08 fevereiro, 2008

António Alfacinha


Já se encontra à venda o n.º 7 da revista «Cebolinha» (ver imagem) que traz como principal motivo de interesse a introdução de um novo personagem no Universo da Turma da Mónica, sendo que desta vez se trata de António Alfacinha, um miúdo luso, que como o próprio apelido indica tem as suas origens em Lisboa.

A ideia é brincar com os diferentes significados que algumas expressões portuguesas assumem no Brasil e das confusões que daí advêm, conforme se observa ao longo das três histórias publicadas na revista, à medida que o António Alfacinha vai conhecendo a restante “turma”.

Apesar do estereótipo bastante ultrapassado com que os portugueses estão representados nas personagens do António Alfacinha e dos seus pais e da utilização de algumas expressões supostamente(?) portuguesas (entre outras, manifesto o meu desconhecimento relativamente a cumprimentos com “ó pá!” e a palavras como “jaleco” ou “xaveco” ou expressões do tipo “borracho avoado”), salva-se as boas intenções do autor em mostrar a riqueza e as diferenças culturais, nomeadamente ao nível da língua portuguesa, existente entre os dois países.

Uma edição interessante, que promete continuação até porque o António Alfacinha descobre que apesar das diferenças existentes entre ele e o Cebolinha, também tem coisas em comum, mais não seja uma paixão pela Mónica.


21 janeiro, 2008

Mais... Manara

Em mais uma promoção de BD! Desta vez é a revista masculina GQ (edição portuguesa) que na sua edição de Janeiro/Fevereiro (já nas bancas) traz o álbum a cores, formato franco-belga, de bd erótica “O Clic 1” de Milo Manara com um preço de capa de apenas € 1,45. Com uma tiragem de 25.000 exemplares, o objectivo confesso desta promoção é “duplicar as vendas da GQ”. A edição de Março/Abril da GQ irá distribuir o álbum “O Clic 2”.

Clic conta a história da bela Cláudia Cristiani, uma mulher da alta sociedade, recatada mas insegura face ao seu magnifico (e bem desenhado corpo), mas que devido ao roubo da invenção do Prof. Kranz, um comando à distancia que controla os impulsos sexuais, consegue soltar os seus desejos mais profundos e dar largas aos seus instintos sexuais mais libidinosos e as situações que daqui resultam, tanto ao nível do desenho como da linguagem, obviamente não são aconselháveis a menores de 18!

Para quem não conhece, pelo preço parece-me ser uma excelente oportunidade para entrar no mundo de Milo Manara!

14 janeiro, 2008

50 anos de Estrumpfes

Apareceram pela primeira vez, como personagens secundárias, numa história de "João e Pirolito" intitulada "A Flauta de 6 estrumpfes" publicada pela revista Spirou em 23 de Outubro de 1958. Mas como tantas outras personagens na história da banda desenhada, também estas pequenas criaturas de pele azul que falavam uma linguagem própria e viviam escondidas na floresta, criadas pelo belga Peyo (Pierre Culliford) depressa conquistaram os leitores e passaram a ter uma série própria como o seu nome: Os Estrumpfes (em francês "Schtroumpfs", em inglês "Smufs").

Nos anos 60, as aventuras dos estrumpfes já eram publicadas em álbum por toda a Europa (a Portugal chegaram durante meados da década de 80, através das editoras "Circulo de Leitores" e "Editorial Pública"), mas foi em 12 de Setembro de 1981, com a emissão do primeiro desenho animado pela cadeia de televisão NBC, que o fenómeno estrumpfe ficou global. Os estúdios americanos de animação Hanna-Barbera, produziram mais de 200 episódios que foram emitidos (por cá também) durante mais que uma década.

Pois bem, os Estrumpfes celebram este ano o seu 50º aniversário e o "pontapé de saída" das festividades foi dado em Bruxelas, terra natal de Pierre «Peyo» Culliford, numa conferência de imprensa com a participação da viúva e filhos do autor, e de outros membros da vasta equipa que mantém os estrumpfes em actividade mesmo após a morte do desenhador, em 1992.

