Em 2010 comemorou-se o centenário do nascimento de Fernando Bento, nome grande da banda desenhada portuguesa. A Câmara Municipal de Viseu em colaboração com o Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu (GIVAC) numa excelente iniciativa de homenagem, reeditaram num álbum inédito, precisamente uma banda desenhada assinada por Fernando Bento, que conta a vida de Joaquim Agostinho, enquanto campeão português de ciclismo, e que foi originalmente publicada em Agosto de 1973, no Jornal da Volta, um suplemento do extinto jornal lisboeta A Capital.
Faço aqui um parêntesis para deixar aqui uma nota de reconhecimento para o meritório trabalho de muitas Câmaras Municipais deste país, que aproveitam a justamente a banda desenhada como um canal privilegiado para fazer chegar a vários públicos as histórias e os valores socio-culturais das suas terras.
Esta história biográfica é a vida de Joaquim Agostinho como ciclista, desde do seu nascimento em 1943 até à realização da 36ª Volta a Portugal em 1973. Vencedor de várias Voltas a Portugal, teve uma carreira marcada por muitos momentos altos, muita polémica e também por muitas quedas.
Fernando Bento adapta a história ao propósito de publicar uma prancha por dia em simultâneo com o decurso da prova. Em 16 dias são 16 pranchas numa limitação que leva a narrativa a apresentar-se de forma simples e concisa, com poucas falas e onde o texto serve essencialmente para enquadrar a acção. Percebe-se que o objectivo é o de prestar homenagem a Joaquim Agostinho num contexto em que este era visto como um grande campeão. Fernando Bento não desilude. No desenho, não se perde em detalhes, capta bem a fisionomia de Joaquim Agostinho e destaca-o, aproveitando a dinâmica que o desenho de ciclistas e bicicletas proporciona para algumas vinhetas "rápidas".
A história aqui apresentada tem como grande curiosidade o facto do final feliz idealizado por Fernando Bento para a 36ª Volta a Portugal ter tido um desfecho diferente na vida real, onde Joaquim Agostinho foi desclassificado na sequência de um controlo anti-doping.
No global, esta edição traduz-se num interessante registo, que cumpre com os seus objectivos de divulgação e que apresenta o elevado mérito de resgatar da memória do tempo uma obra cujos originais se há muito se perderam. Assim, o trabalho de pesquisa e recuperação da pranchas que foi necessário efectuar consubstancia-se agora no álbum de homenagem dupla “Um Campeão Chamado Joaquim Agostinho”.
(Fica o agradecimento a Câmara Municipal de Viseu pela oferta do álbum)
Um Campeão Chamado Joaquim Agostinho
Autor: Fernando Bento
Álbum único, preto e branco, capa mole
Edição Câmara Municipal de Viseu / GIVAC, Outubro de 2010
Tiragem de 500 exemplares
A minha nota:
8 comentários:
Grande glória do SCP!
:)
Abraço
É verdade, Bongop. E os museus do Sporting (em Lisboa e em Leiria) já contam com exemplares desta obra nas suas vitrinas (para além de "Era uma vez um Leão, a história do SCP contada às crianças", de Artur Correia e Manuel Dias).
E, para mim, foi uma excelente oportunidade de ler pela primeira vez um trabalho do Fernando Bento que desconhecia. Por isso, essas iniciativas que são tomadas (aqui no caso pela câmara de Viseu, mas também convém não esquecer as de Moura e da Sobreda, que se juntaram para comemorar o centenário de Fernando Bento) são sempre muito bem vindas. Um abraço.
Amigos sportinguistas, o meu interesse no Joaquim Agostinho deve-se unicamente ao traço de Fernando Bento. Porque devo acrescentar que se o Joaquim Agostinho corresse nos dias de hoje há muito que tinha sido erradicado do ciclismo a julgar pela quantidade casos anti-doping positivos que acusou! Abraço
@João, inactivas destas deseja-se que se multipliquem e dai a inserção de uma nota de reconhecimento ao trabalho das câmaras municipais e mesmo de juntas de freguesia em prol da BD.
Adorava ver a obra de Fernando Bento reunida num único álbum!
Abraço
Caro Verbal:
O Joaquim Agostinho foi um grande campeão (independentemente de ter sido também um grande sportinguista) e a sua brilhante carreira de quase duas décadas não merece ser posta em causa por dois casos de doping. É verdade que aconteceram, mas quem conheceu o Agostinho sabe perfeitamente que ele era um homem simples e que nem precisava de usar substãncias proibidas para ganhar a quem quer que fosse, tal era a sua superioridade no ciclismo português. Se alguém merecia ter sido castigado não seria certamente o Agostinho mas sim quem o tramou em duas voltas a Portugal! Ontem como hoje, o ciclismo move muitos interesses e os ciclistas, na maior parte das vezes, são mais vítimas do que culpados nos casos de doping.
A prova de que se tratou de um grande campeão é que ainda hoje ele está dentro do Top dos maiores ciclistas do Mundo! Tem um monumento (um busto de bronze sob um pedestal em granito, com 1,70 m de altura), numa das curvas dos Alpes franceses (mais concretamente o Alpe d´Huez), onde só os maiores cilistas de todos os tempos estão representados. Acho que isso diz tudo sobre o respeito que os franceses têm pela sua memória.
Quanto a esta obra, em boa hora o GICAV e a Câmara de Viseu a editaram recuperando, assim, um trabalho magnífico de outro grande campeão nacional (desta vez, na área da BD): Fernando Bento.
Grande abraço para ti e continua com o bom trabalho que tens desenvolvido neste blogue.
Olá Carlos, registo com agrado a tua defesa do Joaquim Agostinho. Até porque como não sou grande seguidor do mundo do ciclismo, longe de mim desvalorizar os seus feitos desportivos que aconteceram e que merecem ainda hoje o seu reconhecimento como campeão. Agora que eu muito apreciei, e retribuo as palavras de bom trabalho, foi todo o esforço desenvolvido que permitiu a publicação da biografia de Joaquim Agostinho por Fernando Bento. Mais exemplos destes houvesse. Um grande Abraço.
OK, Verbal.
Grande abraço e bom ano para ti.
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