumindo, tirando alguns episódios e iniciativas, a regra tem sido deixar o tempo correr sem que nada aconteça. Muito pouco para um mercado que se pretendia cheio de histórias aos quadradinhos! 
 

13 janeiro, 2006

BD infantil no CNBDI

Aqui fica a divulgação do anúncio (recebido via e-mail) de uma exposição de Banda Desenhada infantil feita por autores portugueses, organizada pelo Centro Nacional de BD e Imagem (CNBDI):

“Em Traços Miúdos”, é a exposição que o Centro Nacional de BD e Imagem propõe a partir do dia 19 de Janeiro. Pedro Leitão, José Abrantes e Ricardo Ferrand mostram que há banda desenhada infantil em Portugal.


Durante quatro meses, esta mostra de banda desenhada infantil terá como público alvo os mais novos estando, desde já, previstas iniciativas de animação, como a Hora do Conto, baseada numa das histórias expostas.

A exposição, a inaugurar no dia 19 de Janeiro, pelas 19 horas, será dividida em dois núcleos distintos: o primeiro, que pretende abordar a importância e a história da banda desenhada infantil em Portugal, reunirá autores como Sérgio Luís, Tiotónio, Fernando Bento, ETC, Cottinelli Telmo, Stuart Carvalhais, José Ruy, Augusto Trigo e outros nomes importantes no panorama da BD nacional, nomeadamente infanto-juvenil. Neste primeiro núcleo, será dada, ainda, relevância às publicações que, a partir dos anos 20, fizeram as delícias da juventude. Quanto ao segundo nível, estarão expostos originais de Pedro Leitão, Ricardo Ferrand e José Abrantes, três dos mais importantes autores de BD Infantil portuguesa.
Neste último núcleo, além dos quadros, o espaço estará vocacionado, igualmente, para as actividades e brincadeiras que o CNBDI irá propor aos mais novos.

A exposição estará mais vocacionada, como referido, para um público mais novo. Assim, para marcação de visitas, as escolas interessadas devem contactar o CNBDI, através dos seguintes meios: 214998910 (telefone) ou bd.amadora@netcabo.pt (correio electrónico).

Horário da exposição: de 2ª a 6ª feiras, das 9.30h às 12h e das 14h às 17h.

10 janeiro, 2006

Tintim

A primeira nota bedéfila de 2006 serve para recordar que no longínquo dia de 10 de Janeiro de 1929 (faz hoje 77 anos), o mundo da banda desenhada conheceu um dos seus mais famosos personagens: Tintim e o seu inseparável cão Milou. A primeira aparição aconteceu nas páginas do n.º 11 do Le Petit Vingtiéme, um suplemento juvenil do jornal belga de inspiração católica Le Vingtiéme Siécle, com a publicação do primeiro episódio das aventuras de “Tintim no País dos Sovietes”. Seguiram-se mais 22 aventuras, interrompidas com a morte do seu autor, Hergé, em 1983.

31 dezembro, 2005

Desta vez, a todos os que por aqui passam...

Image hosted by Photobucket.com
Image hosted by Photobucket.com

É só para assinalar a visita 3000 deste blogue!

The Other: as capas que faltavam

Já foram divulgadas as duas últimas capas alternativas que faltavam (ver abaixo) do arco Spider-Man: The Other. Os desenhos escolhidos foram “Peter Parker” para a revista Marvel Knights Spider Man # 22 variant e “Spider-Ham” para a revista Amazing Spider-Man # 528 variant. Pessoalmente acho a versão "Spider-Ham" completamente despropositada e fora do contexto. Absolutamente absurda!

Mas como não há duas sem três, a Marvel resolveu adicionalmente imprimir uma segunda capa do "Spider-Ham", desta vez em versão sketch (desenho a lápis) para distribuição gratuita pelos retalhistas, com base num rácio de 1 para 36, ou seja, por cada 36 revistas da edição normal de Amazing encomendadas recebem uma versão sketch.

Se pensarmos que cada edição da revista Amazing Spider-Man vende cerca de 115.000 cópias, aplicando o rácio 1/36 obtemos de forma arredondado o número de 3200 cópias da “Spider-Ham“ disponíveis para coleccionadores! Está-se mesmo a adivinhar o rico preço a que cada uma desta revistas vai aparecer à venda no eBay! Digam lá se a América não é a terra das oportunidades???