Citando o Diário Digital/Lusa, entre as iniciativas previstas para todo o ano, contam-se a edição, ainda este mês, de mais um álbum de banda desenhada - com o título original "Les Schtroumpfs et le livre qui dit tout" (traduzindo "Os Estrumpfes e o livro que diz tudo") -, novos episódios de desenhos animados a serem difundidos em numerosos países (incluindo Portugal), um filme de animação em três dimensões, e a aposta em livros de actividades, jogos (também na Internet) e estatuetas comemorativas para coleccionadores.

A principal "marca" das celebrações será todavia a digressão europeia, que levará milhares de estrumpfes a invadir as ruas de diversas cidades europeias, numa iniciativa dirigida às crianças e cujas receitas reverterão a favor da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

A ideia consiste em que «acordar» várias cidades uma certa manhã - os nomes e as datas mantêm-se em segredo - com diversos milhares de estrumpfes (brancos) espalhados pelas ruas (na fila para os correios, à espera de autocarro, a brincar no jardim ou em qualquer outra actividade), que as crianças são convidadas a levar para casa e a decorar, sendo premiadas as obras mais criativas.

Paralelamente, em cada um dessas cidades será leiloado um estrumpfe decorado por uma celebridade - com as receitas a reverterem a favor da Unicef -, será realizada uma exposição dedicada ao 50º aniversário e um zeppelin sobrevoará o local das festividades.

11 janeiro, 2008

"Habituais leitores" vs. "Efémeros leitores"

Na sequência de um comentário colocado por um (fiel) leitor deste blogue, que se identificou como "el gordo", no post que antecede este, acerca da nova colecção do jornal PublicoGrandes Autores de BD – resolvi entrar aqui numa troca de ideias, sobre velhos leitores e novos leitores, que reflecte o estado de coisas da bd em Portugal.

Começo por citar um comentário recente de um responsável das edições Afrontamento, acerca do lançamento dos volumes 3 e 4 da colecção "Peanuts – Obra Completa", que tem um preço de capa de € 23 cada álbum, a referir que estavam bastante satisfeitos com a saída dos primeiros dois volumes, porque "tinham conseguido vender cerca de 2.000 exemplares"!!!

Sendo certo que em Portugal, o sucesso de vendas de um novo álbum de bd ronda os 1.500 exemplares, convenhamos que é para e por causa dos “habituais leitores” que ainda se publica banda desenhada em Portugal. Porquê? Porque são estes os únicos que estão predispostos e porque podem pagar as novidades com preços de capa num intervalo de valores que vai dos €15 aos €30. Também por causa disso, são os "habituais leitores" que esperam e desesperam por novidades e tem as suas prateleiras cheias de colecções de bd incompletas.

Quanto à iniciativa do jornal Público, para uma colecção que não traz nada de novo, não tenho pejo em afirmar que se destina apenas a escoar parte dos stocks da ASA, até porque não há garantias que esta editora, detentora da maioria dos direitos de publicação para Portugal das melhores séries de bd franco-belga, venha a publicar, a título de exemplo, os restante álbuns inéditos da colecção "Thorgal". E não havendo garantias que se completa a colecção qual é a lógica de um novo leitor em inicia-la? Mas, por outro lado, também não me parece que isto seja motivo de preocupação para os "efémeros leitores" a quem a colecção do Público realmente se destina, porque a sua leitura esgota-se aqui, com a vantagem de pagar o preço de um álbum duplo por metade do preço que eu, “habitual leitor”, paguei apenas por um único. A cavalo dado...!

