04 junho, 2019

Sim, está provado que em Beja está o melhor Festival de BD!

Começo esta crónica com uma declaração de interesses: já gostava do Festival de Beja antes da edição deste ano. Assim, no rescaldo de mais um FIBDB (atenção que o festival continua de portas abertas até 16 de Junho e merece a visita) posso afirmar, sem qualquer dúvida, que esta XV foi “A” edição. O Paulo Monteiro e a sua excelente equipa superaram a melhor expectativa que se poderia ter gerado. Quando se pensava que não era possível melhorar o excelente, Beja reúne sob o sol alentejano, qualidade na forma de nomes como Alberto Varanda, Dany, Van Dongen, Tyler Crook ou David Sala, só para citar aqueles que mais entusiasmo suscitaram, a avaliar pelo tamanho das filas nas sessões de autógrafos, e proporciona a “santíssima trindade” (autor, livro e exposição) aos seus bedéfilos visitantes. Perante esta realidade, pouco mais resta para além de FANTÁSTICO! É assim que se constrói o melhor festival de Banda Desenhada nacional!


E agora que gastei os adjectivos todos para o festival, como vou qualificar a exposição “A Morte Viva” do Alberto Varanda? Não há palavras suficientes, fotos ou vídeos que façam ao jus ao puro delírio visual que as pranchas expostas no festival proporcionam “ao vivo”. O trabalho gráfico nos pormenores de cada vinheta roçam uma perfeição diria quase doentia. Absolutamente extraordinário. Só esta exposição já merece a deslocação a Beja (vale até dia 16). Mais uma vez aviso que as fotos (tiradas por telemóvel) não estão à altura da arte.


Depois como bónus temos os restantes “delírios visuais” que ocupam os demais espaços na Casa da Cultura, em exposições harmoniosas, onde cada sala respira um ambiente próprio. As pinturas do Tyler revelam um trabalho de cores fantástico. O traço de Peter Van Dongen revela-o como o herdeiro da ”linha clara” de Jacobs. Os desenhos da Rita Alfaiate ganharam uma nova perspectiva. Na exposição Vailant muito bem representada pela presença de Beneteau, Lapiere e Marc Bourgne só faltou mesmo o cheiro a borracha queimada!


Com um rol de convidados do calibre que esteve este ano em Beja, as sessões “dois dedos de conversa” só se podem classificar de interessantes para cima. Das que assisti, destaco a de Sanchez Abuli e de Dany. Que excelentes contadores de histórias. Podiam ali a ficar horas a falar que o interesse não diminuía. Abuli revelou que o argumento do segundo volume de Torpedo 1972 já está entregue ao Risso e que já está a trabalhar no terceiro. Vamos esperar que as nossas editoras estejam atentas. E é agora que faço aqui um pedido ao Paulo Monteiro, convidados destes merecem uma hora de conversa no alinhamento do programa. Menos que isso é como deixar uma deliciosa fatia de bolo de chocolate por metade.



E por último as sessões de autógrafos. Tantos autores, tão bons autores e tão pouco tempo para correr todos. Não posso deixar de realçar a disponibilidade dos autores que prolongaram a sessão para além da hora, e ainda assim lamentavelmente não consegui um desenho do Varanda. O homem demorava-se a cada desenho. Perante o mar de gente em Beja, é nestas alturas começo a achar que é melhor guardar segredo sobre o festival, ou então faço aqui um segundo pedido ao Paulo Monteiro, o agendamento de uma segunda sessão de autógrafos para as manhãs de Domingo.


Mas claro que Beja é mais que o somatório dos autores, das exposições, dos autógrafos, dos lançamentos. Move-nos também aquele convívio único em redor de mesas, de restaurantes, de esplanadas, de snooker, que só uma pequena cidade perdida no meio do nosso Alentejo proporciona. Mais que a soma das partes, Beja vale pelo seu todo!

O autor desta crónica viajou à boleia do autocarro que a organização do festival disponibilizou a partir de Lisboa a todos visitantes, e que se revelou ser uma agradável viagem. Só lamenta não falar uma palavra de francês com tanto autor francófono ali à disposição de uma boa conversa. Para o ano repete! 

2 comentários:

stéphano bahia disse...

Como anda a 9ª arte lusa ?

Nuno Neves disse...

Stéphano está bem e recomenda-se. Basta passear aqui pelo blogue e constata que cada vez há mais nomes a surgiram no panorama bedéfilo nacional. Correm ventos favoráveis!