Resta só dizer que a revista “Peter Parker” estará à venda no dia 18 de Janeiro e a revista “Spider-Ham” no dia 25 de Janeiro.

As restantes capas alternativas da colecção podem ser vistas aqui.

28 dezembro, 2005

As minhas BD preferidas #3: Torpedo 1936

Na vizinha Espanha, foi publicada pela primeira vez, em 1982, na revista “Creepy”, uma das melhores séries negras da banda desenhada europeia, escrita por Enrique Sánchez Abulí (francês radicado em Espanha) e desenhada, numa primeira fase, por Alex Toth e posteriormente por Jordi Bernet (espanhol). Luca Torelli, um emigrante italiano, aliás, Torpedo 1936, “um pistoleiro profissional da pior espécie, frio, lúgubre, sem piedade, corpo esguio, rosto macilento, gestos indolentes e seguros que não gosta de grandes discursos, que acredita que tudo tem um preço, tanto o amor como a morte” (texto da contra-capa de um dos álbuns do Torpedo).

O universo de Torpedo centra-se no submundo da cidade de Nova Iorque dos anos 30, o cenário perfeito para as histórias de violência, sexo, vingança e crime que preenchem a vida de Luca Torelli. Por vezes, somos "transportados" para a Sicilia dos anos 20, onde acompanhamos a infância de Torpedo e a sua "educação" num meio dominado pela Máfia.


A série Torpedo encontra-se inteiramente desenhada num magnifico registo a preto e branco (apesar das capas coloridas), onde se faz um uso sistemático do contraste entre luzes e sombras que associado à utilização de grandes planos, acaba por se traduzir em imagens com um forte impacto visual, em perfeita harmonia com a violência das histórias e o carácter da personagem. Aqui fica a minha admiração pelo excelente traço de Jordi Bernet. Aliás a troca de Toth por Bernet, na minha opinião, só beneficiou a personagem. Aliado ao desenho, encontramos um argumento imaginativo, que se traduzem em histórias curtas mas dotadas de excelentes diálogos, com grande sentido de humor (negro, obviamente) e ironia q.b.

Apesar de pouco conhecida, talvez pelo facto das aventuras de Luca Torelli e do seu sócio Rascall terem terminado, por decisão por decisão do seu autor (Sánchez Abulí) na sequência de um desentendimento com Bernet, Torpedo surge como umas das minhas bandas desenhadas preferidas .

"Torpedo 1936" em Portugal:

A série Torpedo, encontra-se, infelizmente, parcialmente editada em Portugal, através de 6 álbuns da Editorial Futura.

No formato revista, foram publicadas histórias avulsas, nomeadamente na revista “O Mosquito” - 5ª Série (1984-1986), no Almanaque “O Mosquito” (1984-1987) e nas Selecções BD - 2ª Série (1998-2001).

24 dezembro, 2005

A todos os que por aqui passam......

Image hosted by Photobucket.com

Página Oficial de “300”

Foi hoje divulgado na internet o site 300themovie.warnerbros.com que é a página oficial da adaptação ao cinema da magnífica obra de banda desenhada «300» de Frank Miller (argumento e desenhos) e Lynn Varley (cores). O filme é realizado por Zack Snyder e conta a história do Rei Leónidas que comandando um grupo de 300 espartanos combateu o Xerxes e o seu exercito persa, na batalha de Termópilas.
 
Face à enorme desproporcionalidade no número de homens, a bravura e o sacrifício dos soldados espartanos, fieis à Lei de Esparta “sem retirada, sem rendição”, inspirou a Grécia a unir-se para lutar contra o invasor persa. Um fórum de discussão sobre “300” pode ser encontrado aqui.
 
Do site, destaca-se o “video journal” com detalhes das filmagens e a galeria de “concept art” onde se pode comparar todo o processo de criação, que parte do desenho de BD até à imagem final (ver abaixo). Toda a produção do filme segue os métodos aplicados, com sucesso, em "Sin City", ou seja, trabalha-se numa adaptação fiel à banda desenhada, prancha a prancha.
 
Se Zack Snyder conseguir manter a qualidade narrativa da BD, só podemos esperar por mais um grande filme.
 
Falta só acrescentar que o álbum «300» encontra-se publicado em Portugal, numa edição da Norma Editorial, com a curiosidade dos primeiros 300 exemplares terem sido numerados e certificados.