Tudo para concluir que a bd em Portugal é cara porque não há leitores velhos suficientes; e não há leitores novos suficientes porque a bd em Portugal é cara. E por causa deste "pau de dois-bicos" dificilmente se aumentará a base de leitores de bd, até porque a mentalidade dos principais editores portugueses não está virada para a resolução deste grave problema. Preferem antes um retorno rápido do seu investimento à custa (da carteira) dos "habituais leitores", os tais 1.500! Posteriormente, a política de "saldos", "promoções leve 3 pague 2" destina-se mais a despachar "encalhados" do que a conquistar potenciais novos leitores. É por este motivo que esta iniciativa Publico/ASA, por muito louvável que seja em termos de divulgação e distribuição de bd a baixo custo, não deixa de ter um reverso bastante funesto, porque se os "habituais leitores" deixassem de comprar as novidades a "preços de ouro" e esperassem pelo "período de saldos", temo bem que as consequências que daí adviriam seriam provavelmente o fim da banda desenhada em Portugal. É pelo menos esta a minha convicção!

Aceita-se o contraditório!

10 janeiro, 2008

De volta aos clássicos...


O jornal Público começa no próximo dia 16 Janeiro, em parceria com as edições ASA, (mais) uma colecção semanal de banda desenhada, desta vez dedicada a várias personagens, vários autores, vários estilos, abrangente dos vários géneros da bd franco-belga. A colecção, repartida por dez álbuns duplos, com um custo de € 6,90 cada, traz-nos autores como Rosinski, Van Hamme, Zep, Guarnido, Canales, Tabary, Goscinny, Bilal, Marini, Desberg, Gibrat, Pellejero, Zentner, Prado, Bess e Jodorowski.
 
Calendário completo dos lançamentos por autor/título/data:
  1. Rosinski e Van Hamme/"Thorgal – O Filho das Estrelas" + "Thorgal – Alinoë"/96 páginas, a 16-01-2008

  2. Zep/"Titeuf – As Miúdas Ficam Banzadas" + "Titeuf – N’é Nada Justo"/96 páginas, a 23-01-2008

  3. Guarnido e Canales/"Blacksad – Algures entre as Sombras" + "Blacksad – Artic Nation"/104 páginas, a 30-01-2008

  4. Tabary e Goscinny/"Iznougoud vê estrelas" + "Iznougoud e o computador mágico"/96 páginas, a 06-02-2008

  5. Bilal/"A Feira dos Imortais" + "O Sono do Monstro"/120 páginas, a 13-02-2008

  6. Marini e Desberg/"A Estrela do Deserto" (2 capítulos)/120 páginas, a 20-02-2008

  7. Gibrat/"Destino Adiado" (2 capítulos)/112 páginas, a 27-02-2008

  8. Pellejero e Zenter/"Âromm – Destino Nómada" + "Âromm – Coração da Estepe"/96 páginas, a 05-03-2008

  9. Prado/"A Vida é um delírio"/96 páginas, a 12-03-2008

  10. Bess e Jodorosky/"O Lama Branco – O Primeiro Passo" + "O Lama Branco – A Segunda Visão", a  19-03-2008


Nota adicional:
Saúdo o lançamento desta colecção mas lamento a oportunidade perdida para lançar histórias inéditas em Portugal. Não obstante a (re)publicação de autores como Rosinski, Bilal e Gibrat ou histórias como “Thorgal”, “Blacksad” e “A Estrela do Deserto”, a verdade é que para os habituais leitores de bd franco-belga, estes autores e álbuns há muito que constam nas respectivas colecções. Sendo assim, até pelo baixo preço proposto, sinto que estou perante uma colecção que visa essencialmente escoar stocks da ASA, pelo que o publico-alvo será aquele que não conhece/não compra este género de banda desenhada. Será que resulta? Não quero com isto minimizar esta iniciativa, até porque reconheço que o jornal Público é dos poucos órgãos de comunicação social que em Portugal ainda vai contribuindo para a divulgação da banda desenhada (lembro as colecções “Corto Maltese”, “Tintin” e “Spirou”), mas não são estas (re)edições que ajudam ao mercado bedéfilo português. Assim, da minha parte, provavelmente farei depender a compra de alguns álbuns em função da respectiva qualidade da edição.

09 janeiro, 2008

'Peanuts'

Depois dos magníficos volumes 1 e 2, as Edições Afrontamento lançam agora os volumes 3 e 4 de "Peanuts – Obra Completa", respeitantes aos anos 1955 a 1956 e 1957 a 1958, respectivamente.

