Na sequência de um comentário colocado por um (fiel) leitor deste blogue, que se identificou como "el gordo", no post que antecede este, acerca da nova colecção do jornal Publico – Grandes Autores de BD – resolvi entrar aqui numa troca de ideias, sobre velhos leitores e novos leitores, que reflecte o estado de coisas da bd em Portugal.
Começo por citar um comentário recente de um responsável das edições Afrontamento, acerca do lançamento dos volumes 3 e 4 da colecção "Peanuts – Obra Completa", que tem um preço de capa de € 23 cada álbum, a referir que estavam bastante satisfeitos com a saída dos primeiros dois volumes, porque "tinham conseguido vender cerca de 2.000 exemplares"!!!
Sendo certo que em Portugal, o sucesso de vendas de um novo álbum de bd ronda os 1.500 exemplares, convenhamos que é para e por causa dos “habituais leitores” que ainda se publica banda desenhada em Portugal. Porquê? Porque são estes os únicos que estão predispostos e porque podem pagar as novidades com preços de capa num intervalo de valores que vai dos €15 aos €30. Também por causa disso, são os "habituais leitores" que esperam e desesperam por novidades e tem as suas prateleiras cheias de colecções de bd incompletas.
Quanto à iniciativa do jornal Público, para uma colecção que não traz nada de novo, não tenho pejo em afirmar que se destina apenas a escoar parte dos stocks da ASA, até porque não há garantias que esta editora, detentora da maioria dos direitos de publicação para Portugal das melhores séries de bd franco-belga, venha a publicar, a título de exemplo, os restante álbuns inéditos da colecção "Thorgal". E não havendo garantias que se completa a colecção qual é a lógica de um novo leitor em inicia-la? Mas, por outro lado, também não me parece que isto seja motivo de preocupação para os "efémeros leitores" a quem a colecção do Público realmente se destina, porque a sua leitura esgota-se aqui, com a vantagem de pagar o preço de um álbum duplo por metade do preço que eu, “habitual leitor”, paguei apenas por um único. A cavalo dado...!
Tudo para concluir que a bd em Portugal é cara porque não há leitores velhos suficientes; e não há leitores novos suficientes porque a bd em Portugal é cara. E por causa deste "pau de dois-bicos" dificilmente se aumentará a base de leitores de bd, até porque a mentalidade dos principais editores portugueses não está virada para a resolução deste grave problema. Preferem antes um retorno rápido do seu investimento à custa (da carteira) dos "habituais leitores", os tais 1.500! Posteriormente, a política de "saldos", "promoções leve 3 pague 2" destina-se mais a despachar "encalhados" do que a conquistar potenciais novos leitores. É por este motivo que esta iniciativa Publico/ASA, por muito louvável que seja em termos de divulgação e distribuição de bd a baixo custo, não deixa de ter um reverso bastante funesto, porque se os "habituais leitores" deixassem de comprar as novidades a "preços de ouro" e esperassem pelo "período de saldos", temo bem que as consequências que daí adviriam seriam provavelmente o fim da banda desenhada em Portugal. É pelo menos esta a minha convicção!
Aceita-se o contraditório!
Começo por citar um comentário recente de um responsável das edições Afrontamento, acerca do lançamento dos volumes 3 e 4 da colecção "Peanuts – Obra Completa", que tem um preço de capa de € 23 cada álbum, a referir que estavam bastante satisfeitos com a saída dos primeiros dois volumes, porque "tinham conseguido vender cerca de 2.000 exemplares"!!!
Sendo certo que em Portugal, o sucesso de vendas de um novo álbum de bd ronda os 1.500 exemplares, convenhamos que é para e por causa dos “habituais leitores” que ainda se publica banda desenhada em Portugal. Porquê? Porque são estes os únicos que estão predispostos e porque podem pagar as novidades com preços de capa num intervalo de valores que vai dos €15 aos €30. Também por causa disso, são os "habituais leitores" que esperam e desesperam por novidades e tem as suas prateleiras cheias de colecções de bd incompletas.
Quanto à iniciativa do jornal Público, para uma colecção que não traz nada de novo, não tenho pejo em afirmar que se destina apenas a escoar parte dos stocks da ASA, até porque não há garantias que esta editora, detentora da maioria dos direitos de publicação para Portugal das melhores séries de bd franco-belga, venha a publicar, a título de exemplo, os restante álbuns inéditos da colecção "Thorgal". E não havendo garantias que se completa a colecção qual é a lógica de um novo leitor em inicia-la? Mas, por outro lado, também não me parece que isto seja motivo de preocupação para os "efémeros leitores" a quem a colecção do Público realmente se destina, porque a sua leitura esgota-se aqui, com a vantagem de pagar o preço de um álbum duplo por metade do preço que eu, “habitual leitor”, paguei apenas por um único. A cavalo dado...!
Tudo para concluir que a bd em Portugal é cara porque não há leitores velhos suficientes; e não há leitores novos suficientes porque a bd em Portugal é cara. E por causa deste "pau de dois-bicos" dificilmente se aumentará a base de leitores de bd, até porque a mentalidade dos principais editores portugueses não está virada para a resolução deste grave problema. Preferem antes um retorno rápido do seu investimento à custa (da carteira) dos "habituais leitores", os tais 1.500! Posteriormente, a política de "saldos", "promoções leve 3 pague 2" destina-se mais a despachar "encalhados" do que a conquistar potenciais novos leitores. É por este motivo que esta iniciativa Publico/ASA, por muito louvável que seja em termos de divulgação e distribuição de bd a baixo custo, não deixa de ter um reverso bastante funesto, porque se os "habituais leitores" deixassem de comprar as novidades a "preços de ouro" e esperassem pelo "período de saldos", temo bem que as consequências que daí adviriam seriam provavelmente o fim da banda desenhada em Portugal. É pelo menos esta a minha convicção!
Aceita-se o contraditório!