23 dezembro, 2005

Milagre da multiplicação!

A editora Marvel não “brinca em serviço” e continua a tirar o maior proveito do sucesso de vendas que é a nova saga do Homem-Aranha: “The Other”. Tudo começou por uma reedição do primeiro episódio da saga, publicado originalmente no comic Friendly Neighborhood Spider-Man #1 que esgotou rapidamente. A reedição apresentava uma capa alternativa onde o Homem-Aranha surgia no seu uniforme normal. Seguiu-se a publicação do episódio dois, no comic Marvel Knights Spider-Man #19 que também esgotou. Nova reedição com uma nova capa alternativa, desta vez o Homem-Aranha surgia com o uniforme todo negro, a lembrar as origens de Venom. Seguiu-se o episódio três e a consequente variante no uniforme, desta vez a lembrar o clone Ben Reilly. E assim por diante. Lançada a colecção, torna-se dificil ao leitor/coleccionador desistir. Como o total a saga está previsto para doze episódios, é fácil perceber que existirão outras tantas capas alternativas. Uma história de 12 partes transforma-se numa colecção de 24 comics. E assim se faz o milagre "americano" da multiplicação!

Aqui ficam as capas da colecção “alternativa”, já divulgadas, ficando a faltar apenas duas:







19 dezembro, 2005

As minhas BD preferidas #2: Homem-Aranha

Se me perguntarem qual é o meu super-heroi preferido, respondo de imediato que é o Homem-Aranha!

Criado por Stan Lee (argumento) e Steve Ditko (desenho) fez a sua primeira aparição nas páginas da revista Amazing Fantasy #15, publicada em Agosto de 1962. Curiosamente a revista foi cancelada neste número. No entanto, face à pressão dos leitores que haviam gostado da aparição desta nova personagem, a Marvel resolveu relançar as aventuras do ‘Aranha’, a partir de Março de 1963, com a publicação regular de uma nova revista intitulada The Amazing Spider-Man.

O Homem-Aranha tem a sua origem quando o jovem estudante Peter Benjamin Parker, órfão, criado pelos seus tios Ben e May, é mordido por uma aranha radioactiva. A partir daqui, Peter Parker, que adquire super-poderes, ficando dotado de uma força colossal, uma enorme agilidade e um ‘sentido de aranha’ (alerta para perigos), desenvolve então a personagem do Homem-Aranha com o objectivo inicial de ganhar facilmente dinheiro em combates de luta-livre. No entanto, deslumbrado com a sua nova condição, certo dia, Peter Parker não faz qualquer esforço para impedir a fuga de um assaltante. Este acto viria a trazer graves consequências na sua vida, na medida que este assaltante acabaria por matar o seu tio Ben. Marcado pela tragédia, aprende desta forma o significado das palavras que o tio lhe havia dito anteriormente: "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades". E este passa a ser o lema da vida do nosso herói.

O meu fascínio pelo Homem-Aranha provém bastante, não da sua condição de herói, mas sim do seu lado humano. Não encontro outro super-heroi que passe pelos problemas pessoais que Peter Parker passa, quando assume a sua faceta de cidadão comum. É humilde e voluntarioso, ganha a vida como professor, pass por vezes por dificuldades financeiras, tem de gerir crises familiares, derivadas da sua relação com a sua mulher May Jane ou com a sua Tia May, luta ‘interiormente’ contra sentimentos de culpa, derivados da morte do seu tio Ben e da sua antiga namorada Gwen Stacy. Todo este mundo imperfeito de Peter Parker, aliado ao seu estatuto de super-heroi, tornam o Homem-Aranha um personagem único no mundo da banda desenhada.

Do seu universo, também sobressai uma vasta e rica galeria de inimigos/vilões, entre os quais se podem destacar, entre muitos outros, personagens como o Duente Verde, pai do melhor amigo de Peter e um dos piores inimigos do Homem-Aranha, responsável pela morte de Gwen Stacy, cuja primeira aparição foi em Amazing Spider-Man #14; o Dr. Octopus (Dr. Otto Octavius) um reconhecido cientista na área da física nuclear, cujo um acidente em laboratório fez com que uns tentáculos hidráulicos, por ele criados, se fundissem com o seu corpo, cuja primeira aparição foi em Amazing Spider-Man #3; o Kraven, um dos melhores caçadores do Mundo, que desenvolveu uma obsessão pelo Homem-Aranha e suicidou-se depois de o vencer. Primeira aparição em Amazing Spider-Man #15; o Venom, um simbionte que resultou do estranho cruzamento entre um ex-jornalista com um simbionte alienígena, que partilhavam em comum um ódio pelo Homem-Aranha. Primeira aparição em Amazing Spider-Man #299 ou ainda mais recentemente Morlun, um estranho personagem com uma força sobre-humana e sobre o qual ainda não se conhecem muitos pormenores e cuja sua primeira aparição aconteceu em Amazing Spider-Man #471.