Esta colecção, é um compromisso da editora em publicar integralmente em lingua portuguesa, a obra completa de Charles Schulz (1922-2000), compilando todas as tiras de Charlie Brown, Snoopy e companhia, publicadas em jornais e revistas, ao ritmo de dois volumes por ano, numa colecção que apenas ficará completa em 2016 com o lançamento dos dois últimos volumes.

Mais não fosse pelo prazer que dá a sua leitura, o cuidado posto na sua edição (atente-se às caixas, cuja opção recomendo) e o facto de constituir uma colecção integral e definitiva, de todas as tiras diárias, escritas e desenhadas por Schulz, já seria motivo suficiente para comprar esta colecção. Acrescente-se então o facto de possibilitar ao leitor português a oportunidade inédita de ler as primeiras tiras e acompanhar a posterior evolução das personagens (posso destacar a transformação do Snoopy de um simples cãozinho no filosofo que todos conhecemos). Tudo conjugado traduz a grande mais-valia de “Peanuts – Obra Completa”, uma colecção de sonho, que tem um lugar cativo na estante de qualquer bedéfilo. Bem, pelo menos na minha têm!

Volumes já disponíveis:

Peanuts Obra Completa - Volume 1 [1950-1952]
Peanuts Obra Completa - Volume 2 [1953-1954]
Peanuts Obra Completa - Volume 3 [1955-1956]
Peanuts Obra Completa - Volume 4 [1957-1958]

08 janeiro, 2008

Começar do zero... (continuação)

**spoiler** fica o aviso para quem não acompanha a actualidade do Homem-Aranha, que o post que se segue contem revelações recentes que podem estragar a surpresa de uma leitura futura.

O site Newsarama revelou uma página dupla da próxima edição de "Amazing Spider-Man #546" que mostra o ponto de situação da "nova" vida do Homem-Aranha, depois do "apagão".

Fresh from the pages of "Brand New Day," check out Spidey's new status quo, drawn by the imitable John Romita Jr.! What's up with Harry Osborn? Mary Jane? Spidey's powers? Here's everything you need to know!

(clique para aumentar)

31 dezembro, 2007

Piscando o olho a 2008...

Aproveito este último post de 2007, não para fazer o balanço bedéfilo do ano (será assunto para o próximo mês de Janeiro) mas sim para desejar a todos os que por aqui passam, os sinceros votos de um bom ano recheado de muita e boa BD. E a julgar pela grande variedade de novidades lançadas no último trimestre deste ano, quem sabe se talvez não seja este um bom prenúncio.

Até porque 2008 anuncia-se de novo, como o ano de José Carlos Fernandes, devido à sua “estranha” tendência de ir publicando BD em Portugal, com o lançamento de “A Agência de Viagens Leming - Dez mil horas de Jet Lag” numa edição da Tinta da China e depois parece que a Devir (que ainda mexe!) irá manter a aposta nas “Black Box Stories” com o lançamento dos volumes 2 e 3.

No entanto, espera-se mais do catalogo da ASA e eu mais "Largo Winch" da Gradiva.

Até lá, tenho com que me “ocupar”, a começar pela leitura dos recentes lançamentos da BDMania e da VitaminaBD, que a devido tempo aqui darei conta, e na “pilha” de BD por ler ainda se encontra material comprado no último FIBDA.

Até para o ano e boas leituras!

19 dezembro, 2007

Why So Serious?

... estou de regresso e para falar da criativa campanha de marketing viral, lançada na Internet pelos estúdios da Warner, de promoção ao próximo filme de Batman, intitulado "The Dark Knight", com estreia oficial marcada para 18 de Julho do próximo ano.

