01 janeiro, 2019

O ESTADO DA ARTE EM 2018

Primeiro um EXCELENTE 2019 para todos! Segundo, 2018 foi dos mais generosos dos últimos anos bedefilamente falando. Tivemos um total de 31 editoras nacionais a contribuírem com a edição em português de um ou mais livros de banda desenhada. O ano foi verdadeiramente incrível com 307 novas edições de banda desenhada em Portugal (a listagem que compilei poderá não ser exaustiva e omitir edições de autor, de pequenas editoras e camarárias que por algum motivo me possa ter escapado). Mais edição menos edição em nada altera aquele que é o melhor resultado dos últimos 5 anos e que dificilmente se repetirá nos anos mais próximos pelas razões que falarei mais adiante.
 
Em termos de entradas e saídas, saúda-se o nascimento de duas novas editoras: a ALA DOS LIVROS e a JBC Portugal. A primeira apresenta-se para um público mais leitor de bd franco-belga, enquanto a segunda promete complementar a oferta de mangá no mercado nacional. Nas saídas, o ano fica irremediavelmente marcado pelo desaparecimento da GOODY. Por ser uma das maiores e das mais activas o impacto irá sentir-se bastante em 2019. Sai de cena ao fim de 6 anos e 463 edições, levando com ela as publicações regulares da Disney e da Marvel.
 
E foi justamente a GOODY a editora mais produtiva de 2018 ao publicar, entre colecções Disney e Marvel, um total de 96 revistas. Um terço do que foi lançado por cá levava o selo desta editora. Uma média de quase duas revistas por semana. Infelizmente não foi o suficiente para a salvar, e com isso prevê-se um 2019 mais pobre em n.º de edições e distribuição de banda desenhada em banca.
 
A LEVOIR surge neste top na 2ª posição. O resultado da sua parceria com o jornal Público, traduziu-se em algumas das melhores coleções do ano. Foram mais Novelas Gráficas, uma surpresa Bonelli, o muito esperado Torpedo, o aniversário da Vertigo, o Batman de Marini e a continuação de Y somaram 42 obras. Para 2019 é uma incógnita ainda.
 
A fechar o top 3 das editoras nacionais encontramos a dinâmica G.FLOY. O seu diversificado catálogo permitiu apresentar em 2018 o seu melhor registo, com um total de 32 edições, duas destas em co-edição com a ComicHeart. Teve um crescimento de mais 8 livros (+33%) relativamente ao ano anterior.
Temos assim que estas três editoras, foram no seu conjunto, responsáveis por mais de 50% da edição nacional de banda desenhada em 2018. E é interessante ver que todas estas editoras disponibilizaram em banca os seus lançamentos.
 
Na quarta posição, está a ASA. Com uma produção em linha com os anos anteriores (28 edições), recuperou do seu catálogo franco-belga séries que estavam esquecida, como I.R.$ e Largo Winch, com o condão de as colocar em linha com as colecções originais.
 
A fechar o top 5 das maiores editoras nacionais, temos a DEVIR. A editora nacional por excelência de mangá, deu continuidade às suas várias colecções,ainda que não ao ritmo de anos anteriores, e por causa disso apresentou, relativamente ao ano anterior, uma quebra no n.º de publicações de 14 (-35%), e com isso fechou o ano com apenas 26 edições.
 
Depois temos uma mão-cheia de pequenas editoras que editaram 5 ou mais livros em 2018. Em consistência com a produção do ano passado. A excepção aqui vai para a GRADIVA com +4 edições e para a estreante JBC que no seu primeiro ano lançou cinco obras. Assim para fechar o top 10 das editoras nacionais temos a POLVO (13 edições), ESCORPIÃO AZUL (10 edições), ARTE DE AUTOR (7 edições), PLANETA (6 edições) e em ex aequo a GRADIVA e a JBC com 5 edições cada.
 
Em resumo, 2018 foi um excelente ano em termos de edição. Desde 2016 que se observa um crescimento do n.º de lançamentos e culminou agora com a bonita marca de 307 obras editadas. Terminadas as colecções grandes da SALVAT que influenciaram os números de 2016 e 2107, e com o fim da GOODY, é expectável a partir daqui um grande abrandamento no número de lançamentos. Por outro lado, o nosso mercado começa  a ter uma maturidade, onde os ajustes passam por um carácter qualitativo. Espera-se assim para 2019 menos bd's mas melhores bd's. Que no mínimo sejam todas boas leituras!
 

 

10 comentários:

Poeira disse...

Parabéns pela lista.
Não sei se existirá enquadramento também para os seguintes lançamentos:
- "A Fantástica História do Restauro do Forno Comunitário de Beja”, de Cristina Matos, edição da Associação de Defesa do Património de Beja e lançado durante o Festival de BD de Beja
- "Um Só", de Flávio C. Almeida, edição de autor
Cumprimentos e desejos de um ótimo 2019

Miguel Monteiro disse...

Lazarus da Devir, se foi editado por cá, eu não acho,... onde está?

Optimus Primal disse...

Ninguem sabe Miguel.

Nuno Neves disse...

Olá APoeira, se se tratar de BD em principio haverá enquadramento. Tenho de ir pesquisar mais informação porque se tratam daquelas publicações que caíram naquela salvaguarda que referi no texto. Obrigado pelo contributo. Bom Ano.

Nuno Neves disse...

Olá Miguel, que foi editado foi, porque tenho um exemplar na minha colecção, adquirido no stand da Devir durante a ComicCon. O problema é que não teve distribuição por motivos, em principio, logísticos e da gráfica. Vamos ver se a situação fica esclarecida já agora nos inícios de 2019.

Antonio disse...

A Kingpin deixou de editar?

Miguel Monteiro disse...

Boas Nuno, tens razão, que foi editado por cá,também sei isso. O problema é que mesmo que venha a ser resolvido o problema de distribuição, não tenho confiança que a devir leve até ao fim a serie Lazarus,...por isso o melhor mesmo será comprar importado.

Nuno Neves disse...

Viva António. A Kingpin esteve praticmaente ausente das edições em 2018, mas não deixou de editar. Aliás esperam-se duas ou três boas novidades este ano e de autores portugueses. Em 2018, a Kingpin fez um forte investimento numa nova loja e talvez por esse facto a sua vertente editorial tenha sido afectada.

Nuno Neves disse...

Miguel, não é uma situação muito normal esta do Lazarus. Vou entrar em contacto com a editora para percebe qual o ponto de situação desta série, se é para continuar ou se para cair. Quando houver novidades informo aqui no blogue.

Miguel Monteiro disse...

Isso é que era, Nuno. Ficaria muito agradecido, eu e muitos leitores, pela informação,... porque, sinceramente, preferia em português. Mas se tiver que ser em inglês, que seja, já estou habituado e tenho já bastantes importados.