Ao longo de mais de quarenta anos de existência, felizmente que foram muitos e bons os autores que contribuíram para o desenvolvimento e enriquecimento deste super-heroi. Entre os argumentistas destacam-se, entre outros, Stan Lee, Gerry Conway, Roger Stern, Tom DeFalco, David Michelinie ou o actual J. Michael Straczynski. Entre os desenhadores encontramos nomes como Steve Ditko, John Romita, Gil Kane, Todd McFarlane, Erik Larsen, Luke Ross (ver desenho), John Romita Jr. (a provar que ‘filho de peixe…’) ou o actual Mike Deodato Jr.

O grande sucesso das aventuras do Homem-Aranha motivou mesmo uma elevada produção de histórias que teve como consequência, nos anos 90, no aparecimento de dezenas de títulos. O excesso de títulos, a publicação de histórias confusas ou mal contadas, que teve o expoente máximo no arco “A Saga do Clone”, o aproveitamento por parte da Marvel em publicar histórias interligadas nas várias revistas, levou à saturação e consequente perda de leitores, provocando desta forma o cancelamento de muitas revistas. Actualmente, parece-me observar o renascer deste fenómeno, conforme se pode verificar no arco “The Other” já falado aqui. Espero que com outras consequências!

Já em 2000, numa tentativa de cativar novas gerações de leitores, a Marvel desenvolveu então uma nova linha de acção, que designou de “Ultimate”, onde todo o universo Homem-Aranha foi actualizado, ou seja, a história do Homem-Aranha é recontada e transposta para os nossos dias, o que implicou obviamente algumas alterações relativamente à matriz original, o que se traduziu num enorme sucesso em termos de vendas.
As recentes adaptações cinematográficas, “Spider-Man” e “Spider-Man II” (está prevista a estreia de “Spider-Man III” em 2007), para além de se revelarem como das mais lucrativas de sempre da história da banda desenhada, tambem ajudaram à recuperação da popularidade do Homem-Aranha.

Da minha parte, começei a acompanhar as aventuras do Homem-Aranha através da colecção publicada pela Agência Portuguesa de Revistas. Depois, perante o vazio que se instalou no mercado português, comecei a coleccionar os comics americanos, primeiro “Amazing Spider-Man” e mais tarde “Ultimate Spider-Man”. Actualmente, para além dos títulos americanos, colecciono também as edições portuguesas publicadas pela Devir.

"Homem-Aranha" em Portugal:

Em Portugal, o Homem-Aranha chegou a partir do final da década de 60, através das revistas brasileiras de editoras como a EBAL, a Bloch, a Panini e a Abril.

- a primeira edição em português do Homem-Aranha, dá-se em Abril de 1971, no n.º 1 da revista Acção & Mistério (Série Fantástica), das edições Palirex. Foram ainda publicadas mais aventuras do Homem-Aranha nos n.ºs 2, 17, 18, 20 e 21 desta colecção.

- entre 1978 e 1981, a Agência Portuguesa de Revistas, publicou As Aventuras do Homem-Aranha, uma colecção que teve um total de 44 números.

- em 1983, a Distri Editora lançou O Fabuloso Homem-Aranha, com 10 números publicados.

- depois chegaram as revistas da Morumbi (depois Abril Morumbi), com a colecção Homem-Aranha, em duas séries distintas, em 1988 e em 1995. A Abril Controljornal também lhe dedicou atenção, até que em 1999 a Devir lançou Peter Parker: Homem-Aranha, em formato comic book americano, publicando até 2002, uma colecção que terminou no número #27, com a história da homenagem às vitimas dos atentados terroristas de 11/09/2001, publicada originalmente em Amazing Spider-Man #36 (#477 na numeração original).