Este segundo fôlego do Batman no cinema parece ir pelo bom caminho e o filme (ver trailer aqui) promete ser "o" acontecimento de 2008. Toda a acção da promoção tem-se centralizado no Joker, a mais genial, a mais perigosa e seguramente a mais imprevisível de todas as personagens do universo Batman. Foram criados sites (ver aqui, aqui, aqui e aqui) e lançadas pistas para os fans seguirem na internet. E assim se revelou a primeira imagem de um incrível e sinistro Joker. Tudo isto deixa antever um épico confronto entre o Bem e o Mal. A confirmarem-se as expectativas já criadas e este Joker/Heath Ledger vai superar o excelente Joker interpretado por Jack Nicholson em “Batman” (1981) de Tim Burton.

Agora, e até para que conste dos arquivos deste blogue, deixo aqui a pequena colecção dos reveladores posters oficiais já divulgados até à data.





16 novembro, 2007

FIBDA’2007 (10) - Terminado o FIBDA...

...fica aqui o meu balanço sobre os 17 dias de BD na Amadora deste ano, passados entre exposições, autógrafos e novidades editoriais.

Para começar, a avaliação global que faço é que o festival correu bem, dentro das limitações a que já nos habituou. Penso ter existido uma maior afluência de público, que é bastante positivo, e confirmou, se dúvidas houvessem, que o Fórum da Brandoa é a "casa ideal" para o FIBDA, não deixando ficar saudades dos espaços que o antecederam.
















No entanto, em ano de maioridade, as exposições do 18º FIBDA revelaram-se pouco ambiciosas, quiçá condicionadas pelo orçamento, o que se traduziu em mostras fracas, entre as quais destaco pela negativa as relativas às "10 BD’s do Sec. XX", que ocupava um lugar de destaque no piso 0 e a dedicada à BD italiana para adultos intitulada "O Caso Italiano" destinada a maiores de 18 anos, localizada no piso -1. Enquanto a primeira limitava-se simplesmente a exibir, em pequenos espaços, uma dúzia de capas de álbuns/revistas alusivas ao personagem em questão, sem qualquer historial, a segunda confinava-se um espaço com ar de bordel, onde se encontravam expostas pouco mais de meia dúzia de pinturas erótico-sugestivas, deixando de fora praticamente as pranchas, por exemplo de um dos mestres do desenho porno-erótico, que por acaso era só um dos autores convidados pela organização. É caso para dizer, muita parra, pouca uva! Muito negativo também foi a quase total ausência de referência a Hergé, um autor bem conhecido do público português, no ano do centenário do seu nascimento. Pela positiva, pessoalmente gostei da exposição "Salazar, Agora na hora da sua morte" (piso 0), não só pela arrumação do espaço mas também por ser possível visualizar a evolução dos desenhos das várias páginas da obra.

No piso -1, funcionou a zona nevrálgica do festival, ou seja a zona comercial e de autógrafos. Foi, porventura, uma das mais bem conseguidas que tenho memória em FIBDA’s. Um espaço amplo e aberto, onde as bancas comerciais ladeavam uma zona de estar central que se fazia a ligação à zona de autógrafos através de um corredor largo e arejado, que tão bem funcionou para as filas que se formaram, nomeadamente no caso de Manara. Qualquer comparação com o afunilamento que se verificava em anteriores edições realizadas, por exemplo na estação de metro ou na escola inter-cultural é mera ficção!





Relativamente aos autores presentes, como vem sendo hábito, a organização convida poucos autores conhecidos e muitos ilustres desconhecidos. Assim, o italiano Milo Manara foi o nome grande presente, que provocou a formação de longas filas, que chegaram inclusive a encerrar horas antes do final da sessão, para a obtenção do desejado autografo. Talvez não seja alheia a esta popularidade o facto de grande parte da obra deste autor estar publicada em Portugal. Destaque também para José Carlos Fernandes, não só pelas nomeações obtidas e pelos prémios arrecadados, que consolidam o seu estatuto de principal e mais profícuo autor de bd (sob transe) em Portugal, reconhecimento esse também feito pelo publico, a avaliar pelas filas nas sessões de autógrafos. Acresce o facto de ter sido publicado (o que em Portugal não é fácil para um autor de bd) mais um álbum seu, o sexto volume da famosa série “A Pior Banda do Mundo” intitulado “Os Arquivos do Prodigioso e do Paranormal”. Sublinha-se o regresso de Luís Louro, agora numa inverosímil dupla com Nuno Markl, com o terceiro álbum das aventuras do “Corvo”. Em termos de novos talentos, confesso-me um apreciador da arte de Filipe Teixeira (responsável pelo "C.A.O.S." da editora Kingpin Comics, salvo seja!).

