24 novembro, 2022

Mestre José Ruy (1930 - 2022)

Hoje o dia acordou triste. Somos apanhados na curva da vida com a notícia que nunca queremos ouvir. Morreu um dos nossos. Morreu o Mestre José Ruy. Um dos maiores, senão mesmo, o nome maior da BD nacional.
 
De uma simplicidade extrema, era um autor completo, um contador de histórias exímio, um orador fascinante. E uma história de vida digna de um belo álbum de banda desenhada. A imortalidade alcança-se com o que deixamos. E do autor prolífico, do trabalhador incansável, fica uma obra inigualável. Lembro-me quase de imediato dos famosos versos de Luís de Camões:
 
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando
 
A minha primeira memória do seu trabalho remonta à minha juventude, do tempo em que sonhamos com policias e ladrões. Recebi um álbum, cujo título nunca esqueci, e que ainda o guardo comigo: ABC Criminal. Curiosidades e factos sobre crimes e criminosos, sobre métodos e investigação criminal. Lembro-me como aqueles desenhos realistas e expressivos exerciam um forte fascínio. Longe de pensar que anos mais tarde teria a oportunidade e o privilégio de falar desse mesmo fascínio com o próprio desenhador. Ainda no ano passado o encontrei no Amadora BD, e tivemos uma agradável conversa em que falou com aquela alegria contagiante sobre os trabalhos que tinha em mãos, sobre um álbum de Lendas Japonesas que estava a recuperar, e que já tantas vezes tinha sido adiada a sua publicação.
 
José Ruy reunia na sua pessoa uma série de qualidades que só conseguimos encontramos numa multidão. Uma humildade, uma educação, uma simpatia, uma disponibilidade, uma generosidade, um talento, que tocou a todos nós. Da minha parte, sinto-me grato por todos os encontros, todas as conversas, todos os autógrafos, pelo mundo de aventuras que nos legou.
 
Um Grande Obrigado Mestre!

2 comentários:

Ricardo Amaro disse...

Boa altura para reeditar toda a sua obra....

Antonio disse...

"Ricardo Amaro Concordo. Uma exposição alargada da sua obra e vida justificava-se plenamente. Nunca entendo porque não aconteceu em vida. Enfim...