- seguiu-se uma publicação conjunta Jornal de Noticias/Devir, intitulada O Sensacional Homem-Aranha, num total de 20 números.

- e desde 2003, que a Devir tem vindo a publicar de forma regular e periodicidade mensal a revista Homem-Aranha.

- encontramos também as aventuras avulso do Homem-Aranha, em várias edições, das histórias mais recentes do Homem-Aranha, nomeadamente na colecção Universo Marvel Deluxe (números 6, 7 e 13) da Devir e nas colecções Clássicos da BD (número 5) e Série Ouro (número 9) do Correio da Manha.

- a linha Ultimate, também foi objecto de publicação em Portugal, numa primeira fase, de novo através da iniciativa conjunta Jornal de Noticias/Devir que durante o ano de 2004, publicaram a revista Ultimate Homem-Aranha num total de 20 números; e mais tarde, em 2005, a Devir retomou esta publicação numa base mensal, reiniciando a numeração a partir do número 1.

Em formato de álbum, podemos encontrar O Fabuloso Homem-Aranha e As Maiores Aventuras do Homem-Aranha, ambos publicações da Agência Portuguesa de Revistas e a colecção Spider-Man da editora Futura.

Sites de consulta:

- Site não-oficial de Stan Lee [link]
- Site não-oficial do Spider-Man [link]
- Site oficial da Marvel [link]
- Site oficial da Devir – Revista Homem-Aranha [link]
- Site oficial do filme “Spider-Man III” [link]

16 dezembro, 2005

Leilão de arte original

Depois dos duelos artísticos, dos quais se fez referência no post anterior, ao confronto que opôs Jim Lee a Michael Turner, os desenhos dos vários duelos entre os estúdios Wildstorm e Aspen, foram agora colocados em leilão no eBay. As verbas obtidas com as vendas destinam-se ao Comic Book Legal Defense Fund (CBLDF), uma entidade que protege os direitos legais dos autores sobre as personagens que criam. Para os interessados aqui fica o link do leilão. Boas licitações!

11 dezembro, 2005

Duelo Artístico


O Sun of Gelatometti está a patrocinar um combate entre super...desenhadores. Michael Turner (Aspen) versus Jim Lee (Wildstorm). O duelo desenrola-se da seguinte forma: a cada um foi pedido que fizesse um sketch com duas personagens, o Nocturno dos X-Men e a Arlequina, a namorada do Joker. Desenhos feitos e publicados e é pedido aos visitantes que escolham qual o melhor.

Para participar na eleição basta deixar um voto na caixa de comentários do desenho preferido! Passem por lá. Eu já exerci o meu direito cívico!

09 dezembro, 2005

Saldos de BD

Acabei de chegar da livraria Assírio & Alvim situada no Cinema King em Lisboa. Encontra-se lá a decorrer saldos de álbuns de bd. A venda decorre entre 8 e 11 de Dezembro e os preços variam entre 1 e 5 euros. Esta óptima iniciativa é da Sodilivros e os álbuns pertenciam ao fundo editorial da falida Meribérica. Entre os vários títulos que se encontravam para venda pude encontrar Lucky Luke, Asterix, Spirou & Fantasio, Michel Vaillant, Blueberry, XIII, Valerian, O Mercenário, entre muitos outros e diversos álbuns de autores como Moebius, Bilal, Boucq ou Giroud. Para além do preço convidativo, o melhor é o óptimo estado de conservação do álbuns. E pelo que percebi, a divulgação não tem sido muita, porque as caixas ainda estavam cheias de bd.

Eu aproveitei para completar as minhas colecções do Valerian e d’O Mercenário preços que variaram entre 4 e 5 euros. Pelo meio também comprei uns Boucq’s. Resumindo, vim de lá de saco cheio. Afinal é Natal!

08 dezembro, 2005

Pequenos contos

Ou pequenas obras da banda desenhada portuguesa, são as histórias de duas páginas, com os textos irónicos de José Carlos Fernandes e as excelentes ilustrações de Miguel Rocha (provavelmente os melhores autores de bd em Portugal) que vêem sendo publicadas na secção bd da revista C, editada trimestralmente pelo Centro Colombo (esse mesmo, o centro comercial de Lisboa).

Para acompanhar, até porque é possível receber a revista gratuitamente em casa, através de um simples registo aqui!