Em termos das (poucas) novidades editoriais, sublinho a quantidade de autores portugueses de que viram os seus trabalhos publicados. Para além do já citado “Os Arquivos do Prodigioso e do Paranormal” (de JC Fernandes) pela DEVIR, que segundo consta foi o “canto de cisne” da editora em termos de publicações de bd em Portugal; tivemos “Corvo 3 - Laços de Família” (de Luís Louro/Nuno Markl), “Obrigado, patrão” (de Rui Lacas) e a republicação de “Everest” (de Ricardo Cabral), todos pela ASA; “C.A.O.S. Livro 3” (de Filipe Teixeira/Fernando Dordio Campos) e “Super Pig 3” (de Mário Freitas/Gevan) pela editora KingPin Comics e “Sexo, Mentiras e Fotocópias” (de Álvaro) e “Bang Bang” (de Hugo Teixeira) pela Pedranocharco. Convenhamos que não é habitual um tão elevado número de publicações de autores portugueses e peço desculpa se me esqueci de alguém!

No que respeita à bd estrangeira, como apaixonado pelos clássicos que sou, e pelas memórias que me traz, destaco aqui a publicação do álbum de “Tarzan – Volume 1” com as pranchas dominicais de Russ Manning do período de 1968-1970, com a qualidade que a editora Bonecos Rebeldes já nos habituou, ou não fosse ela a responsável pela publicação actual das aventuras do “Príncipe Valente”.

No que concerne à área comercial, continuo a achar que o festival tinha potencialidade para promover uma feira de venda de bd em 2ª mão, convidando alfarrabistas, até porque a banda desenhada não é só as novas edições!

Em resumo, mais um ano mais um festival, que mais não seja serve para rever “velhas” caras, obter um desenho de vez em quando de um super-autor e conhecer melhor a “nossa” banda desenhada e os “nossos” talentos. Para o ano, na sua 19ª edição o FIBDA terá como tema subjacente a ficção científica!

As minhas notas sobre o 18º FIBDA:

Notas positivas:
+ José Carlos Fernandes
+ Milo Manara
+ Espaço da área comercial e de autógrafos do festival
+ Lançamento de vários álbuns de autores portugueses

Notas negativas:
- Exposição “As 10 BD’s do Séc. XX”
- Falta na evocação do centenário de Hergé
- O preço dos álbuns na área comercial
- Convite a autores (quase) desconhecidos do grande público


legendas das fotografias por ordem de aparição, da esquerda para a direita:

foto 1 – exposição "O Caso Tiotónio" piso -1
foto 2 – exposição "Salazar, Agora na hora da sua morte" piso 0

foto 3 – detalhe da zona de autógrafos

foto 4 – Milo Manara
foto 5 – Cameron Stewart
foto 6 – Rui Lacas
foto 7 – Filipe Tixeira

foto 8 – detalhe da banca de venda da KingPin Comics

15 novembro, 2007

Página 161

Em resposta ao desafio lançado pelo blogue Área Negativa, aqui fica a minha contribuição, retirada de "The Batman Chronicles – vol. three" (paperback) edição da DC Comics, escolhido entre os poucos que possuo que orgulhosamente podem ostentar pelo menos 161 páginas de banda desenhada.

Assim, a quinta fala da referida página pertence ao Batman que exclama:

His head… all bloody… He´s been clubbed… clubbed to death? Robin’s dead??

e para não ser acusado de quebrar a corrente, lanço o desafio ao Ferrão (Blog da Utopia), a ver se retoma a actividade de blogger!

09 novembro, 2007

FIBDA’2007 (9) - Manara

Expo "BD+CARTOON+ILUSTRAÇÃO"


Para quem estiver por Faro nestes dias, pode aproveitar para visitar até 10 de Dezembro, a exposição colectiva "BD+CARTOON+ILUSTRAÇÃO", de Luís Peres, Phermad, Rocha e Serafim que se encontra patente ao público na Sala de Exposições da Direcção Regional do Algarve do IPJ. As visitas podem ser feitas todos os dias úteis, entre 9h30 e 12h30 e as 14h00 as 17h30.

Fica aqui o convite feito!

28 outubro, 2007

FIBDA’2007 (8) - E os vencedores são...

Foram atribuídos este fim-de-semana, no FIBDA, os Prémios Nacionais de BD, com vista a premiar o melhor que se fez de BD durante o último ano. Quase sem surpresa, a dupla José Carlos Fernandes/Luís Henriques levaram para casa os principais prémios com a obra “Tratado de Umbrografia”. Quanto aos restantes vencedores, pouco há a destacar, até porque os meus preferidos ou nem sequer foram nomeados ou não ganharam. Enfim, gostos não se discutem.

Para a história, aqui fica o registo dos vencedores por categoria:

  • Prémio Melhor Álbum Português - Tratado de Umbrografia, de Luís Henriques (desenho) e José Carlos Fernandes (argumento), Devir
  • Prémio Melhor Argumento para Álbum Português - José Carlos Fernandes, em Tratado de Umbrografia, Devir
  • Prémio Melhor Desenho para Álbum Português - Luís Henriques, em Tratado de Umbrografia, Devir
  • Prémio Melhor Álbum de Autor Português em Língua Estrangeira - Merci Patron, de Rui Lacas, Editions Paquet
  • Prémio Melhor Álbum de Autor Estrangeiro - Alguns meses em Amélie, de Jean-C. Denis, ASA
  • Prémio Melhor Álbum de Tiras Humorísticas - Há Vida em Markl: Opus 2, de Nuno Markl, Gradiva Publicações
  • Prémio Melhor Livro de Ilustração Infantil - O Bicharoco que era oco, de Carla Pott (ilustração) e A. Ventura (texto)
  • Prémio Melhor Fanzine - Venham + 5 nº3, com coordenação de Paulo Monteiro, Câmara Municipal de Beja/Bedeteca de Beja
  • Prémio Clássicos da Nona Arte - A Trágica Comédia ou Cómica Tragédia de Mr. Punch, de Neil Gaiman e Dave McKean, VitaminaBD
  • Prémio Juventude - Tratado de Umbrografia, de Luís Henriques (desenho) e José Carlos Fernandes (argumento), Devir

23 outubro, 2007

FIBDA’2007 (7) – Corvo 3

Não há como evitar, o FIBDA é o tema de momento!

No passado fim-de-semana, o destaque maior foi talvez para o regresso (de canadianas) do autor Luís Louro à banda desenhada com o álbum “Corvo 3 – Laços de Família” (Edição ASA) cuja apresentação em conferência de imprensa, esteve a cargo da linda Sílvia Alberto e contou ainda com a participação de Nuno Markl, responsável (e irresponsável) pelo argumento desta nova aventura.

A conferência foi bastante divertida, ou não se começasse a falar de todo o processo de criação que esteve por detrás do álbum, e que se encontra mesmo sintetizado no mesmo, através da transcrição, nas primeiras páginas, dos email’s trocados entre Luís Louro e Nuno Markl entre 09/12/2005 (data do primeiro) e 10/03/2007 (data da conclusão do álbum).

Um processo moooooooooooroso que chegou mesmo a atentar contra a saúde e sanidade mental dos envolvidos..lol

Seguiu-se a habitual sessão de autógrafos, bastante concorrida, com os dois autores (faltou a barraquinha dos beijos com a Sílvia), e onde Nuno Markl usou, abusou e se apropriou…. da minha caneta!!!! Ok… não há problemas, estou calmo, mas fica aqui o registo do meu contributo para o sucesso do álbum, porque se não houvesse caneta não havia autógrafos e se não houvesse autógrafos se calhar o álbum não se vendia e assim por diante!!!

Deixo aqui o registo fotográfico desse acontecimento:

Tudo começou assim... ... tu desenhas...















...e tu escreves .... ... e o resultado final é este!


Já na sessão de autógrafos:


sim, sim... caro Nuno, a caneta era para devolver!!!



20 outubro, 2007

FIBDA’2007 (6) – Primeiras impressões

Este ano resolvi ir à festa de inauguração do FIBDA, mal sabia eu que metade da população da Brandoa também tinha sido convidada. Ás 22:00 fogo de artificio para gáudio do povo e abertura das portas do festival. Primeira impressão: pelos que comentários que ia ouvindo, pareceu-me que mais de metade das pessoas presentes na inauguração nunca leu uma bd e só lá foi porque a entrada e o espumante eram de borla! E à conta disso desconfio que havia para lá uma boa rapaziada que nesta sexta à noite poupou de gastar uns bons cobres nos bares da zona!!!

A disposição do espaço do festival mudou radicalmente quando comparada com o ano passado. Temos agora o piso principal (ou piso 0) praticamente ocupado pelas "10 BD’s do Século XX" divididas por 10 pequenos espaços e no piso -1 as restantes exposições e a zona comercial/autógrafos, que verdade seja dita é talvez uma das mais bem conseguidas do últimos anos.

Passei pelas exposições a correr, não só porque tenho bastante tempo até ao fim do festival e até porque convenhamos hoje era a "noite cultural" do ano para os que "vieram beber", mas ficou-me na retina, pela positiva, a exposição "Evocação de Tiotónio" (lembro que os troféus do FIBDA são em sua homenagem) e pela negativa "As 10 BD’s do Século XX".

Quanto a esta última, é de uma pobreza franciscana. A evocação das 10 bd’s do século XX limita-se a expor uma dúzia de capas de livros e revistas de cada personagem, sem qualquer indicação cronológica, misturando edições portuguesas com edições estrangeiras, sem notas adicionais sobre a história e evolução das personagens. Para fazer "exposições" destas, mais vale gastar parte do orçamento do festival em espumante e distribuir pelos visitantes ao fim-de-semana e digo que o povo vai melhor servido! Não estivesse eu no FIBDA e ia julgar que cada espaço daqueles era uma barraquinha de venda de bd’s em 2ª mão e como faz falta uma barraquinha de venda de bd’s em 2ª mão naquele festival.

Encontro o sempre acessível José Carlos Fernandes e dou-lhe os parabéns pelo n.º de nomeações para os prémios FIBDA e ele confessa que nem leva aquilo muito a sério. Afinal face ao muito reduzido n.º de obras publicadas por autores portugueses em Portugal, qualquer um que publique leva automaticamente a nomeação! Touchê! Ah é verdade uma novidade... a obra "A Agência de Viagens Lemmings" já tem editor para... Espanha!!! Para cá... continuamos a aguardar!

À saida, solicito no balcão de informações um programa com as horas e presenças de autores nas sessões de autógrafos por autor e na resposta recebo, para além de um sorriso simpático da moça, um "ainda não há!" (todos os anos é assim mas eu continuo a insistir). Em compensação trago um "pré-programa"!

Não sei o que os leitores deste blogue esperam do FIBDA, mas da minha parte confesso que me contento com as novidades e autógrafos. Assim, a confirmarem-se as presenças dos autores anunciados e com os lançamentos previstos, parece-me que este ano nem me posso queixar!

Deixo aqui um pequeno apontamento fotográfico da primeira noite:












































Legenda: da esquerda para a direita e de cima para baixo, na primeira fotografia temos o cartaz da "mostra" das BD's do Sec. XX e nas seguintes os 10 painéis identificativos de cada sala. Na ultima fotografia, vemos as mesas de trabalho dos artistas para as sessões de autógrafos.